Camas das Olimpíadas não são antissexo e Rayssa tem razão em querer companhia de adulta
Até agora, tudo indica que dá para transar efusivamente nos móveis instalados na Vila Olímpica
Creio que, de agora em diante, a cada quatro anos, vai surgir a fake news boboca de que a Vila Olímpica tem camas de papelão para evitar que os atletas façam sexo. Foi assim em Tóquio, está sendo assim em Paris. É daquelas coisas entre a piada e a mentira que dá muita vontade de compartilhar sem checar, e quem cair, caiu. Mas não é verdade.
O objetivo das camas é serem recicláveis e de forma alguma impedir pessoas cheias de vigor e estamina de transar. Curioso pensar que um móvel de papel é mais reciclável que um móvel de madeira, que é matéria-prima do papel, mas o capitalismo tardio é cheio dessas pegadinhas.
O ginasta Irlandês Rhys McClenagham, um dos melhores do mundo no aparelho cavalo, fez questão de demonstrar que esse papo não passa de lorota. Fez saltos acrobáticos em cima da cama e nada de a bichinha desmontar. O saltador britânico Tom Daley também deu seus pulos e o resultado foi o mesmo.
Pode ser que os próximos dias de Olimpíadas resultem numa quantidade enorme de papelão amassado saindo dos quartos e mostrem que os atletas estavam errados, mas, até agora, tudo indica que dá para trepar efusivamente no móvel.
E teremos de concordar que não faz nenhum sentido pressupor que jovens no auge da capacidade física, com muita força, flexibilidade, resistência e endorfina circulando pelo sangue deixariam de transar por falta de cama apropriada. Para quem está a fim, qualquer piso, parede, banheiro, árvore ou Torre Eiffel serve de lugar. Além disso, o comitê olímpico está tão pouco preocupado em evitar atividades sexuais que disponibilizou 300 mil preservativos para os 10500 atletas – o que dá pouco menos de 30 por pessoa.
A fama das Olimpíadas é de ser um evento esportivo e também orgíaco, em que atletas de diferentes nacionalidades e modalidades se encontram para competirem e treparem entre si. Não tenho uma credencial de imprensa e uma estadia em Paris para apurar se isso é verdade mesmo, mas tenho motivos para presumir que sim. Um monte de gente bonita e sarada, concentrada num mesmo lugar, querendo comemorar a vitória ou esquecer a derrota ia fazer o quê? Jogar pôquer online?
Se o clima de pegação generalizada tem apelo para alguns, não quer dizer que tenha para todos. Imagino que eu, em um lugar cheio de homens atléticos e fortes, estaria o tempo todo oscilando entre o tesão e o pavor. Ainda mais em uma edição da Olimpíada que permite a participação Steven van del Velde, jogador holandês de vôlei de praia condenado pelo estupro de uma menina de 12 anos.
Ele foi preso pelo crime e ficará isolado dos atletas, que estão na Vila Olímpica. Ainda assim, a tolerância do comitê com esse histórico é daquelas coisas que fazem mulheres e meninas sentirem nojo e pânico.
Por essas e outras, não é descabido que a skatista brasileira Rayssa Leal, de 16 anos, fique acompanhada de uma tutora maior de idade. Em Tóquio, aos 13 anos, ela pôde contar com a presença da sua mãe nos aposentos, coisa que não é mais permitida em sua idade atual. Houve quem sugerisse que a atleta é uma mimada que busca um privilégio que outros não têm. Esses parecem se esquecer que se trata de uma menor de idade em um evento gigantesco, cheia de motivos para ter medo.
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