Neste domingo (24) fomos circular pela feira-livre de Altamira (PA). Conversamos com moradores, comerciantes e turistas. Passamos algumas horas circulando pelo local, ouvimos boas histórias, dando boas risadas e experimentando os sabores da terra.

Mas nunca poderíamos imaginar que durante todo o tempo estivemos “vigiados”. Isso mesmo, desde o começo da feira dominical, uma pessoa estava nos olhando. Era o topógrafo Maykon Nascimento, 26 anos. Ele se aproximou, sem que a gente tivesse percebido, esperou terminarmos a entrevista e literalmente cutucou nossos ombros, o meu e do cinegrafista Luciano Cury.


Quando nos viramos, vimos um rapaz ofegante, suado, óculos de sol e sorridente. Ele pareceu querer ver a nossa reação com o que estava por dizer. Ele logo quebrou o silêncio e disse que queria falar. Confesso que surpreendi com a abordagem. Maykon continuou sorridente, estendeu a mão e disse novamente que queria falar. Eu respondi: “então, diga o que você quer”.

Em ritmo acelerado, ele disse que estava nos acompanhando e soltou: “Vocês tomaram banho de cuia, viram o MacGyver no Piauí, dormiram no carro e falaram sobre as estradas. Eu acompanhei vocês até Balsas (MA), mas vi que vocês iriam passar por aqui. Vi que vocês estavam em Marabá (PA) e fiquei esperando para ver se dava certo encontrar com vocês”. A partir desse surpreendente relato de parte do que fizemos durante a viagem, a única reação foi gargalhar. Foi uma mistura de sentimentos, ao mesmo tempo que sentimos a situação engraçada, ficamos muito lisonjeados com Maykon.

Conversamos ali mesmo, mas o sol de rachar o coco fez com que Maykon nos oferecesse gentilmente um copo de água. Fomos até a casa dele e lá já estavam os filhos, a mulher e dois amigos nos esperando. Ele nos ofereceu o churrasco que estava preparando, disse que conhece praticamente todas as cidades por onde passamos e logo reclamou que nosso itinerário não tinha parada em Sergipe. Mas disse que navegamos pelos Cânions do Xingó, bem na divisa de Alagoas e Sergipe. Ele ficou aliviado.

Durante a nossa rápida conversa, perguntei como ele tinha nos achado no meio da feira-livre. Ele me respondeu que a “espiã” foi sua mulher, que nos viu e correu para avisá-lo sobre nossa presença. Na sexta-feira ele nos viu trabalhando na Avenida Sete de Setembro, onde foram rodadas algumas cenas do filme "Bye Bye Brasil".

Ele aproveitou para relatar o que conhece da rodovia Transamazônica. “De Cabedelo (PB) até Marabá a Transamazônica está 100%. De Marabá até Altamira não tem jeito, não, sem comentários. Não tem condições de andar. Eu conheço aquilo tudo, vocês passaram até em Oeiras (PI), que é uma cidade histórica”, disse Maykon. Aliás, nossa passagem por Oeiras foi um pedido do internauta Marcelo César, que recomendou fazermos uma parada na cidade.

Para terminar a nossa conversa, Maykon ainda fez graça com o fato de termos passado apuros na viagem, voltando a falar sobre o banho de caneca, o momento em que Luciano e eu tivemos de dormir no carro e andar por estradas ruins. Nosso obrigado pela simpatia dele e de sua família e amigos. Espero que continue acompanhando a expedição Caminhos do Brasil.