Percorremos centenas de quilômetros pela BR-230, a conhecida Transamazônica. Pelo trecho piauiense, o asfalto e a manutenção da pista estavam em ordem. O mesmo se passou pelos trechos maranhenses e tocantinenses. O cenário se deteriorou alguns metros após passarmos pela ponte sobre o Rio Araguaia, quase na divisa de Tocantins com o Pará.

O asfalto em solo paraense desapareceu e no lugar apareceu terra, ondulações e muitos buracos. Apesar de larga, suficiente para fazer duplicação da pista nos dois sentidos, a rodovia é tomada por carros e caminhões cruzando entre si em uma coreografia automobilística rotineira para superar os obstáculos. Praticamente um zigue-zague hostil onde não há contramão. Até chegarmos a Marabá (PA), a terra e o asfalto se revezaram por vários quilômetros.

A cena da Transamazônica que vimos no Pará é bem semelhante da que foi mostrada no filme "Bye Bye Brasil", de Cacá Diegues, e produzido por Lucy Barreto. Ambos me relataram, antes de iniciar esta expedição, que a Transamazônica por onde circularam para gravar o filme, nos anos de 1979 e 1980, era caótica, um verdadeiro canteiro de obras e de muita terra e lama. Foi exatamente essa mesma imagem reportada por eles que vi com os próprios olhos, quase 35 anos depois. Neste trecho da Transamazônica, o tempo parece ter parado.