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Rosana Hermann

Eu nem deveria falar sobre Jout Jout

Quem ama, respeita; e o que ela quer é silêncio

Jout Jout (Julia Tolezano)
Jout Jout teve um filho, em março; informação foi publicada por sua mãe no Instagram, que depois apagou o post - Instagram/joutjout
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Espero que Jout Jout me perdoe. Porque eu não deveria estar falando sobre ela ou escrevendo sobre sua vida. Até porque durante todos os anos em que Julia Tolezano publicou seus vídeos e compartilhou seu conteúdo, ficou bem claro que ela não precisa de intermediários.

Foi justamente seu jeito seguro, direto e sincero que cativou todos nós. Jout Jout surgiu como um cometa de realidade num céu de ilusões chamado internet.

Mas prometo que serei breve. E que esta será a primeira e última vez.

Julia começou seu canal Jout Jout Prazer no YouTube no dia 13 maio de 2014, há quase dez anos. Chegou de cara lavada, coração aberto e cabeça a mil, divertida, criativa, autêntica. Em pouco tempo conquistou milhões de fãs.

Foi para a TV, virou referência, uma influenciadora antes mesmo deste termo ser oficializado.

Jout Jout falava de tudo. Da vida, dos sentimentos, da gente, com autoridade, com sabedoria. Quando Jout Jout falava de batom vermelho, de feminismo, de liberdade, todo mundo parava para ouvir. E pensar. E a gente refletia e mudava. A gente crescia.

Jout Jout tinha esse condão de nos acordar. Quando recomendava um livro, o livro explodia em vendas. Quando começou a namorar o Caio, shippamos muito o casal. Depois eles terminaram, mas continuaram trabalhando juntos.

Depois de milhões e milhões de views, de se tornar um sucesso, Jout Jout ficou dois anos sem publicar. E veio a pandemia e tudo o que já sabemos. Até que no dia 23 de julho, há um ano, Jout Jout fez o vídeo "Encerramento Massa", o vídeo de seu canal que encerrou oficialmente o trabalho de sete anos da dupla Julia-e-Caio que, como eles mesmos disseram, teve um grande efeito no nosso país.

E teve mesmo. Até hoje as pessoas sonham em ter JoutJout de volta. Para muita gente foi como perder uma amiga, uma irmã mais velha, uma conselheira. Foi como ficar sem a luz de um farol que iluminava caminhos.

Eis que, há poucos dias, alguém encontrou um post da mãe de Julia, Marize Tolezano, em seu perfil no instagram, revelando que ela tinha se tornado avó. Que JoutJout teve um menino no sítio da família, de parto natural.

A notícia viralizou, acendeu novamente o desejo de centenas de milhares de fãs em resgatar os laços com ela, talvez para acompanhar a criação desse menininho. Isso sem contar a curiosidade geral de saber o nome da criança, quem seria o pai e todos os detalhes da gravidez.

Acontece que o post era de março e estamos quase em agosto, ou seja, o bebê vai fazer cinco meses. Se Jout Jout quisesse que soubéssemos do nascimento de seu primeiro filho, ela mesma teria nos contado. Se quisesse compartilhar esse momento, ela o teria feito.

E se não o fez é claramente porque quer ter o direito de viver sua vida longe das redes. Prova disso é que Marize apagou o post depois da reação de todos nós.

Eu sei que todos tivemos boa intenção. Senti o mesmo, entrei na onda do amor com todo mundo. Assim que vi um tweet anunciando o fato, publiquei no meu feed, chamei minha filha pra dizer 'que legal, a Jou tJout teve um bebê, um menininho!'.

Mas o nosso amor por Jout Jout, se for amor verdadeiro, tem que ser o amor do respeito. Temos que aceitar a vontade dela, sua decisão legítima de viver sua vida em privacidade. Se for mesmo amor, em vez de priorizarmos nosso desejo de saber sobre a vida de Jout Jout, devemos apenas abrir o coração e desejar tudo de melhor para ela e seu bebê. Sorte, saúde, alegria, amor.

Se a gente aprendeu alguma coisa com ela, essa é a hora de colocar esse aprendizado em prática. E, sem pedir nada em troca, sem exigir nada, apenas incluir Jout Jout e seu filho em nossas preces e desejar todo amor do mundo para essas lindas vidas.

Rosana Hermann

Rosana Hermann é jornalista, roteirista de TV desde 1983 e produtora de conteúdo.

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