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  • 'Suave na nave': veja por que pilotar moto não requer brutalidade


    Brutalidade é algo que não combina com pilotar motocicletas. Nos primeiros momentos do aprendizado tratar mal do acelerador, embreagem, alavanca de câmbio e freios é até natural. Mas a inexperiência cobrará seu preço sob a forma de trancos e excessos. Saber usar os comandos corretamente é algo que  sempre demandará algum tempo. Para uns, mais habilidosos, a coisa vem fácil; para outros, demora um tiquinho mais até "pegar a mão".

    Motocicletas são veículos especiais, por isso exigem alguma habilidade. Cada mão e pé faz uma coisa, às vezes duas: o grande segredo é combinar as ações de maneira harmoniosa. E, além de dominar os comandos, é preciso ter equilíbrio, manter o rumo certo e saber se safar dos imprevistos.

    Diante da complicação e do risco inerente, alguns desistem. Talvez seja uma atitude sábia de quem se reconhece incapaz de encarar o desafio. Outros, persistentes, competentes ou ambos, conseguirão levar uma moto sentindo-se confortáveis e seguros. A recompensa será o inegável fascínio de andar de motocicleta.

    A estes que “chegaram lá”, capazes de pilotar pequenas, médias ou até as grandonas ultrapotentes, uma dica: sejam suaves. O princípio básico é que, quanto menos brutal você atuar em qualquer comando de sua moto, melhor será sua pilotagem. A única exceção pode ser relativa aos freios e, mesmo assim, com ressalvas. É claro que, se você estiver rodando em uma rua tranquila e um perigo – animal, pedestre ou o que seja – surgir na sua frente, agir nos freios de modo decidido é fundamental. Mas mesmo a chamada "frenagem pânica" tem suas regras, como veremos em seguida.

    Veja abaixo o que significa ser suave, comando por comando:

    ACELERADOR – É o rei dos comandos. Sem ele, nada feito, a moto não sai do lugar. Para entender como usá-lo corretamente, vale ter em mente que, na maioria das ocasiões, “menos é mais”. Pergunte-se sempre: seria possível estar acelerando menos? A não ser que você esteja precisando ganhar velocidade rapidamente, como, por exemplo, para ingressar em uma rodovia ou via expressa, a resposta quase sempre serÁ sim.

    Atuar de maneira progressiva e – de novo – suave, é ideal. Aprenda a perceber que, na maioria das vezes, girar a manopla mais lentamente e menos não altera quase nada a aceleração, mas faz uma grande diferença no consumo de um modo geral. Obviamente, no combustível em primeiro lugar, mas também no resto todo: motor, pneus, suspensões e inclusive de adrenalina.

    Não se trata de abdicar da emoção e nem de curtir a performance, mas entender o comportamento de seu motor, como ele desenvolve a potência e distribui o torque no arco de rotações. Acelerador é o comando da moto no qual você mais atua, sua conexão direta com a "alma" da moto. Assim, use sua sensbilidade para aprender a usá-lo melhor, e mais suavemente…

    CÂMBIO – Regrinha básica é não ser cruel. Em geral, os comandos dos pés sofrem mais, afinal, humanos em geral são bem mais hábeis com as mãos do que com os pés (com exceção do Neymar & colegas), e assim dá-lhe ponta-pé na alavanca, ou quase isso.

    Para não fazer o câmbio (e toda transmissão) sofrer, é preciso se esmerar nas trocas de marchas, procurando entender em qual rotação a alavanca parece praticamente não oferecer resistência ao seu comando. Descobrindo esse mágico momento, onde parece que a marcha é sugada e não que é seu pé o responsável pela ação, você chegou lá.

    E isso vale tanto para passar marchas como para a redução, manobra onde sempre cai bem aquele golpezinho – suave! – de acelerador, para facilitar as coisas.

    Sistemas de transmissão são, em geral, superdimensionados e resistem a maus tratos. Porém, pilotar bem uma motocicleta é levá-la sem trancos, tornando cada troca de marcha imperceptivel, como se praticamente não existisse, atuando suavemente…

    EMBREAGEM – De novo, vale o “menos é mais”. Quanto menos sua mão atuar sobre a embreagem, melhor será. Pecadão é parar em um semáforo e não buscar o ponto morto, vagabundagem que causa um desgaste desnecessário.

    Toda vez que sua embreagem estiver acionada, mesmo que parcialmente, haverá um atrito enorme (outro nome da embreagem é fricção, lembra?) o que significa desgaste e outros inconvenientes, como elevação da temperatura e consequente perda de eficácia. Assim sendo, usar a embreagem é algo essencial, mas sempre pouco e suavemente…

    FREIO – A não ser em situação de emergência, onde frear forte pode significar salvar a pele, sua e dos outros, aprender a frear suavemente é como canja de galinha: não faz mal a ninguém.

    O principio de funcionamento de qualquer sistema de freio é o atrito e, assim, quanto menor for o atrito, menor o desgaste, e não só dos freios. A cada freada forte sua suspensão dianteira afunda e isso “cansa” não apenas molas e a parte hidráulica como também os relamentos da caixa de direção e outros componentes. Agir excessivamente no freio traseiro faz o pneu ficar “quadrado”, fora outros desgastes.

    Aprenda a programar sua frenagem e simule “frenagens pânicas”, aprendendo a sentir cada um dos comandos: a poderosa alavanca do freio dianteiro e o seu coadjuvante traseiro. No resto das situações, use-os sempre suavemente…

    GUIDÃO – Motos se pilotam fundamentalmente com o corpo todo e engana-se quem acha que, nas curvas, é o guidão que manda. Porém, é claro que ele é parte fundamental na direção, aliás, mais exatamente nas mudanças de direção. Aplique o mesmo princípio dos freios: para se safar de uma situação de emergência, agindo de maneira enérgica, é o caso. Em todos os outros momentos não críticos, segure o guidão de maneira firme mas, ao executar mudanças de direção, “sinta” o piso através dele, aprenda a arte de ler a pavimentação.

    A técnica do contraesterço – pressionar levemente o guidão para o lado oposto da direção que se quer tomar – é um divisor de águas na pilotagem de uma moto: quando se aprende a fazer isso, as mudanças de direção e as entradas em curva tornam-se magicamente fáceis e simples. Mas lembre-se, faça tudo isso - já falei, né? - suavemente.
  • Motos para iniciantes: veja 15 modelos indicados


    Chegar mais cedo, economizar combustível ou relaxar nas horas vagas? Seja qual for a motivação, cada um de nós ao comprar a primeira moto tem uma idéia de utilização em mente.

    Com o passar do tempo, alguns percebem que fizeram a escolha correta, satisfazendo plenamente a expectativa inicial. Porém, há gente que “quebra a cara” por escolher sua primeira moto mais com o coração do que com a razão.

    Você já está com sua carteira nacional de habilitação tipo A nas mãos, se considera suficientemente hábil para lidar com o trânsito agressivo das ruas e estradas do Brasil mas não sabe o que escolher? Para te ajudar imaginamos três tipos diferentes de usuários iniciantes e elaboramos uma listinha de cinco modelos básicos e fáceis para cada um deles. Qual é o mais parecido com você?

    O PRÁTICO!

    Cansado de chegar tarde no trabalho e em casa, todos os dias toma uma surra do congestionamentos ou de uma agenda intensa demais, com muito vai-para-cá-vai-para-lá? A motocicleta pode ser sua libertação. Mais do que paixão pela moto há em você uma necessidade prática, e seus deslocamentos urbanos (e a qualidade de sua vida) melhorarão muito trocando o chacoalhar no ônibus ou no metrô por um guidão. Recomendação?

    Os scooters, qualquer um deles. Veículos que dão show em termos de praticidade no emaranhado de carros. Todos têm compartimentos onde se pode guardar um ou mais capacetes e o que mais você quiser, todos protegem os pés e pernas da sujeira, todos têm transmissão automática e assim, basta apenas controlar acelerador e freios. Outra vantagem é serem pouco visados pela bandidagem.  O sucesso crescente dos scooters em nosso mercado está trazendo cada vez mais opções quanto a marcas e modelos.

    Nossa listinha:

    1º Honda PCX 150: não a toa o scooter mais vendido do país, e sucesso no planeta todo. Bom design, mecânica moderna e absolutamente eficaz para driblar ruas e avenidas congestionadas. Compacto e facílimo de pilotar, é difícil achar um defeito no PCX.Honda PCX 150

    2º Dafra Citycom 300i: suas rodas grandes, aro 16 polegadas, dão a este imponente scooter uma maior capacidade de encarar pavimentação ruim. Outros bons aspectos do Citycom são o conforto proporcionado pela boa ergonomia (o banco é ótimo!) e o fato de ter um parabrisa alto. Apenas exige atenção por ser razoávelmente volumoso e pesado.Dafra Citycom 300i

    3º Honda Lead 110: o porte pequeno contrasta com o fato de ter uma ampla capacidade de carga, conseguindo abrigar dois capacetes grandes sob o assento. Outra vantagem do Lead é ter o assoalho plano, o que favorece levar sacolas entre os pés. É 100% feito para a cidade.Honda Lead 110i

    4º Dafra Cityclass 200i: concilia um bom aspecto de seu irmão Citycom, as rodas grandes, com o assoalho plano que agrada no Honda Lead. O design é outro ponto alto assim como a agilidade. Não gosta muito de piso irregular e seu preço poderia ser mais baixo.Dafra Cityclass 200i

    5º Suzuki Burgman 125i: talvez é o mais conhecido dos pequenos scooters e tem a seu favor uma mecânica muito confiável e um desempenho excelente. Seu pecado é a falta de atualizações, que se refletiu nas vendas, em declínio especialmente após a chegada do PCX. Suzuki Burgman 125i

    O PÃO-DURO!

    Se para você o que importa é rodar o máximo gastando o mínimo, as escolhas melhores estão entre as motonetas e as motos de entrada da categoria utilitária, modelos que conciliam não apenas consumo de combustível baixo como também uma robustez que as deixa longe das oficinas.

    Nossa listinha:

    1º Honda Biz 100: herdeira da Honda Dream, a galinha dos ovos de ouro e alicerce do sucesso da poderosa marca japonesa, a Biz tem como característica principal uma mecânica absolutamente à prova de maus-tratos encaixada em uma parte ciclística (chassi e suspensões) amplamente testada em anos e anos de uso intensivo Brasil afora.Honda Biz 100

    2º Honda Pop 100: é a Biz em versão depenada, ainda mais rústica. A ausência total de carenagens faz dela inclusive um modelo à prova de tombo pois há pouco ou nada para quebrar/ralar. É a rainha das localidades mais remotas do Brasil.Honda Pop 100

    3º Yamaha T115 Crypton: é a Biz da Yamaha, e renomada pela sua robustez e competência para aguentar donos desatentos quanto à manutenção. Apanha e não chora, e melhor, não deixa na mão que depende dela. Seu desempenho é acima do esperado.Yamaha Crypton

    4º Honda CG 125 Fan: a maioria dos brasileiros aprendeu (e aprende) a andar de motocicleta no lombo de uma CG, moto que é já uma lenda entre nós. Dura na queda, boa em desempenho e em economia, é a subsitituta do jegue no nordeste. Precisa dizer mais?Honda CG 125 Fan

    5º Yamaha YBR 125 Factor: a rival da CG por excelência, e excelente. Há quem diga que em alguns aspectos a YBR supere o modelo da Honda, recordista em vendas. Quais? As suspensões mais macias e uma melhor ergonomia, o que a torna mais confortável. Yamaha YBR 125

    O RELAX!

    A semana acabou e tudo o que você mais quer é relaxar. Para isso, uma moto é praticamente imbatível e se você escolher os passeios certos, não apenas chegará em casa “zerado” de estresse como terá arquivado na mente belas paisagens.

    Nossa listinha:

    1ºYamaha Yamaha XTZ 250 Ténéré: tanque de grande capacidade, parabrisa e bagageiro fazem da Ténéré a menor das motocicletas nacionais a serem capazes de levar condutor e garupa a uma excelente viagem de final de semana. E se um trecho do caminho for de terra, sem problemas, ela encara. E não é só versatilidade o que ela oferece, pois também é robusta e econômica.Yamaha Ténéré 250

    2º Honda CRF 150F: a melhor moto para começar no fora de estrada de verdade tem que ser leve e com potência para não colocar em risco iniciantes. A CRF 150F preenche estes requisitos perfeitamente, além de ter um preço “possível”, abaixo dos dez mil reais, algo raro quando o assunto é moto genuinamente pensada para o off-road.Honda CRF 150F

    3º Dafra Horizon 250: ela é a menor motocicleta estilo custom do mercado, e nem por isso deixa de cumprir o que se espera de uma moto dessa categoria, ou seja, tem muitos cromados, guidão largo, banco e escapamento duplo e muito estilo. Para quem sonha com as Harley-Davidson, a Horizon é a porta de entrada ideal. Dafra Horizon 250

    4º Kawasaki Ninja 300: se seu conceito de relax está mais para pegar uma estrada tortuosa com uma moto ágil, que parace ler seu pensamento, a menor das Kawasaki é a ideal. Estilosa, excelente performance de motor aliadas a potência e peso no limite para motociclistas com pouca experiência.     Kawasaki Ninja 300

    5º Honda XRE 300: verdadeira moto multiuso, a XRE 300 tanto pode servir para aquela viagem rodoviária com garupa, para fazer uma trilhazinha leve ou encarar a encrenca de visitar aquele parente que tem um sítio onde só dá para chegar de jipe. Peso e potência, assim como a Ninja, no limite para novatos. Honda XRE 300

     

  • 3 invenções que mudaram a vida do motociclista

    Quem está começando a vida ao guidão agora não faz idéia como os três itens que selecionamos abaixo contribuíram para melhorar a vida do motociclista. Acreditem, antes disso tudo surgir, a relação com nosso objeto do desejo sobre rodas era bem mais complicada…

    A PARTIDA ELÉTRICAPartida elétrica

    Não é necessário chafurdar demais no passado buscando como exemplo uma moto jurássica, tipo a Norton Manx 500 dos anos 1950 do meu vizinho, para entender o quanto é bom apertar aquele botãozinho no punho direito e ouvir o motor pegar.

     Meu vizinho, coitado, era um cara perseverante demais segundo a maioria dos moradores da rua, pois gastava sábados e domingos inteirinhos empurrando a velha moto inglesa para lá e para cá na tentativa (inglória em 95% das vezes!) de ligar o manhoso monocilíndro, cujo único jeito de ser acionado era no empurrão.

    No entanto, em tempos mais recentes outros modelos se destacaram pela total “ranzinzice” na hora de serem postos para funcionar. A Honda XLX 350R, lançada no final dos anos 1980 – e sem partida elétrica – ficou estigmatizada por conta disso. Exigia arte e ciência de seu dono para ser ligada! Partida a pedal
    Piadinha da época: como reconhecer um dono de XLX 350R? Basta notar que sua coxa direita é o duas vezes mais grossa que a esquerda! Exageros à parte, a dificuldade em fazer funcionar o monocilíndro apenas com a força da perna aplicada à alavanca de partida, conhecida também por kick-starter, não era de todo infundada.

    Para ativar a Xiselona – apelido da moto -  era preciso ter jeito, pegar a mão, ter a manha. Toda moto de um único cilindro e capacidade cúbica razoável (e por razoável considere acima de 250 cc) exige energia para ser ligada. Sem o maravilhoso botão, haja truque e… força!

    Hoje são raríssimas as motos que não tem partida elétrica, e a totalidade delas são de baixa cilindrada o que torna a operação de dar partida no pedal algo muito fácil. Porém, a partida elétrica é sempre a melhor maneira de ligar uma moto. Uma santa evolução!

    CAPACETE ESCAMOTEÁVEL
    Capacete escamoteável
    Os primeiros capacetes para motociclistas eram pouco mais do que gorros de couro. Surrupiados dos aviadores, protegiam mais contra o frio do que contra impactos. Depois deles vieram os capacetes tipo “coquinho” e, uns 50 anos atrás, apareceu a grande evolução, os chamados capacetes “Jet”, aqueles que continuaram abertos na face mas protegiam, além crânio, também as orelhas.  Apenas no final dos anos 1960 que, finalmente, vieram os capacetes integrais, ou fechados, dotados do prolongamento diante do queixo que protegia a face por inteiro.

    Logo ficou evidente que em termos de segurança, o capacete integral era que havia de melhor, mas não há dúvida que se comparado a um modelo tipo “Jet”, aberto, ele é mais abafado, quente, volumoso e incômodo. Eis que há cerca de 20 ou 25 anos atrás, começaram a surgir os capacetes escamoteáveis.

    No início eles eram meio complicados, a operação de abrir ou fechar a parte frontal exigia as duas mãos, jeitinho e nem sempre era uma ação suficientemente prática e rápida. Atualmente eles são parte consistente da produção de qualquer fabricante que se considere sério, e favoritos de muitos usuários, especialmente os mototuristas.

    Razões? Muitas: rodar devagarinho, com o frontal aberto, é reconfortante em climas quentes. A praticidade é outro aspecto forte, coisa que se nota ao parar no pedágio e procurar trocados nos bolsos ou, simplesmente, pedir uma informação sem ter que ficar urrando. Hoje os capacetes escamoteáveis são um sucesso. Seguros, práticos e confortáveis. Juntaram o conforto do modelo Jet à segurança do integral. Uma santa invenção!

    MEMBRANA IMPERMEÁVELMembrana impermeável

    Chuva, o horror de 10 entre 10 motociclistas! É até possível encontrar um que afirme, estufando o peito, adorar pilotar no molhado. Sim, masoquistas e malucos existem em todos setores da população mundial… O fato é que pilotar motocicleta molhado é um verdadeiro HORROR, algo que arrasa o humor de qualquer um além de ser potencialmente perigoso, e não estamos falando apenas do piso escorregadio ou dos problemas decorrentes da baixa aderência ou má visibilidade, mas sim da insidiosa hipotermia.

    Água caindo do céu, mesmo no verão, sempre será mais fria do que a temperatura do corpo humano, que deve ficar entre 35-36,5ºC. Abaixo disso acontece a perigosa hipotermia e suas consequências, confusão mental, sonolência e reações lentas. Nada disso combina com pilotar moto.

    Quando motocicletas foram inventadas já chovia faz tempo no mundo, e assim maneiras de escapar da água já existiam. Visto que guarda-chuva e vento não combinam, motociclistas começaram a bolar trajes feitos com tecidos impermeáveis, e os encerados foram os primeiros a serem usados.

    Depois chegaram os tecidos sintéticos, plásticos, razoavelmente capazes de deixar a água de fora mas… e o motociclista, ficava seco? Não, continuava molhado, e desconfortável. Como assim? Por causa da condensação formada pelo calor emanado pelo seu próprio corpo.

    O natural “bafo” corpóreo e o eventual suor decorrente do calor formado pela falta de ventilação acabava mantendo molhado o infeliz motociclista mesmo se os pingos de chuva não penetrassem no traje. Eis que uma genial alma, William Gore, criou em 1969 uma membrana mágica, conhecida pelo nome comercial de Gore-Tex.

    A partir daí a vida do motociclista mudou, e para muito melhor: trajes fabricados com o Gore-Tex no forro, associados a tecidos externos resistentes como a cordura, representam o que há de melhor (e mais caro) para trajes para motociclistas.

    Funcionam assim: a membrana mágica permite ao vapor de água, a condensação criada pelo calor do corpo e suor, sair, mas impede a água de entrar. Ou seja, o motociclista fica seco e ventilado, confortável.

    Existem vários nomes que são aplicados a este princípio têxtil, como H2Out, Aero-tex e outros, mas todos eles têm em comum a mágica característica de conseguir manter a água longe de sua pele e oferecer um excepcional conforto. Uma santa (mas ainda cara) invenção/evolução!

    FOTOS: Roberto Agresti/ G1/ Divulgação

  • 10 conselhos ao motociclista iniciante


    A inexperiência tem prazo de validade curto. Quanto mais você pratica, mais você aprende, e pilotar uma motocicleta não foge a esta regra. Acumular quilômetros rodados te dará cada vez mais capacidade de dominar o veículo de maneira automática e segura, quase como se fosse uma extensão de seu corpo. Porém, para facilitar a vida dos que estão começando, coloco aqui 10 dicas e conselhos importantes:

    Honda CG 150 Titan CBS 1 - POSICIONAMENTO AO GUIDÃO

    No começo, o nervosismo pode resultar em uma postura de pilotagem excessivamente rígida, o que não ajudará em nada a condução. Tente assumir uma posição natural ao guidão – isto já é meio caminho andado para pilotar bem.

    Motos também exigem uma boa dose de energia física para serem conduzidas. Então, qual o segredo para alcançar o meio-termo ideal entre o necessário relaxamento e a força para atuar de maneira correta e se sentir “no comando”? Manter ambos joelhos pressionando levemente o tanque e segurar o guidão com firmeza (mas sem exagero) é o ideal para fazer com que moto e condutor formem um conjunto único.

    Esse conceito de integrar homem e máquina é a mais manjada e perfeita das regras para levar bem uma moto. Seja nas mudanças de direção, curvas acentuadas ou frenagens, ter sempre em mente que você e a moto devem formar uma só peça fará toda a diferença.

    Traje leve para motociclista2 – USE O EQUIPAMENTO CERTO

    A lei obriga a usar capacete. O bom senso manda usar luvas, calçados de cano alto e um traje – calça e jaqueta – com proteções nos pontos cruciais. Mas não exagere. Se você está começando a pilotar uma moto pequena, usar um macacão de couro igual ao do Valentino Rossi só irá atrapalhar seu aprendizado.

    Visto que as primeiras centenas de quilômetros ao guidão devem obrigatoriamente ser percorridas em baixas velocidades, o grau de proteção dos seus trajes pode ser leve, para que haja conforto.

    Capacetes abertos, os chamados tipo “Jet”, sem proteção para o queixo, são menos seguros em caso de uma queda, mas bons para evitar a claustrofobia nos treinos em baixa velocidade. Botas de cano alto sem solas exageradamente grossas são aconselháveis para “sentir” melhor os comandos de câmbio e freio traseiro, e o mesmo vale para luvas, que não precisam ser grossas demais para não anularem a necessária sensibilidade nas mãos.

    Honda CG 150 Titan CBS3 – SAIBA FREAR

    A maioria das moto-escolas ensina que é o freio traseiro que manda nas frenagens, e ao dianteiro cabe um mero papel de coadjuvante. Este é um erro grave. Na vida real, para parar de verdade é o freio dianteiro que deve ser usado com maior intensidade.

    Para aprender os segredos de como frear bem, procure uma rua tranquila, um pátio de estacionamento vazio ou qualquer lugar onde você esteja seguro para repetir frenagens em baixa velocidade, alternando o uso dos freios dianteiro e traseiro até entender como cada um atua. Logo você perceberá que o melhor resultado será conseguido ao aplicar cerca de 70% da força de frenagem na dianteira, deixando ao freio traseiro apenas a função de equilibrar a moto na desaceleração. Veja mais informações no Guia Prático do G1.

    pneu moto4 – CUIDE DOS PNEUS

    Motocicletas em movimento têm apenas duas pequenas áreas de contato com o solo, os pneus. Por isso, é muito importante cuidar bem deles. Pneus de má qualidade ou desgastados afetam de maneira brutal a dirigibilidade. Escolher marcas boas (dê preferência ao equipamento padrão com o qual a moto sai da fábrica) e não alterar as medidas recomendadas são as regras a serem seguidas.

    Outra atitude obrigatória é respeitar a recomendação estabelecida pelo fabricante para a pressão, lembrando sempre que a medida correta será sempre obtida com os pneus frios, uma vez que o natural aquecimento devido ao atrito com a pavimentação altera a medição.

    Uma pressão abaixo da especificada pelo fabricante deixa as respostas da motocicleta mais lentas, aumenta o consumo tanto de pneus quanto do combustível e, em casos mais graves, pode provocar danos às carcaças dos pneus, comprometendo a segurança. A pressão excessiva torna a moto arisca demais, instável na transposição de qualquer defeito do pavimento, e diminui ainda mais a já pequena área de contato com o solo.

    Frota de motos em Piracicaba é muito maior do que o número de vagas5 - APRENDA A ESTACIONAR

    Aprender a estacionar sua motocicleta de maneira correta pode evitar problemas e cenas constrangedoras. Quando o piso é plano e regular, sem degraus ou imperfeições, não há muito segredo. Seja com o cavalete lateral ou com o central, o sucesso da operação é quase sempre garantido. Porém, o mundo não é todo planinho e nem sempre a fresta que você achou para estacionar tem um piso perfeito.

    Regra número zero é jamais estacionar sua moto em uma via íngreme com a roda dianteira embicada no meio-fio, uma vez que, na hora que você precisar sair, empurrar a moto para trás pode resultar em uma tarefa impossível, digna de Hércules.

    Outra arapuca na qual os motociclistas inexperientes caem com frequência é não prestar atenção na inclinação da via e escolher estacionar de maneira tal que o cavalete lateral não consiga deixar a moto em um ângulo estável. Tanto muito em pé quanto muito deitada resulta em problemas. No primeiro caso, qualquer esbarrão pode derrubá-la; no segundo, ela ficará inclinada demais exigindo força exagerada para ser colocada em posição de partida.

    Uma dica importante nesses estacionamentos em locais íngremes é deixar a primeira marcha engatada, o que funcionará como um freio de estacionamento. Já quanto a usar o cavalete central, a regra é simples: nas ruas íngremes a roda dianteira deve estar apontada para a parte mais elevada da via, mas não de modo a tornar a tarefa de tirá-la do cavalete algo impossível.

    6 – LEMBRE-SE DAS TRAVAS E CAVALETE

    É mais comum do que se imagina que a pressa e a distração acabem provocando pequenos acidentes que podem ter consequências nem tão pequenas assim. Nos referimos ao eventual esquecimento de recolher o cavalete lateral ao sair ou deixar de retirar travas antifurto.

    Tanto em um como em outro caso, o dano pode ser apenas material, com um arranhão cá ou uma entortada lá, mas às vezes um cavalete esquecido aberto pode fazer com que você perca o controle de sua moto em uma curva. Como evitar isso? Sendo atento e criando procedimentos, rituais que você deve incorporar ao seu dia a dia no guidão.

    7 – SEMPRE SINALIZE

    Usar pisca-pisca é fundamental não só para a segurança do motociclista como também dos restantes usuários da via, sejam eles outros condutores de veículos ou pedestres. Aliás, quanto mais você usá-los, maior será a segurança geral. Pisca-pisca não gasta, não dói e ao contrário da buzina, não chateia ninguém. Seja para uma simples mudança de faixa em uma avenida, para entrar em uma via transversal ou fazer uma conversão, usar o pisca-pisca é quase como convocar um anjo da guarda suplementar.

    Do mesmo modo que você deve se acostumar a usá-lo com frequência, deve habituar-se a desligá-lo, uma vez que apenas algumas motos – todas elas grandes e caras – possuem sistemas de desarme automático como nos automóveis.

    8 - SEJA VISTO

    Dar preferência a trajes de cores chamativas é algo que ajuda muito a segurança do motociclista. Caso prefira jaquetas de cores escuras (que sujam menos), avalie com carinho o uso de coletes ou ao menos as faixas de material reflexivo, que vão fazer te deixar visível quando o farol de outros veículos apontar para você.

    Outro fator fundamental da segurança do motociclista é jamais descuidar das lâmpadas: infelizmente a maioria das motocicletas ainda usa uma só lâmpada na lanterna traseira – e ainda por cima de filamento único e incandescente. Ou seja, quando queima, a escuridão é total. Ter lâmpadas de reserva e saber como fazer troca é um dever. O mesmo vale para as lâmpadas de pisca-pisca e de farol.

    Guia Prático: Pilotar moto na terra é mais do que ficar em pé9 - “LEIA” O PAVIMENTO

    Infelizmente, o Brasil é um país onde a maioria das cidades tem uma pavimentação péssima, quando tem. Com vimos no item “pneus”, motocicletas são sensíveis por conta da pequena área de contato com o solo.

    Um motociclista iniciante tem como tarefa aprender a “ler”o chão à sua frente e saber se comportar ao guidão conforme o caso. No asfalto liso e seco não há problemas. Porém, asfalto brilhando demais faz a moto reagir de um jeito, asfalto claro demais, de outro, rugoso demais, outro ainda. E o que dizer dos pisos de paralelepípedo, bloquete, das “estradas de chão” ou de rodar nas cidades praianas onde areia solta é algo comum?

    Sair dessa sinuca de bico requer uma e uma só coisa: muuuuita atenção! Olhar sempre para onde sua roda “pisará” é a lei para não se ver de pernas para o ar sem mais nem menos.

    Moto no trânsito - visibilidade10 - POSICIONAMENTO NA PISTA

    Motos são pequenas, rápidas e muitas vezes os outros usuários da via simplesmente não as veem. Seja previdente e busque posicionar-se de maneira muito visível.

    Andando atrás de automóveis, evite os que tem vidros escurecidos, que te impeça de ver o que está à frente dele. Além disso, tente ficar em uma posição onde você enxergue nos espelhos retrovisores os olhos do motorista, pois se você está vendo os olhos dele, ele estará te vendo também.

    Em estradas ou vias expressas, tente rodar a uma distância de pelo menos dois ou três “carros” do veículo à frente (12 a 15 metros). Quanto maior a velocidade, maior deve ser o espaço, garantindo a você tempo de reação em uma emergência.

    Outra regra “de ouro” é rodar seguindo a trilha dos pneus do veículo à frente, especialmente em piso molhado. Ali haverá menos água, além de ser menor a chance de atropelar um objeto solto na estrada.

    Fotos: Caio Kenji/G1; Reprodução/EPTV; Reprodução/G1.

  • Sonha em comprar uma moto para viajar? Saiba como escolher a ideal

    BMW R 1200 GS Adventure
    Decidiu viajar de moto? Ótimo! Mas ainda falta o essencial: a motocicleta. E a escolha depende do tipo de viagem que você fará. Veja, a seguir, quatro aspectos fundamentais para levar em conta antes de comprar a sua companheira de jornada:

    Vai levar alguém na garupa?
    Já dissemos em colunas anteriores que para viajar de moto não é necessário motor ultrapotente ou as mais específicas “Tourer”, projetadas para engolir quilômetros sem muito esforço. Porém, se o seu projeto de viagem de motocicleta inclui levar alguém na garupa, é preciso pensar bem antes de optar por um ou outro modelo.

    Harley Davidson Breakout
    Vamos por eliminação: superesportivas como a Ducati Panigale ou Yamaha YZF-R1 devem ser riscadas da lista de opções. Por mais estonteantes que sejam suas formas aerodinâmicas, por mais que pareçam verdadeiros mísseis que tornarão o percurso do ponto A ao B uma questão de piscar de olhos, elas definitivamente não tratam bem quem ocupa a garupa. Além disso, não são confortáveis também para quem as pilota uma vez que são… Superesportivas, ou seja, motos projetadas para uso em pista que podem rodar em estrada, e não o contrário!

    Nessa mesma categoria que trata mal os acompanhantes estão algumas custom. Como reconhecer as mais malvadas? Fácil: pelo tamanho do assento dedicado a quem não vai pilotar, em geral menores que a capa de um livro, como na Harley-Davidson Breakout. Esses bancos estão ali (quando estão) para “cumprir tabela”, levar alguém por um trajeto curto e rápido e nada mais.

    Honda Goldwing
    Quais são, então, as melhores para viajar a dois? Em primeiríssimo lugar as GT, sigla da autoexplicativa categoria Grã-Turismo. Entre as mais badaladas estão a Honda Goldwing (foto acima), a Harley-Davidson Electra Glide (abaixo) e a BMW K 1600 GTL, verdadeiros “sofás” sobre rodas, com mimos como equipamento de áudio e navegação de altíssima qualidade, aquecedores de manopla e assento, suspensões com regulagem de altura e muito mais. Algum inconveniente? Sim. Fora o preço sempre elevadíssimo, elas não encaram muito bem estradas ruins e exigem certa experiência, por serem pesadas e volumosas.

    Harley Davidson Electra Glide
    As maxitrails acabam sendo uma escolha que concentra muitas vantagens e quase nenhum inconveniente. Todas elas, das menores como a Yamaha XT 660 Ténéré ou a moto tida como referência da classe, a BMW R 1200 GS Adventure, oferecem um banco espetacular tanto para quem pilota como para quem acompanha. Além disso, são robustas, têm excelente autonomia, encaram estradas ótimas ou péssimas com a mesma competência e tem como contraindicação um fator que pode parecer curioso, mas determinante: não são adequadas para baixinhos. Quem tem menos de 1,75 m de altura geralmente sofre nessas maratonistas…

    Vai longe ou pertinho?
    Essa questão também define algumas escolhas. Viagens para destinos longínquos duram vários dias ou até semanas. Esse “dia após dia” ao guidão exige bom preparo físico e um equipamento fundamental para evitar cansaço: um para-brisa. Etapas diárias de centenas de quilômetros desgastam demais o piloto se não houver nada que desvie a pressão aerodinâmica do peito e da cabeça.Suzuki Bandit 650S

    Portanto, motos como a Suzuki Bandit 650S, a que tem meia carenagem, é preferível à sua irmã naked, sem carenagem. Aliás, as naked podem ser ótimas escolhas se os trajetos pretendidos forem curtos.

    Yamaha XTZ 250 Tènèrè
    Se o cacife não alcançar o estágio perto da casa dos 30 mil reais, uma boa escolha pode estar na Honda XRE 300, Yamaha Lander ou Ténéré 250: as primeiras são trails competentes e que oferecem economia e robustez. Já a Ténéré tem um tanque maior, que lhe dá uma autonomia capaz de ir de São Paulo ao Rio (400 km) sem paradas. Fora isso, tem o providencial para-brisa, que faz toda a diferença.

    Vai levar muita bagagem?
    Para alguns destinos mais “rústicos”, muita bagagem é quase uma necessidade. Um saco de dormir e uma pequena barraca já ocupam um belo espaço. Neste caso, as motos melhores são as que permitem a instalação de bons bagageiros na rabeta, além dos tradicionais mas sempre eficientes alforjes laterais.

    Kawasaki Versys Grand Tourer
    No mercado, há uma bela oferta de “racks” para equipar motos com baús e malas laterais. Para quem prefere equipamentos originais (e pode gastar um pouco mais), alguns modelos já vem prontinhos, como a Kawasaki Versys Tourer, uma bicilíndrica de 650 cc que já vem com malas laterais ou sua irmã meior, a Versys Grand Tourer, que traz também um amplo “top-case”.

    É necessário lembrar que muito peso exige uma estrutura robusta, e, assim, quanto maior e mais potente for a moto, mais adequada ela será para suportar a encrenca.

    Vai em grupo?
    A motocicleta é, cada vez mais, um eficiente instrumento de socialização. Se sua ideia é viaja também para conhecer pessoas, a escolha de sua moto pode passar por um aspecto que deixa de lado modelos específicos como nakeds, trails ou tourings. Nesse caso, eleja uma marca para chamar de sua!

    Fazer parte das muitas confrarias de donos de Harley-Davidson é fácil, basta ter uma Harley! O mesmo ocorre com donos de Triumph, de BMW e assim por diante. Se você mora em uma grande cidade do Brasil ou ao menos perto de uma delas, programa não vai faltar. Os famosos “bate-e-volta” são as viagens de um dia nas quais grupos agendam encontros e exercem o mais puro e simples relacionamento que tem como ponto de convergência exatamente uma marca.

    Fotos: Divulgação

  • Dá para viajar em uma moto básica?

    Viagem de moto
    Feriadão chegando, e uma pergunta é recorrente entre motociclistas: dá para viajar com uma moto básica? E a resposta é: definitivamente, sim.

    Diferente de países onde, em algumas rodovias, a legislação diz que veículos de duas rodas a motor (scooters e motos) devem ter uma motorização mínima, em geral 250 cc, o Código de Trânsito Brasileiro não impõe limite, seja de capacidade cúbica ou potência do motor.

    Portanto, é possível sair de um extremo do Brasil e ir até o outro de Honda Pop 100 ou com o pequeno scooter como o Suzuki Burgman 125i. Basta querer.

    Certo ou errado não são termos aplicáveis à decisão de viajar com um meio de locomoção deste tipo, cuja potência é limitada. A questão é que muitos não têm alternativa. Aliás, a maioria da frota de motos brasileira é formada por pequenas motos e motonetas de 100 a 150 cc. Assim, seria antidemocrático limitar o direito de ir e vir dessa legião de usuários do guidão.Viagem de moto

    Em determinadas partes do país uma soma de fatores, como ausência de transporte público e distâncias consideráveis entre cidades e vilarejos, faz das motocicletas um verdadeiro fator integração, ferramenta de cidadania e, para dizer o óbvio, de trabalho.

    Para que seja possível encarar o mundo no lombo de uma pequena utilitária tipo CG, é importante levar em consideração alguns aspectos muito simples e claros e outros nem tanto.

    Veja a seguir 7 dicas que vão facilitar a sua empreitada:

    1) ESCOLHA A VIA
    Mais de 80% das estradas brasileiras não são pavimentadas. Se a ideia for realizar grandes trajetos, como sair da região Nordeste para conhecer as cataratas do Iguaçu, ou trocar a paisagem dos pampas gaúchos pela exuberante selva amazônica, escolher o caminho mais curto pode ser a ideia mais óbvia, mas nem sempre a melhor. Selecionar as vias asfaltadas resultará em um caminho mais curto e rápido, mas, em muitos trechos, você encontrará grande quantidade de veículos.

    Especialmente na região Sudeste do Brasil, onde ficam as melhores estradas do país em termos de traçado e conservação, uma moto de 125 cc sofrerá demais para acompanhar o ritmo dos outros veículos. Em muitas delas, a velocidade máxima é de 110 km/h a 120 km/h. Nessa condição, o risco de se ver em situações difíceis e muito perigosas é corriqueiro, já que uma moto pequena de 100 ou 125cc mal chega aos 100 km/h. Viagem de moto pela estrada da Graciosa

    Então, o que fazer? A dica é Optar por estradas alternativas, o que, quase sempre, significa trocar asfalto e sinalização razoável por buracos e armadilhas de todo gênero.

    Porém, com uma moto pequena, isso talvez seja preferível. Menos frequentadas, com limites de velocidade mais baixos, as estradinhas aumentarão consideravelmente os trechos a serem percorridos em alguns casos – e o tempo da viagem também. Porém, pressa de chegar não pode fazer parte das pretensões de quem viaja com moto pequena.

    2) LEVE COMPANHIA
    Outra iniciativa importante, que vale não só para quem viajará com as pequenas como também para quem vai com motos maiores é ter companhia. Dois em duas motos é uma receita ideal para evitar contratempos.

    Pneu furou? Levar a roda ao borracheiro enquanto um toma conta da moto avariada é absolutamente melhor do que fazer um conserto sozinho na beira da estrada ou, pior, ter que abandonar a moto à própria sorte e depender de caronas de outros motoristas para resolver inconvenientes.

    3) PLANEJE BEM
    Quem se aventura no mundo deve ser precavido por natureza e, se não for, vai aprender da pior maneira quanto a vida poderia ser mais fácil se algum planejamento tivesse sido feito.

    Mesmo que você não seja nada chegado ao “faça você mesmo” em termos de manutenção de motocicletas, enfrentar uma viagem grande exigirá o mínimo: saber tirar uma roda para consertar o pneu, ajustar a corrente de transmissão, saber onde estão fusíveis e como trocar lâmpadas.

    Troca de pneu de moto

    4) MENOS É MAIS
    Leve o mínimo de bagagem possível. Carregar a bagagem no corpo, em uma mochila ou sacola, não é boa ideia, pois andar de moto exige total mobilidade. O melhor é distribuir a bagagem sobre a moto de maneira uniforme, equilibrada, sem concentrar peso excessivo nas extremidades.

    Importante: prenda tudo de maneira firme. Moto e bagagem devem formar um conjunto só. Ao balançar sua motocicleta, a bagagem não pode se mover mais do que ela... 

    Viagem de moto
    5) BUSQUE CONFORTO

    Pode parecer paradoxal, mas estar confortável sobre uma 125 ou 150 é possível. Uma dica campeã é a almofadinha de gel, que pode ser comprada em casas de produtos hospitalares. Fixá-la sobre o banco com tiras de câmara de ar garante um conforto que permite percorrer muitos quilômetros, dias e mais dias seguidos, sem sofrimento.

    Outra boa iniciativa é incorporar ao equipamento de segurança completo – capacete, calça e jaqueta com proteções, luvas e calçado de cano alto – uma cinta elástica abdominal. Não pode ser muito apertada, apenas justa, mas fará milagres, ajudando na postura.

    6) PILOTE DEFENSIVAMENTE
    Só pedestres e bicicletas serão mais frágeis que uma pequena moto em uma estrada. Ter consciência disso é sabedoria pura: jamais dispute espaço com quem é maior que você e parta sempre do princípio de que você não vai ser visto.

    Em estradas de grande movimento, jamais desgrude seu olhar do retrovisor. Evite rodar de noite ou em situações com visibilidade prejudicada como na chuva e com neblina. Esteja preparado também para o grande movimento de ar que os veículos maiores e em velocidade causam ao passarem por você.Motorista do carro bateu na traseira da moto na Rodovia Washington Luís

    7) CONVERSE COM OS EXPERIENTES
    Uma boa iniciativa antes de preparar uma aventura ao guidão é conversar com quem tenha alguma experiência que possa ser útil. O primeiro deles é o mecânico que revisa sua motocicleta, que não só pode te ensinar o que fazer em situações de emergência como determinar procedimentos periódicos para evitar problemas maiores.

    No entanto, serão os viajantes, as turmas com experiência de guidão em trajetos similares e com motos pequenas, que podem mesmo ensinar “o caminho das pedras”.

    José Albano, lendário fotógrafo cearense é um deles. Motociclista tardio – comprou sua primeira moto quando tinha mais de 40 anos – rodou e roda o Brasil de Norte a Sul ao guidão de uma pacata Honda ML 125 dos anos 1980. As andanças de Albano renderam fotos espetaculares e um livro, “O Manual do Viajante Solitário" (Editora Terra da Luz, 2010, R$ 45,00).José Albano

    Nele, os segredos dos milhares de quilômetros estão divididos por capítulos que, em vez dos relatos de lugares ou emoções vividas, dão conta de aspectos práticos: o que levar, como minimizar desconfortos, quantos km rodar por dia, como lidar com problemas inerentes às motos pequenas e etc… Muitos livros foram escritos sobre viagens de motos, mas raros são os que, como o de José Albano, são específicos para usuários das pequenas que viajam pelo Brasil.     

    Fotos: José Albano/Divulgação; Zé Fagundes/ Arquivo Pessoal; Maurício Duch

Autores

  • Roberto Agresti

    Roberto Agresti pilota e escreve sobre motocicletas há três décadas.

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