Suzana Herculano-Houzel
O ado�ante na comilan�a natalina
Substitutos do a��car nem sempre ajudam a perder peso, e em alguns casos podem at� piorar a situa��o
H� tempos que, gra�as � inven��o da cozinha por nossos ancestrais, n�o precisamos mais nos preocupar (tanto) em conseguir calorias suficientes para nos sustentar: onde h� supermercados e alguma distribui��o de renda, h� mais calorias dispon�veis por dia do que precisamos para nos manter.
Para o c�rebro, contudo, ainda �vido por comida como antes, n�o importa: oferecer uma mesa farta � sinal de prosperidade, mesmo que al�m do necess�rio (ou justamente por causa disso) --e parar de comer quando passa a fome � dif�cil. Some-se a isso a fartura de comidas pr�-prontas, com pouca �gua (para durarem mais na prateleira) e muitas calorias concentradas, e tem-se a tend�ncia mundial �quela palavra feia: obesidade.
Foi nesse cen�rio que surgiram os ado�antes, promessa de p�lula m�gica para quem quer continuar comendo como se n�o houvesse amanh�, mas sem engordar. Ado�antes, por defini��o, s�o doces (estimulam os mesmos receptores que o a��car na boca), mas n�o cont�m calorias, pois nossas enzimas n�o os transformam em mol�culas aproveit�veis. Seriam a sa�da perfeita para curtir o sabor doce sem pagar o pre�o na cintura --e at� mesmo para ajudar quem precisa perder peso.
Mas ado�antes nem sempre ajudam a perder peso, e em alguns casos parecem at� piorar a situa��o, associados a diabetes tipo 2. Um estudo recente mostrou por qu�: mesmo sem trazerem calorias para o corpo, eles mudam a popula��o de bact�rias no intestino de camundongos e humanos --e as subst�ncias produzidas pelas novas bact�rias, estas sim, causam aumento de glicose no sangue e obesidade. Ou seja: o tiro sai pela culatra.
N�o em todos os humanos testados: ao que parece, metade de n�s consome ado�antes sem efeitos colaterais indesejados, mas a outra metade corre o risco aumentado de doen�a metab�lica. A qual grupo voc� pertence? O jeito seria fazer um teste de curva glic�mica com ado�antes na sua dieta, e outro sem.
Mas � mais f�cil praticar o que a neurocientista Sandra Aamodt prop�e: refei��es conscientes. Sim, podemos comer mais do que precisamos. Como os sistemas no c�rebro que controlam o "querer comer" e o "precisar comer" s�o diferentes, poder acaba virando querer. Mudar isso � quest�o de observar sua fome. Sua av� n�o tinha raz�o: voc� n�o deve limpar o prato --a n�o ser que esteja mesmo com fome.