A propagação de notícias falsas tornou-se uma ameaça que só cresce no Brasil. A pesquisa "A Global Study on Information Literacy", realizada pelo Poynter Institute for Media Studies, mostra que quatro em cada dez brasileiros são impactados por pelo menos uma notícia enganosa por dia e 65% temem acreditar em fake news. Quando a desinformação atinge a área da saúde, o perigo torna-se ainda maior.
O compartilhamento online de informações falsas sobre curas milagrosas, tratamentos sem comprovação científica, dietas mágicas e remédios caseiros, por exemplo, pode fazer com que tratamentos e medicamentos eficazes sejam trocados ou abandonados.
"As fake news prejudicam a sociedade em várias áreas, mas na saúde elas têm um impacto muito maior, porque podem matar", afirma Isabella Wanderley, general manager da Novo Nordisk, líder mundial de saúde focada em derrotar doenças crônicas graves, inspirada por sua história relacionada ao diabetes.
Doenças crônicas como obesidade e diabetes estão entre os temas frequentes das fake news, segundo o endocrinologista Rodrigo Moreira, diretor do Departamento de Diabetes Mellitus da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (Sbem). "A internet tem sido usada para a disseminação e a venda de medicamentos que não sabemos o que têm dentro, como agem, como são metabolizados pelo organismo e se causam efeitos colaterais", afirma o endocrinologista.
"Tem sido comum nas consultas o paciente com diabetes dizer que está tomando um remédio que conheceu online. Isso é muito arriscado, porque são medicamentos que não têm eficácia nem segurança", diz Moreira.
Além da automedicação, a desinformação pode afetar o tratamento eficiente contra o diabetes, resultando em complicações decorrentes da doença. "O diabetes é risco para várias outras complicações, como cegueira, diálise, infarto e AVC", afirma o endocrinologista.
Emagrecimento rápido
Na obesidade, o estigma de que há falta de vontade, alimentação inadequada e más escolhas pessoais abre um campo fértil para as fake news, com a oferta de dietas mágicas e remédios caseiros para emagrecer.
"A obesidade é uma doença crônica, que deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar, e não por dietas e soluções milagrosas de curta duração que circulam nas redes sociais", afirma Moreira.
Quebrar o ciclo da desinformação não é uma tarefa fácil. No estudo The Science of Fake News, pesquisadores do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT, na sigla em inglês) constataram que as notícias falsas têm 70% mais chances de viralizar do que as verdadeiras.
"Um dos fatores que fazem com que as informações falsas ganhem força e velocidade é o fato de que as pessoas confiam quando recebem conteúdo de pessoas próximas, como familiares e amigos", afirma Sérgio Lüdtke, editor-chefe do Projeto Comprova, coalizão de 41 veículos de comunicação para combater a desinformação.
"O conteúdo enganoso não passa por filtros como os do jornalismo, geralmente provoca uma reação emocional, que pode ser esperança ou conforto, e costuma ter alguma semelhança com a verdade", diz Lüdtke.
Segundo Isabella, muitas vezes as pessoas criam uma expectativa de cura para doenças crônicas que não têm cura, mas sim tratamentos que vão oferecer qualidade de vida por muitos anos. "A desinformação pode levar uma pessoa a abandonar o tratamento que está salvando a sua vida e trocar por remédios caseiros ou curas milagrosas", diz Isabella.
Informação correta
A farmacêutica Novo Nordisk investe em vários projetos centrados em informação para mitigar o fenômeno das fake news em saúde, especialmente as relacionadas com diabetes e obesidade.
Começou com campanhas de conscientização sobre essas doenças e seus tratamentos e agora investe também em parcerias, como a realizada com a Agência Lupa, uma das principais referências em checagem de fatos do país, para a criação de reportagens sobre as doenças. Essa parceria encerra uma série de ações realizadas ao longo deste ano para celebrar o centenário da Novo Nordisk.
Outra parceria foi a realizada com o canal de entretenimento educativo Manual do Mundo, para a produção de uma série de seis vídeos de 1 minuto com explicações simples sobre doenças crônicas como diabetes, obesidade e Alzheimer.
"Não existe um caminho único para combater as fake news", afirma Isabella. "Precisamos nos unir, fazer parcerias, apoiar as associações médicas e os médicos que, além do trabalho no consultório, vão para as redes sociais levar informação correta para a população."
A oferta online de medicamentos sem comprovação científica e falsas curas para o diabetes preocupa porque o Brasil já é o quinto país do mundo em incidência da doença, com 16,8 milhões de pacientes entre 20 e 70 anos, ou 10,5% da população adulta, segundo o Ministério da Saúde.
Calcula-se ainda que 32% dos brasileiros têm diabetes, mas não sabem, porque não foram diagnosticados. "Isso indica que existe um gap de informação e quando a pessoa descobre a doença pode estar em um estágio avançado", afirma Isabella.
O fenômeno das fake news não se restringe à internet. Estudo da Opinion Box, uma empresa de pesquisas online, mostra que as pessoas são também expostas a informações falsas em aplicativos de mensagens instantâneas, muito usados, por exemplo, contra a vacinação durante a pandemia de Covid-19.
"Doenças praticamente erradicadas, especialmente as infectocontagiosas, estão voltando por bobagens contra as vacinas divulgadas em grupos de mensagens e na internet", afirma o médico Rodrigo Moreira.
A desinformação é criada para viralizar e alcançar uma grande audiência. Normalmente está atrelada a algum ganho. "Muitos sites criam conteúdo sensacionalista em saúde para conseguir audiência e, assim, ganhar com publicidade", afirma Sérgio Lüdtke.
Não faltam exemplos de fake news em saúde desmentidas pelas agências de checagem. É falso que vacinas provocam mal súbito e AVC, que chá de jambolão cura o diabetes, que o composto vegetal berberina emagrece, que suco de coco quente cura câncer e beber água gelada causa gordura no fígado.
"As pessoas precisam aprender a buscar fontes fidedignas de informação sobre a coisa mais preciosa da vida delas, que é a saúde", afirma Isabella Wanderley.
BR23NNG00534
*Conteúdo patrocinado produzido pelo Estúdio Folha