Sexologia Aplicada À Psicanálise

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Dr.

PAULO CUNHA PEREIRA

SEXOLOGIA APLICADA À
PSICANÁLISE
3ª EDIÇÃO
REVISADA E AMPLIADA

CURSO: FORMAÇÃO DE PSICANALISTAS CLÍNICOS


Apresentação da Diretoria

Partindo de experiências sempre marcantes do Professor Paulo Cunha Pereira,


Mestre em Psicanálise Clínica com Especialidade em Sexologia, apresento este Módulo
denominado Sexologia, que é importante na atividade psicanalítica.
Este trabalho propulsiona o estudo do sexo como um todo destinado a oferecer
aos Psicanalistas em formação da SPOB uma valiosa orientação para o desempenho de
suas funções na visão psicanalítica.
Quanto ao conteúdo, não é apenas o físico, mas psicofísico. A revolucionária
contribuição do pensamento freudiano situou-se principalmente na sexualidade
infantil e no sentido sexual inconsciente de muitos de nossos atos e representações.
Por esse motivo, rejubilo-me com os esforços do Professor Paulo Pereira ao
formular critério de maneira tão clara e objetiva descrito neste livro.

Dr. Ozeas da Rocha Machado


Presidente
Apresentação do Autor

Este nosso trabalho objetiva trazer informações básicas necessárias aos colegas
integrantes do Curso de Formação de Psicanalistas da SPOB, seja em sua atividade
clínica ou em sua atuação como educador. Sim, pois entendo ser esta, também, uma
atribuição do psicanalista.
O sexo tem sido, ao longo da civilização humana, distorcido; visto por uns como
um mal necessário, e até como uma desgraça por outros. Não são poucas as
aberrações de que se tem conhecimento, inclusive nos dias atuais. O que nos mostra o
grau de desinformação da sociedade, sobre o assunto. Há, mesmo quem nem queira
ouvir falar no assunto e os que se julgam muito sábios. Tais extremos muito
contribuem para uma sociedade enferma. Portanto devemos, nós que temos um
pouco mais de luz no assunto, nos esclarecermos ainda mais, a fim de mudarmos tal
situação, transformando uma sociedade enferma em uma sociedade sã.
Como já tenho dito, o conteúdo deste trabalho não é tudo o que você pode e
deve conhecer deste assunto, mesmo por que, como é de seu conhecimento, ainda há
muito a ser pesquisado. Logo, meu incentivo é que você não pare por aqui, mas leia
tudo o que puder no assunto, participe de seminários, congresso etc.

O bom profissional é aquele que não abandona os livros

Dr. Paulo Cunha Pereira


ÍNDICE

1. GENERALIDADES
- Introdução
- Constituição sexual
- Características sexuais
- Fisiologia sexual
- Órgãos genitais masculinos
- Órgãos genitais femininos
- Desenvolvimento sexual.
- A sexualidade do idoso
2. O SEXO E A SAÚDE
- Sexo é saúde
- Sexo na mesa
- Disfunções sexuais
- A dor sexual na mulher
- Desordens sexuais
- Doenças sexualmente transmissíveis
3. RELAÇÕES SEXUAIS
- Primeiros impulsos sexuais
- Masturbação
- Sexo a dois
4. MATERIAL BIBLIOGRÁFICO
- Bibliografia
1. GENERALIDADES
Introdução

As experiências nos mostram que as queixas principais têm sido, na maioria das
vezes, os conflitos conjugais. E, ao investigarmos, temos como causa a relação sexual.
A bem da verdade, mesmo sendo outras as queixas principais, as investigações
nos darão como causa principal a sexualidade. Confirmando assim as teorias de Freud
sobre as neuroses, objeto básico de nosso trabalho clínico.
Nos deparamos no entanto, com uma diversidade do sentimento sexual, pelas
diferenças de sentidos, com que, simultaneamente, é empregada uma só palavra.
Assim sendo, a palavra sexual tem despertado reações positivas em uns, e concepções
ou conclusões negativas e hostis em outros; um, nela verá de preferência
manifestações psíquicas; outro, uma atividade física, etc.
Neste trabalho a palavra sexo designa, em primeiro lugar os dois grandes
grupos de seres viventes que conhecemos sob a denominação de masculinos e
feminino, ou machos e fêmeas. Em um sentido mais restrito, "sexo" e "sexual"
significam qualidades ou propriedades físicas ou psíquicas. Todavia, na opinião
corrente a palavra "sexual" aplica-se ao processo das relações entre os sexos, levando
algumas pessoas a pronunciarem-na com um certo tom de desprezo; até mesmo a
palavra "sensualidade" foi atingida por essa depreciação, dificultando à sexologia se
conduzir em face dessas intrusões da moral em seu domínio.
Devido à desconsideração em que caiu a expressão "sexual", foi necessário
procurar uma palavra que a substituísse. E, por ironia do destino, escolheu-se a
palavra "erótica", termo que durante séculos servira precisamente para designar
produções literárias especiais, particularmente livres.
No fundo, sexualidade e erotismo têm a mesma significação. Ambas as
expressões designam a sexualidade psicofísica.
De acordo com a visão predominante, a vida sexual humana consiste
essencialmente num esforço de se pôr os próprios genitais em contato com os de
alguém do sexo oposto. E, como fenômeno acessório e introdutório, acham-se
associados o olhar este corpo alheio, tocá-lo e beijá-lo. Supõe-se que tal esforço surja
na puberdade (idade da maturidade sexual), com objetivo à reprodução. Não obstante,
sempre foram conhecidos certos fatos que não se adaptam a estreita estrutura desta
visão.

1) É fato marcante existirem pessoas que só são atraídas por indivíduos de seu
próprio sexo e pelo órgão genital deles.
2) De igual modo é notório existirem pessoas cujos desejos se comportam
exatamente como os sexuais, porém desconsideram inteiramente o órgão
sexual ou sua utilização normal, as quais são conhecidas como "pervertidas".

3) E, por fim, é algo notável que algumas crianças (por causa disso, são encaradas
como degeneradas) tenham um interesse muito precoce por seu órgão genital
e apresentem nele sinais de excitação.

Tais fatos são esclarecidos com o surgimento da psicanálise, isto é as descobertas


de Freud, que, diga se de passagem, provocaram espanto, contrariando as opiniões
sobre sexualidade. Seguem abaixo descritos, suas principais descobertas:

1. A vida sexual não começa somente na puberdade, mas, com evidentes


manifestações, logo após o nascimento.

2. faz-se necessária a distinção entre os conceitos de "sexuaI" e "genital". Trata-


se o primeiro de um conceito mais amplo, envolvendo muitas atividades, que
nada tem a ver com a genitália.

3. A vida sexual inclui a função de obter prazer das zonas corporais que,
subsequentemente, são postas a serviço da reprodução. Muitas vezes as duas
funções não coincidem completamente.

O principal interesse focaliza-se na mais surpreendente de todas, a primeira das


afirmações. Foram observados sinais de atividade corporal na mais tenra infância, a
que somente um arcaico preconceito poderá negar o nome de sexual, e que estão
associados a fenômenos psíquicos, que são deparados mais tarde, na vida erótica
adulta - tais como a fixação a objetos específicos, ciúmes, e assim por diante.
Constituição sexual

A sexualidade não é, jamais, exclusivamente física ou exclusivamente psíquica,


mas sempre física e psíquica mesmo tempo (psicofísica), apoderando se do corpo e da
alma com a mesma impulsão. Podemos dizer que uma parte importante, senão a mais
importante da vida psíquica, é de natureza sexual, e a parte mais importante da vida
sexual, é de natureza psíquica.
Podemos dividir a totalidade sexual psicofísica em dois elementos: estado
sexual e conduta ou atitude sexual. Tais elementos são qualidades integrantes da
personalidade sexual.
A personalidade sexual psicofísica fica mais ou menos adormecida durante
alguns anos, para manifestar se com veemência no início da maturidade. Esse período
de relativo adormecimento - sim, porque como veremos mais à frente, não se
encontra totalmente adormecida - vai desde a fecundação até a puberdade.
Todavia, ninguém pode afirmar com exatidão em que idade aparecem os
primeiros impulsos sexuais propriamente ditos.
O nascimento é o marco mais importante desse período que, biologicamente,
representa antes uma mudança de ambiente que uma mudança de personalidade. A
maturidade sexual se desenvolve após a puberdade, indo, no caso da mulher, até aos
trinta anos e, no homem, um pouco além. Finalmente, com o mesmo ritmo suave da
subida, começa a descida para o fim da sexualidade que, na maioria dos seres
humanos, coincide com a morte do indivíduo.
Características sexuais

Caracteres sexuais são os fatores que distinguem o homem da mulher e a


mulher do homem. Tudo aquilo que faz com que o homem seja homem e a mulher
seja mulher. Temos, portanto, caracteres sexuais masculinos e caracteres sexuais
femininos. São considerados, pelos sexólogos, duas classes de caracteres sexuais:
primários e secundários

 Caracteres sexuais primários


Consideradas dominantes, as diferenças nos órgãos genitais, ou seja, os órgãos
reprodutores do homem e da mulher, são bem definidos a partir da fase fetal,
embora ainda não estejam prontos à reprodução. Vejamos, pois, estes órgãos:
1. Órgãos reprodutores masculinos - São as glândulas genitais, ou testículos,
constituídos de canais seminíferos, onde encontram células germinativas em
diferentes estágios de evolução (espermatozóides).

2. Órgãos reprodutores femininos - São os ovários, localizados cada um ao


lado superior do útero, que produzem as células reprodutoras, denominadas
óvulos, que são uma das maiores células do corpo. Como regra geral um
óvulo amadurece, mensalmente um óvulo amadurece, regra geral, num ou
noutro ovário.

 Caracteres secundários
Trata-se do conjunto de fatores gerais, tanto corporais quanto psíquicos, que
fazem um homem visivelmente diferente da mulher. Por exemplo: a espessura da
pele, a presença ou ausência de pelos, força física, órgãos copulares (pênis no homem
e vagina na mulher), o desenvolvimento corporal, a forma dos quadris e dos ombros, o
timbre da voz, o próprio instinto sexual (que é diferente no homem e na mulher), as
reações sociais, etc.
Quem desencadeia e mantém os caracteres sexuais secundários são precisamente
os caracteres sexuais primários, ou seja, as glândulas sexuais.
São os caracteres sexuais secundários responsáveis pelas atrações entre os sexos
opostos, podendo um identificar o outro de modo agradável, à distância, fazendo com
que sintam o desejo de acasalarem-se, dando-lhes as qualidades necessárias a essa
realização.
Fisiologia sexual

Temos visto as características secundárias e como elas são importantes no jogo


do amor, a atração que um sexo causa ao outro, tornando um agradável ao outro.
Porém, é importante tomarmos conhecimento deste mecanismo. É bem verdade que
sabemos ser as características primárias responsáveis por tudo isso. Veremos então
como isso acontece.
Para uma melhor compreensão nossa, falaremos de algo que portamos em
nosso corpo, que são pequeninas fábricas de substâncias, tão importante para o nosso
corpo quanto o combustível para o automóvel. Esses órgãos-fábricas têm recebido o
nome de glândulas.
As glândulas são células ou grupos de células do organismo, especializadas
quanto a estrutura e função, a fim de secretar substâncias indispensáveis aos
processos vitais.
Algumas glândulas fabricam mais de uma substância. Essas substâncias
realizam em nosso corpo as mais diversas funções. Uma nos faz crescer; outra controla
esse crescimento; outra tem a função de fortalecer a estrutura óssea; outra desperta
em nós o apetite alimentício; outra nos excita o apetite sexual. AIiás, mais de uma
interfere em nosso apetite sexual. São, portanto, substâncias da mais alta importância
para os seres humanos. As substâncias são segregadas por uns órgãos para atuarem
em outros.
Para a distribuição de suas substâncias ao corpo, umas glândulas possuem
pequenos canais, tubos delgados por onde a substância se escoa. É o caso das
glândulas salivares. Cada uma delas possui um tubinho por onde a saliva desemboca
dentro da boca. São denominadas de glândulas exócrinas, por lançar seus produtos
em cavidades que se comunicam com o exterior.
Há, porém, outras glândulas que não possuem tubos para distribuição de suas
secreções. Encontram se situadas no corpo de tal maneira que possam ser banhadas
pelo sangue, que leva, em sua corrente, as substâncias por elas produzidas. São as
glândulas endócrinas, assim denominadas por não poderem lançar suas substâncias
para fora do corpo, onde são mantidas, transitando de órgão a órgão, através da
corrente sanguínea.
A saliva cai na boca, fica na boca ou é eliminada para fora, ou desce para o
estômago. Tem um destino bastante limitado. Ao passo que as substâncias que caem
na corrente sanguínea são transportadas para o corpo todo, desde a cabeça até os pés.
Estas substâncias são denominadas de secreções internas ou hormônios, e exercem o
controle de várias funções orgânicas, estimulando ou inibindo o desenvolvimento, as
atividades de tecidos ou órgãos, e consequentemente exercendo influência sobre o
comportamento individual. Tais glândulas interrelacionam-se e agem em conjunto,
constituindo o sistema endócrino. Os hormônios por elas fabricados agem como
mensageiros, regulando as atividades de partes do corpo distantes do local onde são
produzidos. Os hormônios agem como catalisadores, participam de reações químicas,
ou influenciam, de várias formas, os processos fisiológicos, agindo quimicamente.
Temos, ainda, glândulas que são endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo; são
portanto, conhecidas como mistas.
Estaremos estudando as glândulas importantes na sexualidade, uma a uma.

1. Gônadas
Trata-se das glândulas reprodutoras, no homem os testículos e na mulher os
ovários.

1.1. Testículos
São as glândulas genitais masculinas. Trata-se de duas glândulas gêmeas,
mistas, que embora conhecidas popularmente por ovos, assemelham-se mais com
ameixas, de mais ou menos 4 cm de comprimento por 2,5 cm de largura.
Se fizermos um corte longitudinal em um dos testículos, partindo-o ao meio, e
observarmos em um microscópio, notaremos que ele é dividido por várias paredes,
que formam, mais ou menos quatrocentos compartimentos. Estes compartimentos
não estão vazios. Estão cheios de um enovelamento miúdo e intrincado de tubos
extremamente finos, que os cientistas chamam de túbulos. Se juntarmos seis tubos
destes emparelhados obteremos uma espessura de um milímetro. Esses tubos são
denominados tubos seminíferos, porque são fabricantes de espermatozoides. Como os
espermatozoides são as sementes do homem (semente em latim: semen) foi muito
bem empregado o termo, (isto é, tubos formadores de sementes).
Os dois testículos contêm nada menos que 1.500 metros de tubos seminíferos!
Não é de se estranhar que em cada ejaculação (emissão de esperma para o exterior)
um homem lance quinhentos milhões de sementes (espermatozoides).
Toda essa extensão tubular produtora de espermatozoides é a glândula
espermatogênica ou glândula seminífera.
Entre os tubos seminíferos existe um tecido frouxo, formado de vários
elementos, que preenche cada um dos compartimentos. São tecidos formados de
vasos sanguíneos, de vasos linfáticos, de ramificações nervosas e de um tipo especial
de células disformes: são as células de Leydig (láidg), cujo funcionamento repercute
de maneira assombrosa em nossa vida individual e até em nossa vida social. São
chamadas de Leydig em homenagem ao cientista que as descreveu pela primeira vez.
São também conhecidas pelo nome de células intersticiais, por estarem entre os tubos
seminíferos, ou seja, nos interstícios (espaços deixados por esses tubos).
Leydig fez sua descoberta em 1850, mas morreu sem tomar conhecimento de
sua função hormonal, desconhecia tratar-se de um glândula endócrina. Morreu sem
saber que descobrira não apenas células intersticiais, mas uma glândula de secreção
interna, escondida dentro de uma glândula de secreção externa.
Portanto, não são os testículos apenas duas glândulas externas, cada uma
com a função de fabricar espermatozoides e lançá-los no exterior. São quatro
glândulas: duas exócrinas e duas endócrinas. As exócrinas formadas pelos tubos
produtores de espermatozoides, e as endócrinas formadas pelas células de Leydig ou
glândula intersticial, responsáveis pela produção de testosterona, hormônio que atua
sobre o desenvolvimento das características sexuais secundárias masculinas, isto é,
que faz com que a pessoa tenha barba, fale grosso, manifeste virilidade corporal e
mental, distribuição masculina de pelos, etc. Que faz com que a pessoa se conduza
como homem e não como mulher.

1.2. Ovários
São os órgãos responsáveis pela produção de células germinativas, os óvulos. São
também responsáveis pela produção de hormônios luteinizantes, folículos
estimulantes, luteotróficos e estrogênios, que são responsáveis pelas características
sexuais secundárias femininas, como mama, depósito de gordura nos quadris, etc.
Como podemos ver, trata-se, também, à semelhança dos testículos, de glândulas
endócrinas e exócrinas ao mesmo tempo. Isto é, mistas.
O ovário tem o tamanho e a forma de um ovo de pomba achatado, medindo cerca
de 3 a 5 cm de comprimento, 1,5 a 3 cm de largura e 1 a 1,5 cm de espessura.
Destacam-se no ovário a cápsula externa, o invólucro sólido cuja superfície faz
parte do peritônio (membrana que envolve a cavidade abdominal), e o tecido interior,
o qual compõe-se de substância medular e substância cortical. A substância medular é
uma rede de fibras avermelhadas e esponjosas devido aos numerosos vasos
sanguíneos que aí se ramificam. A substância cortical é a parte mais importante do
ovário; é onde se localizam os folículos e os óvulos.

2. Suprarrenais
Estas glândulas encontram-se sobre os rins, daí seu nome. Portanto são glândulas
gêmeas. Podemos separa-las em duas partes: medula (o miolo) e córtex (a casca).
Ambas produzem hormônios importantes, dentre eles o androgênio, que tem sua
produção aumentada logo no início da puberdade.
É conhecida uma enfermidade com o nome de "síndrome adrenogenital", causada
pelo exagerado funcionamento do córtex das glândulas suprarrenais, provocando o
desenvolvimento anormal dos órgãos sexuais externos e a acentuação também
anormal dos caracteres sexuais secundários.
A desproporção peniana não é, pelo menos aqui, como muitos adolescentes
supõem, um sinal de virilidade, mas um índice patológico, ocasionado por disfunção,
tumores circunscritos ou proliferações difusas nas glândulas supra-renais.
Quando o embaraço das supra-renais atinge crianças, surge a puberdade
prematura. Um menino de 4 a 5 anos, por exemplo, pode apresentar desenvolvimento
sexual de um homem de 30 anos! Observa-se aumento dos testículos e do pênis,
podendo crescer pelos no peito, no púbis, no rosto, e seus pais poderão enfrentar o
problema de vê-lo dominado pelo desejo sexual precoce.
As supra-renais enlouquecem, por assim dizer. E, enlouquecidas, passam a fabricar
hormônio virilizante descontroladamente. Esse hormônio, caindo no sangue, chega até
à zona genital, atuando como verdadeira pólvora sexual, transformando assim o moço
em um doente sexual. E não são os testículos os culpados, e sim as glândulas supra-
renais.

3. Timo
Esta glândula, também conhecida como tímica, lembra um leque aberto sobre o
coração. É uma glândula que possuímos ao nascer, começando a murchar na
adolescência, pois a partir dessa época perde sua finalidade. Ao examinarmos,
encontramos no adulto apenas um resto de tecido murcho. Ela já cumpriu sua missão.
É marcante a atuação do timo no aparecimento da Puberdade; quando ela vai
minguando a puberdade vai surgindo. É glândula de controle pré-sexual, isto é,
reguladora do início da sexualidade no homem. Tanto assim que, se a timo persiste, se
não regride, se não murcha, a puberdade não aparece. E se não desaparecer até a
idade adulta, a sexualidade nem aí aparecerá; estará sabotada para sempre a
virilidade. E se só começar a murchar na idade adulta, será então só aí que o sujeito
atravessará a puberdade. Temos assim o indesejável caso de um adolescente sexual
dentro de um adulto cronológico.

4. Tireoide
Trata-se de uma glândula em forma de um grosso H. Está localizada no pescoço.
As pessoas com bócio são doentes das tireoides, que embora sejam invisíveis ao
exterior, passam a ser visíveis.
Tiroxina é a denominação do hormônio secretado pela tireoide, descoberto
somente em 1914, ano da Primeira Grande Guerra. E assim ficamos sabendo que a
glândula tireoide acelera o desenvolvimento sexual e o hormônio sexual inibe a
atividade da tireoide.
Uma tireoide sadia, lançando diariamente no corpo quantidade normal de
tireoxina, garante grande vigor harmônico ao instinto sexual. Baixando a taxa
hormonal (hipotireoideismo), baixa também o vigor sexual. Dependendo da graduação
do hipotireoidismo, são modificados os caracteres sexuais secundários e até mesmo os
primários. O instinto sexual se amaina, torna se possível a esterilidade, e a disfunção
invade tanto a porção exócrina quanto a porção endócrina das gônadas.

5. Hipófise
Esta é a glândula endócrina mais importante, segundo os modernos fisiologistas,
sobretudo em nosso estudo, apesar de ser a menor. Está localizada na base do crânio,
escondida na minúscula concavidade de um osso resistente denominado esfenóide,
permanecendo defendida, mesmo nos mais graves traumatismos cranianos. É menor
que uma semente de laranja e pesa cerca de meio grama.
A hipófise é uma das glândulas que fabricam mais de um hormônio, que
desempenham as mais vitais funções dentro do ser humano.
Vejamos alguns destes hormônios:

a) Somatropina (STH) - Age sobre o crescimento. Na infância, o excesso desse


hormônio produz o gigantismo; ocorrendo mais tardiamente, hipertrofia da
glândula ou produção excessiva do hormônio produz acromegalia, ou seja,
aumento da testa, nariz, mandíbula e crescimento exagerado das extremidades
(pés, mãos, orelhas, queixo). A falta de hormônio causa o nanismo, mantendo o
corpo com proporções infantis.

b) Hormônio folículo estimulante (FSH) - Nas fêmeas de mamíferos, este


hormônio induz o crescimento normal dos folículos de Graaf, atuando no ciclo
da ovulação. Nos machos tem a função de estimular o crescimento dos túbulos
seminíferos e do tecido intersticial. Em experimentos com animais, observou-se
a atrofia das gônadas e dos órgãos genitais acessórios, com a remoção da
hipófise.

c) Hormônio luteinizante (LH) - Este hormônio induz o folículo que está na


superfície do ovário a romper-se; atuando sobre o ovário, causa a formação
do corpo-amarelo (corpus luteum), promovendo a secreção de progesterona.
Juntamente com o FSH, regula a secreção de estrogênio pelo ovário e a
ovulação. Estimula, ainda, o desenvolvimento do tecido intersticial e a secreção
de androgênio.
d) Hormônio andrenocorticotrófico (ACTH) - Tal hormônio é o estimulador na
produção da camada cortical das supra-renais, estimulando assim a produção
de cortisona e de outros hormônios.

e) Hormônio tireotrófico (STH) - É o estimulador do crescimento e da atividade


secretora da tireóide.

f) Hormônio lactogênico (LSH) - Hormônio que estimula a secreção de leite pelas


glândulas mamarias. É responsável pelo desenvolvimento final e pela atividade
funcional do corpo-amarelo, isto é, a secreção de progesterona.
Só estes hormônios já mostram o prestígio da hipófise na dinâmica corporal. E
como sabemos que a tireoide, as supra-renais e as gônadas estão intimamente
vinculadas à sexualidade humana, conclui-se que a hipófise também se inclui no grupo,
pois fabrica hormônios acionadores delas, que por sua vez fabricam hormônios
atuantes na hipófise.
Dentre todas as glândulas endócrinas que comandam a sexualidade, a hipófise é a
dominadora. Tanto que os fisiologistas a chamam de rainha. É a rainha das glândulas
endócrinas. É quem manda e desmanda cm nossa sexualidade. É quem liquida ou
constrói o nosso instinto sexual.
Os fisiólogos constataram o seguinte: a glândula espermatogênica só fabrica
espermatozóides se recebe hormônio da hipófise, o hormônio gonadotrópico. A
glândula de Leydig só produz hormônio virilizante ou testosterona, hormônio
responsável pelos caracteres sexuais secundários masculinos, se recebe da hipófise o
gonadotrópico.
O gonadotrópico, circulando no organismo do homem, desencadeia a virilidade
masculina e o mune de caracteres sexuais masculinos. Se no organismo da mulher, ele
desenvolve a feminilidade e a mune de caracteres sexuais femininos.
Se a hipófise cancela a remessa de seu precioso produto às gônadas, elas não só
deixam de realizar sua produção, como começam a degenerar.
Depois de tomarmos todos esses conhecimentos podemos afirmar que nossa vida
sexual não é produto de uma só glândula. Muito menos é produto apenas dos
testículos, conforme pensavam tantos rapazes das gerações passadas, e mesmo alguns
da presente geração. Nossa sexualidade é o resultado do extraordinário trabalho
hormonal de nosso sistema endócrino. Como em toda equipe, umas trabalham
mais, outras menos, umas têm tarefa proeminente, outras tarefa humilde. Mas todas
fazem algo, são responsáveis por algo. Ainda como em qualquer boa equipe, na equipe
glandular existe uma coordenadora, a hipófise.
Elas compõem nosso sistema sexual. São elas que transformam em homens todos
os meninos da terra e em mulheres todas as meninas da terra.
Órgãos genitais masculinos

Estudaremos aqui a estrutura e a função dos órgãos genitais masculinos, um a


um, sem contudo explorarmos a anatomia.
Dividiremos o conjunto de órgãos genitais envolvidos em externos e internos.
 Externos

1. Pênis
É o órgão que serve para expelir, além da urina, o esperma, e realizar a união
sexual. Distingue-se: a raiz, o corpo também denominado de rafe peniana e a glande
do pênis.
A raiz, que é a parte inferior, interna, do membro, encontra-se oculta pelos
escrotos, mas fácil de descobrir tocando-se na bolsa escrotal, entre os testículos. Mede
em média 7cm, que não devem ser esquecido de acrescentar-se a medida da parte
visível, o corpo. O corpo do pênis é a parte externa, pende livremente e termina por
uma ponta, a glande, separada do corpo por um sulco denominado de sulco coronal. A
glande é a parte mais sensitiva, onde encontram-se, além de inúmeras terminações
nervosas sensitivas eróticas, as papilas gustativas, e os corpúsculos que medem a
pressão e o tato.
O comprimento e o diâmetro do pênis diferem de uma pessoa para outra. Nos
brasileiros varia de 14 a 24 cm. Em estado normal, é pendente, flácido e curto. No
entanto, internamente, é formado por artérias, nervos, dois corpos cavernosos e um
corpo esponjoso, que pode encher-se de sangue, fazendo-o dilatar-se, ficando no que
se chama estado de ereção. Chama-se potência a capacidade do homem de erguer o
pênis flácido, transformando-o em falo. E impotência a incapacidade de fazê-lo.
Os pênis pequenos, quando eretos, têm seu tamanho ampliado três vezes mais,
em relação ao estado de repouso.
A ereção é uma ocorrência para a qual contribuem fatores: mecânico, químico,
psíquico e nervoso.
É digno de nota que nem toda ereção é sinal de uma excitação sexual.
Exemplificando, temos a ereção dos idosos provocada pela pressão exercida pela
próstata inchada, sobre os nervos genitais. Da mesma forma os cálculos na bexiga e,
até mesmo, o acúmulo de urina. É comum a pressão da bexiga cheia durante a noite
produzir ereções matinais.
A pressão do esperma acumulado nos reservatórios seminais, após um certo
período de castidade, acarreta igualmente ereção, da qual o instinto sexual não
participa necessariamente.

• Fator mecânico - Trata-se da saturação dos tecidos cavernosos, que


no estado de repouso encontram-se vazios, dado o estreitamento
das vias dutoras.
A ereção resulta do fluxo sanguíneo de entrada, menos o de saída.
Havendo alteração no fluxo de entrada ou de saída, ou seja,
alterando o volume de sangue que chega (arterial) ou o volume de
sangue que sai (venoso), o desequilíbrio provoca uma
incompetência peniana ou disfunção erétil, ocorrendo assim a
impotência.

• Fator químico - São as atividades dos hormônios das glândulas


genitais. Como já é de nosso conhecimento, as glândulas genitais
não produzem apenas células genitais, mas também hormônios
sexuais. Assim que as glândulas começam a funcionar, estes
hormônios provocam aqueles efeitos que fazem o homem
sexualmente adulto.

• Fator psíquico - Trata-se do instinto sexual. Sob o efeito dos


hormônios sexuais, despertam no cérebro os instintos dormentes,
entre eles o instinto sexual. Assim como o faminto tem visões de
belas iguarias, surgem na fantasia as imagens do sexo oposto. O
cérebro, sexualmente excitado, provoca a ereção peniana.

• Fator nervoso - O sistema de ereção, na medula espinhal, é


comutado aos nervos eretores à altura das ancas. Esse ponto de
contato, denomina-se centro de ereção. Quando excitado, provoca
ereção; ao ser destruído, o homem se torna impotente.

2. Bolsa escrotal
Bolsa escrotal ou testicular é onde se encontram os dois testículos. Sua pele é
entretecida de finos músculos. Quando incitados, estes se contraem e erguem os
testículos, de modo que a bolsa se torna redonda como uma maçã. Isso se dá de forma
involuntária. Usando o bom senso, chegamos à conclusão que a natureza, em sua
perfeição, se incumbe deste mecanismo para proteger o homem de se machucar no
ato sexual ou melhor proteger os testículos.
Semelhantemente, com o calor dilata-se, afastando os testículos do corpo e
com o frio contraem-se aproximando-os do corpo a fim de manter a espermatogênese
a uma temperatura abaixo de 37ºC, para garantir a vitalidade dos espermatozoides.
Por isso os testículos se localizam fora do corpo.

 Internos

1. Testículos
São, como já vimos, as glândulas sexuais germinativas. São duas glândulas
ovais, que pendem fora do corpo, na bolsa testicular. O testículo esquerdo na maioria
dos casos fica mais baixo que o direito, o que nenhuma preocupação deve causar ao
homem.
2. Epidídimo
Trata-se de um canal ligado a cada testículo, portanto em número de dois, onde
os espermatozoides amadurecem antes de serem expelidos pelo processo
ejaculatório.
3. Canais deferentes
São dois canais, cada um saindo de um testículo através do epidídimo,
responsáveis pelo transporte dos espermatozoides ao interior do corpo, onde se
ligam ao canal ejaculatório.

4. Vesículas seminais
São duas bolsas com comprimento de 10 a 12 centímetros e largura de 6 a 7
centímetros, localizadas ao lado da bexiga em sua parte posterior. São responsáveis
pela produção de um líquido lácteo, que vai dar maior mobilidade aos
espermatozóides. Sua produção compõe a maior parte do líquido liberado na
ejaculação.
Por ocasião da excitação sexual, os reservatórios seminais e as vesículas se
contraem. O movimento muscular força a passagem através do canal ejaculatório e o
esperma é projetado, sob forte pressão, para dentro da uretra.

5. Próstata
Trata-se de uma glândula do tamanho de uma noz, na linha central do corpo,
que envolve como uma luva a uretra em sua base, ou seja, no ponto em que ela sai da
bexiga. Ela produz um líquido alcalino com nutrientes e prostaglandinas que tem várias
funções, uma das quais a de nutrir os espermatozoides.
6. Canal ejaculatório
É curto e reto, e em seu percurso passa perto da próstata e alcança a uretra.
Os fluidos secretados pelas vesículas seminais e pela próstata juntam-se com
os espermatozoides, justamente no canal ejaculatório, formando o sêmen, que será
ejaculado pela uretra, através de contrações musculares.
Normalmente o processo ejaculatório está sob o controle de dois sistemas
nervosos, um que depende da nossa vontade (SNN) e outro que dela independe (SNI).

7. Uretra
É um canal, em toda a extensão longitudinal do pênis, dentro do corpo
esponjoso, embaixo dos dois corpos cavernosos. Via comum do esperma e da urina,
porém nunca ao mesmo tempo. Por ocasião do pênis em ereção, não é possível
esvaziar a bexiga, graças à próstata que se contrai e impede a passagem da urina.
A uretra parte da bexiga e termina na ponta da glande. Nesse ponto ela
encontra-se aberta por meio de um orifício em forma de fenda, que tem apenas alguns
milímetros de largura, denominado meato uretral. Os bordos dessa fenda juntam-se
estreitamente um ao outro, defendendo a entrada contra os menores corpos
parasitários, contra poeira, insetos, etc. Todavia essa proteção não dispensa
cuidados. Em vista disso, é costume, entre certos povos, usar um capuz sobre a glande.
A uretra é virtual, só se abre para dar passagem aos líquidos, mantendo-se
fechada quando vazia. E se divide em três partes: peniana, bulhar e prostática. Na
prostática é que se localiza, numa elevação fusiforme da mucosa, o vero montano,
onde se encontram as aberturas da vesícula seminal, as aberturas dos dutos prostático
e ejaculatório. Sua mucosa é continuação da mucosa da bexiga; é muito fina, muito
delicada, extensível e munida de numerosas glândulas. As maiores destas glândulas
são as de Cooper; as menores, as de Littré. Para ser possível a sua distensão por
ocasião da ereção, essa mucosa é pregueada. Estas pregas e estas glândulas, permitem
as infecções gonocócicas aninharemse em suas dobras, sendo difícil desalojá-las daí.

8. Glândula de Cooper
Quando da excitação sexual, as glândulas de Cooper, localizadas próximo da
raiz do pênis, produzem uma secreção clara como água e fluida, que percorre a uretra
até a saída na glande. Esse líquido, além de lubrificar a mucosa da uretra, para
facilitar a ejaculação, prepara a mucosa da glande a fim de facilitar a penetração na
hora do coito.
Órgãos genitais femininos

O aparelho genital da mulher corresponde ao do homem como um negativo a


um positivo, como o dedo da luva para o dedo da mão. Tal configuração não é obra do
acaso, mas a expressão de uma ideia.
Da mesma forma que vimos os órgãos genitais masculinos, veremos aqui os
femininos, dividindo-os em externos e internos.

 Externos

1. Monte de Vênus
Contrastando com as do homem, as partes genitais da mulher não são visíveis.
Na mulher nua nada mais se vê além de uma camada adiposa coberta de pelos, a que
os antigos deram o nome de monte de Vênus. São os pelos pubianos, que diferem do
homem, não se espalham, decrescendo sucessivamente.
"A natureza cravou tão profundamente entre as coxas da mulher suas partes
sexuais que só depois de uma completa derrota da mulher, o homem consegue levar
a cabo a cópula. A natureza quer que só um homem vencedor fecunde a mulher".

2. Vulva
É o conjunto de órgãos genitais externos, femininos, semelhante a uma
pequena bolsa. Encontramos aí: as ninfas, também conhecidas por grandes e
pequenos lábios, o clitóris, as glândulas de Bartholim, entradas da uretra e da vagina, e
o hímen.

3. Grandes lábios vulvares


Quando a mulher afasta as coxas, vê-se a parte externa da vulva, isto é, o
"invólucro", pois o acesso à vagina é coberto por duas bossas alongadas, adiposas, de
pele recoberta de pelos, os grandes lábios vulvares ou ninfas, como se fossem duas
mãos protetoras. Na cópula, os grandes lábios servem de almofadas e amortecedor,
que recebem e abrandam os choques partidos do homem. Existe uma analogia com a
superfície exterior, na cor da pele e a interna, vermelha e úmida, dos lábios da boca.
Neles terminam, como nos lábios da boca, nervos guarnecidos de finos tentáculos, os
"corpos voluptuosos". Afagados ritmicamente, despertam a volúpia.
Os grandes lábios começam no monte de Vênus e vão até o períneo (espaço
entre o ânus e a vulva).

4. Pequenos lábios vulvares


Descerrando-se os grandes lábios vulvares veem se abaixo deles os pequenos
lábios vulvares. Durante a juventude, são de cor vermelho claro (independente da cor
da pessoa), úmidas; na velhice, são secas, fanadas e de cor violácea. Algumas vezes
se alongam, seja em um, seja em ambos os lados.
Em seu interior, os pequenos lábios vulvares são entremeados de tecidos
cavernosos, que na excitação sexual se enchem de sangue, de maneira que os lóbulos
se tornam túrgidos como cristas de galo, e pulsam. Com sua turgência estreitam a
entrada da vagina e seguram o membro introduzido, constituindo-se num forte
excitante erótico para o homem. Contraindo os músculos pélvicos, a mulher pode
aumentar ainda mais esse contato, anunciando assim ao homem sua participação ativa
no ato sexual e seu desejo de ser-lhe agradável.

5. Clitóris
É um apêndice esponjoso, com cerca de dois centímetros de comprimento, cujo
corpo fica encoberto por um a pele (prepúcio ), no ponto de convergência dos
pequenos lábios, aparecendo apenas a sua ponta ( glande ).
O clitóris varia consideravelmente na estrutura e na posição. Em muitas
mulheres é um nítido pino (principalmente na raça negra), em outras é tão rudimentar
que só pode ser encontrado a muito custo. A distância entre ele e o tubo vaginal é
pequena em algumas mulheres, e em outras é considerável. Em média 3,5 cm com
variação de 0,5cm para mais ou para menos. A estimulação simultânea das paredes
vaginais e do clitóris na relação sexual, se torna difícil quando esta distância é muito
grande. Neste caso, existe recomendação de que se faça a aproximação por meio de
uma pequena cirurgia.
É no clitóris que se desenvolvem as sensações voluptuosas. Ele realiza essa
função graças à sua extraordinária riqueza em terminações nervosas finas - riqueza
que ultrapassa a da glande masculina. Possui, além disso, da mesma forma que o
pênis, corpos cavernosos, nos quais se produz um fluxo de sangue, quando se dá a
excitação da mucosa envolvente, inchando e podendo atingir até três centímetros.
Com o aumento da excitação, a inervação gênito-espinhal estabelece a
comunicação com a medula espinhal, entrando o útero em vibração por movimento
reflexo. Verifica-se então, na mulher, o prazer sexual satisfatório, que termina no
orgasmo. Sua ausência deixa a mulher insatisfeita e produz, com o decorrer do tempo,
uma irritabilidade do sistema nervoso. É com razão que se considera como
perfeitamente satisfatório o ato sexual que termina com o orgasmo (momento
máximo de prazer sexual, obtido durante a cópula), de preferência dos dois
participantes ao mesmo tempo.

6. Glândulas de Bartholim
São duas, localizadas uma de cada lado dos pequenos lábios no prelúdio
vaginal. Quando da excitação, secretam fluidos que lubrificam a entrada da vagina. Tal
fluido é transparente e tem cheiro de sexo, ou seja, seu odor é agradável e excitante.

7. Hímen
A entrada da vagina das virgens é fechada por uma membrana , possuindo uma
abertura para a saída de secreção e fluxo menstrual, denominada hímen .
Por ocasião do primeiro coito, o hímen é dilacerado. Após sua perfuração, uns
fragmentos formam eminências semelhantes a verrugas, à entrada da vagina. Dá-se o
nome de carúculas.
Temos várias formas de hímen, das quais estaremos relacionando algumas, a
seguir.
Complacente e Elástico - Possui um orifício central. Por ser elástico não se rompe
facilmente nas primeiras relações, daí ocorre ausência de sangramento. Em algumas
ocasiões a mulher só perde a virgindade no parto vaginal. Está presente em mais de
35% das mulheres;
Trilabiado - onde observam-se fendas na forma de "Y" (ípsilon);
Anular - À semelhança de um disco redondo, munido de uma só abertura no centro;
Septado - Uma forma de barra membranosa ou de lingueta recortada ou dentada;
Microperfurado - São hímens com aberturas minúsculas quase invisíveis, necessitando
de microcirurgia para aumentar a abertura, por ocasião da primeira menstruação;
Imperfurado - São himens não perfurados. Trata se de uma anomalia genital bastante
rara, denominada atresia vaginal, e que, de hábito, se faz acompanhar de outras
anomalias. Por ocasião das regras, quando não observado com antecedência, esse
defeito pode acarretar graves congestões por detrás do hímen. Nesse caso tem-se que
recorrer a uma intervenção cirúrgica;
Cartilaginoso ou com impregnação óssea - Trata se aqui de dois casos raros, onde o
coito só é possível após uma intervenção cirúrgica; ou seja, só perde a virgindade
através de cirurgia.

 Internos

1. Uretra
A uretra feminina, mais curta e mais larga que a do homem, termina por um
pequeno orifício à parte, situado acima da abertura da vagina, e denomina-se meato
uretral. A bem da verdade, a uretra feminina, apesar de terminar na genitália externa,
ela pertence ao aparelho urinário, visto que sua função é apenas a de expelir a urina;
diferente da uretra masculina, como já vimos, que tem uma dupla função.

2. Vagina
É um tubo elástico e musculoso, que se inicia na vulva e vai até o útero. Com um
comprimento aproximado de seis a dezesseis centímetros, variando de acordo com a
disposição do útero. Com o útero baixo, o canal vaginal será logicamente mais curto do
que com o útero alto.
A vagina é um orifício virtual, isto é, as paredes são quase coladas, abrindo-se por
ocasião da excitação. São extremamente vascularizadas, produzindo sua entumação
por ocasião da excitação e, ao ser penetrada pelo pênis, se estreita, tentando agarrá-
lo.
O colo uterino divide o fundo da vagina em dois nichos, a abóbada vaginal anterior
e a posterior. A posterior é a mais importante, pois nela, quando a mulher durante o
ato sexual, fica deitada de costas, acumula-se o esperma, formando-se o chamado,
"lago seminal", e dela o orifício uterino absorve o sêmen. Em mulheres que não
atingem perfeito desenvolvimento sexual, a abóbada vaginal posterior permanece
plana, o que pode ter duas consequências desagradáveis para a vida conjugal. Em
primeiro lugar, causa às vezes a esterilidade da mulher, por não se acumular o
esperma para formar o lago seminal; em segundo lugar, o membro do homem embate
contra a extremidade posterior da vagina. A mulher com vagina profunda sente as
fricções contra a parede flexível como excitação erótica. A mulher sexualmente
atrofiada, porém, sente-as como dor.
Tem-se falado muito de vaginas demasiadamente estreitas que tornam impossíveis
as relações sexuais. Na maioria dos casos, é necessário desconfiar doutras razões que
não um estreitamento congênito (que nasce com a pessoa). De acordo com o que se
sabe a respeito da elasticidade da vagina, não é possível haver um pênis que nela não
possa penetrar. É comum, entretanto, dar se o caso da vagina apertar-se, por ter a
mulher receio do ato sexual, produzindo assim, uma cãimbra na vagina que constringe
o canal. Denomina-se vaginismo, esse estado. Ele exige grandes cuidados e um
tratamento prolongado. Muitas vezes o vaginismo se verifica à simples aproximação,
seja do membro viril, seja de um dedo ou de um instrumento de exame.
É importante manter a vagina não tensa, pois para ambos, homem e mulher, a
estreiteza da vagina é um dos maiores estimulantes do prazer. A falta de rigidez
vaginal tem sido a causa de vários fracassos de casamentos. No caso da mulher sentir-
se muito flácida, deve procurar urgente um médico para reparar essa situação.
Em mulheres do tipo esportivo, com tecidos firmes, a vagina contrai-se após o
parto, como uma fita elástica de boa qualidade. Já em mulheres com tecidos flácidos,
a vagina tem tendência de baixar, após o parto, sob o peso das vísceras e do útero.
Esse estado é chamado prolapso. A mulher com prolapso vaginal sofre de frequente
necessidade de urinar, coceira e irritação; é feia esteticamente e destituída de
atrativos eróticos.
Ao menor sinal de qualquer problema vaginal, a mulher deve logo consultar um
médico, a fim de se livrar do problema.

3. Útero
É o lugar onde o feto se desenvolve durante a gravidez. Encontra-se acima da
vagina, entre a bexiga que se acha na frente, e o reto que se encontra por trás dele.
Na posição normal, ele fica ligeiramente inclinado para a frente e apresenta a forma de
uma pera. Quando cresce, durante a gravidez, aproxima-se pouco a pouco da forma
esférica. O útero é o centro, não somente por sua posição, mas também por sua
importância, dos órgãos genitais femininos.
Da mesma forma que a parede do canal ovular, a do útero compõe-se de três
camadas. Partindo do interior para o exterior, encontra-se, primeiramente, a mucosa,
aqui disposta de múltiplas dobras. Durante a gravidez, essas dobras se distendem
pouco a pouco. A superfície interior da mucosa é revestida, como no canal ovular, de
cílios vibráteis. Glândulas em forma de odre atravessam a mucosa, secretando um
líquido viscoso e claro, dando à parede um aspecto úmido e brilhante.
Correspondendo a cada menstruação, são recebidos pela mucosa quantidades
consideráveis de sangue, que se destina à nutrição do embrião, intumescendo até
atingir vários milímetros de espessura. Na ausência de gravidez a mucosa relaxa-se e
uma parte de suas células é eliminada com a regra, se tornando-se mais espessa, no
período de gravidez.
A camada média do útero é a mais resistente. É composta de fibras musculares
espessas e cerradas, muito elásticas e circundadas de nervos e de vasos sanguíneos.
Cada fibra pode, durante a gravidez, alargar-se até trinta vezes o seu volume. E, só
depois de haver chegado ao último limite de sua elasticidade, é que a cinta muscular,
como se fosse uma cinta de borracha, começa a contrair-se espasmodicamente
(contrações involuntárias e convulsivas dos músculos, especialmente dos que
independem da vontade). Esses espasmos são os causadores das dores de parto,
provocando, em colaboração com os músculos abdominais, a "prensa abdominal", a
força de expulsão do útero, apto a vencer fortes resistências. A contração dos
músculos do útero realiza-se por sucções, ora à direita, ora à esquerda, para cima e
para baixo, mas nunca todos de uma vez. Imediatamente após o parto, novamente as
fibras musculares se retraem, retomando seu volume inicial.
A camada exterior do útero, a túnica peritoneal, é uma membrana lisa que, vindo
do reto, sobre o fundo do útero, para em seguida rebater-se para a frente, onde passa
pela bexiga, formando duas fossas.
Distinguem-se no útero, portanto, as seguintes partes:
 Superior ou o fundo do útero - É onde desembocam as trompas de Falópio e é
aí, em um terço delas, que os espermatozóides se fixam, à espera do óvulo
expelido pelo ovário. Tal ato, primeira fase da fecundação, é denominado
nidação.

 Corpo do útero - É a maior parte do útero, que abriga o feto para o seu
desenvolvimento.

 Colo do útero ou cérvix - É a parte inferior do útero, localizada no fundo do


tubo vaginal, onde encontra-se um pequeno orifício que permite a entrada
dos espermatozóides e a saída do fluxo menstrual. Pode-se nele discernir um
lábio posterior e um lábio interior. Nas mulheres virgens, os seus bordos são
lisos e juntos, com exceção da época menstrual, em que os mesmos se afastam
um pouco, mostrando um orifício redondo e maior. Nas mulheres que já deram
à luz, observam-se enrugamentos dos bordos dos lábios do colo, semelhante a
cicatrizes.
Durante as regras, a parte vaginal do útero é intumescida, aumentando de
espessura, e o orifício externo se abre.
É por isso que o período que se segue imediatamente à menstruação se torna
mais propício à penetração dos espermatozóides. Alguns dias após as regras, o canal
fica de novo obstruído por uma grande quantidade de líquido coagulado. Esse líquido
coagulante, denomina-se tampão de Kristeller, em homenagem ao ginecologista
Kristeller. Por ocasião do orgasmo sexual, ele é ejaculado pelos movimentos do útero,
produzindo uma secreção particular que a mulher sente nitidamente, ao lado da
ejaculação masculina, em um ato sexual satisfatório.
Em certas mulheres, essa secreção se produz muitas vezes em virtude de sonhos
eróticos. É a polução feminina. Ao contrário da polução masculina, ela não contém
células germinativas. Em algumas mulheres a ejaculação do tampão de Kristeller só se
dará raramente, ou jamais, o que geralmente e interpretado como sinal de frieza. A
ausência de tal ejaculação prova, efetivamente, que a mulher experimenta, durante o
ato sexual, uma excitação, mas não uma satisfação calmante que se devia produzir.

4. Trompas de Falópio
São duas, saindo uma de cada lado do útero, abrindo no final em forma de franja,
semelhante a um cravo, junto aos ovários. São ondulares e têm o comprimento de
dez a quinze centímetros. A parte que dá para a cavidade uterina é estreita, ao
contrário da parte oposta.
A fecundação e as primeiras fases da gravidez processam-se na trompa. Só depois
de haver atingido o estado de mórula, é que o ovo passa para o útero, o que se dá
mais ou menos uma semana após a fecundação. Se pelo contrário, o ovo continua a
desenvolver-se nas trompas, produz-se uma complicação perigosa, denominada
gravidez tubária.
A parede do canal ovular é composta de três camadas. A superfície interior é
formada por uma delicada mucosa, munida de cílios vibrantes muito finos. Ao
microscópio, ela possui o aspecto de um pedaço de veludo. A camada média é
constituída por um tecido muscular forte, enquanto que a camada exterior liga-se ao
peritônio. Se a abertura do tubo que dá para o ovário estiver fechada, o óvulo
eliminado cai na cavidade abdominal, aí perecendo. Se semelhante fato ocorrer nos
dois tubos, isso acarreta a esterilidade. Isso pode ocorrer em consequência de
cicatrizações provenientes, muitas vezes, de infecções gonocócicas ( produzidas pelo
gonococo, micróbio da gonorreia ou blenorragia).
5. Ovários
São dois, localizados um de cada lado da trompa, na cavidade abdominal. São as
glândulas responsáveis pela produção das células germinativas, óvulos. Contrastando
com as glândulas masculinas, de enorme produtividade, eles são modestos em sua
produção. Cada ovário só produz uma célula-ovo a cada oito semanas. Como são dois a
funcionar, cada mês um óvulo desce por um dos ovidutos. Este processo de maturação
mensal constitui o ciclo da mulher.
Os ovários são, também, responsáveis pela produção dos hormônios
luteinizantes, folículos estimulantes, luteotróficos e estrogênios, que têm sua
produção aumentada na adolescência, e são responsáveis pelas características sexuais
secundárias.
Desenvolvimento sexual

Como já temos visto, Freud revoluciona a concepção de sexualidade, ao


apresentar sua manifestação a partir do nascimento.
Neste capítulo estaremos dividindo o desenvolvimento sexual em três
períodos, a saber:
 Períodos pré-genitais
Temos aqui os ensaios de Freud, onde ele apresenta o desenvolvimento
psicossexual em distintas fases, de grande importância na constituição da
personalidade do indivíduo. Ele o denomina de pré genitais, visto que as zonas genitais
ainda não atingiram seu papel predominante.
Embora as fases estejam distintamente descritas, é um engano imaginar que elas
ocorram absolutamente isoladas, pois elas podem se sobrepor, ocorrerem
paralelamente ou coincidir, assim como jamais serão completamente superadas,
sendo observado na fase adulta, comportamento que comprova a existência das
fases da sexualidade infantil, o que na maioria dos casos ocorre nas neuroses, como
veremos a seguir.
Para Freud, ao nascer o ser humano traz impulsos inconscientes em busca do
prazer. Os impulsos naturais foram por ele chamado de id e são todos manifestações
de uma tendência inata. Sua causa é a libido, energia sexual, (termo latino que
significa desejo, vontade, asoiração).
1. Fase oral
É uma das formas primárias da sexualidade infantil, que se dá no 1º ano de vida. O
bebê, logo após seu nascimento, acha prazer na sucção do seio materno. Seu gozo é
inconsciente, rude, mas evidente. Agarra-se ao seio materno com verdadeira
satisfação. Não podemos negar sua inconsciência pelo que realiza, mas nem por isso
perde o valor.
Por isso é que quando a criança aprende a sentir o prazer com a sucção, a que
instintivamente é conduzida pela necessidade de alimentar-se, o ato de sucção passa
a ter, por si mesmo, valor capital, de maneira que o fator alimentar se estabelece
como desejo secundário. Muitas mães tem observado que a criança, quando já
alimentada, saciada, continua a sugar-lhe o seio, e com a capacidade de nada extrair,
só pelo prazer da sucção, evidenciando se assim a volúpia sexual que supera todas as
outras.
Outro fenômeno observado é o "espasmo carpopedal" (contração espástica da
musculatura dos pés e das mãos), que comumente ocorre na fase de platô, da resposta
sexual nos adultos.
Que a sucção possui a sua própria finalidade, prova-o a persistência com que
se perpetua na idade madura.
A criança chupa tudo o que encontra, "as vezes até o dedo gordo do pé", diz
Freud. Quem já não tem surpreendido uma criança chupando um pedaço de madeira,
lápis, colheres, ou qualquer outro objeto de qualquer material, evidenciando assim
que a sucção está ligada inteiramente à sensação de prazer.
Por outro lado, Freud ensina que a sucção, quando produz prazer, é combinada a
fricção de certas partes do corpo, como a orelha, umbigo ou os genitais externos.
Nisso é que o mestre vê o início ou, como diríamos, o movimento precursor, que mais
tarde ou em seguida leva a criança à masturbação.
É comum se falar do aleitamento, enfatizando a importância do seio como fonte de
alimentação para o organismo, o que não podemos negar sua importância. Contudo,
tem ficado esquecido sua importância ao emocional. Aliás, o termo seio exprime
aconchego, segurança, abrigo. O que, as próprias mães, nem sempre atentam para
estes detalhes no período do aleitamento, preocupando-se apenas em saciar a fome
física de seus bebês.
A fase oral é, portanto, de vital importância na formação da personalidade do
indivíduo, que depende dessa relação com a mãe, que para ele representa a
sociedade. A idéia da mãe que é introjetada em sua mente, boa ou ruim, é a que terá
da sociedade. Ou seja, se o indivíduo não confia em sua mãe, também não confiará na
sociedade, etc.
Quando a criança está mamando, seus olhos buscam os olhos de sua mãe,
esperando inconscientemente, um olhar que lhe transmita paz, amor e segurança. Na
ausência dos olhos da mãe que, por vezes encontram-se fixos em um televisor, a
criança busca no vazio, divagando seu olhar quase sempre no teto; introjetando
sentimento de rejeição e abandono.
No momento do aleitamento, é importante o contato da pele da mãe com a do
bebê, bem, como que, a mãe lhe dispense toda atenção e carinho. Quando tal não
acontece, a criança tenderá a se tornar uma pessoa insegura.
O desmame é outro ponto importante que tem causado frustração à criança, pela
forma como tem sido realizado.
O ideal é que a criança por si mesma dispense mamar, no momento final do
desmame. Mas, para isso se faz necessário que haja todo um processo de elaboração
do desmame, que se inicia por volta do terceiro mês do bebê, quando é introduzido
outro tipo de alimentação, tal como, papinha de frutas na colher. Veja que, na mama
ou na mamadeira, o processo da alimentação é continuo, a mercê da criança; já a
alimentação com colher tem essa continuidade quebrada pelo intervalo entre uma
colherada e outra, o que contribui para o desmame. A criança em principio tende a
recusar, levando muitas mães a prepararem a fruta para darem na mamadeira,
atrapalhando assim, o processo de desmame.
Se o processo de desmame ocorre de maneira correta podemos ver a criança, por
volta de seu segundo ano, buscar sua autonomia e, não são raros os casos de crianças
que com um ano e meio, já recusam, inclusive a mamadeira, preferindo a caneca.
Evitando assim, os desmames bruscos que constituem em agressão a criança.
Beber e comer em excesso, problemas de linguagem e fala, agressão com palavras
(correspondendo ao morder), como xingamento, gozações, etc. são algumas das
manifestações de neuroses oral.
Ainda, o neurótico oral pode apresentar, como mecanismo de defesa,
perturbações no comer, escrúpulos exagerados para não "incomodar", quando na
realidade, seu desejo (inconsciente) é de se instalar e desalojar todos os demais;
incapacidade de aceitar favores e receber presentes.
O afã de saber, o estudo de idiomas, o cantar, a oratória, a declamação, são
exemplos de sublimação das tendências orais.

2. Fase anal

É a fase em que a libido se concentra na região anal, que se torna uma área
carregada de emoção agradável. Na realidade, essa região compreende a junção da
pele e a membrana mucosa anu-retal. Aliás, a partir de então, tem sido reconhecido
pelos fisiologistas que todas as junções da pele e membranas mucosas do corpo são
particularmente sensíveis e, ao receberem suave estimulação, são capazes de produzir
sentimentos de prazer.
O prazer anal provém em primeiro lugar da satisfação física de esvaziar o intestino,
e, em segundo, da satisfação mental que a criança sente na execução desta função
para os seus pais. Aqui, o poder e a independência podem entrar em conflito com o
desejo de simplesmente agradar, e ganhar e comprazer-se passivamente, no amor. A
recusa a defecar no urinol, é um modo de desafiar a autoridade parental. Todavia, é
descoberto pela criança um prazer adicional na sensação real em manter um reto
cheio, um prazer físico, o prazer oposto de esvaziar o intestino, que está associado
com retardar e, portanto, em prolongar.
Para a criança nessa fase, as fezes são consideradas parte integrante de si mesma,
com as quais presenteia os pais e os adultos que a envolvem. Presente este precioso,
pois dado de dentro de seu próprio ser. Porém, são logo intensamente reprovadas
pelos pais, o manuseio, ou mesmo tocá-las, tornando-se assim, as fezes, algo nojento e
sujo, e num nível consciente, é o que elas simbolizam. Entretanto, num nível
inconsciente, elas ainda retêm um elemento de seu valor original. E onde ocorreu uma
fixação anal (neurose anal), mesmo que as próprias fezes não possam ser acumuladas
indefinidamente, o indivíduo acumulará o que de valor puder adquirir, entesourando,
sem contudo atingir o seu uso apropriado. É o caso do avaro que junta dinheiro, o
colecionador que compra quadros valiosos, e não os exibe, e nem mesmo os olha; dos
indivíduos obsessivos, que insistem longo tempo e improdutivamente em tarefas não
completadas.
Temos ainda como reação da neurose anal: pontualidade exagerada, tendência ao
uso de roupa íntima suja, sede de poder, prazer na descarga de uma linguagem chula.
Podemos também observar impulsos a compartilhar atividades anais com outras
pessoas, tais como: "defecar juntos, espreitar e exibir atividades anais, sujar-se
juntos, defecar noutra pessoa, ou deixar que ela defeque em cima de si, impulso a
coprofagia (representa a tentativa da estimulação da zona erógena bucal com a
mesma substância prazerosa que já estimulou a retal)"; são , portanto, desejos
ambivalentes, que podem exprimir de maneira arcaica, ternura, ou, hostilidade e
desprezo após condená-los.
Crianças obrigadas a defecar por meio de ordens, quando adultas apresentam
acentuada tendência a terem seus problemas solucionados por outrem e tendem a
realização de várias atividades simultaneamente, que se manifesta numa obsessão à
leitura durante a defecação.
Menninger resume as reações do indivíduo de acordo com a idade em que começa
a educação de higiene pessoal, da seguinte maneira :

 Prematura - Se a educação for prematura, o indivíduo será posteriormente


negativo, hostil e rebelde. Porém em seu aspecto formal apresenta-se asseado,
obediente, passivo e medroso.

 Tardia - Ocorrendo uma educação tardia, o indivíduo tenderá a ser desasseado,


desleixado e irresponsável.

 Momento adequado - Neste caso o indivíduo terá inconscientemente um


sentido normal do poder, e consciente uma atitude adequada diante da
sujeira e da limpeza.
Como sublimação das tendências da fase anal, ou seja, os desvios das pulsões para
fins aceitos pela cultura, temos as atividades de artes-plásticas, que são as
transformações mais ostensivas do prazer infantil de brincar com as fezes.

3. Fase fálica
Esta é a fase precursora da forma final assumida pela vida sexual e que muito se
assemelha a ela, que se dá por volta do final do terceiro ano de vida.
Nesta fase a criança descobre o prazer na região genital, seja pelo contato do
vento, ou da mão de quem realiza sua higiene, ainda que inconsciente. E assim passa a
pegar com mais frequência e manipular o pênis (no caso dos garotos) e o clitóris (no
caso das garotas). Daí o termo fálico.
O prazer se encontra basicamente nessas regiões, onde permanecerá, embora haja
na garota um deslocamento, diríamos parcial, para a vagina. Parcial pois na puberdade
este prazer é o que se pode chamar de clitóris-vaginal. E mesmo porque acredita-se
que nenhuma catexia libidinal forte seja jamais completamente abandonada. É
possível, que grande parte da libido flua para outros objetos, porém, pelo menos certa
quantidade permanece ligada ao objeto de origem.
É também aqui despertado nas crianças de ambos os sexos o desejo de ver os
genitais umas das outras, bem como mostrar os seus, incluindo neste ato de
curiosidade e exibicionismo outras partes do corpo e também outras funções
corporais.
A micção é também um componente da sexualidade infantil, denominado de
erotismo uretra!. O garoto então é despertado em divertir-se no dimensionamento do
jato de urina, onde se encontra a raiz com a preocupação futura com a força, com a
competição, com o poder, com o desejo de ser maior, mais poderoso e mais
importante. A garota por sua vez, ao perceber tal incapacidade, sente-se inferior.
Manifestando-se a inveja do pênis. É possível observarmos as meninas nesta fase
tentando imitar os meninos no ato de urinar, tentando urinar em pé e, impulsionando
para frente, afim, de estender o jato da urina.
Uma pessoa neurótica-fálica é ambiciosa e tem prazer à velocidade (forma do
prazer da penetração).Pode ainda apresentar problemas de fala como a gagueira (falar
significa ser potente sexual, sua incapacidade significa castração, onde a língua
apresenta-se como um símbolo fálico).

 Período intermediário
O que chamo de período intermediário, nada mais é que o momento onde a
sexualidade infantil atinge seu ponto culminante, seguida de seu declínio. Estaremos
abordando duas fases:

1. Fase edipiana
A criança na fase fálica, como vimos, é completamente inocente quanto aos
prazeres, que são auto-eróticos, ou seja, totalmente em si mesmos, sem atentar para
um objeto externo. De repente ela descobre um objeto, a mãe, embora que ainda
inocente quanto ao sexo, o que se dá por volta do 4º ano de vida, iniciando se a fase
edipiana; fase em que o garoto tem uma grande predileção pela mãe e a garota pelo
pai.
Freud cedo descobriu em seus pacientes neuróticos manifestações metódicas
inconscientes de fantasias de incesto com o genitor do sexo oposto, aliadas ao ciúme e
à raiva homicida contra o genitor do mesmo sexo, a que denominou de Complexo de
Édipo, por sua analogia com a lenda clássica grega do inocente príncipe de Tebas, a
quem o oráculo predisse que assassinaria o seu pai e casaria com sua mãe.
Abandonado por seu pai numa encosta, para morrer de frio e inanição, foi encontrado
e educado por forasteiros; retornando, sem nada saber, cumpre a profecia. Matando o
rei, liberta o reino da opressão de uma criatura selvagem e terrível, casando a seguir
com a rainha, que não é outra senão sua própria mãe. Por remorso pelo inexpiável
crime, apesar das evidências da estória mostrar não ter ele responsabilidade pessoal,
arrancou seus próprios olhos e, uma vez mais, vagueia, cego e exilado, através do
mundo.
Ao longo da primeira década deste século, tornou-se evidente a existência do
complexo edipiano também em pessoas normais. A existência de tais desejos na
infância, juntamente com os conflitos que lhes dão origem, são de fato, uma
experiência a toda humanidade. Apesar da evidência, conforme tornam claro os
antropólogos, que as diferenças culturais consequentemente apresentarão diferenças
em relação à vida mental e aos conflitos da infância, têm sido observados, impulsos
incestuosos e parricidas e de conflitos circundantes nas mais diversas culturas.
Charles Brenner descreve que as pesquisas, ao longo das duas primeiras décadas
deste século, abrangendo o que, a princípio, era conhecido como desejo edipiano
inverso ou negativo, isto é, fantasia de incesto com o genitor do mesmo sexo, seguido
de desejos homicidas contra o de sexo oposto, mostraram que, ao contrário do que
se pensava, ser excepcional era geral.
Portanto, trata-se o complexo edipiano, de uma dupla atitude em relação aos
genitores.
No início, tanto o menino quanto a menina habitualmente mantêm com a mãe sua
relação de objeto mais forte, sendo o primeiro passo definido para essa fase, o mesmo
para ambos os sexos, e consiste em uma expansão ou extensão já existente com a
mãe, de modo a incluir a gratificação dos desejos genitais despertados na criança,
desenvolvendo o desejo à exclusividade de seu amor e admiração, o que,
presumivelmente, esteja relacionado ao desejo de "ser papai", "fazer o que ele faz"
com a mãe. A criança, nessa idade, não pode compreender claramente o que ocorre
entre os pais. Mas por suas próprias reações físicas, independente da possibilidade
que tenha tido de observar os pais, deve relacionar esses desejos com as sensações
excitantes em seus genitais e, no caso de um menino, com a sensação e o fenômeno
da ereção. Freud, com seu trabalho clínico, descobriu muito cedo que a criança pode
criar uma ou várias fantasias diferentes a respeito das atividades sexuais de seus pais,
que ela deseja repetir com o genitor de sexo oposto.
A estrutura do complexo de Édipo foi tão bem e completamente abordado por
Freud, que não ocorreram mudanças substanciais.
Segundo Freud, a menina descobre no curso da 1ª infância que não dispõe de um
órgão sexual igual ao do menino. Esta descoberta causa-lhe um trauma, um choque, e
ela passa a invejar o menino. É essa inveja que, fará a mulher ciumenta e vaidosa
(inconscientemente, procura compensar a inferioridade com a beleza).
Este é o motivo que leva a menina a agarrar-se ao pai na 2ª infância, esperando
uma igualdade masculina pelo amor paterno, gerando uma rivalidade inconsciente
com a mãe, até o estágio da identificação. Um dos motivos dos desentendimentos com
a mãe, nesta fase, é um conjunto de sentimentos contra ela, de, vergonha, ciúme e
raiva por ter permitido que nascesse sem pênis. O que a faz voltar-se para o pai como
principal objeto de seu amor, e, assim espera tomar o lugar da mãe. Ao ser frustrada
em seus desejos, é comum a menina voltar ao apego da mãe. Embora jamais a mulher
deixe de estar ligada afetivamente ao pai e muitas chegar até mesmo a escolher um
marido parecido com o pai que "habita" em seu inconsciente; a desejar crianças em
casa e, quando adulta, a ansiar por um filho. É neste particular que a mulher pode
chegar à plena realização de sua feminilidade, superando o complexo de castração.
Caso contrário, se instalará uma neurose, e, com a neurose, um complexo oposto, um
complexo viril, que pode levá-la à inversão sexual ou a ter desenvolvido interesses e
traços de personalidade masculina.
Uma outra forma de compensar a ausência do órgão sexual semelhante ao do
menino, é a excitação do clitóris, e a masturbação constituirá na estimulação dessa
parte do aparelho genital. Posteriormente, o prazer será encontrado nas relações
sexuais normais. Caso contrário, sintomas neuróticos histéricos aparecerão. As
sublimações surgirão com todo seu vigor, e a mulher gastará sua energia sexual,
sobretudo em atividades sociais e culturais, competindo com o homem.
Já o menino, sabendo existirem pessoas sem órgãos sexuais iguais aos seus, tem
medo que o pai o castre. Por isso recalca o complexo de Édipo. Porém, o desejo de ter
a mãe a acariciá-lo continuará no seu inconsciente. Alguns homens não se casam por
esse motivo e outros há que elegem uma esposa que é a cópia fiel da mulher protetora
que foi sua mãe em sua infância.
Não sendo a fase edipiana satisfatoriamente resolvida, podem ocorrer variações de
alterações afetivas.
 A excessiva identificação com o genitor do sexo oposto pode estar associada ao
desenvolvimento de características de inversão sexual.

 O medo do genitor do sexo oposto pode prejudicar a capacidade individual de


lidar com pessoas deste sexo, em fase ulterior da vida.

 A fase edipiana mal resolvida pode resultar em um superego mal formado ou


deficiente.

2. Fase de latência
Esta e a fase que vai dos 6-7 anos até à puberdade, onde os desejos e impulsos
sexuais são recalcados no inconsciente.
Aqui surgem as forças anímicas, que posteriormente surgirão como entraves à
pulsão sexual, estreitando seu curso semelhante a um dique (o asco, o sentimento de
vergonha, as exigências dos ideais estéticos e morais). Embora a educação tenha muito
a ver com a construção desses diques, tal desenvolvimento é organicamente
condicionado e fixado pela hereditariedade, podendo produzir-se, no momento
oportuno, independente da ajuda da educação. Esta fica inteiramente dentro do
âmbito que lhe compete, ao limitar-se a seguir o que foi organicamente prefixado e
imprimi-lo de maneira um pouco mais polida e profunda.
Na descrição clássica original de Freud, as manifestações sexuais são quiescentes
neste período; em particular, há uma profunda repressão da masturbação, que
permanece a grande tentação e problema da idade. Foi a preocupação com a
masturbação e outras manifestação libidinais diretas que levou os antigos analistas a
negligenciarem este período, embora um fator adicional fosse a virtual ausência de
crianças como pacientes.
O período de latência proporciona à criança o equipamento, em termos de
desenvolvimento do ego, que a prepare para o encontro com o incremento de
impulsos da puberdade. Consequentemente, ela é capaz de desviar a energia instintiva
para estruturas psíquicas diferenciadas e para atividades psicossociais, em vez de ter
de experimentá-la unicamente como um aumento da tensão sexual e agressiva, a que
podemos denominar sublimação.
Primeira parte da latência - Dos 6 aos 8 anos aproximadamente. É caracterizada,
segundo observações de Freud, pela passagem do complexo de Édipo e a formação do
superego. Aqui há um primeiro caso de amor com uma criança da mesma idade ou
próxima. É bastante intenso enquanto dura, depois é abandonado, após um intervalo
bastante curto. A consolidação do superego e o fortalecimento dos mecanismos do
ego continuam sendo interesses primordiais.
Segunda parte da latência - Dos 8 ao 1O ou 11 anos aproximadamente.
Caracteriza-se pela busca de colegas e a formação de grupos, tanto para meninos
quanto para meninas, e por consideráveis mudanças endocrinológicas (as idades
exatas mostram aqui considerável variabilidade).

 Maturação psicossexual
Do ponto de vista sexual, a época mais importante da vida humana, entre o
nascimento e a morte, é justamente a da maturação sexual, sendo seu momento
marcante pela primeira eliminação de células germinativas: primeira polução, entre
os garotos, e primeira ovulação ligada à menarca, entre as garotas. O que se dá,
justamente na puberdade.
A puberdade é uma revolução fisiológica, psíquica e sexual, que se processa de
dentro para fora do organismo. O que vemos aparecer, de repente, como sexualidade
psicológica, não é mais que a manifestação exterior duma atividade maior das
glândulas nos recessos mais íntimos do ser.
Os mesmos hormônios sexuais que formam o tipo sexual conduzem o corpo, a
alma e o sexo do estado infantil à maturidade e desta a velhice, efetuando, dessa
maneira, a lenta evolução e involução do organismo.
A puberdade é caracterizada por certos efeitos fisiológicos gerais: crescimento
rápido do corpo e fortificação, principalmente, do esqueleto; aparição de pelos,
sobretudo nas axilas e na região pubiana; e, de um modo geral, modificação da
fisiologia e dos hábitos. Durante a puberdade, o crescimento das garotas se dá mais
rápido, que o dos garotos, ao contrário do que se verifica nos períodos precedente e
subsequente. As jovens de 15 anos são, em geral, maiores e mais pesadas que os
rapazes da mesma idade. Em compensação, seu crescimento para aos 20 anos,
enquanto que, nos jovens, continua até os 23.
Paralelamente ao desenvolvimento das diferenças de caracteres sexuais,
provocadas sobre a constituição física e pelo instinto sexual e pela vida psíquica, a
personalidade psicofísica sofre, durante a puberdade, modificações muito
importantes. A consciência do Eu, aumentada ou exagerada, contrasta estranhamente
com a diminuição da resistência física.
As modificações gerais, devidas à puberdade, constam desse conjunto indefinível
que constitui a beleza, que é a estética feminina.
Ao nascer, tudo é desproporção e fealdade. A cabeça é enorme e
desproporcionada no que se refere às outras partes do corpo. Durante o
crescimento, as diferentes partes do corpo procuram harmonizar-se, estabelecendo as
proporções físicas humanas.
A pele da mulher, na puberdade, é fina e tersa. Pode ter, no momento das
regras, uma coloração ligeiramente azulada, sobretudo nas morenas, mais notável
em volta dos olhos, onde forma um círculo negro escuro .
Alguns meses antes das primeiras regras, o púbis se cobre de pelos, cuja coloração
pode ser diferente da do cabelo. Depois do púbis, as axilas se cobrem por sua vez de
pelos; na maioria das ocasiões, já apareceram as regras quando se manifesta o sistema
capilar nessas regiões.
Todas as glândulas da pele: glândulas sebáceas, glândulas sudoríparas, etc., se
desenvolvem no momento de chegar a puberdade, produzindo, as primeiras, uma
secreção sebácea, e, como dizem os italianos, um cheiro especial, odor di femina; em
suma, odor genital. Conhecemos o papel que este odor desempenha nos animais,
ocasionando a procura dos sexos, isto é, o prazer sexual.
A época da transformação da criança em adolescente, varia segundo as latitudes.
Pede-se admitir nesse caso, a influência do sol sobre o processo sexual.
Nas regiões polares, a puberdade não se manifesta antes dos 18 anos de idade.
Durante a noite polar, que dura seis meses, as mulheres da Lapônia e da Groenlândia
não menstruam. Já nas regiões quentes da África, a puberdade, muitas vezes, tem
início aos 8 e aos 10 anos de idade.
Não só as condições climáticas, mas as condições particulares de vida e a própria
alimentação, bem como o meio social (informações absorvidas), podem precipitar ou
retardar a puberdade.
As primeiras poluções e menstruações manifestam se, em geral, entre os 12 e 14
anos de idade. Todavia, o limite é muito largo para ambos os sexos e, dessa forma, não
se deve considerar um fenômeno patológico a primeira eliminação de células
germinativas, aos 17 anos. Pode-se denominar precoces os fenômenos de puberdade
antes dos 10 anos, e retardados os que iniciam depois dos 18.

1. Polução ( Emissão involuntária de esperma).


O esperma é um líquido opalino-grisáceo, semitransparente, que contém o
produto das glândulas seminais, isto é os espermatozóides. A composição deste
alcalóide consta de matéria albuminóide, que não conté as relações da albumina nem
da fibrina, mas as esperma-tinas. Esta é solúvel em água, sem que o calor a coagule.
O esperma dessecado, quando em contato com a água, incha novamente. Processo
utilizado para reconhecimento médico legal das manchas encontradas em lençóis ,
visto que, por esse processo, pode-se efetuar, no líquido obtido, o exame dos
espermatozóides, único meio, no momento, de esclarecer sua natureza.
Por esfriamento podem ser encontrados no esperma pequenos cristais em forma
de prismas, formados sucessivamente por cristais de fosfato de magnésio, fosfato de
cal e de albumina.
O esperma é composto de diferentes materiais, segregados cada um por diferentes
órgãos, conforme estudado em outra parte deste trabalho, com mais detalhes.

2. Menstruação ou regras
É o sangue que as mulheres perdem, a partir da puberdade, que se dá a cada mês
lunar, isto é, de vinte e oito em vinte e oito dias, com maior ou menor abundância,
podendo chegar a trinta dias.
Entre os antigos hebreus, as mulheres eram, por lei, consideradas impuras
durante o período menstrual, e tudo que por elas fosse tocado, também. Assim,
elas praticamente ficavam isoladas do grupo por um período de sete dias, retornando
a sua vida normal, após um cerimonial de purificação.
Dado estas práticas, ainda hoje temos pessoas que semelhantemente agem, onde
o contato sexual é proibido.
Porém as recomendações médicas é quanto ao parceiro, pois se este for
promíscuo, comprometerá a mulher, que nesse período está mais vulnerável a contrair
doenças sexualmente transmissíveis.
Por outro lado , muitas mulheres se excitam com o odor do sangue, achando o
coito nesse período muito prazeroso. Outras há que se sentem mais a vontade, no ato,
visto que o risco de uma gravidez indesejada é afastado nessa época.
Atualmente a maioria das mulheres atravessa seus ciclos menstruais de forma
quase imperceptível; realizam suas atividades normalmente. Apenas uma pequena
percentagem, devido à dismenorréia, mastodinia ou cólicas menstruais, não consegue
realizar seus afazeres cotidianos. Porém, por volta do décimo quarto dia do ciclo
menstrual, contado do início da menstruação, é impossível passar despercebido. É o
momento em que a mulher está com sua máxima carga hormonal, e o desejo sexual
está no ar, sentindo intenso desejo de fazer amor, e, na maioria das vezes, não sabe
como comunicar ao parceiro. Então sente-se irritada, mal-humorada, sem saber
precisar a causa. Na ausência de um parceiro fixo, é comum a jovem adolescente
relacionar-se sexualmente com um amigo ou conhecido. E nesse período que a jovem,
mesmo desejando conservar-se virgem, perde a virgindade. É também aí que ocorre a
gravidez indesejada.
As garotas não entendem o impulso violento que as leva às carícias mais ousadas,
sem poder pararem o namoradinho, muitas vezes quase desconhecido. E, quando
param, já ocorreu o coito fêmur (ejaculação nas coxinhas) , em alguns casos,
ocorrendo gravidez, mesmo quando virgem.
Portanto, é bom ser observado, pelas que não querem correr este risco, os dias:
décimo segundo ao décimo quinto, para não se exporem.
A menstruação dura em média de três a cinco dias. A quantidade de sangue que
cada mulher perde é variável.
Uma boa alimentação, reparadora, fortificante, excitante, aliada a exercícios
diversos, ajudará a manter um excelente e saudável fluxo menstrual.
Digno de nota é que, segundo o Dr. Gorm Wagner, as mulheres que optam
pelo uso de tampões devem realizar a troca no máximo de quatro em quatro horas,
pois, ao ultrapassarem este intervalo, correm o risco de contraírem infecções vaginais
por germes anaeróbios.

 Ciclo menstrual - O ciclo menstrual divide-se em duas fases marcadas pela


ovulação.
1ª Fase - Denominada folicular, ocorre antes da ovulação. Em seu início o endométrio
começa a proliferar sob a ação do estrogênio, rompe-se o folículo de Graaf, e o óvulo é
expulso. Tal expulsão é denominada ovulação. Aumenta então a produção de
estrogênio e baixa a produção de progesterona.
2ª Fase - Denominada luteínica, ocorre posterior à ovulação, após o décimo quarto
dia. Com níveis altos de progesterona, temos uma grande proliferação da mucosa
interna do útero (endométrio). Em caso de fecundação, a progesterona faz o ninho
para o ovo fecundado crescer e alimentar-se. Caso isso não ocorra, a mucosa uterina,
extremamente filamentosa, desprendese da cavidade do útero sob a forma de
menstruação.

 Menstruação precoce - Vejamos aqui apenas dois registros de maior


precocidade menstrual.
Caso 1 - Uma menina que, com apenas quatro meses de idade, tem sua primeira
menstruação. Aos dezoito meses suas axilas e órgãos genitais estavam cobertos de
pelos e seus quadris arredondados anunciavam claramente a natureza sexual.
Uma médica que a acompanhou até os dez anos e meio, declara que, apesar do
extraordinário desenvolvimento dos caracteres sexuais, ela não manifestava nenhum
desejo genital.
Caso 2 - Uma outra garota que, com três anos de idade menstruava normalmente,
cujos seios estavam perfeitamente desenvolvidos e, cujo púbis já se encontrava com
pelos como qualquer jovem na puberdade.
Como estes casos temos muitos outros registros. Embora nos causem espanto, trata-
se porém, de documentos publicados por homens de ciência, pertencentes ao
domínio da patologia e cuja existência não se pode, de forma alguma, pôr em dúvida.

 Menstruação tardia - Existem casos de jovens que aos dezoito anos ainda não
tinham menstruado, e outras de vinte, vinte e dois e até mesmo de vinte e três
anos.
Há no entanto casos de menstruações atrasadas devido unicamente a uma
anomalia dos órgãos genitais.
A menstruação pode tardar em consequência do cansaço intelectual, má higiene,
insuficiência alimentar, vida sedentária, falta de ar, enfermidades debilitantes, etc.
Segundo pesquisas, as mulheres com menstruação tardia são frequentemente
infecundas, atingindo muito cedo a idade crítica. Para elas a menopausa é tão precoce
quanto tardia foi a puberdade, possuindo curto período de maturação sexual.
Numerosas causas podem fazer variar a idade do aparecimento das primeiras
regras. Citaremos aqui apenas as mais evidentes.

Influência climática - Na Lapônia, a idade média em que as jovens menstruam pela


primeira vez, é, aos dezoito anos; na Rússia, se dá aos dezesseis anos e oito meses; na
Alemanha aos dezesseis anos; na Ásia, a idade média é de onze anos. Na Arábia e no
Egito se comprova uma precocidade: há meninas que, aos oito ano s, já manifestam os
primeiros sintomas de menstruação.
Influência do calor - O aparecimento das primeiras regras é tanto menor quanto mais
quente é o clima em que se nasce e vive. É o calor, portanto, um fator que intervém na
maior ou menor precocidade da menarca.
Tem-se notado, igualmente, que as primeiras regras surgem sobretudo nos
meses de grande calor.
Influência do meio social - Tem sido observado que o meio social exerce grande
influência no aparecimento das regras entre as garotas. As jovens da cidade têm
regras, de modo geral, antes que as camponesas.
A sexualidade do idoso

O processo do envelhecimento é irreversível e contínuo: seus sintomas são


desenvolvimento e declínio. Tais processos encontram-se ligados ao longo da vida,
tendo em vista que constantemente estão se formando novas células, enquanto outras
são destruídas; algumas são de curta duração, como as que formam as camadas mais
externas da epiderme. Portanto, o envelhecimento do corpo é uma realidade.
Sendo o envelhecimento uma realidade, o importante é se preparar para um
envelhecimento com qualidade, ou seja, com saúde mental, física e emocional; e
consequentemente uma vida sexual saudável.
Quanto a sexualidade, o que mais observamos, é um despreparo psicológico,
influenciado pela cultura, cheia de tabus. Se na adolescência temos muitos
preconceitos, imagine na chamada terceira idade. Não se admite ver uma pessoa
idosa namorando, e, na maioria dos casos, os próprios idosos não aceitam tal ideia;
quantos que mesmo aos quarenta se expressam: "eu já estou velho pra isso". Isto é um
absurdo. Está provado que o ser humano, tanto o homem quanto a mulher, pode ter
uma vida sexual ativa até o fim de suas vidas. Contudo, é importante conhecer as
alterações psicofísicas que ocorrem; é como se diz, aprender a dançar conforme a
música.
Vejamos, pois, estas alterações, utilizando o termo climatério para descrevê-
las.
 Climatério feminino
É um período de diminuição fisiológica da função ovariana, durante o qual ocorrem
alterações endócrinas, somáticas e psíquicas.
Os principais sintomas que apresentam são: instabilidade emocional, depressão,
irritabilidade fácil, choro, insônia, cefaleia, insatisfação, angústia; alteração do padrão
menstrual, fertilidade diminuída, diminuição do fluxo; instabilidade vasomotora
(calores, suores), ondas de calor seguido de suores frios extremamente desconfortáveis
(fogachos); ressecamento vaginal, prurido vulvar, dificuldades urinárias e cistite
As fases do climatério são:
Pré-menopausa - É o momento onde são observados os transtornos das regras e
hemorragias disfuncionais; pode durar meses e anos, dependendo do organismo;
Menopausa - É o cessar do ciclo menstrual, marcado pela última regra.
Assim como no surgimento das regras, é variável a idade de seu início, da
mesma forma é muito variável a idade de seu desaparecimento. Sem dúvida alguma, o
mesmo número de causas atribuídas para abreviar ou retardar o aparecimento desta,
pode ser atribuído para abreviar ou retardar o desaparecimento dos fluxos menstruais.
A cessação da hemorragia menstrual se manifesta ordinariamente entre os
quarenta e os cinquenta anos. Citam-se casos, porém, em que tem persistido até aos
setenta; é claro que estes não passam de casos isolados.
Entre as circunstâncias que podem abreviar a menopausa é preciso citar em
primeiro lugar as enfermidades dos órgãos genitais, a inflamação do ovário, atrofia ou
aderência desses órgãos.
A má higiene, a nutrição defeituosa, as enfermidades em gerais conjuntivas,
tudo isso provoca um mau funcionamento dos ovários e um final prematuro da
ovulação. Pelo contrário, a nutrição sadia e abundante (sem excesso), a vida higiênica,
a boa saúde em geral e a grande atividade genital, podem favorecer o bom
funcionamento dos ovários e com isso prolongar por muito tempo a ovulação.
As condições sociais podem, igualmente, desempenhar um papel importante
na cessação das regras. Desse modo, enquanto entre as mulheres remediadas suas
menopausas são mais ou menos precisas, entre as mulheres das classes pobres, ao
contrário, se encontram espaços consideráveis, indicando que, tanto para a
menopausa como para a puberdade, o bem-estar é muito favorável ao
estabelecimento da uniformidade no funcionamento das glândulas genitais.
O clima desempenha também um importante papel no caso, parecendo mesmo
preponderante no apareci mento da menopausa.
O alcoolismo, segundo pesquisadores, é uma das causas da atrofia do ovário,
ocasionando a aceleração da menopausa.
Contudo, o desaparecimento do fluxo sanguíneo menstrual nem sempre é
indício do desaparecimento das funções ovarianas. Têm havido casos de mulheres que
foram fecundadas quando já tinham cessado as regras e de outras que nunca as
tiveram. Bem como pode existir o fluxo sanguíneo muito depois de cessar a ovulação.
Pós-Menopausa - Nesta fase ocorrem os principais distúrbios neurovegetativos,
psíquicos e orgânicos.
Ocorre a diminuição do estrogênio e a produção de gonadotropina para
equilíbrio da gónada. Os fenômenos endócrinos ocorridos na menopausa decorrem
da diminuição da excreção do estrogênio, causando modificações, conforme veremos
a seguir. Todavia, é importante a mulher ter consciência de que: esta é uma fase
normal de sua vida; deve manter-se ativa; deve cuidar de sua aparência; é
indispensável para uma boa saúde, o exercício físico; pode e deve exercitar suas
atividades sexuais, que não cessam, como pensam alguns.
A não observação destas recomendações tem gerado graves transtornos,
impedindo as mulheres de desfrutarem da vida nessa fase. Vejamos pois, algumas das
modificações.

1. Modificações gerais

Todos os órgãos contidos na pélvis provocam no lugar uma verdadeira congestão,


que indispõe a mulher e a faz crer em corpos estranhos e até mesmo em gravidez. Os
órgãos sexuais sofrem modificações ainda maiores.
Fenômenos secundários, muito bizarros, inquietam a mulher; comichão nas partes
genitais externas, inflamações dos seios, derramamentos de leucócitos, etc. Algumas
vezes, a mulher se encontra em verdadeiro delírio: julga-se enferma ou interpreta os
sintomas do seu estado de maneira pessimista, como se a perseguissem.
As dores nervosas têm este caráter importante: são vagas, mal determinadas e
mudam a cada momento de lugar, de forma e de intensidade. A mulher busca as
comparações mais raras, as imagens mais variadas para descrever ao médico, sem que
ela própria perceba a complexidade do seu estado.
O ovário sofre um processo de regressão muito curioso, uma verdadeira atrofia;
essa atrofia é manifesta no sentido inverso, segundo havia crescido na puberdade;
enquanto a espessura foi o último retoque que se fez durante seu crescimento, é
pela diminuição da espessura justamente que começa a atrofia em que cai o ovário.
A atrofia do ovário chega a ser tal, que este órgão pode chegar a pesar menos de
um grama.
A matriz sofre também grandes modificações: atrofia-se consideravelmente. As
artérias se enchem de granulações calcárias, que obstruem sua luz, já diminuída pela
atrofia das túnicas arteriais.
Quanto aos órgãos genitais e as manifestações sexuais secundárias, seu
decréscimo é manifesto. A vulva toma uma coloração vinhosa; os grandes lábios
murcham, os pelos dos púbis embranquecem, caem e não demora muito o monte de
vênus encontra-se completamente desguarnecido.

2. Modificações Intelectuais
Para algumas mulheres, a menopausa marca o fim das manifestações do instinto
sexual, o que consideramos se tratar de um aspecto cultural, influenciando o
psicológico. Isto pode ser evitado com um bom tratamento psicanalítico, antes da
idade crítica.
Em certas mulheres, pelo contrário, os desejos sexuais aumentam no momento
da menopausa, ou renascem com uma excitação desconhecida, como se pode
observar através de certas mulheres que até então se tinham mostrado sérias,
costumam cair, presas de um desejo selvagem, que lhes faz cometer atos condenáveis
pela sociedade, o exibicionismo, incitação a menores, etc.
Outra desordem intelectual devido ao despertar mórbido de uma excitação sexual
externa: a mulher após a menopausa pode ser atacada de uma forma qualquer de
loucura.

3. Influência às enfermidades
Acreditou-se durante muito tampo que a menopausa influía sempre sobre o
desenvolvimento do câncer na matriz, que ela favorecia. A idade crítica aparecia
também dando o golpe de misericórdia nos enfermos extremamente graves, posto
que o prognóstico seria fatal, na maioria das vezes; mas não há nada que possa
justificá-lo.
Os médicos hoje tendem a admitir que essa influência é problemática. Segundo
Lisfrac, é sobretudo entre os vinte cinco anos e os trinta e cinco que se encontram
números de afecções da matriz: câncer, pólipos, fibromas, etc. De qualquer forma, é
preciso assinalar que é nos últimos anos do exercício menstrual que o câncer se
desenvolve mais facilmente.
Quanto à mortalidade das mulheres, é maior antes da menopausa.
Por outro lado, se a menopausa não tem a influência nefasta que se lhe atribui,
não é menos exato que o organismo nem sempre suporte a reação que comporta a
alteração hormonal nesse período.
Porém, tem-se observado que as mulheres mais afetadas têm sido as que cedo
param suas atividades sexuais, ou melhor, se entregam a velhice.
Portanto, como vimos que os ovários nesse período tem suas produções
hormonais reduzidas, é importante, para se manter a elasticidade da pele, a resistência
da mucosa vaginal e as características secundárias, que seja feita a reposição
hormonal, sob orientação médica e com um bom acompanhamento psicológico.

 Climatério masculino
Para os homens, o climatério não possui uma demarcação nítida, como a
menopausa. Contudo observa-se redução das funções genésicas, o que não altera a
potência sexual.
É gradual e variável o envelhecimento do sistema reprodutor. O peso e volume
dos testículos diminuem lentamente com a idade (oitava década) e acima dos
cinquenta anos ocorrem alterações dos túbulos seminíferos. Acima dos sessenta anos
há uma discreta diminuição da fertilidade, gerada por uma diminuição em sua
mobilidade e aumento da incidência de anomalias, embora o número de
espermatozóides seja normal. Além disso, entre os sessenta e oitenta anos, temos a
produção de esperma reduzida em trinta por cento.
Porém, temos registros de casos de paternidade, aos oitenta e até cem anos de
idade. Mende comprova uma aos oitenta anos. Ruttel cita o fato de um homem casado
aos noventa e dois anos de idade que teve filhos. Plater procriou aos cento e um anos.
Thomas Parr, com a idade de cento e quinze, foi publicamente vituperado por sua
incontinência.
O desaparecimento dos espermatozoides se efetua, no homem, sem repercussões.
Apesar do homem, comumente, adaptar-se ao declínio do vigor físico, pode
enfrentar uma crise grave ou passageira que se reflete no trabalho, casamento com
forte depressão, aumento do consumo do álcool ou drogas e mudança para um estilo
de vida inovador.
Em tudo isso, uma coisa é certa: o homem, apesar de suas limitações, pode e deve
manter uma vida sexual ativa. É claro que deve adaptar-se a essas limitações. O
homem deve ajustar-se à ereção, que não é mais tão intensa quanto antes. Portanto, é
indicado que ele aprenda a demorar mais no jogo do amor, ou seja, no prelúdio do
ato sexual. Como se diz, "sabendo usar não vai faltar". Porém, achar que reduzir a
quantidade das relações sexuais é que vai dar longevidade é completamente errôneo.
A maneira de encarar e vivenciar essas alterações é a base para ser desfrutado o
sexo de forma saudável e prazeroso em todas as fases da vida, até o fim.
2. SEXO E A SAUDE
Sexo é saúde

Há, como já vimos, pessoas que ainda brigam com sua natureza sexual. Acham
que os sentimentos que os atraem ao sexo oposto é algo errado. Ora, errado pode ser
não se sentir atraído, ter aversão ao sexo oposto.
Fazer sexo regularmente é sinônimo de saúde, embora essa frequência varie de
pessoa para pessoa, pois depende das condições, físicas, socioculturais e emocionais.
Muito se tem discutido quanto à atividade sexual. As pessoas querem agir
como receita de bolo, desejando estabelecer quantas vezes na semana se realiza o ato.
Ora, o importante é o amor, e que seja bom para os dois. Portanto, procurem se
entender e vivam a vida sexual sem se importar com os outros, sejam vocês mesmo.
Quem já não ouviu a expressão: "mas que saúde!", a uma mulher ou a um
homem aparentemente saudável para o sexo? Como se diz no popular: uma mulher
gostosa, ou um homem gostoso. Portanto, digo, quando um casal goza de boa saúde e
se ama, nada mais justo que pratiquem o sexo com a frequência que lhes convier.
É bem verdade que existem situações que podem ser vistas como exagero,
como a obsessão sexual. Se a pessoa se sente incomodada, então deve procurar um
profissional, para uma avaliação. E, no caso de conflitos entre o casal, recomendamos
a terapia de casal.
Segundo pesquisas, quem mantém uma vida sexual saudável goza de perfeita
saúde.
O orgasmo exerce uma importância extraordinária na revitalização do
indivíduo. Por ocasião do orgasmo, tanto o homem quanto a mulher estão sendo
oxigenados desde os cabelos e o cérebro até as unhas dos pés. E o hipotálamo
estimula a produção de hormônios vitais, indispensáveis a um bom funcionamento do
organismo.
Segundo o sexólogo francês Thierry Launay, o prazer sexual melhora tanto a
saúde física quanto o psiquismo. A quantidade do "remédio" depende de cada um,
mas o certo é que, praticando com prazer, o sexo só traz benefícios.
Vejamos a ação do sexo em favorecer a saúde, segundo alguns especialistas:

 Insônia - Com o ato sexual há liberação de endorfina, substância secretada pelo


cérebro e semelhante à morfina, cujo efeito é provocar um estado de
relaxamento favorável ao sono. No homem, o sono pode vir bruscamente, após
o orgasmo. Na mulher costuma vir mais lentamente. Porém para ambos este
sono é de boa qualidade e tem um papel reparador, garantem todos os
estudiosos.
 Estresse - Na atividade sexual, os sistemas endócrino e muscular estão aliados
para terem experiências prazerosas que aliviam tensões e agem como um
antídoto para a resposta de adrenalina do estresse.

 Humor - O ato sexual prazeroso é seguido de uma certa euforia. Esta vem da
ação de duas substâncias produzidas pelo cérebro, a serotonina e a dopamina,
que são verdadeiros hormônios do prazer. Elas dopam o organismo inteiro,
provocando um sentimento de leveza.

 Dor - O centro nervoso é estimulado através das carícias. E este estímulo, ao


chegar aos músculos, os descontrai. Segundo experiência, o prazer eleva o
nível de tolerância à dor. O cérebro durante uma atividade física vigorosa
ou na relação sexual, produz a endorfina, q u e é capaz de bloquear a dor.
Duas dessas endorfinas são conhecidas por serem estimuladas no ato sexual,
aumentando em até quinhentos por cento na corrente sanguínea, produzindo
euforia.

O sexo é associado ao alívio da dor de coluna e da artrite e é um analgésico mais


seguro que os vendidos em farmácia.
 Coração - Durante o período de excitação a pulsação se eleva de uma média de
setenta a oitenta por minuto para mais de cem pulsações por minuto, podendo
atingir até cento e oitenta pulsações por minuto, no momento do orgasmo. O
que, segundo especialistas, é um excelente exercício para o coração, porque os
músculos cardíacos necessitam de trabalhar para serem saudáveis. Aliás,
mesmo depois de um infarto, médicos têm recomendado o retorno às
atividades sexuais aos pacientes, tão logo tenham vontade, a exemplo do
cardiologista Carlos Scherr.
 Circulação - Sob o efeito do prazer, as artérias se dilatam, criando uma
sensação de bem estar geral. Além disso, o amor contribui para regenerar o
sangue. Pouco a pouco a respiração desacelera, tornando-se mais profunda.
Como resultado, o sangue fica bem oxigenado. Este efeito é comparável ao
obtido com a prática de um esporte .

 Ciclo menstrual - Uma vida sexual nula ou mal vivida traduz-se frequentemente
por ciclos irregulares, muito longos ou curtos demais. Ao contrário, o prazer
ajuda o equilíbrio hormonal. A liberação de endorfina torna a menstruação
menos dolorosa.

Sexo na Mesa

O vigor sexual depende de um organismo sadio, que depende da qualidade de


vida. Uma boa alimentação contribui em muito para tal obtenção.
Certos alimentos são responsáveis pela estimulação do sistema nervoso central
(SNC), contribuindo até pelo aumento do batimento cardíaco.
Vários ingredientes atuam diretamente na hora do sexo. Afetam os hormônios,
dando maior energia para a hora da copulação. Portanto veremos a seguir uma mostra
de alguns alimentos importantes para essa hora.

1. Banana
A banana já é por si só um objeto fálico. Por ser uma fruta rica em potássio, é
energizante e, dá vigor e força aos músculos inclusive ao pênis.

2. Nozes
Sua forma assemelha ao testículo. Seu óleo é uma das gorduras vegetais
responsável pela produção do bom colesterol, ótimo para os hormônios sexuais.
Ajuda na liberação de substâncias que, nos homens ajudam a manter a ereção peniana
e nas mulheres na estimulação do desejo.

3. Ovo
O ovo é rico em vitamina "A" e proteína. É energizante e nutritivo; ajuda o
organismo a combater o estresse e, dá ânimo, disposição, inclusive na hora de copular.

4. Algas
As algas são ricas em minerais e iodo. Essas substâncias otimizam o funcionamento
da tireoide, glândula reguladora do metabolismo e da produção de hormônios sexuais.
Com a tireoide funcionando devagar - que nem sempre é detectado em teste
laboratorial - reduz o vigor sexual na mulher.

5. Ostra
Tal molusco contribui para ativar o funcionamento do cérebro, por conter zinco.
Tal substância também é responsável por despertar o desejo sexual.

6. Mel
O mel é uma substância de sabor agradável que ajuda o corpo na metabolização do
estrógeno, hormônio sexual feminino que acende a libido. De igual modo estimula a
produção de serotonina, hormônio responsável pela sensação de prazer e bem-estar.

7. Chocolate
À semelhança do mel, o chocolate estimula a produção de serotonina. O cacau
também contém endorfina, substância liberada pelo cérebro quando nos
apaixonamos. A textura e o perfume dos chocolates são excitantes.

8. Aveia
A aveia é um cereal rico em fibras. Aumenta a quantidade de testosterona no sangue,
responsável pelo orgasmo, em ambos os sexos.
Disfunções sexuais

É importante saber que os sentimentos exagerados de culpa em relação ao que


se faz, ou mesmo se pensa sexualmente, podem acarretar disfunções sexuais. Esse
sentimento de culpa pode ser inteiramente inconsciente. Mesmo que a pessoa afirme
não se sentir culpada, seus sintomas poderão dizer o contrário.
As disfunções sexuais, na maioria das vezes, estão ligadas às fases do
desenvolvimento psicossexual.
Antes de estudarmos as disfunções sexuais, é importante relembrarmos os
fatores constituintes da sexualidade humana: Pulsão instintiva; Objeto sexual e a
Ética particular de cada um.
Para efeito de estudo, relacionaremos separadamente as disfunções sexuais
femininas das masculinas.

 Disfunções sexuais femininas


Ainda hoje é comum o emprego, errôneo, do termo frigidez, para o desinteresse
sexual feminino. E assim eram designadas tanto a falta de tesão, quanto a ausência
de orgasmo feminino, até 1967, quando, desde então, Masters & Johnson as dividem
em dois grupos:

1. Disfunção de desejo
Considera-se então, portadora de disfunção de desejo a mulher que não têm,
ou tem pouco tesão. Ou seja, a mulher que não tem interesse pelo coito.
Normalmente tais mulheres iniciam sua vida sexual tardia, ou nunca inciam.
A disfunção de desejo pode ser:
Total - Quando nunca, em momento algum, sentem prazer no coito. Não são
portadoras de libido.
Parcial - Quando apenas algumas poucas vezes apresentam desejo sexual.
Normalmente tais mulheres dificilmente atingem o orgasmo.
Circunstancial - Neste caso, a disfunção de desejo está ligada a determinadas
circunstâncias, a momentos, que podem ser ocasionado, pelo objeto sexual (um
parceiro inadequado sexualmente), pelo local (ninho de amor inadequado), trauma
ligado ao ato sexual (violência sexual, etc.), etc., permanecendo enquanto existir o
problema.
2. Disfunção orgástica
Denomina-se disfunção orgástica ou anorgasmia, a dificuldade ou a
impossibilidade que a mulher tem de atingir o orgasmo. Que, pode ser:
Primária - Quando a mulher nunca experimentou o orgasmo;
Secundária - Neste caso, a mulher tornou-se anorgástica, após ter experimentado o
orgasmo.
Podemos classificar as disfunções orgásticas em:
Anorgasmia total - Trata-se da popularmente conhecida frigidez, que é a incapacidade
de a mulher atingir o orgasmo em qualquer situação ou momento.
Anorgasmia parcial - Denomina-se anorgasmia parcial a dificuldade que a mulher tem
em atingir o orgasmo, ou seja, é lenta em sua resposta orgástica.
Anorgasmia circunstancial - É o caso em que a mulher tem dificuldade de atingir o
orgasmo em determinadas circunstâncias, à semelhança da disfunção de desejo
circunstancial, já citada. Podemos ainda, aqui acrescentar: o sentimento de culpa,
onde muitas mulheres, por nutrirem tal sentimento ligado ao sexo, têm seus
pensamentos desviados do ato; narcisismo, quando a mulher é bela vive se admirando,
tão concentrada em sua beleza que não consegue se concentrar no ato sexual, antes
está preocupada em não desarrumar o cabelo, quebrar a unha, etc.
A causa destas disfunções pode ser dividida em duas causas básicas, a saber:

a. Orgânica
As causas orgânicas não interessam muito ao nosso estudo, portanto não nos
estenderemos muito, apenas fazemos menção a nível de informação. Dentre as causas
mais comuns, temos: distúrbios hormonais; infecções pélvicas; doença renal crônica;
doença hepática crônica; doenças decorrentes do alcoolismo; etc.

b. Psicológica ou psíquica
Aqui sim, temos as causas que realmente interessam nosso estudo. São várias
e, na maioria dos casos de disfunção sexual, estão associadas ao psicológico. Portanto
cabe a nós psicanalistas, após o parecer médico, a investigação cautelosa, até
chegarmos a causa, que pode ser: traumas de infância (educação excessivamente
repressora, carência afetiva gerando insegurança, a visualização do coito entre os pais,
etc.); trauma da primeira relação sexual (a indelicadeza do parceiro, até mesmo as
circunstâncias e ambiente); conflitos religiosos (concepções errôneas sobre sexo);
diminuição da autoestima (alterações nos caracteres femininos , geradas pelo
envelhecimento , etc.); convivência conjugal frustrante (atitudes repressoras de
desprezo e mau trato por parte do marido). Em alguns casos temos a associação da
orgânica com a psicológica; sendo assim, o tratamento deve ser conjunto, psicanalítico
e médico.

 Disfunções sexuais masculinas

1. Ejaculação retardada
Considera-se ejaculação retardada, os casos em que o homem não consegue
ejacular dentro de um tempo considerado normal, como ocorre com a maioria. Em
alguns casos não consegue atingir a ejaculação, mesmo que se estenda no ato, embora
não apresente nenhum problema de ereção.
Esta impossibilidade só se observa no caso do coito, podendo ejacular
normalmente pelo processo masturbatório.
As causas aqui, como em toda disfunção sexual, são sem dúvida de ordem:

a. Orgânica
Embora a maioria das causas seja de ordem psicológica, há também as de
ordem orgânica, dentre as quais podemos citar: o diabetes; doença neurológica que
interfira na sensibilidade do pênis; doenças que causem baixa de androgênio; etc.
b. Psicológicas ou psíquicas
Em sua grande maioria, as causas de ejaculação retardada são de ordem
psicológica: a fixação à auto ereção, associada à masturbação na puberdade; fixação à
fase fálica, associada à micção, gerando um medo inconsciente de punição por
ejacular; um mau relacionamento conjugal; aversão inconsciente a ser pai; etc.

2. Ejaculação precoce
Assim denomina-se a ejaculação ultra-rápida, onde o indivíduo não tem controle.
Pode ocorrer de várias maneiras: logo após a penetração do pênis; num simples sarro;
ou mesmo só numa excitação, visual ou fantasiosa (o que é bastante desagradável,
pois pode ocorrer na rua ou em uma condução, etc.). Aliás, qualquer que seja a
maneira, é constrangedor.
A causa aqui, se segue como no caso anterior, contudo omitiremos comentários
quanto à causa orgânica, por ter uma ocorrência rara.

Psicológica

Abordaremos apenas a causa, que realmente interessa ao nosso estudo, a


psicológica. Como sempre, fatos ocorrem que se associam ao psicológico. Estaremos
portanto, aqui, mencionado alguns mais comuns:
Iniciação com prostituta - Embora tenhamos um grande número de homens que
se iniciaram com prostituta e que não sofrem de ejaculação precoce, é importante
mencionar que, em grande parte dos que sofrem, tem sido comprovado que essa
iniciação foi a causa direta ou indiretamente. E, por quê? É que depende do jeito
como acontece. O ambiente e o tratamento dispensado nessa iniciação, somado à
formação psicossexual são importantes. O garoto pode, inconscientemente, associar o
ato com a rapidez da ejaculação, perdendo, sem perceber, mui sutilmente, o controle
da ejaculação.

Coito proibido - É notório um jovem ter sua iniciação sexual através de um coito
proibido. Seja com a namorada, às escondidas dos pais, aproveitando o breve
momento que ficam a sós; seja com uma mulher comprometida, mas sedutora, que vai
a sua casa quando este está só, ou que o leva para sua casa quando se encontra só.
Seja como for, em quaisquer destas situações, o coito deve ser o mais breve possível,
para diminuir o risco de ser apanhado. Portanto há uma pressa em ejacular, o que,
como no caso anterior, desenvolve, inconscientemente, uma associação do ato sexual
com pressa da ejaculação.

3. Impotência sexual
Impotência é a incapacidade de ereção peniana no ato sexual, que é muito
complexa, tendo em vista a grande variação de graus de impotência.
A impotência se apresenta de duas maneiras, a saber:
Primária - Considera-se impotência primária quando o homem nunca consegue a
ereção.
Secundária - Denomina-se secundária a impotência surgida após uma vida sexual
saudável, sem problemas de ereção.
Mas, qual a causa da impotência? Bem, podemos dividir em duas causas
básicas:

a) Impotência orgânica
É rara a impotência sexual por motivo orgânico, e por conseguinte de menor
importância em nosso estudo; contudo, estaremos citando alguns casos.
Defeitos inatos dos órgãos sexuais - Perturbações congênitas na função do aparelho
genital. Tais pessoas dificilmente se casam.
Arteriosclerose prematura - Quando a idade vai chegando, pode ocorrer a queda da
potência sexual, ocasionada por um fenômeno de calcificação das túnicas arteriais que
perdem sua elasticidade, ocorrendo prematuramente em alguns homens.

b) Impotência psicológica ou psíquica


Como já temos visto, a maioria das disfunções sexuais é causada por problemas
psicológicos. Descreveremos portanto alguns casos.
Projeção materna - Quando o homem projeta a mãe na esposa, ele não consegue
copular com ela, por ser invadido por um sentimento inconsciente de incesto. Ocorre
portanto, um transtorno de objeto constituinte da sexualidade, com fixação na fase
edipiana.
Idealização exagerada da mulher - Indivíduos de caráter fraco e excessivamente
delicados, fazem da mulher uma ideia fantástica exagerada. Cantam versos ao "anjo"
que, no entanto, lhes parece sagrado para com ele manter relações sexuais.
Aventura decepcionante com mulheres - Se num primeiro contato, um jovem
inexperiente, cheio de sonhos e fantasias, se depara com uma mulher
completamente oposta a seus sonhos e ainda essa relação é um verdadeiro fracasso.
Pode levá-lo à impotência.
Complexo de pecado - Um jovem que absorva um ensinamento errôneo acerca de
sexo, que sexo é pecado, etc. , ao tentar o ato sexual pode ser afetado com forte
sentimento de culpa diante de Deus, gerando a incapacidade sexual.
A dor sexual na mulher

A dor sexual na mulher exprime particularmente agressiva de aceitar a


comunhão amorosa. Manifesta-se sob a forma de: vaginismo e dispaurenia.

1. Vaginismo
Vaginismo é a contração involuntária e incoercível dos músculos levantadores
(levantadores do ânus), impedindo totalmente a penetração na vagina. Tal contração,
geralmente, se faz acompanhar da contração dos adutores (músculos adutores das
coxas), dificultando o afastamento das coxas, bem como dos joelhos. Como se pode
ver, é completamente impossível o coito vaginal. Mas não é só o coito que é
impossível; impossível é, também, o exame ginecológico, ainda que com um espéculo
de virgem.
A vagina declara greve total, infligindo em seu marido uma espécie de castração
psicológica (ele não tenta mais a penetração vaginal).
São fatores que contribuem para gerar mulheres vagínicas (portadoras de
vaginismo): secura afetiva do meio familiar; educação rigorosa; tabu religioso ou
moral.

 Perfil psicológico das vagínicas


A maioria das vagínicas é constituída de pessoas medrosas (têm medo de tudo e
em particular da dor física; quando crianças tinham medo da escuridão e da água).
Se, por um lado, as vagínicas são muitas vezes, tímidas, inibidas, vítimas de uma
educação rigorosa , vez por outra, ao contrário, são singularmente agressivas: exercem
sobre seus maridos resignados uma dominação castradora.
Apesar da impossibilidade do coito, o vaginismo não provoca frigidez.
O vaginismo pode ser primário ou secundário.

a) Vaginismo primário
Denomina-se vaginismo primário o caso de mulheres que nunca conseguiram
praticar o coito vaginal, isto é , são virgens, não por uma opção, mas por
impossibilidade.

b) Vaginismo secundário
Trata-se aqui, dos casos em que as mulheres tiveram inicialmente vida sexual
normal, apresentando, a partir de um período, espasmo dos músculos elevadores,
dificultando a penetração vaginal.
Em alguns destes casos podem ser comprovadas causas orgânicas, tais como:
vaginite, sequela de parto doloroso; brida de e pisiotomia; e castração radioterápica.
Algumas mulheres desenvolvem vaginismo secundário: após a mudança de
parceiro; após abortamentos contra a vontade ou em circunstâncias particularmente
difíceis ou dramáticas; ou ainda no clímax de uma situação conflitiva com o marido ou
parceiro sexual.

2. Dispareunia
A dispareunia é caracterizada essencialmente pela dor no curso das relações
genitais, cujo desenrolar é, normais, perfeitamente normal.
Trata-se de uma dor superficial, algumas vezes na entrada da vagina. Muitas vezes
se associa à cistite, pela semelhança da dor.
A dor, nesse caso, pode persistir muitas horas após o ato sexual.
As causas orgânicas mais frequentes são: vaginites; micoses antigas; ulcerações
vulvares; atrofias pós-menopáusicas; lesões anexiais diversas.
A dispareunia tende a gerar frigidez e causar a dilaceração dos casais, provocada
pelos conflitos e a tormenta que reina entre eles.

Desordens sexuais

A doença da alma pode acarretar a doença do corpo. Muitos males


psicossomáticos são consequências das desordens sexuais.
As desordens sexuais são fruto de um fenômeno denominado fixação da libido,
que é a persistência da catexia libidinal, de um objeto de tenra infância, ou de uma
modalidade de gratificação oral ou anal, que é em geral inconsciente. Logo podemos
dizer que as desordens sexuais estão ligadas às fases do desenvolvimento psicossexual.
São tantas as desordens sexuais, mas estaremos relacionando as mais frequentes.

1. Intersexuais
O mesmo que hermafroditas (termo não mais considerado de bom gosto).
Os intersexuais são pessoas que nascem com anatomia feminina e masculina, ou
com anatomia que mistura atributos masculinos e femininos (antes referidos como
pseudo-hermafroditas).
Existem casos em que a pessoa apresenta anatomia completa masculina e
feminina (antes referido como hermafroditas verdadeiros).
Normalmente, em grandes centros, são realizados exames médicos, onde é
atribuído um ou outro sexo à pessoa, e é realizada cirurgia corretiva, tanto em crianças
quanto em adultos.
Sociedades de intersexuais, nos Estados Unidos, têm se organizado em protesto
contra a Sociedade Americana de Pediatria, acusando os pediatras de mutilarem
indevidamente as crianças intersexuais para criar, como do sexo feminino, crianças
que acabam não se adaptando a esse gênero. Eles pleiteiam que qualquer cirurgia
desse tipo seja feita em pessoas adultas.
Existem várias síndromes, das quais relacionamos algumas:

a) Síndrome de Turner - XO
Aqui, a pessoa apresenta em todas ou quase todas as células do corpo um único
cromossomo sexual, ao invés de dois.
Possui corpo de mulher, sem contudo possuir os órgãos internos, embora possa
existir, em alguns casos, um útero muito ou medianamente atrofiado.
Não possuem gônadas, portanto não produzem hormônios, sendo necessária a
administração de estrogênio (hormônio feminino) na puberdade, podendo menstruar,
caso o útero não se encontre tão atrofiado.

b) Síndrome de insensibilidade ao androgênio


Neste caso, o feto tem um genótipo masculino XY, órgãos internos masculinos,
inclusive testículos, mas as genitais externas são femininas. Vagina curta que não leva
a um útero (pois não o possui). Os testículos podem encontrar-se internos no
abdômen, ou serem palpáveis sob os grandes lábios. Tem uma aparência feminina
normal e em geral recebe a criação de menina.
Na adolescência, desenvolve as características secundárias feminina, sem contudo
menstruar, pois não possui útero. Uma certa quantidade de estrogênio (hormônio
feminino) é secretado dos testículos e da glândula adrenal. Os testículos também
secretam testosterona nos níveis normais de um homem adulto, contudo, a pessoa
não a absorve, é insensível a esse hormônio.

c) Síndrome de Klinefelter
Onde a pessoa apresenta, na maioria das células do corpo, dois ou mais
cromossomos X, um único Y (XXY, XXXY, XXXXY, etc.). O aumento do número de
cromossomos nas células está correlacionado com imparidade mental (deficiência).
São reconhecidos e criados como meninos, pois nascem com genital masculino
normal. Porém, não desenvolvem as características secundárias masculinas. Há o
atrofio dos testículos, poucos pelos pelo corpo e desenvolve seios. Contudo, apesar
do atrofio dos testículos e da presença de seios, são capazes da atividade sexual
masculina.

2. Inversão sexual
Por mais que se tente tratar como totalmente natural, é inconcebível a ideia de
normal, para homens cujo objeto sexual não é a mulher e sim outro homem, bem
como para mulheres em que o objeto sexual não seja um homem e sim outra mulher.
Pelo menos para as pessoas normais.
Tal fato é tratado como inversão sexual. E tais pessoas são denominadas de
invertidas. Não é pequeno o número destas pessoas, apesar da dificuldade em apura-
lo com precisão.
Normalmente os invertidos, aqui estudados, não questionam quanto o sexo
anatômico e raramente se travestem, a não ser no caso de prostituição.
A causa da inversão é muito discutida, e não se tem chegado a uma causa definida.
Porém existem várias teorias, das quais muitas aceitas pela maioria dos estudiosos no
assunto. Nosso estudo se detém dentro da psicanálise, à luz da qual são as teorias
aqui abordadas.
De acordo com a psicanálise, trata-se do desvio da libido e uma regressão das
pulsões a nível pré-genital, onde o fator é adquirido, provavelmente instalado na fase
edipiana, onde o complexo edipiano não foi resolvido, ou foi resolvido
inadequadamente.
Nesse caso há certa diferença na inversão masculina da feminina. Na masculina,
temos duas variáveis mais constantes: por um lado, temos uma mãe quase sempre
dominadora e castradora que não aceita a autoridade do pai, e por outro lado, a
impossibilidade de identificação com o pai, supervalorização da fálica, com sentimento
de minusvalia e procura da virilidade nos outros. A cisão do ego está igualmente
sempre presente nestes casos.
No caso da inversão feminina, parece ter origem numa atitude negativa em relação
ao próprio pai, relação que se estende aos outros homens. A mãe é vista
idealizada, embora crítica, em relação, principalmente, aos homens e aos próprios
atributos femininos. Contudo, a figura materna é vivida como rejeitadora; daí a
dificuldade de uma identificação sadia.
Classificam-se os invertidos de acordo com o comportamento, que é bastante
diversificado.
a) Invertidos absolutos (homossexuais)
Neste caso, o objeto sexual será sempre do mesmo sexo. São os homossexuais
propriamente ditos.
Após a perda de um objeto ou decepção com um objeto, o indivíduo tende a
regredir do nível de amor objetal ao nível da identificação; transforma-se no objeto
que não pode possuir; identifica-se com o objeto, depois que o genital deste o
decepcionou. O que determina a homossexualidade é o modo e a particularidade
desta identificação.
Uma razão para essa escolha objetal está Iigada ao trauma da castração que,
embora ocorra na história dos heterossexuais, o que é decisivo é a reação.

 Homossexual masculino - No caso do sexo masculino, graças à grande


importância dada à diferença dos genitais, eles sentem grande repulsa pelos
genitais femininos. Os evitam por amedrontar-se à vista de uma criatura sem
pênis.
A angústia ao deparar-se com uma genitália feminina pode ser de duas
maneiras: a possibilidade de se transformar numa criatura sem pênis e ao
fazer conexão entre as angústias de castração e as antigas angústias orais, vê
o genital feminino como instrumento castrador, capaz de morder ou arrancar
o pênis.
A maioria do homossexuais não se livra de seus desejos biológicos
normais por mulheres, mas o medo de se tornar uma criatura sem pênis, os
leva a "mulheres fálicas", rapazes com o máximo de feições femininas. A
psicanálise revela que os homossexuais se excitam com mulheres, porém
reprimem, desviam tal excitação para homens.
A maioria dos homossexuais não só apresenta amor edipiano pela mãe,
assim como os neuróticos, mas, em sua quase totalidade, a intensidade da
fixação materna é ainda mais acentuada.
Quanto mais narcísico que "feminino," tenta garantir um substituto dos
seus desejos edipianos. Com a identificação com a mãe, comporta-se como até
aí desejara que a mãe se comportasse para com ele. O objeto sexual aí
escolhido, para ele, se lhe assemelha, e ama-o com a ternura que desejara da
parte da mãe, ou sua correspondente (no complexo edipiano). Embora agindo
como se fosse sua mãe, está centrado no seu desejo amoroso, assim
desfrutando ser amado por si mesmo.
O quadro clínico é muito diverso quando, seguindo-se a identificação
com a mãe, uma fixação anal determina o desenvolvimento posterior. O desejo
de gratificação sexual com a mãe se transforma no desejo de gozá-lo do mesmo
modo que ela goza. O pai, então, se torna o objeto de amor passivo. A
regressão anal em homens resulta no aumento das reações femininas. A
feminilidade que foi rejeitada e que permaneceu latente manifesta-se no
homossexual deste tipo. Assim, o complexo de Édipo é resolvido pela aceitação
da atitude edipiana negativa, característica do sexo oposto.
Este tipo "feminino", por outro lado, se comporta de modo meigo e
suave, mas, por outro lado, pode ser inconscientemente tomado por
hostilidade maior ou menor em relação à figura paterna a que se está
submetendo.

 Homossexual feminino - Da mesma forma que os genitais femininos


transtornam o homossexual masculino, os genitais masculinos transtornam o
prazer sexual de algumas mulheres. A vista de um pênis pode criar o temor de
violação iminente; com mais frequência, mobiliza ideias e emoções relativas à
diferença da aparência física. Temores, ideias e emoções desta ordem são
capazes de transtornar a capacidade de gozo sexual a ponto de este só ser
possível quando não se tem de enfrentar um pênis. Até aí, a homossexualidade
feminina é análoga à masculina. Porém, existem outro fatores que complicam
o quadro. A mãe é o primeiro objeto de amor de todo ser humano; em
contraposição aos homens, as mulheres tiveram um amor homossexual
primário, que podem reviver, posteriormente, no caso da heterossexualidade
ser bloqueada. Se, de um lado, o homem, nesta situação, tem apenas a
possibilidade de regredir da "relação objetal com a mãe" para uma
"identificação com a mãe", a mulher, de outro lado, pode regredir da "relação
objetal com o pai" para uma "relação objetal com a mãe".
Desta forma, temos dois fatores etiológicos a serem considerados na
homossexualidade feminina: a repulsão da heterossexualidade por força do
complexo de castração; e a atração que resulta de fixações precoces na mãe.
Um fator suplementa o outro, visto que a fixação na mãe pode ter função
protetora e tranquilizadora, equilibrando as forças do complexo de castração,
de modo que a fórmula geral das perversões vem a ser, aqui também, válida.
Revivem-se aquelas fixações que tendem a dar, ao mesmo tempo, satisfação
sexual e segurança.
Nas mulheres que fogem à heterossexualidade, a regressão revive
traços mnêmicos (relativos à memória) de relacionamento com a mãe; daí a
possibilidade da homossexualidade feminina ter cunho mais arcaico do que a
homossexualidade masculina, reavivando os padrões comportamentais,
objetivos, prazeres, mas também os temores e conflitos dos primeiros anos de
vida. As atividades homossexuais consistem, sobretudo, no jogo mútuo de
"mãe e filha"; também o fato empírico de que avulta, em geral, o erotismo oral
na homossexualidade feminina (tal qual o erotismo anal no homossexualismo
masculino).
Existem casos de homossexualidade feminina que podem ser
classificados como de indecisão, a confirmar que não se trata, simplesmente,
de um problema de fixação na mãe como um objeto primário, e sim num muito
mais complicado processo de retorno. A decisão em favor da mãe como força
de atração reside, como não poderia deixar de ser, em seus antigos poderes de
atração, mas que recebem um significativo reforço da rejeição proveniente do
outro polo, a negação, a ansiedade e as reações de culpa.
Normalmente, as tendências da homossexualidade feminina são as
fálicas, que determinam o caráter masculino das relações entre as mulheres, ao
mesmo tempo cm que se nega a falta de pênis. Tais tendências podem dominar
o quadro geral da homossexualidade e dar lugar a uma sexualidade mais
definida, e por certo a mais notável, a do tipo que nega a falta do pênis,
esperando que seu objeto feminino garanta a sua masculinidade, aceitando a
masturbação fálica como confirmação. Assim não é muito importante que se
destaque, na parceria estabelecida, a feminilidade do objeto, ou se tanto o
indivíduo quanto o objeto passem o tempo todo a declarar possuir um pênis,
pois a ideia essencial é que tanto um quanto outro, pode assumir num
determinado momento, o papel masculino.
Na maioria dos casos de homossexualidade feminina analisados por
psicanalistas no Brasil, as pacientes se viram obrigadas a renunciar total e
completamente à conduta masculina por força das suas tendências pré-
genitais, com uma fixação profundamente arraigada nas fases pré-fálicas, tanto
conscientemente, quanto inconscientemente, com o desejo de atuação, da
etapa fálica, se satisfazendo na regressão, alcançando sua completa realização
na relação homossexual.
Desta forma a preponderância das tendências agressivas ou de reações
de culpa (comportamento mais comum na homossexualidade feminina), ou a
escolha mais ou menos passiva do papel a desempenhar são detalhes
importantes na problemática global para a reflexão do psicanalista.

b) Invertidos anfígenos (bissexual)


Neste caso, observa-se a ausência do caráter de exclusividade. O indivíduo tem
como objeto sexual tanto pessoas do mesmo sexo, quanto do sexo oposto.
A bissexualidade é um fato interessante, onde o objeto sexual não exerce o mesmo
papel que no caso anterior, e muito menos em uma relação normal. Não há, aqui, um
referencial de gênero.
Entendemos que se trata de um homossexualismo em que o indivíduo consegue
manter ativa sua heterossexualidade, conforme já temos estudado que o
homossexual não perde sua capacidade de se excitar com o sexo oposto, desviando
apenas para pessoas do mesmo sexo. E, nesse caso, só o faz em algumas situações em
que lhe for conveniente; em outras situações libera-se completamente e assim
relaciona-se tanto com um sexo quanto com outro.

c) Invertidos ocasionais
Diríamos que o indivíduo aqui, levado pela situação cm que não dispõe de objetos
do sexo oposto, casos de presídios, internatos etc., tem sua pulsão homossexual
despertada. Pulsão que pode ser reprimida quando não se deparar mais em tais
situações, ou liberada. É o caso de muitos que após um longo período como
heterossexual se tornam um bissexual ou mesmo um homossexual, após a primeira
prática, independente da situação.

3. Transexualismo
Tratamos deste assunto separado da inversão sexual, embora se trate de uma
aparente inversão, por termos aqui uma verdadeira "perturbação de identidade
sexual". O indivíduo ao nascer possui um sexo anatômico, com o qual não se identifica.
É óbvio que para se detectar isso logo na infância se faz necessário observações
minuciosas. Contudo, logo no início da puberdade é detectado.
Essa perturbação é tão séria que interfere inclusive nas características secundárias,
onde em alguns casos a anatomia, na puberdade, chega a coincidir com a
identificação, sendo confundida com o sexo oposto ao biológico.
Neste caso, a teoria psicanalítica mais aceita é a de que todo indivíduo vem
assumir, ao nascer, um lugar que antes de seu nascimento já lhe foi designado pelo
desejo dos pais, que o situam no mundo como menino ou menina. Não é raro o caso
em que os pais empreendem suas expectativas de desejo, quer seja explícito ou
inconsciente, onde o sexo anatômico e civil não coincidem. A história
psicossexual do sujeito carregará sua marca mais ou menos importante, mas a maioria
dos humanos nem por isso recolocam em questão, pelo menos conscientemente, a
correspondência entre seu sexo e sua identidade sexual. Isso depende é claro de como
esse desejo dos pais é conduzido, antes e após o nascimento, pois existem alguns
indivíduos, como já temos citado, que recusam explicitamente o sexo e a identidade
civil que lhes coube, tendo em vista a inadequação destes à convicção de serem
homens ou mulheres. E neste caso em hipótese alguma ocorre essa identificação, a
ponto de conseguir ter relações heterossexuais, e na maioria dos casos, de modo
algum até uma intervenção cirúrgica.
Nos anos 50, principalmente com o "caso Coccinella"), o transexualismo começa
a ser conhecido, principalmente em virtude de o pedido jurídico de pesquisa do sexo
genérico adquirir valor de critério. As técnicas cirúrgicas e as medicações hormonais,
a flexibilização legislativa de muitos países (tanto no plano da legitimação da
intervenção cirúrgica, quanto na aceitação da mudança de estado civil), amplificaram
nessas últimas décadas um fenômeno que permanece de fato, quanto ao número de
pessoas envolvidas, muito limitado.
Cabe a R. Stoller (Sex and Gender, 1968) os primeiros trabalhos clínicos e
teóricos marcantes, que baseiam-se no estudo do comportamento de crianças muito
pequenas (de 4 e 5 anos de idade) que reivindicam uma identidade sexuada diferente
de seu sexo anatômico e de seu estado civil. Portanto, crianças que já seriam
transexuais.
R. Stoller adianta que se trata aqui de um processo de identificação em que as
questões edipianas e fálicas não estariam em jogo, em que ocorre uma identificação
precoce induzida pela mãe que o pai não viria a contestar, reordenar. Porém, observa
M. Safouan (1974), raciocinando em termos de comportamento, R. Stoller esclarece
suas observações exclusivamente pelos processos imaginários. Ele permanece na
alegação da identificação com a mãe, e não leva em conta a ordem simbólica (ele não
resolve portanto a confusão entre pai "natural" e a função simbólica do pai, esta
fazendo-se a princípio ouvir na palavra da mãe). Retomando as propostas de J. Lacan,
M. Sfouan vê na falha do simbólico o rateio da convicção delirante do transexualismo,
que situa do lado da psicose. A carência ou fuga da castração simbólica explica o fato
de o transexual aparentemente não ter outra escolha além de "realizar o imaginário",
diz, à custa de uma retificação da imagem no real do corpo.
Em virtude de suas posições subjetivas particulares, o transexualismo é
distinguido da prática e do comportamento do travestismo ou do homossexualismo, e
também da posição neurótica e da questão da identidade sexual que neles se
exprimem.

4. Fetichismo
O fetichismo é originalmente uma desordem sexual caracterizada pela substituição
do objeto sexual normal por outro que guarda certa relação com ele, todavia,
completamente imprópria a servir de alvo sexual normal, podendo ser um sapato
feminino, um pé, roupas íntimas, cabelos longos, brincos, etc., podendo provocar
excitação e mesmo o orgasmo, pela contemplação do objeto predileto, ou pela
lembrança do mesmo.
O fetiche pode estar ligado ao fato de vislumbrar a cópula dos animais, ou mesmo
à contemplação de uma pessoa do sexo oposto no ato de urinar ou defecar, neste
caso, ligam-se a atividades pré-genitais.
De acordo com a literatura psicanalítica, o fetichismo não é apenas caracterizado
pela hipertrofia de um instinto parcial infantil, antes porém, a negação do medo de
castração como função particular. É possível que para certos homens, toda mulher
provoque um temor de castração, onde o objeto que representa o pênis da mulher
desperta excitação sexual somente quando estiver longe ou separado do corpo
feminino, onde a castração, na mente do fetichista, já teria sido realizada. O objeto
original continua reprimido e somente o fetiche dele permanece consciente com
intensidade exagerada. Então o desejo pelo objeto eleito só se efetiva quando isolado
da mulher que o possui. Freud falou em "repressão parcial", que permite a retenção na
consciência de uma pars pro toto, enquanto o totum continua reprimido.
Existem tipos de fetichistas que são caracteristicamente sádicos, tendo satisfação
em executar "castrações simbólicas" ligadas aos seus fetiches, onde o medo de
castração os leva para a ideia de castração quando ficam sexualmente excitados.
Deste grupo surgem os cortadores de tranças, que procuram os objetos eleitos, no
caso os cabelos femininos, e realizam a castração, quando de súbito atacam suas
vítimas e cortam-lhe os cabelos. Creio haver o prazer em transferir para alguém o
medo de sua própria castração.
Estas considerações basicamente aplicam-se aos homens, sendo extremamente
raras as mulheres acometidas pelo fetichismo.

5. Exibicionismo
É caracterizado pela grande necessidade que o indivíduo tem de mostrar os seus
órgãos genitais, resultado de uma agitação e grande angústia quando não pratica a
exibição e, após o ato exibitório, cessam as exacerbações emocionais. Nas crianças o
exibicionismo tem caráter de instinto parcial. Os pervertidos regridem a este objetivo
infantil, no intuito de negar o perigo temido da castração. A teatralidade deste ato
possui algumas mensagens inconscientes:

 Afirmação peniana - "Confirmem que eu tenho pênis reagindo a vista dele." O


conflito inconsciente é tão grande que o indivíduo tem uma dúvida íntima que
leva a pedir que os outros sejam testemunhas.

 Inferioridade peniana - "Mostrem-me que têm medo do meu pênis, quer dizer,
que me temem, assim eu não preciso ter medo de mim mesmo." (Mecanismo
de defesa: Identificação com o agressor temido). Em alguns casos, o
exibicionista sente ser seu pênis inferior aos cios outros homens, fato este que
o leva a temer exibir se a mulheres adultas, pois acredita que elas não se
impressionariam, e zombariam dele. Fugindo então desta situação, procura
realizar sua perversão diante de meninas pequenas.

 Reciprocidade exibicionista - "Mostro a vocês o que quero que vocês me


mostrem." Neste caso, o inconsciente espera que haja uma mutualidade de
reações, onde as mulheres abordadas possam fazer o mesmo, mostrando o
"seu suposto pênis", numa atitude de vingança tipo: "Ah. É? Eu também mostro
o meu pênis para você!!" O exibicionista espera ver um pênis na mulher e não
uma vagina. A tentativa do exibicionista de superar a castração não pode se
aplicar ao caso das mulheres, pois nestas o exibicionismo genital com o aspecto
de perversão não existe, mas pode existir a exposição não genital de todas as
outras artes do corpo, na tentativa de um pré-prazer. O fato de a mulher não
ter pênis e de sentir-se por isso ferida em seu narcisismo, faz que desloque os
seus impulsos exibicionistas em substituição ao desejo infantil de expor os
genitais, expondo o corpo inteiro, menos os genitais, numa atitude
inconsciente do tipo: "Eu não tenho pênis, mas tenho seio e outros atrativos."

6. Sadismo
É uma perversão assim denominada devido a um tal de Marquês de Sade ser um
caso típico deste transtorno, onde sentia satisfação e excitação ligados ao sofrimento
de uma pessoa do mesmo sexo ou do sexo oposto. O prazer só se torna possível
mediante maus tratos como espancamento, arrastamento, ou ferimento do parceiro
sexual.
Sendo o prazer sexual transtornado pela angústia, torna-se clara uma
"identificação com o agressor" como forma de obter alívio. Quando se pode fazer aos
outros o que se teme que lhe seja feito, já não mais precisa ter medo, onde tudo que
possa aumentar o poder ou o prestígio do indivíduo, pode servir para abrandar a
angústia. Aquilo que pode acontecer à pessoa sádica, passivamente, é feito ativamente
por ele, prevendo um ataque a outros. Torna clara a ideia: "Antes de poder desfrutar a
sexualidade, tenho de me convencer que sou forte, poderoso."
Os sádicos estão combatendo tanto uma angústia inconsciente de castração, como
a sua própria excitação perigosa, quando certas tendências autodestrutivas dentro
deles existem. O superego, em muitos casos, sofre de uma anomalia desempenhando
papel complicado do tipo: "Mato para evitar ser morto"; "Puno par evitar ser
punido", ou mesmo: "Consigo perdão pela violência", ou seja, "Torturo-te até
obrigar-te, pela intensidade do teu sofrimento, a perdoar-me, a libertar-me do
sentimento de culpa que bloqueia o meu prazer e, deste modo, pelo teu perdão e
nele, a dar me satisfação sexual".
No seu estudo "Uma criança está sendo espancada", Freud investigou a história
desenvolvimental das fantasias sádicas (ou antes, sadomasoquísticas) típicas da
infância, e conseguiu demonstrar que os conflitos ligados ao complexo de Édipo
associam a ideia da excitação sexual a hostilidades, angústias e sentimentos de culpa.
As fantasias espancatórias resultam destas conexões complicadas.
Num nível mais profundo, a ideia fantasística vem caracterizada pela recordação
do período auto-erótico, onde a criança espancada significa o pênis ou o clitóris. O
espancamento significa a estimulação masturbatória.

7. Masoquismo
É uma perversão caracterizada pela excitação e gozo sexual obtidos desde que se
sofra o domínio moral e/ ou as violências físicas de outra pessoa. O prazer sexual está
desviado para o sofrimento cutâneo infantil, relacionado com "apanhar dos pais." É
uma forma de medo de ser torturado que o leva a buscar a tortura física como pré-
prazer, punindo-se de forma pré-elaborada, excluindo a possibilidade de ser torturado
de forma e grau inesperado. Um dos fatos determinantes é o de que a sensação de dor
também pode provocar a excitação sexual. O ato de levar pancada excita
sexualmente as crianças pois provoca uma excitação intensa nas zonas erógenas da
pele das nádegas e dos músculos subcutâneos, onde pode haver o deslocamento da
libido anal para a pele. Se a dor for muito intensa, o desprazer contrabalança a
estimulação erógena e cessa o prazer. Tais pessoas costumam se satisfazer com a
exibição de suas misérias. Tal comportamento tem raiz acusatória e chantagista, no
intuito de forçar os seus objetos a lhes dar amor ou afeição. Tem relação com o
"orgulho de sofrer", num desejo de que se lhe supram pelo fato de se aproximarem
punindo-o com agressões. É um conflito anal, caracterizado pela retenção e pela
capacidade de tensão.
Já no masoquismo moral, não é a dor que se procura como pré-prazer, e sim a
humilhação e o malogro, onde o prazer pelo sofrimento expressa a ideia de ser objeto
sexual do pai, inicialmente relacionado a apanhar dele, indicando uma regressão ao
complexo de Édipo não resolvido. O sofrimento entra por um caminho inconsciente,
onde o padecimento tenta levá-lo ao perdão paterno.

8. Necrofilia
É uma desordem sexual caracterizada pela necessidade de ato sexual com
cadáveres. Está ligada a um distúrbio mental normalmente hereditário. Tem uma
relação bem clara com o complexo de castração, onde a equação pode ser definida
da seguinte maneira: "Transar com quem já morreu, não me traz o risco de ser
castrado." Os desajustes desta ordem têm um componente neurótico mas também
profundamente psicótico, onde em momentos de angústia há dissociação da realidade
e o instinto impele profundamente para a necessidade de satisfação sexual com um
corpo morto, que não lhe possa reagir. O grau de intensidade pode ser tal, ao ponto
de levar a procurar a vítima e matá-la para poder desfrutar seu corpo. Corteja suas
vítimas, leva-as a um lugar de difícil acesso, abate-a, e mantém relações com o
cadáver.

9. Zoofilia
Zoofilia, também conhecida como bestialidade, consiste na relação sexual com
animais. É um distúrbio sexual encontrado principalmente em pessoas pervertidas com
características de rudez, insensibilidade e grosseria, normalmente mais presente no
campo, entre lavradores. Devido a transtornos neuróticos, tal pessoa vive um bloqueio
afetivo para com o amor a um parceiro humano, onde a ideia presente em nível
consciente expressa a crença errada de que o animal é mais adequado que o
semelhante em termos sexuais.
A impossibilidade de relações afetivas positivas, leva o pervertido zoofílico a
explorar a insensatez animal para experimentar alguma satisfação. Devido ao alto grau
de inadequação sexual, acaba por temer contato sexual normal à sua espécie,
deslocando o desejo para um animal qualquer.
Esta prática está frequentemente associada a pessoas mais acostumadas a lidarem
com animais. O pervertido zoofílico despudorado expressa a ideia de que, "Já que
ninguém consegue me amar como eu quero, eu elejo este animal para dizer que ele
me satisfaz melhor que um ser humano."
Tal prática ocorre em ambos os sexos, sendo contudo mais frequente no sexo
masculino.

10. Incesto
Esta perversão se caracteriza pela prática sexual entre pessoas unidas por vínculo
familiar. É normalmente resultante da mudança de objeto no período de
desenvolvimento edipiano, onde ocorre um deslocamento parental, fazendo com que
a libido seja direcionada somente a certo membro da família, tendo mais frequência os
casos entre irmãos, entre pais e filhos, e parentes próximos. O incestuoso é possuidor
de uma personalidade doentia e profundamente neurótica, que o exclui do prazer
sexual normal e o impele para o contato com parentes. Ele vive um conflito não
resolvido que é catexizado e somente liberado quando o parceiro for de certo grau de
parentesco.
Este distúrbio adquire conotações profundamente sociológicas, devido ao fato de
ser excluído do interesse sexual, pessoa de outra família que não seja a sua. O objeto
eleito pelo incestuoso vindo a ceder-lhe sexualmente, não irá nunca fazê-lo
experimentar o prazer ideal, pois, inconscientemente, lhe é impedido o impulso
afetivo. O que ele está buscando é provisões narcísicas para melhorar sua auto-estima,
e não um par sexo afetivo, com o qual possa relacionar-se maritalmente.

11. Pedofilia
Pedofilia é uma desordem sexual, caracterizada pela preferência sexual por
crianças de pouca idade. Também denominada de infantilismo.
Freud classificou a pedofilia como sendo a perversão dos indivíduos ''fracos e
impotentes". Estes sentem-se atraídos por crianças por serem mais fracas e mais
fáceis de conquistar quando outros objetos lhe são excluídos pela angústia. De uma
maneira geral o amor pelas crianças baseia-se em escolha objetal narcísica.
Inconscientemente estão enamorados de si mesmos como crianças, tratando seus
objetos infantis da mesma maneira pela qual gostariam que fossem tratados ou de
modo completamente contrário. A sublimação da pedofilia, produz o interesse
pedagógico. Este amor pedofílico significa basicamente: "Elas devem ser mais felizes
do que eu." Sendo que em alguns casos é exatamente o inverso: "Elas não devem ser
mais felizes do que eu fui." Em outro extremo, a repressão de uma atitude pedofílica
resulta, às vezes, numa espécie de medo das crianças, ou falta de compreensão em
relação às mesmas. Existem aqueles que ficam embaraçados quando precisam lidar
com crianças e adolescentes, sendo forçados a reprimir o que eles mesmos sentiam
quando crianças ou adolescentes.

12. Gerontofilia
A gerontofilia caracteriza-se pela preferência sexual por pessoas de idade
avançada. É bem visível a questão da regressão em tais pervertidos, onde boa parte
dos casos, foram criados por pessoas ou mesmo pais idosos desde o nascimento,
passando pelas fases do desenvolvimento psicossexual na companhia destes, e pelo
fato de sofrerem alguma interferência, desenvolvendo a regressão a um ponto onde
houve a fixação da sua sexualidade. O inconsciente ativamente move mais instintos,
fazendo com que o fator determinante seja a preferência por parceiro de idade
avançada. Em outras palavras, o gerontofílico está inconscientemente procurando um
dos idosos que o criou, devido ao complexo de Édipo não resolvido, projeta esta
pessoa num parceiro idoso que possua certos traços parecidos com o objeto eleito, e
tenta colocá-lo no lugar do antecessor.

13. Voyeurismo
Encontra-se no inconsciente do voyeur, as mesmas tendências do exibicionista.
Fixação em uma cena que a tranquilizaram, na infância, é que contribuem para o
voyeurismo. Cenas primárias ou vista de genitais de adultos. Trata-se da tentativa de
negar a justificação do seu temor pela repetição das cenas apavoradas com certas
alterações.
O voyeur desenvolve atitudes de insaciabilidade, ou seja, precisa estar sempre
olhando, com uma intensidade crescente. Tal atitude pode conduzi-lo a adquirir
significado sádico cada vez mais intenso.
Com a finalidade de evitar o sentimento de responsabilidade e culpa, o voyeur
desloca o interesse da destruição (castração) para a contemplação.
As pessoas hesitam conflitivamente quanto seguir ou não seu impulso. Contudo, o
risco de ser apanhado na prática, gera uma excitação incontrolável.
Doenças sexualmente transmissíveis

Trataremos, aqui, das doenças transmissíveis através do ato sexual,


relacionando as mais frequentes.
É recomendável que a pessoa evite ter relações sexuais e procure um médico,
ao observar qualquer alteração estranha nos genitais, como bolinhas, coceiras,
substâncias mal-cheirosas, ardência ao urinar, etc.
Nem todas as DST apresentam sintomas, pelo que pode facilmente haver
contaminações involuntárias. Portanto todo cuidado é pouco. E este risco diminui
quase a zero, quando se mantém relações com um único parceiro.

1. Gonorreia ou blenorragia
A gonorreia, conhecida vulgarmente pelo nome de purgação, é das mais
frequentes doenças originadas pelo contato sexual. É produzida por um micróbio,
descoberto por Neisser, chamado gonococo
Os primeiros sintomas da afecção costumam aparecer entre o segundo e o sexto
dia após o coito infectante, provocando a inflamação da mucosa uretral, no homem,
ou da mucosa vulvar e vaginal na mulher.
Clinicamente, se manifesta a blenorragia por uma viva coceira ou um ardor ao
urinar e pela existência de um fluxo mucopurulento.
A princípio o fluxo progride, e somente depois de decorrido algum tempo começa a
diminuir, não chegando, porém, a desaparecer, pois é de notar que a blenorragia,
abandonada à sua própria sorte, tende a se propagar a outros órgãos, tais como a
próstata, a bexiga, o epidídimo e os testículos, no homem; o útero, as trompas e os
ovários, na mulher.
Como sequelas dessa infecção, dentre outras, podemos citar os estreitamentos da
uretra, a esterilidade por orquiepidimite ou pela inflamação das trompas e dos ovários;
e a neurastenia sexual.
Como complicações gerais, a blenorragia pode ocasionar lesões oculares graves;
inflamações articulares; lesões do coração; etc.

2. Sífilis
É uma enfermidade geral, essencialmente de infecção do organismo humano
por meio de uma bactéria denominada Treponema Pallidum, podendo ser congênita -
passando para o feto durante a gravidez - ou adquirida - obtida após o nascimento,
através da atividade sexual.
Ela apresenta três fases distintas. Os principais sintomas, que aparecem em média
três semanas após a relação sexual, por fase, são:
1ª Fase (primária) - No homem ou na mulher, uma pequena ferida indolor e
avermelhada nos genitais.
Na mulher, pequena ferida no interior da vagina ou no colo do útero. Trata-se aqui do
caso mais delicado, por ser interno, e muitas vezes passa despercebido,
desaparecendo em cinco semanas, independente de tratamento, levando muitas
pessoas a acreditarem-se curadas, o que não é verdade; a doença continua em
evolução, passando para a 2ª fase.
2ª Fase (secundária) - No homem ou na mulher, manchas avermelhadas pelo corpo,
dor de cabeça, dor de garganta, perda de apetite, rachadura na planta dos pés e das
mãos, cansaço, entre outros.
Da mesma maneira que na 1ª fase, os sintomas podem desaparecer entre
quatro e doze semanas, mesmo que não tenha havido nenhum tratamento.
3ª Fase (terciária) - Com um processo mais lento, os sintomas voltam mais tarde (num
período de dois anos ou mais), e a situação é bem mais grave. Mas esses sintomas,
nessa fase, podem ocorrer ou não.
Se a sífilis não for tratada desde o início, ocorrerão os seguintes problemas:
- Alterações neurológicas ou mentais;
- Pode ocorrer danificação na estrutura óssea;
- Problemas no coração ou em vasos sanguíneos.

3. Cancro mole
Doença causada por um bacilo, o Haemphilus Ducrey. É mais comum no homem
que na mulher e tem período de incubação que varia de 12 horas a 2 semanas. Em
geral, a lesão aparece de 1 a 4 dias pós o contato sexual; pode ser única - uma mácula,
vesícula ou pústula que se rompe e se ulcera - ou, o que é mais frequente, mais de
uma forma - microabscessos.

4. Condiloma acuminata
Essa enfermidade tem por agente causador um vírus que ocasiona o crescimento
de uma ou várias formações verrugosas, esbranquiçadas que, depois de crescerem, se
multiplicam e conjugam-se uma às outras, tomando a forma de uma couve-flor. No
homem elas se localizam mais comumente no pênis, podendo envolver a uretra se
houver lesões próximas ao meato urinário; na mulher, surgem nos grandes e pequenos
lábios e no vestíbulo, inclusive no intróito vaginal. Do local de origem podem se e
palhar, mas ficam sempre confinadas às regiões.
O Condiloma acuminata é, muitas vezes, confundido com uma manifestação da
sífilis secundária, o Condiloma lata.
Estudos recentes têm demonstrado uma associação do Condiloma acuminata com
câncer de cérvix uterina.

5. Granuloma inguinal ou donovanose


As lesões causadas pela bactéria Donovania granulomatis, em 90% dos casos se
situam na pele e no tecido celular subcutâneo da genitália e do ânus; na mulher,
principalmente na vulva, grandes e pequenos lábios, vagina, colo uterino; no homem,
na glande, prepúcio, sulco bálano-prepucial e escrotos. As regiões perianais inguinais
também são atingidas (em 5 a 10% dos casos) e pode chegar a ocorrer quadro de
elefantíase genital e de estenose retal. Não é incomum se encontrar lesões à distância
(em lábios, bochechas, axilas) e até de acometimento dos órgãos internos, como o
fígado e os ossos.

6. Tricomoníase
A infecção por Trichomonas vaginal, uma das causas mais frequentes de
corrimento vaginal, atinge também o homem, por contágio, embora nele comumente
não ocasione nenhum sintoma. O agente causador é um protozoário de grande
mobilidade, facilmente reconhecido quando se leva o material colhido na vagina,
misturado ao soro fisiológico, ao microscópio.
A transmissão da tricomoníase pode se dar em banheiros públicos, saunas,
piscinas, através de toalha de banho ou do instrumental de exame ginecológico não
devidamente esterilizado, porém é pelo ato sexual que acontece a grande maioria dos
casos de contaminação.
Ao se detectar triconomas na mulher, mesmo que o homem apresente sintomas,
ambos têm que se submeter ao tratamento. Há medicações de uso sistêmico e local
para o tratamento. A abstinência sexual durante o tratamento é indispensável.

7. Candidíase
Trata-se de micoses causadas, em 94% dos casos, pela Candida albicans, ficando os
demais por conta da Candida glabrata. Ela é responsável pelo sapinho dos recém-
nascidos. É necessário um meio de PH baixo para a Candida se desenvolver. Ao que
tudo indica, além da gravidez, o uso de roupas apertadas ou sintéticas, o diabetes, o
uso de corticóides, de drogas imunossupressoras ou ainda de antibióticos de largo
espectro propiciam o desenvolvimento da candidíase. A contaminação pelo sistema
gastrointestinal existe, mas é bem menor que pela via sexual.
Na mulher adulta, a candidíase genital, inflamação da vulva e da vagina,
exacerbada quando se aproxima o período menstrual; é típico um corrimento
branco, de aspecto caseoso, às vezes com placas aderentes à mucosa da vagina. O
prurido é tão intenso que a pessoa coça sem controle e pode chegar até a se ferir. Há
edema e vermelhidão da área atingida, especialmente da vulva, períneo e vagina;
desconforto e dor na micção e nas relações sexuais. No homem, há um quadro de
balanopostite, com edema, vermelhidão e acúmulo de secreção esbranquiçada no
suco balanoprepucial. Um intenso prurido e um quadro de uretrite são comuns.

8. Aids
É a Síndrome de Deficiência Imunológica Adquirida, conhecida popularmente
como AIDS, que é provocada por um vírus denominado HIV, que penetra na célula de
defesa do corpo da pessoa, diminuindo sua capacidade imunológica (capacidade de
defesa do nosso organismo contra os mais diversos tipos de doenças e invasões), isto
é, de defesa frente ao ataque do vírus.
A pessoa contaminada pelo HIV (soro positivo), está vulnerável a contrair, dentre
outras doenças, a pneumonia, gastroenterite e a encefalite.
Existem pessoas contaminadas e que não sabem, visto que a doença ainda não se
manifestou. Portanto, todo cuidado é pouco, pois o vírus pode ficar incubado por
vários anos, até manifestar os primeiros sintomas.
No Brasil, os primeiros casos surgiram por volta de 1981/82, e hoje a situação é
preocupante, porque ainda não há real conscientização em relação à epidemia. Há
inclusive quem afirme não haver epidemia. A doença só será detectada após um
período, quando o organismo adquire anticorpos detectados pelo teste. O tempo
médio entre uma pessoa ficar contaminada e o resultado do exame ser positivo é de
duas semanas a três meses.
Diagnóstico - O diagnóstico da infecção pelo HIV é baseado na confirmação
laboratorial da presença do vírus, e também por condições clínicas associadas.
Os testes laboratoriais podem ser divididos em quatro grupos:
1. Testes de detecção de anticorpos;
2. Testes de detecção de antígenos;
3. Testes de cultivo viral;
4. Testes de amplificação do genoma do vírus.

Sintomas - Os sintomas são:


a) Cansaço persistente, sem qualquer esforço;
b) Perda inexplicável de peso;
c) Febre persistente acompanhada de calafrios e suores noturnos que se
prolongam por várias semanas;
d) Diarreia frequente e intermitente;
e) Gânglios aumentados (ínguas) por todo corpo;
f) Tosse seca que não passa;
g) Ferimentos e lesões esbranquiçadas na boca, em grande quantidade.

Contaminação - Está evidente que sua transmissão está diretamente relacionada à


transferência de células infectadas, ou seja, ocorre por transfusão de sangue e
derivados, relação sexual entre homens e entre mulheres, compartilhamento de
seringas e agulhas entre usuários de drogas endovenosas e por transmissão vertical
(da mãe infectada para o filho), durante a gestação (através da placenta), no momento
do parto ou pelo aleitamento materno, o que é pouco frequente.
Transmissível por essas vias, a doença pode ser contraída por qualquer pessoa,
independente de sexo, raça, ou faixa etária. Entretanto, na relação anal o risco é
maior, já que ocorre grande absorção através da mucosa retal, permitindo a
passagem do vírus diretamente para a corrente sanguínea.
As chances de ocorrer infecção se tornam maiores, quando existem quaisquer
agentes que interajam com o HIV, facilitando sua ação. É o caso da sífilis, herpes,
outras doenças venéreas e citomegalovírus. O mesmo ocorre quando existir qualquer
solução de continuidade das mucosas, como nos casos de úlceras ou fissuras genitais.

3. RELAÇOES SEXUAIS
Primeiros impulsos da sexualidade

Ninguém pode afirmar com exatidão em que idade aparecem os primeiros


impulsos sexuais propriamente ditos. Há uma grande divergência entre os autores e
pesquisadores. Uns citam exemplos de crianças de ambos os sexos que, aos dois anos
de idade, e até mesmo antes, se masturbam por meio do movimento do tronco,
quando sentados, com o que conseguem uma sensação agradável nos órgãos genitais.
Outros afirmam que, em repetidas ocasiões, puderam observar uma criança
que, beijando sua mãe com ternura, estremece como se sentisse um prazer mais vivo,
uma sensação mais intensa que a produzida por um beijo sem paixão. O mesmo caso,
a mesma demonstração, de um prazer vivo, se nota em uma menina que beija e
abraça com efusão o seu pai ou seu irmão de maior idade.
Estas observações, mesmo quando devidas a homens de veracidade e
inteligência positivas, não são tão fáceis de comprovar como as primeiras, nem
pode notá-las quem não esteja muito acostumado a observar com atenção os
fenômenos vitais. Mas isso não quer dizer que não sejam expressão de uma verdade
indiscutível.
Freud assegura que, casos como os citados, são mais frequentes do que parece;
mas quase ninguém se detém em observá-los, porque parecem fatos correntes, pois as
crianças manifestam sempre grande afeição pelas pessoas que tratam delas e lhes
prodigalizam carícias.
Hamilton, em seus Fenômenos sexuais, cita muitos exemplos de crianças de
ambos os sexos, menores de dois anos, mas espertas e conscientes, até certo ponto
que, brincando com seus pais ou com irmãos maiores tomam a mão em brincadeira, e
é claro que estão mesmo brincando, e a levam às suas partes genitais mantendoas ali,
satisfeitas, como se o contato lhes fora muito agradável, dando mostras de desagrado
quando essa mão quer retirar-se.
Freud presenciou, certa vez, quatro meninas de cinco a seis anos de idade,
brincando com um menino de quatro anos.
Estavam em um jardim sem que ninguém os vigiasse. Freud os observava de
sua casa, oculto entre ramos e folhas de uma trepadeira, de modo que as crianças nem
por sombra poderiam suspeitar de sua presença.
Depois de correrem e de saltarem pelas avenidas do jardim, reuniram-se em
uma pracinha cheia de areia. Uma das meninas lembrou-se de urinar, o que fez com a
maior naturalidade. Uma outra companheira a imitou, sem se prevenir contra a
presença do menino, que olhou aquele desafogo e uma das meninas perguntou-lhe se
os meninos urinavam como elas, respondendo que não. Quiseram verificar em que
consistia a diferença. Ficaram maravilhadas ao comprová-la. Queriam que o pequeno
repetisse a operação, mas, compreendendo a impossibilidade, deixando de acariciá-
lo; no entanto, continuaram a examiná-lo com maior interesse, durante largo tempo,
prestando-se, por sua vez, com maior satisfação, ao exame que o menino também,
quis delas fazer.
"A cena - diz Freud - não oferecia o menor caráter de obscenidade." Dir-se-ia
que presenciava uma lição científica.
O menino perguntava e elas respondiam. Olhava, tocava e elas se mostravam
complacentes em permitir o detalhe de seus órgãos.
De quando em quando davam palmadinhas no pequeno. Este, mais forte do
que elas, derrubava-as e voltava a levantar-lhes o vestido. Beijava-as e os beijos eram
devolvidos; uma das pequenas, como se ainda lhe restasse alguma dúvida acerca da
estrutura do menino tornava a olhar o que lhe interessava e tocava-lhe com
verdadeiro deleite.
À medida que a cena se prolongava ia-se complicando gradualmente.
A mais descarada das pequenas tocou e manuseou muito tempo o menino, fez
com que ele lhe tocasse, por sua vez beijou-o e fez com que ele a beijasse também.
Durante alguns momentos a menina pareceu extática. Tocando os órgãos genitais do
menino com uma das mãos, com a outra apertava a dele sobre a sua vulva e parecia
ansiosa, comovida, excitada como uma mulher.
As outras meninas riam-se, enquanto ela permanecia imóvel, olhando as
formas anatômicas do menino.
Um ruído, alguns passos, a aproximação de uma servente, puseram fim àquele
quadro, que ia tomando jeito de esboço sexual.
Todas as meninas pareciam, apesar dos seus risos, olhar com muito interesse os
movimentos de sua companheira.
Tenho absoluta certeza de que naqueles corpinhos alentava já a chamada
paixão.
No corpo do ser humano existe já, desde que saem do claustro materno, todos
os princípios que terão de desenvolver-se depois. Se nenhum contato os desperta,
dormem até que chegue a época normal do seu desenvolvimento; mas quando esse
contato se verifica, vibra todo o corpo, despertam os adormecidos, e manifestam sua
presença. Estou certo de que nos últimos momentos da cena, que a casualidade me
fez presenciar, a menina que manuseava o sexo do menino, era mulher. Foi-o um
instante. Voltou logo a ser menina, mas o seu corpo havia já vibrado ao contato de um
sexo diferente do seu".

Masturbação

Masturbação é o autoerotismo do prazer sexual. Também conhecido como


onanismo, termo com o qual não concordo, pois, ao analisarmos a história bíblica
sobre Onan, nada tem a ver com masturbação e sim com interrupção do coito.
Este assunto de masturbação é ainda muito controverso. Alguns autores se
reportam à masturbação como um grande mal; outros a defendem, considerando
mesmo como uma benevolência da natureza para o período em que o jovem ainda
não atingiu sua maturidade sexual.
Seja como for, a verdade é que em todas as épocas sempre esta prática existiu
entre os seres humanos de ambos os sexos, e até mesmo entre os animais inferiores.
Tem-se observado tais práticas entre cães, gatos, macacos, elefantes, etc.
Se há erro é da natureza, pois como temos visto esta prática existe também
entre animais.
"E se houvesse um masturbador em cada mil pessoas, de um e de outro sexo,
então se poderia isentar de culpa a natureza. Porém, a proporção é inversa ou quase
isso. De mil, há, pelo menos, novecentos e cinquenta que se masturbam. Não se trata,
pois, de um fenômeno, mas, sim, de uma regra geral.
Considerar como erro da natureza aquilo que nos parece de utilidade duvidosa,
é demasia de presunção, que nos pode levar igualmente a cometer enganos.
Se a natureza faz despertar muito cedo o instinto sexual nas crianças é porque
algum motivo tem para isso". (Enciclopédia de Educação Sexual - Vários autores - Editora Iracema)
"Os moralistas deram à auto-satisfação nomes feios, como vício, pecado
juvenil, automaculação, e assim causaram à alma dos "pecadores" danos muito
maiores do que poderia causar a própria masturbação, menos quanto exagerada".
(Enciclopédia Nossa Vida Sexual - Fritz Kahn - Maga Editora Ltda).
Os fatos de doenças e outros males como consequência da masturbação,
embora dignos de créditos como fatos, é muito vago quanto a afirmativa de ser
consequência da masturbação. Por exemplo: Forel conta que uma jovem solteira,
parisiense, de vinte e seis anos, o procurou para uma consulta a fim de saber se podia
gerar filhos. Tal foi sua surpresa, em saber o motivo desta preocupação. É que a jovem
dissera aos pais, que muito insistiam que ela se casasse, que só o faria se pudesse
engravidar, na esperança que isso não fosse possível, dado seus hábitos. Quando
tomou conhecimento que estava apta a ser mamãe, não conteve sua decepção.
Ao ser indagada sobre o motivo pelo qual não queria se casar, confessou ser
dada à prática da masturbação desde criança, e que tinha aversão a homem.
Em princípio o médico pensou estar diante de uma lésbica, que logo verificou
estar enganado, pois se tratava de uma jovem, apenas viciada em masturbação, e já
não havia jeito de perder o costume tão arraigado.
Ora, neste caso que acabamos de narrar, não significa que a masturbação seja
a culpa deste comportamento. Mas, pode ser que tenha se dedicado a tal prática
acirrada por sua aversão ao contato direto com o sexo oposto, ou mesmo com pessoa
do mesmo sexo. O que, pelos conhecimentos psicanalíticos, é mais provável. Pode
tratar-se de um caso de narcisismo, uma fixação na fase auto erótica. É um caso digno
de investigação, nada podemos afirmar.
Ora, dos casos que conhecemos, temos visto jovens senhoras com dificuldade a
adaptar-se ao coito e que se completam se masturbando, provavelmente por terem
um problema de fixação na fase auto-erótica. Porém, não as levou a repudiar seus
maridos, mas buscar uma solução. Disse provavelmente, pois outros fatores pode levar
à não adaptação ao coito. É um trabalho que um psicanalista deve ter em conjunto
com um ginecologista.
Têm sido apontados como males causados pela masturbação: embrutecimento,
debilidade física, desequilíbrios emocionais, etc.
Quanto ao embrutecimento, é sabido que, ao contrário, o acúmulo de energia
libidinal é que torna a pessoa embrutecida, e não seu "desperdício". Quanto a
debilidade física, concordo que se a pessoa não se alimentar adequadamente,
qualquer esforço físico em excesso pode prejudicar o organismo a longo prazo. Porém
sabemos que num ato sexual mesmo solitário, não há um desperdício de energia física,
mas sim uma reciclagem, a energia sexual desprendida produz uma renovação de
energia saudável ao organismo, conforme já temos tratado neste trabalho. Quanto ao
desequilíbrio emocional, temos tido pacientes que realmente sofriam com isso, mas
em decorrência do sentimento de culpa, chegando mesmo a um desequilíbrio
emocional, ao ponto de não controlar-se, chegando mesmo a compulsividade. E,
depois de libertos de tais sentimentos, tornaram-se saudáveis. Portanto a pressão
externa, a meu ver, produz mais males que o ato em si.
Acredito que, com raras exceções, os adolescentes passam por essa
experiência. E a repressão só piora a situação. O que devemos fazer é informá-los
corretamente, a fim de que eles possam agir com moderação, e parar no tempo certo.

Sexo a dois

Não tenho dúvida que a obra da natureza é perfeita, e que o homem a obra
prima dessa criação. Digo homem no sentido genérico, homem e mulher. Certo
educador disse: "não sou homem e nem mulher, sim a parte masculina do homem".
Bem, em se tratando dessa perfeição da natureza, o homem foi feito para a
mulher e a mulher para o homem. Ao analisarmos a anatomia humana, vemos
ratificada esta afirmação.
Sexo perfeito é sexo a dois. Com todo respeito aos "liberais" que afirmam e
pregam relacionamentos diferentes, sexo grupal, etc.
Quando digo sexo a dois, me refiro homem e mulher, pois só assim temos dois
sexos. Ao passo que o homossexualismo, com todo respeito aos defensores, é uma
aberração, conforme já temos visto.

 Fazer amor
Tal expressão, muito comum, tem soado mal aos ouvidos do moralistas, que
entendem ser o amor algo por demais sublime (concordo) e sexo, algo sujo, mal
necessário, etc. (não concordo).
O sexo é a mais alta expressão de amor entre um casal, é sublime. O que tem
levado as pessoas a verem o sexo com maus olhos é a promiscuidade sexual, as
aberrações sexuais, as explorações sexuais, etc.
Todavia, é importante entendermos o que é amor, pois o que é sexo já temos visto.
Amor é um sentimento profundo, difícil de ser explicado com palavras. Quando
amamos alguma coisa, pessoas, lugares, objetos, nos sentimos bem ao estar com tudo
isso perto de nós. Zelamos por tudo que amamos, e queremos que dure a vida toda.
Porém, o amor entre um homem e uma mulher é diferente; apesar de tudo isso já
citado, há algo mais. É o que, dentre as já existentes classificações sobre o amor,
chamam de amor eros. E é deste amor que quero falar.

 O amor é cego
Esta é uma outra expressão bastante conhecida, e aceita, com a qual eu em
particular não concordo. Pois cega é a paixão; o amor tudo suporta, não é egoísta, é
paciente, é benigno. A paixão propriamente dita é neurótica, e dependendo de
sua intensidade, não há quem aguente. Uma pessoa apaixonada não consegue
enxergar os defeitos da outra, por mais que alguém tente lhe mostrar. Porém uma
pessoa que ama, enxerga, suporta e busca uma solução. Se a solução é abrir mão
desta pessoa, mesmo com sofrimento o faz.
O amor entre um casal, em meu entender, é temperado com paixão, não essa
paixão doentia, mas na dose certa. Pois, em um amor sem paixão, produz num
relacionamento sexual, um sofrimento de culpa, algo bastante desagradável. Bem
como um relacionamento sexual sem amor produz frustração e angústia, e
consequentemente um sentimento de repugnância.
Portanto, fazer amor, é, ao meu ver, a expressão mais correta para se definir o ato
sexual, a fim de que não esqueçamos ser este uma demonstração de amor. Os que
têm experimentado a prática sexual, com e sem amor, ou seja por paixão e por amor,
conhecem a diferença, sabem do que estou falando.
 Exploração sexual
O machismo, de mãos dadas à falta de amor, tem sido o motivo de muitas
mulheres frustradas e completamente frígidas. Mulheres que são verdadeiro
depósito de esperma. Isto é uma vergonha. Estamos chegando ao século vinte um, e
estas coisas continuam a acontecer. Homens, que são verdadeiros monstros, se deitam
em cima da mulher, satisfazendo seus instintos animalescos, sem se importarem se
está bom para ela ou não. Graças a uma herança cultural com grandes distorções,
inclusive religiosas, que muito tem feito confusão, no que diz respeito à mulher ser
submissa ao homem.
E por falar em religião, com todo respeito aos religiosos, muito cheios de tabus;
faz-me lembrar do grande líder do cristianismo, Jesus Cristo, que ao se dirigir a um
famoso grupo religioso, fez a seguinte afirmação: "Errais não conhecendo as
Escrituras nem o poder de Deus." E isto tem se repetido. Quantas afirmações tem sido
feitas em nome de Deus que são verdadeiras aberrações, que nada têm de verdade
com Ele. Mesmo religiões cristãs têm agido assim.
Eu costumo dizer que o relacionamento sexual tem que ser bom para os dois. Caso
contrário, não é um relacionamento a dois, e sim uma brutalidade. Uma exploração
sexual.
Portanto, para uma boa relação sexual, para fazer amor, é importante
conhecermos a fisiologia da resposta sexual humana. O que estará aqui, dividido em
três fases.

1. Fase de desejo – excitação


Esta fase ocorre por estímulos, em ambos os sexos. Estes estímulos são através
dos sentidos (visual, olfativo, tátil erótico, ou mesmo de um pensamento ou fantasia
excitante). É o momento do jogo de amor, o prelúdio do ato sexual.
É muito importante, aqui, tanto o homem quanto a mulher, usar a criatividade, e
descobrirem as zonas erógenas que são tantas, e, principalmente o homem, usar os
jogos de palavras, que são de suma importância para a amada. É indispensável a
entrega mútua, não é hora de pensar em nada que não seja o momento em si.
Os estímulos genitais são levados, por nervos específicos, até os centros inferiores
da resposta sexual, localizados na coluna, de onde são também carreados por nervos
específicos até os centros superiores da resposta sexual prazerosa (tálamo,
hipotálamo, sistema límbico).
Os estímulos visuais e olfativos chegam diretamente a certas regiões dos centros
cerebrais superiores da resposta sexual e aí são selecionados em prazerosos e não-
prazerosos. Após essa seleção, nervos eferentes vão comandar diversas reações
corpóreas, ou seja, reações neurológicas, musculares, endócrinas e vasodilatadoras.
Essas reações modificarão os órgãos genitais (de ambos os sexos) do estado de
repouso para o estado de excitação.

2. Fase de platô

É a fase de alto grau de excitação; é aí que o orgasmo começa a ser desencadeado.


Este é que é o momento ideal para a penetração. É o momento em que se dá a ereção
total. Portanto, o ideal é que ambos cheguem a essa fase mais ou menos juntos. Com
boa prática, os dois chegam lá. Praticar é importante, e lembre-se a aprendizagem é
uma constante.
Na mulher, há intensa vasodilatação no terço externo da vagina que, ao ser
penetrada pelo pênis, se contrai, tentando agarrá-lo.

3. Fase do orgasmo
Não é muito conhecido o mecanismo específico do orgasmo (neurofisiológico).
Segundo Gorm Wagner, o orgasmo pode ser centrípeto e centrífugo, ou seja, o
orgasmo pode ser causado por um estímulo genital ou não genital, que chega ao
centro do prazer, assim como ele pode ser provocado por um estímulo cerebral (uma
fantasia, uma evocação, etc.) e transmitido por nervos centrífugos que provocarão
reações corporais generalizadas.
Nessa fase, quanto maior a fricção entre o pênis e a vagina, maior será o nível de
excitação e mais facilmente a mulher chegará ao orgasmo, que pode durar de 90 a 104
segundos.
No homem, segundo Masters & Johnson, o orgasmo pode durar até 20 segundos.
Noreen, porém, relata que esse tempo pode ser aumentado, além do que o homem
pode ter até três orgasmos um após outro, depois de certo treinamento. O orgasmo
pode vir acompanhado ou não da ejaculação. Geralmente, até os 50 anos de idade, se
o indivíduo não for praticante de Kundalini, filosofia dos tântricos e toaístas, que
evitam a ejaculação, o orgasmo ocorre simultaneamente à ejaculação.
4. MATERIAL IBLIOGRÁFICO

Bibliografia

FREUD, Sigmund. Esboço de Psicanálise. Imago.


_____________.Três Ensaios Sobre a Teoria da Sexualidade. Imago.
_____________.Obras Completas, Vol. 5 (Vida Sexual).Editora Delta S.A.
HAYS, Arthur Garfield e outros. Enciclopédia sexual. Editora Iracema Ltda.
KAHN, Fritz. Enciclopédia nossa vida sexual. Boa Leitura Editora S.A.
MOHANA, João. A vida sexual dos solteiros e casados. Editora Globo.
DORIN, Lannoy. Enciclopédia de psicologia contemporânea. Editora Iracema.
FINE, Ruben. A história da psicanálise. Editora da USP.
GRUNSPUN, Haim. Distúrbios neuróticos da criança.Livraria Atheneu S.A.
MICHEL, Hélene e outros. O ato sexual normal e psicopatologia sexual. Editora Mestre
Jou.
STAFFORD, David & CLARK. O que Freud realmente disse. Editora Globo.
DESPRATS, Catharine & PÉQUIGNOT. A Psicopatologia da vida sexual. Papirus.
ELIA, Luciano. Corpo e sexualidade em Freud e Lacan. Uape.
LAMANNO, Vera Lúcia. Relacionamento Conjugal. Summus editorial.
RIBEIRO, Marcos. Sexo sem mistério - Editora Saraiva.
VARGAS, Marilene Cristina. Manual do orgasmo. Civilização Brasileira.
CHAZAUD, Jacques. Perversões Sexuais (Enfoque Psicanalítico). IBRASA.
FENICHEL, Otto. Teoria Psicanalítica das Neuroses.ATHENEU.
LAPLANCHE e PONTALIS. Vocabulário da Psicanálise. Martins Fontes.

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