• Raras: motos de rua derivadas de máquinas de corrida - parte 1

    A paixão por motocicletas quase sempre transborda para o esporte praticado com elas, o motociclismo. Seja por lazer ou por poder – leia-se boas vendas – modelos derivados daqueles que vencem nas pistas sempre estarão no catálogo das principais marcas.

    “Ganhar no domingo, vender na segunda-feira!” Esta é uma das mais manjadas e exatas frases que explicita a força que vitórias exercem sobre o sucesso comercial. O fascínio dos consumidores pelo lugar mais alto do pódio foi e ainda é intensamente aproveitado. Trazer para as ruas modelos com características quase idênticas às de motos campeãs é certeza de bons negócios.

    A moda das race réplica começou há cerca de três décadas e nesta coluna mostraremos modelos antigos. Em breve, será a vez das motos desse tipo mais novas.

     

    Agora, vamos ver como as japonesas Honda, Suzuki e Yamaha fizeram a tecnologia “espirrar” das pistas para a produção. Os primeiros modelos nasceram em uma época onde os motores de alta performance eram os hoje praticamente extintos 2 tempos que exalavam a sedutora (e nociva para o meio ambiente) nuvem de fumaça azul pelos escapes.

     

    A fumaça das race réplica atuais como a Ducati Desmosedici e a Honda RC 213 V-S é quase invisível, mas algumas coisas não mudaram: a alta tecnologia e a nececidade de ter muito dinheiro para colocá-las na garagem…

    Abaixo os modelos que inauguraram a mania pelas race réplica três décadas atrás, máquinas que nasceram à imagem e semelhança daqueles criados específicamente para competição, verdadeiros objetos do desejo de qualquer colecionadores que não hestitam em desembolsar fortunas pala colocá-las em suas coleções. A ordem é cronológica.

    YAMAHA RD 500 LCYamaha RD 500
    Na virada dos anos 1970 para 1980 a marca dos três diapasões dominava a cena da principal categoria da motovelocidade mundial. Suas máquinas campeãs insipraram a criação da Yamaha RD 500 LC (em alguns mercados denominada RZ ou RZV 500R), uma cópia mais ou menos fiel da YZR 500 OW61 que venceu o Mundial de Motovelocidade da classe 500 em 1984.

    Pela primeira vez um motor V4 2 tempos equipava uma moto que poderia ser emplacada e circular nas ruas, e que incorporava requintes técnicos como dois virabrequins e eixo equilibrador, assim como a lubrificação do câmbio separada da do restante do motor. 

    Cara como convém a um modelo especial, a RD 500 LC foi produzida por apenas dois anos, de 1984 a 1986, com especificações diferentes para cumprir a legislação de cada mercado. No Japão, por exemplo, a legislação local fez com que o motor fosse limitado a 65 cv de potência enquanto para o resto do planeta a potência chegava a quase 90 cv, um número que hoje não impressiona mas que à epoca causava calafrios.

    Para compensar a menor potência do motor a moto vendida no Japão vinha com chassi de alumínio que pesava 9 kg menos que o de aço das RD 500 LC para exportação. Tais motos tiveram poucos exemplares fabricados o que dá a elas o status de objeto do desejo de qualquer colecionador. Há notícias de RD 500 LC habitando garagens brasileiras!

    SUZUKI RG 500 GAMMASuzuki RG 500
    A Suzuki seguiu o mesmo caminho da Yamaha e na mesma época. Com um ano de diferença, em 1985, lançou a versão de rua de sua vencedora RGV 500 Gamma, máquina que anos antes, 1981 e 1982, conseguiu faturar o título mundial de pilotos. Mais extrema que a RD 500 LC, o motor 2 tempos da RG 500 Gamma tinha uma arquitetura peculiar, quatro cilindros em quadrado.

    O base do motor desta moto de normal venda ao público era 100% idêntica à das motos de competição. Assim, para um dono de RG 500 ter seu motor com a mesma “patada” do das motos usadas nos Grande Prêmios da época bastava trocar os cilindros, respectivos pistões e buscar os “periféricos”, escapes e carburadores.

    Tudo se encaixava! Porém, mesmo sem modificações a RG 500 Gamma era furiosa: 95 cv de potência, mais de 7 kgm.f de torque e apenas 158 kg (!!!) de peso a seco. Sem dúvida era a réplica mais próxima da máquina de competição verdadeira, com chassi dupla trave de alumínio e suspensão traseira Full-floater.

    Além dos títulos nos anos 1980 com os italianos Franco Uncini e Marco Lucchinelli, o lendário piloto inglês e bon vivant Barry Sheene venceu títulos mundiais em 1976 e 1977 com uma antecessora de RG 500 Gamma que era considerada menos potente do que Suzuki exposta nas revendas quase uma década depois. Produzida sem mudanças de 1985 a 1995, a mais preciosa e procurada delas é exatamente a que traz pintura em homenagem a Sheene. No Brasil? Nem sombra delas ao que sabemos…

    HONDA NS 400RHonda NS 400

    Depois de fazer bonito nas pistas da motovelocidade durante os anos 1960 a Honda se retirou das competições e só retomou o assunto na virada dos anos 1970. Em vez de seguir a receita dos adversários então dominantes – Suzuki e Yamaha – a Honda escolheu fazer diferente: no lugar de motores 2 tempos construiu a complicada NR 500 equipada com um motor 4 tempos de 4 cilindros em V e pistões ovais!

    A inovadora tecnologia atraiu olhares mas não bons resultados.  Cansada de apanhar, a marca se rendeu aos 2 tempos mas o fez com estilo, e assim nasceu a exótica NS 500. O motor de três cilindros em V a 90º era insólito, com o cilindro solitário apontando para o chão e os gêmeos para o alto.

    Tal arquitetura resultou em uma máquina menos potente que as quatro cilindros, mas mais leve e ágil, rápida o suficiente para faturar o campeonato em sua segunda temporada, 1983. E para comemorar, advinhe? A Honda elaborou uma cara e caprichada réplica, a NS 400R.

    Por qual razão escolheu um motor menor, 400 e não 500 cc? Há quem sustente que foi por respeito a legislação japonesa, e em vez de “estrangular” o motor limitando a potência como fez a Yamaha com sua RD 500 LC na versão para o mercado interno, preferiu construir um motor menor mas sem travas.

    Apesar de não ser 500, NS 400R trazia todas as tecnologias da moto campeã da categoria principal: rodas Comstar, suspensão dianteira com sistema antiafundamento TRAC (Torque Ractive Antidive Control) e o sistema ATAC (Auto-controlled Torque Amplification Chambers), a versão da Honda para válvulas de escape que aumentam torque.

    Como na moto de corrida o motor era um V3 a 90º mas o cilindro solitário apontava para o alto enquanto os gêmeos para o solo. A razão da diferença foi justificada pelas necessidades específicas de uma moto destinada ao uso em estradas como passagem dos escapes, espaço para bateria, filtro de ar e etc.

    A NS 400R não foi sucesso de vendas pois além de ser muito cara era menos potente que as rivais Yamaha e Suzuki, com apenas 72 cv de potência máxima contra os mais de 90 das outras. Mas quem andou nela jura que à época não havia melhor engolidora de curvas, cartão de visitas da tecnolgia Honda. No Brasil não há notícia de nenhum exemplar desta raridade.  
     

  • Veja 4 sistemas eletrônicos nas motos que até as mães agradecem

    BMW S 1000 XR
    Gosta de motocicleta, certo? Então goste mais, muito mais, pois sem você saber em inúmeras situações ela ajuda você de um jeito que deixaria sua mãe mortinha de inveja.

    ABS


    Mãe? Sim, elas geralmente não gostam muito de motos mas, justiça seja feita, elas deveriam. As motos atuais são cada vez mais verdadeiras mães na tarefa de te tirar de situações ruins. Um grande exemplo? Os freios ABS.

    Estrada perfeita, moto com manutenção em dia, um piloto experiente ao guidão… Nada disso! Este não é o bom roteiro para mostrar como a tecnologia do ABS é “maternal”. Troque o asfalto bonitão por um todo em um todo remendado, com óleo, pedrisco, terra e areia temperada com água suja. Na moto, imagine pneus que já viveram dias melhores e some a isso um piloto com experiência de calouro. Nesse cenário o ABS vai, sim, fazer mais pela saúde de quem pilota do que a respeitável progenitora.

    Ah, as maravilhas da tecnologia! Muitos torcem o nariz para freios ABS – eu não preciso disso, dizem alguns – mas é inegável que para a esmagadora maioria dos motociclistas a "magiquinha" eletrônica contida no dispositivo é, sim, fundamental.

    Injeção eletrônica
    E fundamental também é saber que por causa da eletrônica aplicada ao sistema de alimentação das motos mais modernas, dificilmente você vai tomar uma canseira como as que seu pai ou avô tomavam das motonas carburadas. Acredite, carburadores por melhores que fossem eram geniosos, doidos para se destrambelharem e fazer sua moto funcionar mal, ou simplesmente não funcionar.

    Viagens longas, com variação de altitude e muitos reabastecimentos em postos onde até o cachorro dormindo do lado da bomba é batizado eram fatais para os “carburas”. Já nas motos atuais um abastecimento do mal tem efeito menor.

    A eletrônica se encarrega de deixar as coisas minimamente funcionais até você conseguir bebida melhor para seu motor deixando nas brumas dos passado aquele motor que tossia, cuspia e escarrava pelo escape avisando que a viagem estava prestes a acabar, e muitas vezes acabava mesmo, até que uma alma caridosa te desse um litrinho do bom ou te levasse a algum posto menos safado. Sinceramente, zero saudades dos carburadores: a eletrônica aplicada aos sistema de alimentação de qualquer motor mudou as vidas de qualquer motociclista para muito melhor.

    Controle de traçãoDucati controle de tração

    E o que mais fazem por nós as novas tecnologias? Muito mais. Motocicletas modernas, principalmente as mais caras, não economizam nos recursos invisíveis para fazer você andar na linha. O controle de tração é o mais famosinho destes aparatos e basicamente impede que a sua mão boba faça bobagem no acelerador.

    No passado, antes destas magias da eletrônica, uma acelerada a mais na hora errada invariavelmente significava em tombo ou uma perigosa derrapagem. Agora o perdão está literalmente à sua mão. Exageros, seja por empolgação, falta de experiência ou simples erro, não te levam mais para o chão com tanta facilidade.

    Modos de potênciaDucati modos de potência

    Outra belezura da tecnologia eletrônica enfiada nas melhores motos é a escolha do caráter que se deseja para o motor. Tá com raiva, quer descontar no asfalto todas suas frustrações?

    Escolha o modo geralmente chamado de “Full”, onde a manada de cavalos vai se comportar com se não houvesse amanhã, dando coices na pista e literalmnente empurrando você junto de sua moto para frente no melhor estilo Buzz Lightyear, ao infinito e além… Mas se esse fúria toda for descabida, fora de lugar (por exemplo em uma estrada molhada), o modo “Rain” pode ser a opção salvadora: cavalos calmos, nada de coices mas sim uma resposta do motor digna de um alazão de aluguel de estância hidromineral, que faz só o que você quiser e quando você quiser.

    Como visto, a eletrônica embarcada nas motocicletas chegou de vez e para ficar. Muitos dizem que tanta assistência está criando uma legião de motociclistas preguiçosos, que não se esmeram na pilotagem, cada vez mais dependentes destes sistemas em vez de seu próprio conhecimento e competência. É um modo de pensar que não compartilho. ABS, injeção eletrônica, controle de tração e os cada vez mais comuns “riding modes” trazem segurança e mudam sim a pilotagem, para melhor.

    Os habilidosos continuarão sendo habilidosos e saberão usar com sabedoria toda a eletrônica disponível. Já o menos talentosos conseguirão dominar motos de maneira mais segura e confortável, o que é bom para eles, para quem vai na garupa deles e para quem está em volta.

    A democratizacão da tecnologia, traz segurança para cada vez mais gente através de motocicletas de comportamento mais previsível, menos críticas, e que assim podem ser usadas por um maior número de pessoas. E quanto mais gente puder andar de moto e com mais segurança, tanto melhor. E a mamãe eletrônica cuidando da gente!   

    FOTOS: divulgação

  • Viagem de moto: roteiro e moto têm que combinar

    BMW F 800 R
    Motocicletas e o chão em que rodam! Esta é uma típica relação íntima que, para dar certo, precisa ser muuuuito harmoniosa. Pela própria natureza motos têm uma área de contato com o solo mínima, em alguns casos menor do que um cartão de crédito!

    Já comentei diversas vezes nesta coluna que pneus bons com pressão correta são o mínimo que qualquer motocicleta precisa para entregar a seu condutor a segurança básica. Daí para frente é conosco, com a segurança dependendo “apenas” de nossa pilotagem onde atenção, respeito às regras, – sejam elas as leis estabelecidas ou o sempre mais importante bom senso – evitará problemas…

    Porém, muitas vezes não basta estar em uma boa motocicleta, bem calçada, e ser bem experiente para escapar de problemas. E isso aconteceu há algum tempo atrás comigo, que rodo há mais de 30 anos em motos variadas e em estradas de todo tipo. BMW F 800 R
    COMO FOI?
    Véspera de fim de semana, tudo pronto para pegar a estrada. A moto? Uma naked (BMW F 800R) equipada com bolsas laterais e baú de primeira, equipamentos originais. Os pneus, não só eram novos como de marca “da boa”, e lá fomos nós, eu e acompanhante, ansiosos para explorar um canto do planeta do ladinho de casa, mas que ainda não conhecíamos: as cidades históricas do Vale do Paraíba, na divisa de São Paulo e Rio de Janeiro. Silveiras, Areias, São José do Barreiro e Bananal, todas elas à margem da rodovia dos Tropeiros, um antigo caminho agora asfaltado, que serpenteia entre montanhas e paisagens bucólicas.

    A naked parecia perfeita para o roteiro, e era, até a curiosidade (aquela que matou o gato, lembram?) entrar em cena e causar uma decisão que se comprovaria errada. Por sugestão de um local, decidimos conhecer uma localidade “ali do lado”, e para isso precisaríamos percorrer uma estradinha que, segundo nosso (muy) amigo, era “tranquila”. Não asfaltada, mas é como se fosse, disse ele. E eram apenas 24 km.

    Na empolgação, o fator “pneu” foi desconsiderado e esta "excursãozinha" de pouco menos de 50 quilômetros de ida e volta resultou em um paradoxo. Vimos paisagens belíssimas, mas elas nos custaram caro em termos de estresse. Subir a tal estrada até que não foi um grande problema. Realmente tranquila, para carros. Para uma naked com pneus projetados para o asfalto aquela brita média – o trecho aparentemente estava sendo preparado para receber pavimentação – foi um treajeto torturante.

    Motocicletas em geral contrariam o provérbio que diz que para baixo todo santo ajuda. Nelas troque o para baixo por para cima, uma vez que em aceleração, superar aquelas pedras não foi um grande problema. Mesmo com dois a bordo e malas lotadas, bastou apenas concentração e bom senso (sempre ele…) para vencer os mais de mil metros que nos levaram ao tôpo da localidade, o Parque Nacional da Serra da Bocaina, literalmente dentro das nuvens com seus mais de 1.700 metros acima do nivel do mar.

    Mas e a volta, como foi? Foi um inferno. A moto dotada de ABS (sem possibilidade de desligá-lo) nos fez encarar o trecho que subimos alegres descendo tensos, muito tensos. 24 km percorridos a zero km/h ou quase isso, dando patadas para salvar escorregadas principalmente do pneu dianteiro a toda hora. Um sacrifício besta e que poderia ter terminado em um tombo mais besta ainda, daqueles a dois por hora que mais machucam o ego do que o corpo, mas que teria certamente consequências ruins para a motocicleta. E não se tratou de falta de habilidade mas sim de juízo: por conta dos pneus “errados”, do ABS e da presença de bagagem e garupa, deixar a moto desmbestar não era opção nem para mim nem para um campeão de enduro. Yamaha XT 660 Ténéré e BMW F 800 R
    Qual lição foi aprendida?
    Não se deixe levar pela empolgação. Viagens de motocicleta devem ser planejadas minuciosamente por mais curtas que sejam, e encarar um trecho off-road com uma motocicleta sem pneus apropriados para tal é pedir para ter problemas. Acompanhados por um par de viajantes em uma bem mais adequada Yamaha XT 660 Ténéré, observamos o quanto tal moto, mesmo plena de bagagem, estava muito mais à vontade naquela situação.

    Dica a ser dada? Se tiver de enfrentar uma situação parecida baixe a pressão dos pneus. Isso garantirá uma melhor capacidade de enfrentamento deste tipo de terreno. O problema é que pneus com pressão baixa ficam mais sujeitos a cortes ou rasgos e tendo isso em mente (e principalmente vendo a quantidade de pedras afiadas com cara de malvadas) decidi não baixar a pressão e sim a velocidade.

    No final, a viagem foi um sucesso e o trecho de sofrimento plenamente digerido, deixando lições, que basicamente são usar o sapato certo para a ocasião certa, evitar empolgação e principalmente planejar ao máximo para não colocar os pneus no lugar errado.    
    VEJA DICAS DE VIAGENS DE MOTO:




  • RD 50, CG 125, DT 180 e CB 400: motos nacionais viram clássicas

    Colecionadores de motocicletas já estão de olhos bem abertos em meia dúzia de exemplares “made in Brazil”, alguns muito raros, outros nem tanto, mas todos simplesmente apaixonantes, que contam uma história de mais de 40 anos.

    A data exata do início desta paixão, aliás, é 10 de outubro de 1974. Foi neste dia que da linha de montagem da Yamaha Motor do Brasil, em Guarulhos (SP), saiu aquela é considerada a 1ª motocicleta nacional, a pequena RD 50.

    Antes disso outros veículos de duas rodas a motor foram montados/fabricados no Brasil - Vespa, Lambretta e a lendária Leonette entre elas. As primeiras eram motonetas, os scooters de hoje em dia, a Leonette um ciclomotor com pinta de moto. Mas motocicleta, mesmo, a pioneira foi a cinquentinha da Yamaha.

    Neste período de 4 décadas a indústria da motocicleta no Brasil produziu algumas motos que hoje despertam a cobiça seja de colecionadores, admiradores da mecânica de outros tempos ou de simples saudosistas. Seja qual for o caso, uma coisa é certa: qualquer um dos modelos que descrevemos abaixo, ícones das pioneiras moto Made in Brasil, despertam uma atração espetacular. Qualquer uma delas estacionada ou andando vai atrair olhares tanto quanto a mais moderna e exclusiva motocicleta disponível no país. Acredite…

    YAMAHA RD 50Yamaha RD 50

    Nossa lista não poderia deixar de começar com ela, a primeiríssima moto nacional.  Mas não 100% pois ao menos o carburador era e sempre foi importado. Todavia, o restante dos componentes se valia da mão de obra e de matéria prima brasileira. A escolha da Yamaha por uma 50 cc para estrear sua produção no país teve como objetivo oferecer um produto de custo de aquisição e manutenção baixo.

    A escolha de um motor 2 tempos – bandeira da empresa à época – permitia pensar que a simplicidade mecânica de tais motores favoreceria a manutenção inclusive nos mais remotos lugarejos. A pequena moto era valente, com desempenho razoável e tecnologia moderna mas, como se viu na sequência, a preferência do brasileiro recaiu sobre o mais complexo mas robusto motor 4T da Honda CG 125, que lançada dois anos depois dominou o mercado.

    De nada adiantou à Yamaha lançar versões mais fortes de sua pequena moto, a RD 75 (1976) e RX 80 (1979): a Honda CG nunca mais cedeu a liderança. Um exemplar dessas Yamaha pioneiras é muitíssimo raro e cobiçado, podendo custar até R$ 15 mil.

    HONDA CG 125Honda CG 125

    Em 1976 ninguém menos que Pelé foi chamado para ser o garoto propaganda da 1ª Honda fabricada no Brasil, mais exatamente em Manaus. A escolha de produzir no Amazonas deu à Honda a vantagem dos incentivos fiscais e também ir nacionalizando a sua motocicleta aos poucos.
    Anúncio antigo da Honda CG 125

    As primeiras Honda CG que sairam da fábrica manauara tinham diversos componentes importados mas nem por isso a motocicleta como um todo deixava de ser considerada brasileira. Exemplares desta 1ª CG, especialmente na cor laranja, são perseguidos e desejados e apesar de serem encontrados mais facilmente podem alcançar cifra equivalente a de uma Yamaha RD 50 original.
     
    HONDA CB 400 - CB 450Anúncio da Honda CB 400
    A primeira grande moto brasileira era, na verdade, toda "made in Japan". Especialmente a primeira versão de 1980, equipada com as rodas “Comstar” e motor 400, era apenas montada em Manaus. A nacionalização veio a reboque do sucesso e foi aumentando com o passar dos anos. A CB 400 chegou ao mercado em um momento particular, quando a importação de motocicletas, proibida deste o final de 1976, havia feito a sede de motos grande crescer desmesuradamente.

    A solução “Manaus” deu alívio a tal escassez e fez da CB 400 um sucesso imediato. Quem quisesse uma moto encorpada e com presença tinha nela a única opção. Um ano depois surgiria uma versão mais luxuosa, batizada de CB 400 II. No final de 1984 veio a Honda CB 450, mais potente e que ficou uma década em produção em diversas versões: Custom, Sport, TR e a derradeira DX. A primeira CB 400 e a CB 400 II são as mais raras e desejadas, mas qualquer CB 400 ou 450 em bom estado acha comprador rapidinho. E quanto mais original, mas valiosa. Há exemplares pouco rodados e 100% originais ofertados por cerca de 20 mil reais.

    YAMAHA DT 180Anúncio da DT 180

    Foi a trail que ensinou os brasileiros a fazer trilha, e não só. Mostrou também o quanto versáteis são as motos fora-de-estrada mesmo se jamais usadas na terra. A DT 180 L, a primeiríssima de 1981, é "mosca branca", não se acha, e se reconhece por uma característica única: tem a balança de suspensão traseira fabricada com tubo de seção circular e não retangular como as DT 180 sucessivas.

    Fabricadas até 1997, achar uma DT 180 original é complicado, e os preços variam: as mais recentes não custam mais de 5-7 mil reais, mas a primeirona, a dos tubos redondos, pode custar até 12-15 mil reais. E há ainda a MX 180, versão de cross. Quem tem uma dessa impecável, tem um tesouro!

    HONDA XL 250RAnúncio da Honda XL 250R

    Ah, o “xiselão”! Na época sinônimo de robustez aliada a tecnologia. Esta motocicleta foi a antagonista da Yamaha DT 180 que, apesar das diferentes capacidades cúbicas de seus motores tinham desempenho equivalente, o que se explicava pelo fato da Yamaha ser mais leve e ter motor ciclo 2 tempos (mais assanhado!) e a Honda, mais pesada, mais cavalos em seu motor 4 tempos. Durante os anos 1980 a popularidade da prática do Enduro transformou o antagonismo entre donos de XL e DT em uma espécie de Fla-Flu sobre duas rodas. Não é tão difícil assim achar uma XL 250R, fabricada de 1982 a 1984, e substituída pela XLX 250R. O valor pode chegar até os 15 mil reais.

    YAMAHA RD 350 LCAnúncio da RD 350

    Na esteira da lendária RD 350 dos anos 1970, apelidada de "viúva negra", a Yamaha introduziu no Brasil a versão modernizada do modelo, a RD 350 LC, onde as letras finais estavam para “liquid cooled” ou seja, refrigeração líquida. Mais tecnológica porém não menos brutal e esportiva, a RD 350 era naquela época o mais fiel paradigma da moto esportiva e foi protagonista de uma longa e curiosa espera pelo modelo, pois a Yamaha anunciou a produção da RD 350 LC em 1984 mas a efetivou apenas em 1986… Encontrar uma dessas “LC” de primeira safra não é impossível, mas exige garimpar direito. Uma 100% original é raríssima pois motos esportivas geralmente tem donos esportivos, e isso reduz a vida das coitadas. Há RD 350 LC à venda por mais de 20 mil reais.

    RESTAURADA OU CONSERVADA?
    Importante observar que neste mercado de clássicas as motos mais valiosas são as chamadas “conservadas” e não as “restauradas”. Qual a diferença? As primeiras são aquelas que foram mantidas da melhor maneira possível ao longo de sua vida e sofreram pouca ou nenhuma intervenção, como se tivessem hibernado em garagens durante décadas.

    Ao contrário do que pode se imaginar, alguns risquinhos na pintura, sinais de uso nos comandos e demais “marcas da vida” contribuem para o preço ser elevado. Já as restauradas são motos que passaram por processos de renovação e portanto, por mais perfeitas que sejam, valem menos pois carecem do charme que algumas rugas conferem a quem atravessou o tempo para contar a história.   

  • Troca de óleo do motor da moto: veja os 12 mandamentos


    Trocar o óleo do motor é barato, já o conserto de um motor danificado por descuidos com óleo dói muito no bolso. Esta é uma grande verdade, que vale para qualquer tipo de motor, principalmente os motores das motos.

    Por que “principalmente os motores de motos”? Várias são as razões. Se sua moto tem um motor refrigerado a ar, geralmente as monocilíndro de 100 a 300 cc, saiba você que isso não é totalmente verdade. Não é só o vento “lambendo” a superfície do cilindro ou (quando houver) “soprando” no radiador de óleo que se encarregará de manter temperatura ideal de exercício. Nestes motores o óleo tem um papel fundamental não só para minimizar atritos internos como também em espantar a “febre”, o calor excessivo que quase sempre leva a quebras ou desgastes precoces.

    Já nos motores com sistema de refrigeração líquida, geralmente maiores e/ou mais sofisticados, o óleo tem um papel levemente menor na tarefa de conter calor em excesso. Porém, tanto em um tipo de motor quanto em outras trocas frequentes, respeito à recomendação do fabricante quanto ao tipo de lubrificante e verificação constante do nível são atitudes fundamentais. Troca de óleo moto

    PARA E ANDA FATAL
    Um motor cuja vida seja feita de pequenos percursos intercalados por períodos extensos de parada sofre muito, quase tanto como um cujo dono acelera à fundo com ele frio. Mesmo se o óleo for novo e de excelente qualidade, é necessário não só fazer o motor funcionar em marcha lenta até que o lubrificante circule e alcance todas as partes e atingir uma temperatura razoável.

    O ideal é que o motor funcione sem grandes oscilações de temperatura mas… no dia-a-dia, especialmente em uso urbano, isso é bem difícil. Como não há termômetro de óleo na grande maioria das motos, vale usar o bom senso: as rotações devem ser o mais contidas possível nos primeiros três-cinco minutos de funcionamento de um motor que ficou parado por mais de duas horas. E em dias frios, este tempo deve ser estendido a até dez minutos antes de acelerar para valer. Caso seus trajetos sejam sempre curtos, capriche no aquecimento antes de partir. 

    A razão desses cuidados com a temperatura tem a ver com a viscosidade do óleo: quando frio ele é mais denso (ou viscoso, dá no mesmo), e portanto circula com maior dificuldades pelas entranhas do motor deixando partes desprotegidas. Já quando a temperatura é alta demais, acontece o oposto. A perda de viscosidade deixa o óleo “fino” demais e assim ele é incapaz de formar uma película lubrificante conveniente entre as partes metálicas em movimento, e não cumpre sua função de limitar atrito e consequente desgaste.

    Importante: oscilações muito frequentes e radicais de temperatura são responsáveis por uma deterioração progressiva na estrutura química do lubrificante e provoca a perda progressiva da eficácia. Isso exige prestar atenção não só na quilometragem, que é o dado mais comumente usado para determinar o momento certo de trocar o óleo, mas também no seu padrão de uso da motocicleta. O citado para e anda maltrata óleo e motor, e portanto demanda trocas mais frequentes. Outro problema vem da falta de uso, motos que ficam muito tempo paradas e cujo óleo perde as características ideais não pelos extremos de temperatura, mas sim pela oxidação natural que o contato com a atmosfera ocasiona.

    MANUAL DO PROPRIETÁRIO, SEU GURU
    De quanto em quanto você deve trocar o óleo do seu motor? Se você não se enquadra no caso dos cruéis utilizadores da moto fria em trajetos curtos ou na turma que a usa de vez em nunca, vale seguir o que o manual do fabricante indica.

    Os técnicos que projetaram seu motor trabalharam duro para garantir o emprego, fizeram o melhor possível e não iriam de jeito nenhum errar na recomendação de prazo. Outro aspecto é não inventar moda: siga EXATAMENTE o que o manual do proprietário recomenda para seu motor com relação a especificação numérica (5 W 40, por exemplo) e quanto às letrinhas que seguem tal numeração. Sem cair ao nível do detalhe, basta dizer que os números se referem à viscosidade em temperatura baixa (número menor) e temperatura alta (número maior), e as letras indicam a aditivação.

    Óleos designados para uso em motores motociclísticos levam em consideração que na maior parte deles a embreagem é do tipo “em banho de óleo”, e desta maneira a formulação dos aditivos prevê tal aspecto técnico. O uso de um óleo com viscosidade igual a recomendada no manual mas com aditivação diferente (um óleo para motores de automóveis por exemplo) pode causar problemas sérios no funcionamento da embreagem.

    Por ser uma ação simples, trocar de óleo não exige grandes conhecimentos mecânicos/técnicos, mas apenas atenção. Abaixo as regrinhas básicas para tal operação que, por ser frequente, pode ser feita por você mesmo:

    1. Verifique se você tem a ferramenta de medida adequada para soltar o chamado “bujão”, nome dado ao parafuso (geralmente de cabeça sextavada) que está na parte inferior do cárter do motor. Normalmente tal ferramenta comparece no kit de ferramentas que integra a maioria dos modelos.

    2. Informe-se da necessidade ou não de substituir a cada troca a arruela do referido bujão. Este dado deve constar do manual do proprietário.

    3. Solte o bujão tendo o cuidado de colocar sob o cárter um recipiente destinado a armazenar o óleo usado.

    4. Aqueça o motor antes da operação começar. Óleo quente, menos denso, sairá mais fácil do cárter do motor.

    5. Deixe escorrer o óleo por ao menos cinco-dez minutos, lembrando de retirar a tampa superior por onde entrará o óleo novo. Sem tampa o óleo escorrerá mais rapidamente.

    6. Feche o bujão sem apertá-lo demasiadamente: no manual haverá a indicação do torque necessário, mas como torquímetro nem todos tem, basta usar bom senso e não exagerar no aperto, e tampouco deixar o bujão frouxo demais.

    7. Evite meleca munindo-se de um funil para colocar o óleo novo não sem antes se certificar da quantidade exata, outro dado que constará no manual.

    8. Verifique o nível antes de completar a operação. Atualmente há motos com visores transparentes com marcas do nível máximo e mínimo. Outras motos tem vareta em cuja ponta há o mesmo. Neste segundo caso o nível se mede em geral com a vareta desparafusada.

    9. O óleo novo deve sempre alcançar o nível máximo mas nunca superá-lo. Óleo demais é tão nocivo quanto de menos.

    10. Após concluir a operação, feche a tampa de abastecimento do óleo e ligue o motor. Verifique se não há vazamento visível pelo bujão e, se puder, deixe uma folha de papel debaixo do cárter durante algumas horas.  Se o motor vazar, nem quem seja um pingo, o papel vai te avisar.

    11. Informe-se sobre a frequência da troca ou necessidade de limpeza do filtro de óleo. Algumas motos tem filtros tipo cartucho de papel, que em geral devem ser substituídos de maneira alternada, troca sim, troca não. Em outras o filtro é metálico, que demanda limpeza e não substituição. Mais uma vez, consulte sua majestade, o manual.

    12. Habitue-se a verificar o nível. Seja pelo visor, seja pela vareta, esse é um “vício” que todo motociclista deve ter. O mesmo vale para dar um destino sustentável ao óleo usado: leve-o a um posto de combustíveis, onde sempre há tambores para o descarte.Troca de óleo moto

    Como dito no início, óleo é relativamente barato, consertar motor bem mais caro. Trocas frequentes, atenção ao nível e à qualidade e especificação do óleo são o segredo de um motor saudável, lembrando que é natural que durante o arco de utilização o nível baixe. Motores novos tendem a consumir mais óleo por conta dos maiores atritos normais em um motor mais “justinho,” coisa que tende a se reduzir quando a quilometragem aumentar, se encarregando de tornar as folgas maiores. Motores muito rodados também tendem a consumir mais óleo mas por razão opostas, pois folga demais tende promove queima do óleo, sintoma facilmente reconhecível pela fumaça branca saindo do escapamento. Seja como for, pense sempre no óleo como um amigo: você não pode jamais descuidar dele!     

    MECÂNICA: VEJA COMO O QUE MEXER NA MOTO EM CASA


  • 'Suave na nave': veja por que pilotar moto não requer brutalidade


    Brutalidade é algo que não combina com pilotar motocicletas. Nos primeiros momentos do aprendizado tratar mal do acelerador, embreagem, alavanca de câmbio e freios é até natural. Mas a inexperiência cobrará seu preço sob a forma de trancos e excessos. Saber usar os comandos corretamente é algo que  sempre demandará algum tempo. Para uns, mais habilidosos, a coisa vem fácil; para outros, demora um tiquinho mais até "pegar a mão".

    Motocicletas são veículos especiais, por isso exigem alguma habilidade. Cada mão e pé faz uma coisa, às vezes duas: o grande segredo é combinar as ações de maneira harmoniosa. E, além de dominar os comandos, é preciso ter equilíbrio, manter o rumo certo e saber se safar dos imprevistos.

    Diante da complicação e do risco inerente, alguns desistem. Talvez seja uma atitude sábia de quem se reconhece incapaz de encarar o desafio. Outros, persistentes, competentes ou ambos, conseguirão levar uma moto sentindo-se confortáveis e seguros. A recompensa será o inegável fascínio de andar de motocicleta.

    A estes que “chegaram lá”, capazes de pilotar pequenas, médias ou até as grandonas ultrapotentes, uma dica: sejam suaves. O princípio básico é que, quanto menos brutal você atuar em qualquer comando de sua moto, melhor será sua pilotagem. A única exceção pode ser relativa aos freios e, mesmo assim, com ressalvas. É claro que, se você estiver rodando em uma rua tranquila e um perigo – animal, pedestre ou o que seja – surgir na sua frente, agir nos freios de modo decidido é fundamental. Mas mesmo a chamada "frenagem pânica" tem suas regras, como veremos em seguida.

    Veja abaixo o que significa ser suave, comando por comando:

    ACELERADOR – É o rei dos comandos. Sem ele, nada feito, a moto não sai do lugar. Para entender como usá-lo corretamente, vale ter em mente que, na maioria das ocasiões, “menos é mais”. Pergunte-se sempre: seria possível estar acelerando menos? A não ser que você esteja precisando ganhar velocidade rapidamente, como, por exemplo, para ingressar em uma rodovia ou via expressa, a resposta quase sempre serÁ sim.

    Atuar de maneira progressiva e – de novo – suave, é ideal. Aprenda a perceber que, na maioria das vezes, girar a manopla mais lentamente e menos não altera quase nada a aceleração, mas faz uma grande diferença no consumo de um modo geral. Obviamente, no combustível em primeiro lugar, mas também no resto todo: motor, pneus, suspensões e inclusive de adrenalina.

    Não se trata de abdicar da emoção e nem de curtir a performance, mas entender o comportamento de seu motor, como ele desenvolve a potência e distribui o torque no arco de rotações. Acelerador é o comando da moto no qual você mais atua, sua conexão direta com a "alma" da moto. Assim, use sua sensbilidade para aprender a usá-lo melhor, e mais suavemente…

    CÂMBIO – Regrinha básica é não ser cruel. Em geral, os comandos dos pés sofrem mais, afinal, humanos em geral são bem mais hábeis com as mãos do que com os pés (com exceção do Neymar & colegas), e assim dá-lhe ponta-pé na alavanca, ou quase isso.

    Para não fazer o câmbio (e toda transmissão) sofrer, é preciso se esmerar nas trocas de marchas, procurando entender em qual rotação a alavanca parece praticamente não oferecer resistência ao seu comando. Descobrindo esse mágico momento, onde parece que a marcha é sugada e não que é seu pé o responsável pela ação, você chegou lá.

    E isso vale tanto para passar marchas como para a redução, manobra onde sempre cai bem aquele golpezinho – suave! – de acelerador, para facilitar as coisas.

    Sistemas de transmissão são, em geral, superdimensionados e resistem a maus tratos. Porém, pilotar bem uma motocicleta é levá-la sem trancos, tornando cada troca de marcha imperceptivel, como se praticamente não existisse, atuando suavemente…

    EMBREAGEM – De novo, vale o “menos é mais”. Quanto menos sua mão atuar sobre a embreagem, melhor será. Pecadão é parar em um semáforo e não buscar o ponto morto, vagabundagem que causa um desgaste desnecessário.

    Toda vez que sua embreagem estiver acionada, mesmo que parcialmente, haverá um atrito enorme (outro nome da embreagem é fricção, lembra?) o que significa desgaste e outros inconvenientes, como elevação da temperatura e consequente perda de eficácia. Assim sendo, usar a embreagem é algo essencial, mas sempre pouco e suavemente…

    FREIO – A não ser em situação de emergência, onde frear forte pode significar salvar a pele, sua e dos outros, aprender a frear suavemente é como canja de galinha: não faz mal a ninguém.

    O principio de funcionamento de qualquer sistema de freio é o atrito e, assim, quanto menor for o atrito, menor o desgaste, e não só dos freios. A cada freada forte sua suspensão dianteira afunda e isso “cansa” não apenas molas e a parte hidráulica como também os relamentos da caixa de direção e outros componentes. Agir excessivamente no freio traseiro faz o pneu ficar “quadrado”, fora outros desgastes.

    Aprenda a programar sua frenagem e simule “frenagens pânicas”, aprendendo a sentir cada um dos comandos: a poderosa alavanca do freio dianteiro e o seu coadjuvante traseiro. No resto das situações, use-os sempre suavemente…

    GUIDÃO – Motos se pilotam fundamentalmente com o corpo todo e engana-se quem acha que, nas curvas, é o guidão que manda. Porém, é claro que ele é parte fundamental na direção, aliás, mais exatamente nas mudanças de direção. Aplique o mesmo princípio dos freios: para se safar de uma situação de emergência, agindo de maneira enérgica, é o caso. Em todos os outros momentos não críticos, segure o guidão de maneira firme mas, ao executar mudanças de direção, “sinta” o piso através dele, aprenda a arte de ler a pavimentação.

    A técnica do contraesterço – pressionar levemente o guidão para o lado oposto da direção que se quer tomar – é um divisor de águas na pilotagem de uma moto: quando se aprende a fazer isso, as mudanças de direção e as entradas em curva tornam-se magicamente fáceis e simples. Mas lembre-se, faça tudo isso - já falei, né? - suavemente.

Autores

  • Roberto Agresti

    Roberto Agresti pilota e escreve sobre motocicletas há três décadas.

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