BMW, três letras que colocadas juntinho, significam muito. Principalmente dinheiro: tanto motos como carros desta marca ocupam o mais alto posto entre os objetos do desejo de quem quer se locomover sobre rodas (o colunista viajou à Alemanha pela Revista da Moto! e a convite da BMW). São máquinas exclusivas que custam caro, e custam caro porque são máquinas exclusivas. Como queiram.

A BMW é um camaleão industrial, mudando conforme o momento. Quando nasceu, no começo do século 20, fabricava motores aeronáuticos. Do movimento das hélices passou ao movimento de rodas. O primeiro veículo com logotipo BMW foi uma motocicleta, a R 32 de 1923. À partir dos anos 1950, carros viraram o negócio principal mas em Munique nunca deram as costas a sua primeira “paixão”, as duas rodas. Apesar de ingleses e italianos, antigos donos da indústria da moto mundial, e dos japoneses de agora, motos BMW, em qualquer época, sempre foram respeitados ícones.

VEJA COMO É A G 310 R E ESCUTE O MOTOR:

No passado as BMW eram lembradas principalmente pela robustez, hoje pela tecnologia e… pelo preço elevado, o que não impede que sejam líderes do segmento acima de 500 cc em 26 países, tendo vendido um total de 121.622  motos até este outubro, superando em 11,5% o período anterior.

E no Brasil, como é? Se considerarmos apenas as marcas tidas como “premium”, ela é a nº1. Bate por pouco a americana Harley-Davidson, vende o dobro que a Triumph e deixa à Ducati a lanterninha em um lucrativo mas estreito bolo de pouco mais de 16 mil unidades vendidas em 2015, até outubro inclusive, onde a parte que cabe à BMW é de 6,4 mil unidades.

Se essa conta do mercado nacional considerar as motos “acima de 500 cc”, as BMW abocanham algo como 13% do bolo, ocupando um instigante 3º lugar atrás de Honda e Yamaha com suas bem mais populares (e baratas) CB 500, XJ6 e MT-07.
BMW G 310 R

Porém, pelo que ouvi em Munique na última quarta-feira (11), tal panorama poderá mudar. Como o lançamento de sua interessante G 310 R, uma roadster moderninha, a BMW quer bem mais clientes do que tem hoje, e clientes diferentes.

Segundo os chefões alemães não se trata de uma popularização da marca, mas sim de conceder a quem quer ou precisa de motos menores a oportunidade de entrar no mundo BMW. Para isso a BMW conta conosco, brasileiros, e também com asiáticos da Indonésia, Malásia e Vietnã por exemplo, sempre sedentos por duas rodas. E enfie neste balaio também os indianos, que não apenas vão contribuir com numerosos clientes mas também com a fabricação da novidade.

Uma BMW made in Índia choca? Não há porquê: a BMW estabeleceu uma parceria com a TVS (lembram da Apache, da Dafra? Pois é, é uma TVS!) com o intuito de construir com qualidade mas a preço acessível. Projetada na Europa, a G 310 R será fabricada na terra de Gandhi. No Brasil será montada em Manaus e chegará as revendas ainda em 2016, segundo trimestre.

VEJA COMO ANDA A KTM 390 DUKE, RIVAL DA G 310 R:


O plano todo visa fazer a BMW Motorrad, como é chamada a divisão de motos da empresa alemã, incrementar suas vendas em nada menos que 50% até o ano de 2.020. Para isso, não só contará com a G 310 R mas também como scooters menores que os atuais C 650 Sport e C 650 GT, além de elevar em termos globais o número de suas revendas das atuais 1.100 para 1.500.

Não é a primeira vez que a BMW fabrica uma moto de pequena/média cilindrada. A R 39 de 1925, segundo modelo da marca, era empurrada por um motor monocilíndro de 247 cc. 90 anos atrás assim como é a G 310 R hoje, era uma vitrine de tecnologia alemã. BMW R39 de 1925
A estratégia expansionista da BMW anunciada ontem tem, também, ingredientes ocultos, menos idealistas do que conceder a mais gente a “oportunidade de entrar no mundo BMW “, ou mercantilistas, crescer 50% em cinco anos. KTM 390 Duke

Como se sabe, o inimigo frequentemente mora ao lado e os austríacos de Mattighofen, leia-se KTM, estão bem pertinho dos alemães da BMW não só geograficamente: fazem motos aventureiras com as da linha GS da BMW, fazem superesportivas como a BMW S 1000 RR e, principalmente, fazem as interessantes KTM 390 Duke e 200 Duke, atraentes e não a toa parecidíssimas com esta BMW G 310 R.

No fim das contas, a luta é sempre será por mais clientes, por maior fatia de mercado, mas a BMW sabe, como eu sei e você também, que os jovens de hoje estão menos interessados por motos do que estiveram no passado. E certamente um modo de atraí-los é com produtos marcantes e que custem menos dinheiro como esta nova roadster. O tempo mostrará se a estratégia vai dar certo…

FOTOS: Roberto Agresti / G1 / Divulgação