Airbus A318 vai de caminhão de SP ao Paraná e vira sensação na estrada
Aeronave será instalada em jardim da casa de empresários em Morretes
Aeronave será instalada em jardim da casa de empresários em Morretes
Um avião modelo Airbus A318 fez uma viagem de cinco dias pelas estradas entre São José dos Campos (SP) e Morretes (PR), onde chegou nesta quarta-feira (1º). A aeronave foi comprada por um casal de empresários, que vai colocar o gigante no jardim de uma chácara, na área urbana da cidade paranaense.
No trajeto pela Serra do Mar, no Paraná, os caminhões que transportavam o avião chamaram a atenção de motoristas.
Já enquanto passava pelas ruas de Morretes, a aeronave mobilizou moradores, que paravam para fotografar e filmar. A chegada do avião à chácara em que foi instalado também virou atração.
A aeronave foi fabricada em 2008, na França, mas estava inoperante desde 2018. Tinha capacidade para transportar até 120 passageiros e 68 toneladas. De 2008 a 2013, ela pertenceu à empresa Lan Chile, que se fundiu com a TAM em 2010 criando a Latam. De 2013 a 2018, foi da Avianca, que deixou de operar no Brasil em 2019 em meio a uma crise financeira.
Enquanto ainda pertencia à Avianca, o avião voou do aeroporto de Congonhas para São José dos Campos para passar por manutenção. Devido a dificuldades na obtenção de peças de reposição para a turbina da aeronave, ela acabou não sendo mais utilizada, teve parte de suas peças retiradas e ficou parada no aeroporto da cidade do interior paulista.
"Essas aeronaves voavam com turbinas PW 6000, e esses motores apresentaram diversas complicações em relação a custo-benefício por terem um número limitado de componentes de reposição", explicou Fabio Anderson, diretor da Fab Aero, que intermediou a compra do A318 pelo casal.
O negócio foi fechado neste ano. O preço não foi revelado. Aviões inoperantes parecidos com o levado a Morretes são negociados por valores que variam de R$ 100 mil a R$ 150 mil em leilões judiciais.
Em outubro, o transporte da aeronave para o Paraná começou a ser planejado. Uma transportadora fez um estudo sobre o trajeto de cerca de 500 km.
Em novembro, o avião começou a ser desmontado. Em 25 dias, as asas e a cauda foram separadas da fuselagem. Dois caminhões foram carregados. Só o caminhão que transportou a fuselagem --o charuto do avião-- tinha 34 metros de comprimento, 4,4 metros de largura e 12 metros de altura.
No sábado (27), os dois veículos partiram de São José dos Campos. No domingo (28) de noite, passaram pelo Rodoanel e, na terça-feira (30), chegaram nos arredores de Morretes transitando pela BR-116 e pela BR-277, escoltados pela polícia ou viaturas privadas.
"Uma viagem deste tipo requer uma série de licenças e autorizações", explicou Cintia Piro, executiva da transportadora Rodopiro, que transportou o avião ao Paraná. "A velocidade é muito baixa."
Na quarta-feira (1), os caminhões cruzaram a área central de Morretes enquanto funcionários da Copel (Companhia Paranaense de Energia) moviam cabos suspensos para que eles fossem atingidos.
No mesmo dia, a aeronave foi descarregada na chácara do casal comprador. A propriedade fica na beira do rio Nhundiaquara, que corta Morretes e é um ponto turístico da cidade. Lá, a aeronave será remontada em 15 dias.
Não foi divulgado qual o plano do casal para o avião. A Folha tentou contato com eles por meio da Fab Aero, mas eles não atenderam à reportagem.
Claudia Zaias, nova dona da aeronave, declarou à TV Globo que talvez o avião se torne uma nova opção de entretenimento para Morretes.
Segundo Anderson, além do avião que agora está em Morretes, há dois A318 no aeroporto de Congonhas e um no aeroporto de Brasília. Todos estão inoperantes.
A Fab Aero negocia o destino das outras aeronaves, mas não deu detalhes.
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