De família de músicos, Tony Gordon diz que The Voice lhe deu fama, mas mantém pés no chão
Com 32 anos de carreira, o vencedor da 8ª temporada do reality prepara 1º álbum
De uma família de músicos, Tony Gordon, 53, o vencedor da oitava temporada do reality The Voice Brasil, cantarolava desde a infância, mas rejeitava uma carreira artística. Foi só aos 20 anos e após uma conversa séria com a sua irmã, a também cantora Izzy Gordon, que ele passou a investir na profissão: "Ela me falou: 'Cara, você está desperdiçando um talento, você veio para essa vida para cantar.'"
Filho dos crooners Denise Duran e Dave Gordon, que o auxiliaram na escolha do repertório, a sua primeira apresentação foi na inauguração de uma casa de shows em São Paulo, e já teve de cara na plateia nomes como o da atriz Sônia Braga.
A fama nacional, porém, demorou mais de 30 anos. Veio agora com a conquista do reality show musical da Globo –Gordon recebeu 36,62% dos mais de 18 milhões de votos, recorde do programa, segundo a emissora. " Talvez, isso só tenha vindo até mim neste momento, porque é agora que eu estou pronto para assumir essa responsabilidade de deixar coisas bacanas", diz ele em conversa com o F5.
Com uma carreira de três décadas na música, o cantor se mostra muito consciente e até um pouco preocupado com o que vai fazer com toda essa projeção nacional que The Voice lhe deu. Além dos pais e da irmã cantores, ele é sobrinho de Dolores Duran (1930-1959) e tem como padrinho o músico César Camargo Mariano.
"Você pensa que quando o programa acaba sai um peso das costas, mas não é isso. Quando você sai do programa, cai um peso nas costas gigantesco no sentido de bora fazer coisa boa, bora representar muita gente (...) E essa expectativa das pessoas é o que mais pega, porque, cara, você tem que vir com algo muito incrível, tão impactante quanto a gente apresentou no programa."
No dia seguinte à vitória no reality, Gordon recebeu 213 propostas de shows em todo o Brasil. Há também muitos músicos interessados em ter a sua composição gravada pelo cantor –já o enviaram mais de 200 canções.
É nesse sentido que ele afirma que a maturidade e a experiência o ajudam a manter os pés no chão e a planejar tudo com calma. Sobre os shows, por exemplo, desde que saiu do programa, há um mês, fez 15 apresentações –todas já estavam agendadas antes do reality.
Já o álbum —como prêmio ele ganhou um contrato com a Universal Music, além de R$ 500 mil e um carro zero— vem sendo planejado com muito cuidado. É certo que o novo trabalho terá participações especiais e algumas músicas autorais, de compositores parceiros. O que ele adianta é que, em breve, deve sair um single.
Também há uma conversa para a gravação do projeto ser feita ao vivo, já que Gordon afirma que se preocupa em gravar em estúdio. "Eu nunca consegui reproduzir o que eu faço ao vivo num disco", diz. É por esse motivo, afirma ele, que nunca chegou a lançar um álbum antes, embora afirme que tenha tido oportunidade em outros momentos. "Tenho músicas no Spotify, no YouTube, mas não um disco. E foram 32 anos de carreira dedicados a todo dia sair de casa para tocar."
PROGRAMA
Assim como rejeitava a música até o início da vida adulta, Tony Gordon conta que também não queria participar do reality musical The Voice. Mais uma vez a família foi fundamental para ele mudar de ideia. Foi seu filho, William Gordon, baixista e vocalista da banda Jamz, que ficou em segundo lugar na primeira edição do reality SuperStar, em 2014 na Globo, quem fez a inscrição do pai no programa.
Já Gustavo Tibi, também integrante da Jamz e muito próximo ao músico, ajudou no trabalho psicológico de convencê-lo. "Saiu até briga no dia, porque eu não queria, mas eles diziam 'vai ser bom bom'...e eu fui né."
Na primeira fase, das audições às cegas, ele conta que adorou a experiência. "Quando eu entrei para cantar, que as cadeiras estavam viradas, achei incrível aquilo, porque é o lance da voz. Eles não estão te vendo, não estão vendo se você é bonito, feio, se tem dente ou não. Eles estão ouvindo só a voz."
Tony Gordon apresentou “You Are so Beautiful” e os quatro técnicos (Michel Teló, Lulu Santos, Ivete Sangalo e Iza) aprovaram o cantor, que escolheu ir para o time de Iza.
Já na etapa de batalhas, em que os concorrentes se enfrentam, o músico afirma que não gostou da experiência. "Música na minha cabeça não é competição, é soma. Vou ali canto com a Ana e a gente soma uma coisa legal. A parte da batalha foi horrível para mim. Eu não comentei com ninguém, mas eu fiquei deprimido quase."
Antes de enfrentar a disputa, ele conta que fechou os olhos e pensou: "O 'B.O' é dos caras, eles que toquem essa coisa de julgar, de ter que escolher alguém. Desliga o seu botão, vai lá canta, faz o seu melhor e acabou."
Nessa primeira batalha, Gordon cantou "Easy" com Ana Ruth e deixou o time de Iza. Mas Michel Teló resolveu 'pegar' (recurso disponível na atração) o músico para o seu grupo –com a vitória de Gordon, o sertanejo se tornou cinco vezes campeão no programa.
"A minha preocupação era fazer boas apresentações independentemente de resultados. Todos os dias eu cantei como se fosse o último dia da minha vida, como se fosse o último dia no programa. Aliás, sempre cantei na minha vida como se fosse o último dia da minha vida", afirma.
Desde que venceu o reality musical, Tony Gordon afirma que tudo ficou mais fácil, mas "acabou o sossego". Ele diz que é abordado no mercado, na rua e até na escola onde busca o neto, Arthur. "Quando entrei na sala de aula dele, todas as crianças começaram a cantar: 'Você é algo assim'", relembra citando o início da música "Você", de Tim Maia.
"Até consulta com o médico muda. Eles têm agenda, porque querem te ver [risos]. As portas se abrem. Agora, é fazer bom uso disso", conclui.
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