Material de Sociológia Completo

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Introdução

Ciências Sociais é uma área científica que estuda a organização das sociedades
e culturas atuais. El a investiga as origens e o desenvolvimento dessas
sociedades, bem como as características dos indivíduos e grupos que as
compõem. Por que ciências sociais? A constituição das ciências humanas ou
sociais é uma conquista recente, embora a preocupação em estudar o ser
humano seja antiga.

A cientificidade do ser humano como objeto de estudo é uma ideia que surge
apenas no século XIX. Segundo Chaui (1999, p. 271), a expressão ciências
humanas (ou sociais) refere-se àquelas ciências que têm o próprio ser humano.
Essas ciências estudam áreas da realidade social extremamente diversas. Um
cientista social é capaz de refletir sobre qualquer aspecto da sociedade, fazendo-
se necessário que cada um se concentre em um determinado fator da vida das
sociedades, para fazer dele uma especialidade. Por exemplo: há sociólogos
que se dedicam a estudar as indústrias, a religião, a saúde, a política, a
economia, o lazer, o envelhecimento, a juventude; antropólogos, a
antropologia social, cultural, urbana, física; politólogos, a política, filosofia
política, políticas públicas etc. Assim, tornou-se necessário entender as
bases da vida social humana e da organização da sociedade, por meio de
um modelo Processo de socialização: "Podemos definir socialização como
sendo a aquisição das maneiras de agir, pensar e sentir próprias dos grupos, da
sociedade ou da civilização em que o indivíduo vive. Esse processo tem início
no momento em que se nasce, continua ao longo de toda a sua vida e só acaba
quando a pessoa more" (DIAS, 2004, p.38). glossário sociologia introdução às
ciências sociais de pensamento que permitisse a observação, o controle e a
formulação de explicações plausíveis, que tivessem credibilidade num mundo
pautado pelo racionalismo. A realidade é muito complexa para ser explicada em
sua totalidade apenas por um domínio da ciência. Embora cada uma das
Ciências Sociais estude um aspecto da realidade social, não existe uma divisão
nítida entre elas, pois são complementares entre si. Assim, para aprofundar a
compreensão dos fenômenos sociais, é necessária a conjugação de todos os
saberes.

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Do século VX à atualidade, período em que o entendimento da vida social
passou do senso comum à filosofia e desta à ciência, uma longa história do
pensamento se desenvolveu. Com a formulação das demais áreas do
conhecimento científico estabeleceu-se o debate constante entre os pensadores
e as principais teorias explicativas da sociedade, exigindo aprofundamento,
experimentação, desenvolvimento metodológico e comprobatório. Criou-se,
também, um jargão científico - vocabulário próprio com conceitos que designam
aspectos importantes da sociedade. Assim, passamos a entender a realidade
social na qual vivemos não como obra do acaso e da sorte, mas como resultado
de forças que são próprias da vida coletiva que a regula. Entretanto, com o
desenvolvimento e avanço do conhecimento na sociedade, tornou-se necessário
a divisão das Ciências Sociais para facilitar a sistematização de seus estudos e
pesquisas. Essa divisão em grandes áreas do conhecimento corresponde às
áreas de Sociologia, Antropologia e Ciência Política.

Sociologia como objeto de estudo Após a Revolução Francesa e Industrial,


modificam-se as formas do homem compreender a sociedade, a natureza e a si
próprio. Com o advento do sistema capitalista e ascensão da burguesia ao poder,
modificam-se as relações sociais, econômicas e políticas. Os pensadores da
época, representantes intelectuais da nova sociedade, buscam através do
conhecimento compreender essas modificações. Para organizar a nova
sociedade moderna industrial, sentem a necessidade de instituir uma ciência da
sociedade, surge a Sociologia.

Por que é importante estudarmos a sociedade?

As ciências sociais são um excelente instrumento para a compreensão das


situações com que nos defrontamos na vida cotidiana. Nesse sentido, através
de conceitos, teorias e métodos da abordagem sociológica, é possível
rompermos com a visão superficial que temos da realidade.

De onde provêm essas visões? Seriam elas oriundas de nossos valores que por
sua vez ancoram nossos sentimentos e experiências pessoais e mediante os
quais compreendemos a complexa vida social? valores: Ideias que as pessoas
compartilham sobre o que é bom, mau, desejável e indesejável. Normalmente,
eles são muito gerais, abstratos e transcendem variações situacionais. Impõem-

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se ao indivíduo como uma evidência e um absoluto que se pode melhorar, mas
não se pode, normalmente, colocá-lo em dúvida. Os valores é que determinam
numa civilização aquilo para o qual vale a pena viver eventualmente, morrer.
Como, por exemplo, a atitude dos kamikazes japoneses durante a Segunda
Guerra Mundial que se jogavam contra os navios americanos, pois a "honra
social, para os japoneses, estava acima de qualquer outro valor, inclusive
superava a importância de viver" (DIAS, 2004, p. 41). Os valores organizam-se
num 'ideal' que a sociedade impõe aos seus membros. Tal ideal orienta os
pensamentos e os atos dos indivíduos. Os muçulmanos que cometem atos de
terrorismo suicida possuem como ideal morrer por Alá, na luta contra os infiéis;
e consideram travar uma guerra santa, na qual a morte é valorizada, sendo
importante para qualquer família que cultiva esses costumes possuir em seu seio
alguém que tenha morrido por essas idéias. (Idem, p.42)

Assim, as ciências sociais estudam as mais diferentes áreas do convívio


humano: as relações verificáveis nas empresas, o papel da política na
sociedade, o comportamento religioso, os hábitos do consumidor, o que
faz um indivíduo optar por determinada moradia ou produto, o impacto
social e ambiental da construção de determinada represa, etc. Os
procedimentos metodológicos da Sociologia são utilizados em estudos
científicos, nas mais diversas pesquisas de opinião; seus resultados tornam-se
parte da vida cotidiana, de discursos políticos, de campanhas publicitárias. Não
se constroem mais cidades, não se desenvolvem campanhas políticas e não se
declaram guerras sem levar em consideração as pessoas envolvidas, suas
crenças, interesses, ideias e tradições, tudo aquilo que motiva a acção e guia
conduta destas. A sociedade tem características que precisam ser conhecidas
para que aqueles que nela atuam atinjam seus objetivos. Isso significa que
nenhum setor da vida social prescinde dos conhecimentos sociológicos, pois a
acção consciente e programada exige pesquisa, planejamento e método. É por
isso que a sociologia faz parte dos programas básicos dos cursos universitários
que preparam os mais diversos profissionais.

Um fenômeno social, um acontecimento, um problema social torna-se


sociológico quando um sociólogo passa a investigá-lo, analisá-lo, tentando
entendê-lo nos aspectos que dizem respeito às relações entre os homens

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e às raízes de seu comportamento. Sendo a sociologia uma ciência que
contempla a realidade social, é necessário entendermos, oque na verdade
significa problemas socais e problemas sociológicos.

PROBLEMA SOCIAL X PROBLEMA SOCIOLÓGICO:

A condição de miséria das famílias brasileiras localizadas nas regiões do


semiárido nordestino brasileiro pode ser considerada um problema social, a
gravidez na adolescência, o analfabetismo de um número considerável da
população brasileira são alguns dos possíveis exemplos de problemas sociais
verificados na sociedade. Para resolvê-los, não é necessário o emprego de um
estudo sociológico. Estes poderiam ser minimizados por meio de políticas
públicas. Um problema sociológico diz respeito aos fenômenos sociais
observáveis e passiveis de ser explicados teoricamente pelo cientista social e
que não precisam obrigatoriamente representar um problema para sociedade,
por exemplo: a investigação das razões para os índices elevados de
gravidez na adolescência; que questões culturais e tradicionais propiciam
o desenvolvimento da miséria entre as famílias no nordeste; que aspectos
culturais influenciam os índices de analfabetismo e quais suas
consequências na esfera do indivíduo e da composição da sociedade
brasileira, etc.

Assim, um problema social pode ser um problema sociológico, mas um problema


sociológico não precisa ser um problema social!

Evidentemente, isso não exclui do olhar da sociologia os problemas sociais,


estes fazem parte do cotidiano dos indivíduos e também do universo social,
político e econômico destes, ou seja, sociologia introdução às ciências sociais
dentre as preocupações dessa ciência, que é essencialmente social, está o
indivíduo, em sua atuação no meio em que vive, relativamente às mudanças que
ocorrem no mesmo.

Mas o que constitui o centro de interesse mesmo da Sociologia são os


Problemas Sociológicos. Estes sim repousam inteiramente no foco das
preocupações dos sociólogos, porque os mesmos possibilitam uma explicação
teórica do que acontece na vida social. Além disso, existe a possibilidade de
transformar os problemas sociais em problemas sociológicos e a partir daí,

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elaborar estudos e projetos com a finalidade de resolver os mesmos, trazendo
uma melhoria social, isto é, usando a ciência nessa contribuição. Ainda que o
cientista social não tenha poder concreto para mudar a realidade, ele lida
fundamentalmente com a informação e, ao divulgá-la, pode contribuir
significativamente para o processo de conscientização das pessoas.

AS TRÊS ÁREAS DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Nesta unidade, desenvolveremos o significado das Ciências Sociais e suas três


áreas do conhecimento: Sociologia, Antropologia e Ciência Política.
Discutiremos ainda seus respectivos objetivos de estudo e sua importância na
tarefa de compreendermos a complexa sociedade em que vivemos.

PRESSUPOSTOS DO CONHECIMENTO NAS CIÊNCIAS HUMANAS SOCIAIS

A sociologia é uma forma de conhecimento científico originada no século


XIX. Como qualquer ciência, não é fruto de um mero acaso, mas responde
às necessidades dos homens de seu tempo. Portanto, a sociologia também
tem as suas causas históricas e sociais. Logo, compreender o contexto no qual
ela nasce é factor fundamental para entendermos suas características atuais.

O surgimento da sociologia está ligado a um processo que envolve factores


históricos e epistemológicos. Mas, do ponto de vista histórico-social, inúmeros
fatores impulsionaram as transformações no pensamento.

O RENASCIMENTO

Considerado como um dos mais importantes momentos da história do Ocidente,


entendido por muitos estudiosos como a ruptura entre o mundo medieval, com
suas características de sociedade agrária, estamental, teocrática e fundiária, e o
mundo moderno urbano, burguês e comercial. No que pôde ser verificado,
mudanças significativas ocorrem na Europa a partir de meados do século XV,
lançando as bases do que viria a ser, séculos depois, o mundo contemporâneo.

A Europa medieval, relativamente estável e fechada, inicia um processo de


abertura e expansão comercial e marítima. A identidade das pessoas, até então
baseada no clã, no ofício e na propriedade fundiária, encontra outra fonte de
referência no racionalismo e no cultivo da individualidade. Uma mentalidade mais
laica foi se desenvolven Epistemologia: conjunto de mecanismos teóricos

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utilizados pelo pesquisador para analisar as transformações na maneira de
pensar e analisar a realidade social. Glossário sociologia introdução às ciências
sociais mediante um distanciamento gradual do sagrado e das questões
transcendentais para dar lugar a preocupações mais imediatistas e materiais,
centradas principalmente no homem. Tais transformações no pensamento
provocaram alterações econômicas que se achavam em curso no Ocidente
europeu, provocando modificações na forma de conhecer a natureza e na cultura
dos indivíduos.

A INDAGAÇÃO DEIXA DE SER NATURAL PARA SER RACIONAL:

O 'homem comum' dessa época também deixava, cada vez mais, de


encarar as instituições sociais, as normas, como fenômenos sagrados e
imutáveis, submetidos a forças sobrenaturais, passando a percebê-los como
produtos da atividade humana, portanto possíveis de serem conhecidos e
transformados. (MARTINS, 2004, p. 22-23)

O Renascimento representou uma nova postura do homem ocidental


diante da natureza e do conhecimento. Juntamente com a perda da hegemonia
da igreja como instituição e o consequente aparecimento de novas doutrinas e
seitas conclamando seus seguidores a uma leitura interpretativa dos textos
sagrados, o homem renascentista redescobre a importância da dúvida e do
pensamento especulativo. Assim, como destaca Costa (2005), o conhecimento
deixa de ser encarado com uma revelação, proveniente do ato de contemplação
e da fé, para voltar a ser, como o fora para os gregos e romanos, o resultado de
uma bem conduzida atividade do pensamento humano de modo que a ciência
voltou-se para realidade concreta do mundo numa ânsia por conhecê-la,
descrevê-la, analisá-la, medi-la, por intermédio de instrumentos e de técnicas.

É neste ambiente propício de curiosidade, dúvida e valorização humana


que o pensamento científico adquire nova importância e, com ele, o interesse
pelo conhecimento da vida social.

Contudo, embora o Renascimento tenha sido mais forte no campo das


artes, ele tinha como intenção geral colocar o homem (antropocentrismo) no
lugar de Deus (teocentrismo). Assim, o Renascimento foi o momento de
transição da sociedade medieval para o capitalismo moderno – sistema

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econômico focado na produção e na troca, na expansão comercial, na circulação
crescente de mercadorias e de bens materiais. Por conta de tais fatores, novos
valores, sentimentos e atitudes passaram a reger a vida e o comportamento
social que podem ser sintetizados nos princípios do iluminismo os quais
animaram este novo homem europeu.

As ideias de progresso, racionalismo e cientificismo que animaram os


homens iluministas prepararam o caminho para o amplo progresso científico que
aflorou no final do século XIX. Este pensamento racional e científico parecia
válido para explicar a natureza, intervir sobre ela e transformá-la.

Por associação, a sociedade entendida então, como parte da natureza,


poderia também ser conhecida e transformada, submetendo-se ao domínio do
conhecimento humano proveniente do método científico.

Segundo Sell (2006) os intelectuais da época dispunham de um


instrumento radicalmente novo para entender a sociedade e enfrentar os dilemas
que o mundo moderno trazia. Assim, a ciência da sociedade tinha pela frente
três questões essenciais para a compreensão das transformações socais:

✓ - Identificar as causas das transformações sociais;


✓ - Apontar as características da sociedade moderna;
✓ - Discutir o que fazer diante dos problemas sociais.

Para tentar responder a esse conjunto de indagações, em 1830, Augusto


Comte apresentou, no livro Curso de Filosofia Positiva, a ideia de fundar uma
"Física Social" que estaria encarregue de aplicar o método científico para o
estudo da sociedade.

OBJETIVOS DA SOCIOLOGIA

Um dos objetivos do conhecimento sociológico é criar instrumentos


teóricos que levem à reflexão sobre problemas da sociedade contemporânea.
Nesse sentido, a pesquisa social é o processo que utiliza a metodologia científica
para obter novos conhecimentos sobre a realidade social. Os instrumentos
teóricos devem contribuir para que os indivíduos estabeleçam relações entre sua
prática social e a sociedade mais ampla, capacitando-os como indivíduos activos
e conscientes da sociedade em que vivem.

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A sociologia estuda e explica problemas como: exclusão social,
cidadania, minorias, violência urbana, equidade, gênero, globalização do
espaço e do habitat, deslocamentos e itinerários dos habitantes, ritmos de
vida, estruturas familiares e relações entre gerações e entre sexos; práticas
culturais e religiosas e uso dos objetos que fazem parte da vida cotidiana.
Estuda os grupos humanos, a partir da estratificação social, classes
sociais e também os indivíduos que hoje pertencem a tribos urbanas.

Aprender a olhar sociologicamente - olhando de forma mais ampla -


significa cultivar a imaginação. Estudar sociologia não pode ser apenas um
processo rotineiro de se libertar da imediatidade das circunstâncias pessoais e
apresentar as coisas num contexto sociologia introdução às ciências sociais
mais amplo. A adoção dessa postura, acima de tudo, exige que pensemos fora
das rotinas familiares de nossas vidas cotidianas, a fim de que as observemos
de modo renovado.

Contudo, quando começamos a estudar sociologia pela primeira vez,


muitos estudantes ficam confusos com a diversidade de abordagens que
encontram. A sociologia nunca foi uma disciplina em que há um corpo de ideias
que todos aceitam como válida. A discussão faz parte do habitus sociológico, por
intermédio do qual os pesquisadores discutem entre si como os resultados das
pesquisas podem ser mais bem interpretados.

A sociologia, a partir dos teóricos clássicos das ciências Sociais (Comte,


Durkheim, Marx e Weber), discute diferentes temas que dizem respeito ao
processo de vida nas sociedades. Constituir como indivíduos porque interagimos
com outros indivíduos, é na vida em grupo que temos existência.

Devido à complexidade da sociedade actual e dos problemas sociais


presentes na realidade, as diferentes ciências sociais (economia, sociologia,
política e antropologia) vêm agindo de forma conjugada, rompendo com a visão
compartimentada e com o formalismo do ensino das Ciências que considerava
o contexto social, histórico e cultural.

É importante analisar os fenômenos sociais, conhecer as diferentes


abordagens teóricas e metodológicas e considerar o contexto social, histórico,
cultural no qual os fenômenos sociais ocorrem. Caso contrário, o estudante não

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ultrapassa as evidências do senso comum e as elaborações teóricas. O que não
lhe permitirá questionar as situações concretas, nem identificar as posições
teórico-metodológicas presentes no pensamento intelectual nacional, nem
acompanhar criticamente as disciplinas que irá cursar nas Ciências Sociais se
não adotar uma postura de compreensão da realidade social e das implicações
sociais de cada orientação teórica.

OBJETIVO DA ANTROPOLOGIA

Nesta seção, veremos o objeto de estudo da Antropologia como disciplina


integrante das Ciências Sociais, o que vem a ser Antropologia Cultural e sua
definição do conceito de cultura, e a Antropologia Social e sua definição de
Sociedade.

PRINCÍPIOS HISTÓRICOS

A antropologia é, a ciência que busca investigar o outro, aquele que é


essencialmente diferente de mim. Sua gênese aparece nos relatos dos primeiros
viajantes europeus que tentavam descrever os "exóticos" costumes dos povos
com os quais mantinham contacto. Mas, se a curiosidade pela espécie humana,
por suas peculiaridades e diferenças, não era novidade, a expansão colonialista
da Europa sobre os outros continentes e o desenvolvimento dos meios de
transporte, especialmente o marítimo, deram nova amplitude a esse interesse e
nova dimensão a esse objeto de pesquisa.

O conhecimento antropológico, geralmente, é organizado em áreas que


indicam uma escolha prévia de certos aspectos a serem privilegiados como a
"Antropologia Física ou Biológica" (aspectos genéticos e biológicos do homem),
"Antropologia Social" (organização social e política, parentesco, instituições
sociais), "Antropologia Cultural" (sistemas simbólicos, religião, comportamento)
e "Arqueologia" (con-sociologia introdução às ciências sociais dições de
existência dos grupos humanos desaparecidos). Além disso, podemos utilizar
termos como Antropologia, Etnologia e Etnografia para distinguir diferentes
níveis de análise ou tradições acadêmicas.

Qualquer que seja a definição adotada, é possível entender a


antropologia como uma forma de conhecimento sobre a diversidade

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cultural, isto, é a busca de respostas para entendermos o que somos a
partir do espelho fornecido pelo "Outro"; uma maneira de se situar na
fronteira de vários mundos sociais e culturais. Contudo, a discussão sobre
as diferentes perspectivas teóricas da antropologia será realizada nas
disciplinas de Teorias Antropológicas. Aqui veremos, resumidamente, do
que se trata a Antropologia Cultural e seu conceito de fundamental de
Cultura.

A questão fundamental da antropologia foi sempre, desde seu


surgimento, estabelecer as bases científicas do conhecimento e da relação entre
o "eu" - o pesquisador - e o "outro" - o pesquisado, encarando-os, por princípio,
como entidades diferentes e autônomas. Isso significa que a grande questão da
antropologia é a construção e a compreensão das identidades, ou seja, dos
mecanismos que fazem o outro ser quem é e como é, além do desenvolvimento
dos mecanismos pelos quais o comportamento, o sentimento e os códigos de
acção permitem que essas formas de ser se constituam, tornem-se identificáveis
e se reproduzam. Por outro lado, o estudo e a identificação desses mecanismos
eram muito mais objetivos nos primeiros séculos de desenvolvimento do
capitalismo, porém a globalização que daí decorreu, acabou aproximando os
modos de vida, abalando os processos identitários. Essa crise de identidade
passa a fazer parte do que alguns teóricos denominam de cultura
contemporânea ou de pós-modernidade.

Vamos nos afastando da época em que as identidades se definiam por


essências a-históricas: actualmente configuram-se no consumo, dependem
daquilo que se possui, ou daquilo que se pode chegar a consumir. As
transformações constantes nas tecnologias de produção, no desenho de objetos,
na comunicação mais extensivos ou intensivos entre sociedades - e do que isto
gera na ampliação de desejos e expectativas e do que isto gera na ampliação de
desejos e expectadores - tornam instáveis as identidades fixadas em repertórios
de bens exclusivos de uma comunidade étnica ou nacional. (CANCLINI, 1999,
p. 39)

É nesse contexto que, diante das mudanças no campo do estudo na área


da antropologia e com o advento de paradigmas mais interpretativos de pesquisa

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e análise, discute-se o sentido social que o conceito de identidade encontra nos
estudos contemporâneos, principalmente, quando tal noção é tomada de forma
normativa, isto é, assentada em conceitos de territorialidade, pois as estruturas
sociais adotam posturas contemporâneas que colocam sociologia introdução às
ciências sociais em xeque esta perspectiva de análise. Por conta disso, o olhar
da antropologia tem uma capacidade de reflexão poderosa ao compreender que
o conceito de identidade é o resultado do diálogo do sujeito com a realidade que
se apresenta a ele.

Por conta de tais elementos, é importante salientar que os conceitos de


cultura, de identidade e de alteridade são primordiais numa reflexão
antropológica.

OBJETIVO DA CIÊNCIA POLÍTICA

3.1. Princípios fundamentais Classicamente, a palavra política é originária


do grego pólis (politikós), e se refere ao que é urbano, civil, público, enfim, ao
que é da cidade (da pólis). Indica tratar-se, portanto, de uma actividade humana
relacionada ao exercício do poder, eis que a cidade era o centro da vida política,
e cidadão era um termo restritivo, empregado para classificar os membros de
uma elite que se dedicava aos assuntos de governo, filosofia, arte e guerra.

De acordo com Bobbio (2000, p.164), a expressão Ciência Política pode


ser utilizada para indicar "qualquer estudo dos fenômenos e das estruturas
políticas”, que seja realizado de forma sistemática e com método, segundo os
preceitos da ciência. É a área do conhecimento das Ciências Sociais que se
preocupa com a organização das instituições ou espaços sociais no âmbito do:
Estado, Governo e partidos.

A definição clássica do século XIX considera a política como a "arte


e a ciência do Estado ou do governo". Essas primeiras abordagens em ciência
política concentravam sua análise no Estado ou no Governo, enfatizando sua
estrutura, funcionamento, modelo jurídico-formal, composição de seus membros
titulares, mecanismos de interferência na sociedade, permeabilidade aos grupos
externos e instituições associadas. Embora a preocupação com o Estado seja
uma constante no pensamento político contemporâneo, as primeiras abordagens
que enfatizavam o Estado e seus aparelhos eram usualmente restritivas,

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priorizando aspectos jurídico-formais do fenômeno político, fortemente
influenciadas por um viés jurídico - com desdobramentos relativos ao direito
constitucional, teoria geral do Estado e filosofia jurídica.

Dentre os principais conceitos utilizados na área de Ciência Política, o


de poder ganha destaque. Podem variar no tempo e em sociologia introdução às
ciências sociais e função da corrente de pensamento abraçada pelos diferentes
autores. Como marco histórico de desenvolvimento da ciência política moderna
Nicolau Maquiavel foi o principal responsável por desvincular o dever ser do
agir na política.

Assim, a Ciência Política nasce muito colada ao mundo real, desvinculada


daquele idealismo preferido por pensadores gregos como Aristóteles e Platão
que estavam interessados em conceituar o bom governo, ao passo que o
pensador florentino descrevia como a política se comporta no mundo concreto.

É de autoria de Maquiavel, na obra O Príncipe, a frase "Os fins justificam


os meios" a qual sintetiza o pensamento do agir ético na política como algo, por
vezes, destituído de factores moralizantes.

Principais abordagens:

✓ - Descrição e análise das estruturas do Estado


✓ - Compreensão dos mecanismos de controle e participação social
✓ - Estudos do legislativo, executivo e judiciário
✓ - Estudo dos diferentes sistemas políticos

PRINCIPAIS PENSADORES DAS CIÊNCIAS SOCIAIS

Embora Comte seja considerado o pai da sociologia e tenha lhe dado este
nome, os teóricos considerados clássicos das Ciências Sociais são:

✓ Émile Durkheim (1858-1917)


✓ Karl Marx (1818-1883)
✓ Max Weber (1864-1920)

Cada autor desenvolveu um procedimento metodológico de compreensão


da realidade social do homem moderno inserido na sociedade capitalista. A partir
da contribuição teórica desses clássicos, foi possível o conhecimento da
sociedade industrial desenvolvida com o advento da industrialização, pois,

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lembremo-nos de que a sociologia nasce no contexto de ascensão da sociedade
capitalista.

1. Émile Durkheim

Emile Durkheim nasceu em Épinal, Vosges, em 15 de abril de 1858. Frequentou


a École Normale Supérieure em Paris e interessou-se por filosofia. Em 1887,
assumiu em Bordéus a primeira cadeira de sociologia instituída na França. Em
1896, fundou o periódico L'Année Sociologia que e, em 1902, passou a lecionar
sociologia e educação na Sorbonne.

Quatro livros seus foram o alicerce onde se construiu a sociologia moderna: O


primeiro desses livros foi escrito em 1893. Seu título em português é Da Divisão
do Trabalho Social. Nesta ocasião, ainda ensinava em Bordéus. Na mesma
época, escreveu também A Regra do Método Sociológico - 1895 e O Suicídio:
Um Estudo em Sociologia - 1897 e, por fim, o último dos quatro, publicado
somente quinze anos mais tarde, foi As formas Elementares da Vida
Religiosa: O Sistema Totêmico da Austrália - 1912. Sua formação foi
influenciada por Descartes, Rousseau, Saint-Simon, Comte e Fustel de
Coulanges, seu professor. Émile Durkheim morreu em 15 de novembro de 1917,
deixando a estrutura básica da sociologia. É considerado o fundador da
sociologia, sedimentou suas pesquisas com uma pergunta: "Por que e como os
indivíduos são integrados na sociedade?". Sobre as ideias de Durkheim,
corroboram as palavras de Quintaneiro (1995, p.17):

Entre os pressupostos dos quais se impregnariam a teoria de Durkheim, cabe


salientar a crença de que a humanidade avança ao sentido de seu gradual
aperfeiçoamento, governada por uma força inexorável: a lei do progresso.

Neste contexto de procedimento de pesquisa, Durkheim desenvolveu o objeto


de estudo do sociólogo que denominou FATO SOCIAL.

CARACTERÍSTICAS DO FATO SOCIAL

✓ Ser externo ao indivíduo, mas internalizado pelo processo


educativo. Os fatos sociais existem e actuam sobre os

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indivíduos independentes de sua vontade ou adesão
consciente.
✓ Exercer uma coerção sobre os indivíduos, levando-os a
conformar-se com as regras já existentes. Nessas regras, o
individuo não participa de sua elaboração e, caso não as
cumpra, receberá as sanções correspondentes. O papel da
coerção é fixar e instituir certas maneiras de agir e certos
julgamentos que, independente de nossa vontade ou
adesão consciente, não somos capazes de modificá-los.

Ser geral, ter a capacidade de se repetir em todos os indivíduos ou pelo menos,


na grande maioria deles. Método Positivo: Para o positivismo, a história é o
processo universal de evolução da humanidade, cujos estágios o cientista pode
perceber pelo método comparativo, capaz de aproximar sociedades humanas
de todos os tempos e lugares. A história particular de cada sociedade
desaparece, diluída essa lei geral que os pensadores positivistas tentaram
reconstruir. Essa forma de pensar torna insignificantes as particularidades
históricas, e as individualidades são dissolvidas em meio a forças sociais
impositivas. saiba mais sociologia introdução às ciências sociais 28 Um
exemplo de fato social pode ser verificado no processo de educação de uma
criança, pois desde muito pequenas as crianças são constrangidas (ou
educadas) a seguir horários, a desenvolver certos comportamentos. Somos
forçados a seguir regras estabelecidas no meio social em que vivemos e, com
o tempo, as crianças vão adquirindo os hábitos que lhes são ensinados e
deixando de sentir a coação, aprendem comportamentos e modos de sentir dos
participantes do grupo onde vivem.

O MÉTODO DE ESTUDO DA SOCIOLOGIA SEGUNDO DURKHEIM

Na busca por objetividade, assemelhou as ciências sociais às ciências naturais,


como um decalque, pois os fatos que a Sociologia examina pertencem ao reino
social, têm peculiaridades que os distinguem dos fenômenos da natureza. Asim,
Durkheim coloca duas questões sobre a estrutura da vida em sociedade:

• Como pode um conjunto de individuos constituir uma sociedade?


• Como este conjunto de indivíduos consegue obter um consenso par

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Seu interesse de estudo: saber por que os homens mantinham-se em sociedade,
ou seja, porque os agrupamentos humanos não costumavam desfazer-se
facilmente e, ao contrário, lutavam contra ameaças de desintegração.
Conquanto não tenha sido o primeiro a apresentar explicação para o problema,
ele elaborou um conceito - o de solidariedade social - e procurou mostrar
como ela se constituía e se tornava responsável pela coesão entre os homens
e de que maneira variava segundo o tipo de organização social, dada a presença
de uma consciência mais ou menos similar entre os membros de uma
sociedade.

QUAL OSENTIDO DO CONCEITO DE SOLIDARIEDADE SOCIAL?

Para Durkheim, a sociedade era mantida coesa por duas forças de unidade.
Uma relativa aos pontos de vista semelhantes compartilhados por pessoas,
como no caso dos valores e das crenças religiosas, que ele denominou de
solidariedade mecânica. A outra, representada pela divisão do trabalho em
profissões especializadas, ele chamou de solidariedade orgânica. O autor
acreditava que a divisão do trabalho pela especialização de tarefas servia para
unir o grupo social em razão da interdependência criada entre as diferentes
profissões.

CONSCIÊNCIA INDIVIDUAL X CONSCIÊNCIA COLETIVA

A teoria de Durkheim pretende demonstrar que os fatos sociais têm existência


própria e independem daquilo que pensa e faz cada indivíduo em particular.
Embora todos possuam sua consciência individual, seu modo próprio de se
comportar e interpretar a vida, Consciência individual: Representamos no que
temos de pessoal e Distinto (o que nos faz indivíduos). glossário sociologia
introdução às ciências sociais pode-se notar, no interior de qualquer grupo ou
sociedade, formas padronizadas de conduta e pensamento. Essa constatação
está na base do que Durkheim chamou de consciência coletiva.

PASSAGEM DA SOLIDARIEDADE MECÂNICA PARA ORGÂNICA… POR


QUÊ?

Nas sociedades dominadas pela solidariedade mecânica, a consciência coletiva


abrange a maior parte dos membros desta sociedade. Nas sociedades

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dominadas pela solidariedade orgânica, há uma redução desta consciência
coletiva porque os indivíduos são diferenciados. Por isso, nestas últimas, em
oposição às primeiras, ocorre um enfraquecimento das reações coletivas contra
a violação das proibições sociais e há, especialmente, uma margem maior na
interpretação individual dos imperativos sociais.

DURKHEMI DEFENDE TAMBÉM OPRIMADO da SOCIEDADE SOBRE O


INDIVIDUO:

Sociedades têm prioridade histórica sobre os indivíduos.

• As sociedades têm prioridade lógica sobre os indivíduos, porque se a


solidariedade mecânica precede a solidariedade orgânica, não se pode explicar
a diferenciação social a partir dos indivíduos, pois a consciência de
individualidade não pode existir antes da solidariedade orgânica e da divisão do
trabalho social.

Daí que os fenômenos individuais devem ser explicados a partir da coletividade,


e não a coletividade pelos fenômenos individuais. Donde a divisão do trabalho
ser um fenômeno social que só pode ser explicado por outro fenômeno social,
como a combinação do volume, densidade material e moral de uma sociedade,
sendo que o único grupo social que pode proporcionar a integração dos
indivíduos na coletividade é a corporação profissional.

A autoridade moral é uma das fontes de vida para os membros da sociedade.


Na sociedade industrial, a divisão do trabalho tem como principal efeito produzir
solidariedade, se isso não acontece, é sinal de que os órgãos que compõem
uma sociedade dividida em funções não se autorregulam, não realizam
suficientes intercâmbios, não estão em bastante ou em prolongado contato, não
podendo, assim, garantir o equilíbrio e a coesão social. Nesses casos, o estado
de anomia é iminente, isto é, um estado de desequilíbrio social.

OS INDICADORES DOS TIPOS DE SOLIDARIEDADE

Durkheim utiliza-se da predominância de certas normas do Direito como


indicadoras da presença de um ou de outro tipo de solidariedade, já que esta,
por ser um fenômeno moral, não pode ser diretamente observado. Conquanto

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se sustente em costumes difusos, Corporação Profissional: A profissão assume
importância cada vez maior na vida social: torna-se herdeira da família,
substituindo-a e excedendo-a, mas ela própria somente é regulada dentro da
esfera de suas atividades. Por isso é que Durkheim procurou na esfera do
trabalho, nos grupos profissionais, um lugar de reconstrução da solidariedade e
da moralidade integradora tão necessária, a seu ver, nas sociedades industriais.
Nesse caso, o grupo profissional cumpre as duas condições necessárias para a
regulamentação da vida social então anárquica: ele está interessado na vida
econômica e tem uma perenidade ao menos igual à da família, saiba mais
Consciência coletiva: Sociedade agindo e vivendo em nós. Sistema de ideias,
sentimentos e de hábitos que se exprimem em nós. O grupo ou os grupos
diferentes de que fazemos parte. glossário sociologia introdução às ciências
sociais e o Direito é uma forma estável e precisa e serve, portanto, de fator
externo e objetivo que simboliza os elementos mais essenciais da solidariedade
social. Para o sociólogo, o papel do Direito é, nas sociedades complexas,
análogo ao do sistema nervoso: regula as funções do corpo. Por isso expressa
também o grau de concentração da sociedade devido à divisão do trabalho
social, tanto quanto o sistema nervoso exprime o estado de concentração do
organismo gerado pela divisão do trabalho fisiológico, isto é, sua complexidade
e desenvolvimento.

Sanções impostas por costumes =imposições difusas. Direito:

➢ Sanções repressivas: todo delito que vai ser punido com a administração
de uma dor, uma diminuição, uma privação.
➢ Sanções restituitórias: objetivam restabelecer a sociedade a seu estado
anterior, levando o culpado a reparar o dano causado.

KARL MARX

Nasceu na cidade de Treves, na Prússia, filho de um advogado judeu convertido


ao protestantismo. Foi filósofo, historiador, economista e jornalista. Deixou
numerosos escritos como Manuscritos Econômicos e Filosóficos, O Brumário de
Luís Napoleão, Contribuição à Crítica da Economia Política, O Capital, e, em
conjunto com Engels, A Ideologia Alemã, Manifesto Comunista, entre outros. Em

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1843, exilou-se em Paris e posteriormente em Bruxelas e em Londres, onde
morreu em 1883.

MARX utilizou o método dialético para explicar as mudanças importantes


ocorridas na história da humanidade através dos tempos. Ao estudar
determinado fato histórico, el procurava seus elementos contraditórios,
buscando encontrar aquele elemento responsável pela sua transformação num
novo fato, dando continuidade ao processo histórico.

Desenvolveu uma concepção materialista da História, afirmando que o modo


pelo qual a produção material de uma sociedade é realizada constitui o fator
determinante da organização política e das representações intelectuais de uma
época. Assim, a base material ou econômica constitui a "infraestrutura" da
sociedade, que exerce influência direta na "superestrutura", ou seja, nas
instituições jurídicas, políticas (as leis, o Estado) e ideológicas (as artes, a
religião, a moral) da época, pois, como escreve o autor em Contribuição à Critica
da Economia Política: "Não é a consciência dos homens que determina o seu
ser; é o seu ser social que, inversamente, determina a sua consciência", isto ,é
a ideia que o homem tem de si, suas impressões e valores são produzidos pelos
grupos sociais que dominam a sociedade. Esta dominação, designada por
Ideologia é exercida pela classe que tem a posse dos meios de produção social.

Para Marx, o operário é o indivíduo que nada possuindo é obrigado a sobreviver


da sua força de trabalho. No capitalismo, ele se torna uma mercadoria, algo útil,
que se pode comprar e vender, por meio de um contrato estabelecido entre ele
e o capitalista, a quem é permitido comprar ou "alugar por um tempo" sua força
de trabalho em troca de uma quantia de dinheiro, o salário. Nesta relação que se
constitui o princípio da desigualdade no sistema capitalista, pois o capitalista
explora a força produtiva do proletário e paga a ele um valor inferior ao que é
produzido e acumulado por ele - dono dos meios de produção - sob a forma do
lucro. Assim temos:

Excedente do trabalho: apropriado privadamente pelo capitalista na condição de


produção sob a forma de lucro.

➢ Alienação: processo pelo qual o trabalhador, ao se distanciar dos


instrumentos de produção do trabalho, perde a noção do produto final

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a que sua força de trabalho está vinculada, de modo que, a divisão do
trabalho torna atarefa individual um ota abstrato e aparentemente sem
qualquer relação com o produto final, com a atividade de produção.

Mais-valia: mede a exploração dos assalariados pelos capitalistas e é a fonte de


lucro destes. Na realidade, o que o trabalhador recebe é o salário de
subsistência, que é o mínimo que assegura a manutenção e reprodução do
trabalho, mas apesar de receber um salário, o trabalhador acaba por criar um
valor acrescentado durante o processo de produção, ou seja, fornece mais do
que aquilo que custa uma mercadoria, é esta diferença que Marx chama de Mais-
Valia.

Classes: grupo de pessoas que compartilham determinadas condições


objetivas, ou seja, a mesma situação no que se refere à propriedade dos meios
de produção a partir do momento em que se organizam politicamente para
defesa consciente de seus interesses, o que supõe uma identidade construída
do ponto de vista subjetivo em classe para si. Assim, somente quando os
proletários adquirissem esta condição é que seria possível modificar a
sociedade.

PREOCUPAÇÕES METODOLÓGICAS

Marx e Weber compartilham o grande tema - o capitalismo ocidental. Weber


dedicou a ele boa parte de suas energias intelectuais, estudando-o da
perspectiva histórica, econômica, ideológica e sociológica

Seu objeto de investigação é a ação social, a conduta humana dotada de sentido,


isto é, de uma justificativa subjetivamente elaborada. Assim, o homem passou a
ter, na teoria weberiana, significado e especificidade. É o agente social que dá
sentido à sua acção: estabelece a conexão entre o motivo da acção, a ação
propriamente dita e seus efeitos. Para Weber, a tarefa do cientista é descobrir
os possíveis sentidos das acções humanas, presentes na realidade social que
lhe interesse estudar. O sentido, por um lado, é a expressão da motivação
individual, formulado expressamente Devemos distinguir o pensamento alemão
do pensamento francês, fortemente influenciado pelas ideias de Durkheim. Em
Weber, há a preocupação com o estudo da diferença, característica de sua
formação política e de seu desenvolvimento econômico. Adicione-se a isso a

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herança puritana caracterizada pelo apego à interpretação das escrituras e livros
sagrados. Essa associação entre história, esforço interpretativo e facilidade em
discernir diversidades caracterizou o pensamento alemão e influenciou muitos
cientistas fortalecendo uma perspectiva histórica e antropológica, atenção
sociologia introdução às ciências sociais pelo agente ou implícito em sua
conduta. Por exemplo, o motivo individual que em leva a estudar, o motivo
individual que em leva a ir a um estádio de futebol. Mas, nesta acção individual
ocorre a interdependência dos indivíduos, pois um indivíduo age sempre em
função de sua motivação e da consciência de agir em relação a outros atores.
Por outro lado, a ação social terá efeitos sobre a realidade em que ocorre. Tais
efeitos escapam, muitas vezes, ao controle e à previsão do agente.

A partir do conceito de tipo ideal, Weber diferencia as ações dos indivíduos


em sociedade em quatro possibilidades: ação racional com relação a fins, ação
racional com relação a valores, ação tradicional e ação afetiva.

Racional com relação a fins: se, para atingir um objetivo previamente definido,
lança-se mão dos meios necessários ou adequados, ambos variados e
combinados tão claramente quanto possível de seu próprio ponto de vista. Ex.:
uma ação econômica ou uma conduta científica.

Racional em relação a valores: o agente orienta-se por fins últimos, agindo de


acordo com ou a serviço de suas próprias convicções, levando em conta
somente sua fidelidade a certos valores, estes, sim, inspiradores de sua conduta;
ou na medida em que ele crê na legitimidade intrínseca de um comportamento,
válida por si mesma.

Ex:. Cumprir um dever, um imperativo ou exigência ditados pelo senso


de dignidade, crenças religiosas, políticas, morais ou estéticas, ou
ainda por valores que preze, tais como a justiça, a honra, a
honestidade, a fidelidade, a beleza.

Acção afetiva: guiada por emoções imediatas - vingança, desespero,


admiração, orgulho, medo, inveja, entusiasmo, etc. - sem consideração a meios
ou a fins para se atingir.

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Acção tradicional: quando hábitos e costumes arraigados levam a que se aja
em função deles ou de modo 'como sempre se fez' reagindo a estímulos
habituais.

METODOLOGIA DE ESTUDO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

Um dos objetivos do conhecimento sociológico foi criar instrumentos teóricos que


levassem à reflexão sobre problemas da sociedade contemporânea. A pesquisa
social é o processo que utiliza a metodologia científica para obter novos
conhecimentos sobre a realidade social. De acordo dom Berger e Luckman
(2002), o sociólogo aborda aspectos da realidade que lhe são extremamente
familiares, como: grupos, instituições, atividade sobre as quais os jornais falam
todos os dias. Mas a investigação sociológica comporta outro tipo de descoberta;
faz-nos ver a realidade familiar mudar de significado sob nosso olhar e ver a
realidade do mundo cotidiano a partir de outra perspectiva. Contudo, para
alcançar esta condição de objetividade do fenômeno social observado, o
pesquisador precisa passar por um processo de construção deste olhar
científico.

ALGUNS CONCEITOS IMPORTANTES EM CIÊNCIAS SOCIAIS

A sociologia tem como objetivo de estudo científico das relações sociais, das
formas de associação, destacando as características gerais comuns a todas as
categorias de fenômenos sociais que se produzem nas relações de grupos entre
os seres humanos; as interações que ocorrem na vida em sociedade. Assim,
nesta seção, passamos a relatar alguns dos conceitos necessários aos
acadêmicos de ciências sociais conhecerem como ponto de partida às
considerações teóricas que se seguirão.

SOCIEDADE: organização humanamente fundada ou sistema de inter-relações


que articula indivíduos numa mesma cultura; todos os produtos da interação
humana, a experiência de viver com outros em torno de nós. Com frequência,
experimentamos a sociedade (organização humanamente fundada) como algo
externo aos indivíduos e às interações que afundam.

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Nomeiam-se três instâncias do modo de ser humano, em bases sociológicas,
com os termos a seguir:

- Indivíduo: noção biológica e estatística;

- Actor social: conceito especificamente sociológico, que expressa os papéis


sociais demandados pela sociedade para representarmos em vários momentos:
pai, cônjuge, filho, professor, aluno, esportista, participante de uma festa e
outros;

- Pessoa: conceito psicológico (e também filosófico). Pessoa é o ser humano


autoconsciente (dotado de consciência de si mesmo, capaz de tomar-se como
objeto de seu próprio conhecimento e autoanálise, e por isso, apto a efetuar
decisões sobre sua própria vida.

Cultura: conjunto de tradições, regras e símbolos que dão forma a determinado


grupo, e são encenados como, sentimentos, pensamentos e comportamentos de
grupos de indivíduos. Referindo-se principalmente ao comportamento adquirido,
por oposição ao dado pela natureza ou pela biologia, a cultura tem sido utilizada
para designar tudo o que é humanamente criado (hábitos, crenças, artes e
artefactos) e passado de uma geração a outra. Nessa formulação, a cultura
distingue-se da natureza e distingue uma sociedade da outra.

Normas: regras comportamentais ou padrões de interação social. Em geral,


derivam dos valores, mas podem também contrapor-se a eles, e servem como
guias para julgamento dos comportamentos individuais. As normas estabelecem
expectativas que dão forma às interações.

Interação social: capacidade de influenciar e também sofrer influência do


comportamento dos outros através de ideias, sentimentos ou atitudes que
provocarão reações recíprocas, acontecendo uma modificação no
comportamento de todos.

Comunidade: ao contrário da sociedade onde podem predominar as relações


impessoais, burocratizadas, de grande desigualdade entre os indivíduos,
complexa divisão social do trabalho e interdependência entre os membros,
baseadas em relações jurídicas e não naturais ou biológicas, na comunidade,

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predominam relações socais com maior integração entre os indivíduos como, por
exemplo, vizinhança, grupos religiosos ou certas associações profissionais.

Difusão: denomina processos de mudanças sociais por meio dos quais


elementos culturais - valores, crenças e tecnologias - passam de uma sociedade
para outra. Sabe-se que, desde o início da civilização humana, padrões culturais,
assim como usos e costumes, atravessaram fronteiras e foram incorporados por
outras sociedades. Mas o intercâmbio de padrões existentes entre as sociedades
não se dá, entretanto, de forma igualitária. Os estudiosos do desenvolvimento
chamam de efeito demonstração o poder e a atração que os padrões culturais
dos países desenvolvidos exercem sobre as populações dos países em
desenvolvimento, fazendo com que a absorção de novos hábitos e costumes
ocorra de forma sistemática e com o mínimo de resistência por parte da
sociedade receptora ou dependente.

Grupos sociais: conjunto de indivíduos que agem de maneira coordenada,


autorreferida ou recíproca, isto é, numa situação na qual cada membro leva em
consideração a existência dos demais membros do grupo e em que o objetivo
de suas acções é, na maior parte das vezes, dirigido aos outros. Além de agir de
forma autor referente, o homem tem a consciência de que pertence a um grupo,
o que implica interdependência, integração e reciprocidade, elementos
fundamentais da vida social. Podemos identificar no estudo dos grupos sociais
os grupos primários, tais como família e vizinhança, nos quais se observa forte
envolvimento emocional, actitudes de cooperação e o compartilhar de objetos
comuns. Os grupos secundários são mais formais e menos íntimos e
correspondem àqueles grupos formados pelos membros de grandes empresas
e instituições como o exército.

Cooperação: forma de interação em que diferentes indivíduos ou grupos


trabalham juntos para um fim comum. Exemplos: cooperativas; mutirão para
limpeza de um terreno; um aluno emprestar uma caneta a outro para realizar
uma prova e qualquer tipo de ação conjunta para atingir um determinado
objetivo.

Competição: consiste na disputa consciente ou inconsciente por bens e


vantagens sociais limitadas em número e oportunidades (bens escassos). Os

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indivíduos ou grupos podem competir por alimentos, dinheiro, empregos,
prestígio, afeto de outras pessoas, por um pedaço de terra e por uma infinidade
de motivos. Na sociedade capitalista, os indivíduos são estimulados a competir
em todas as suas atividades, seja no emprego, no lazer, na escola etc. Constitui
desse modo um processo permanente. Competição pode gerar rivalidade. Da
rivalidade pode ser gerado o conflito.

Conflito: processo pelo qual pessoas ou grupos procuram recompensas pela


eliminação ou enfraquecimento dos competidores. Ao contrário da competição,
reveste-se de atitude consciente, emocional e transitória. Na sua forma mais
extrema, o conflito leva à eliminação total dos oponentes, podendo ser de
diferentes ordens: raciais, econômicos, religiosos ou políticos.

Comodação: processo pelo qual o individuo ou grupo se ajusta a uma situação


conflitiva sem ter admitido mudanças importantes nos motivos que deram origem
ao conflito. Consiste em criar acordos temporários entre os oponentes. A
acomodação pode ter vida curta ou perdurar séculos.

Assimilação: processo longo e complexo que garante mau solução permanente


para os conflitos alterando profundamente as maneiras de pensar, sentir e agir
dos indivíduos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS:

BERGER, Peter; LUCKMAN, Thomas. Construção Social da Realidade: Tratado


de Sociologia do Conhecimento. Rio de Janeiro: Petrópolis, 202.

BOBBIO, Norberto. O Futuro da Democracia. 7.ed. São Paulo: Editora Paz e


Terra, 2000.

CANCLINI, Néstor Garcia. Consumidores e Cidadãos: Conflitos Multiculturais da


Globalização. Rio de Janeiro: Ed. UFRJ, 1999.

CHAUI, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1999.

COSTA, Cristina. Sociologia: Introdução à Ciência da Sociedade. São Paulo:


Moderna, 2005.

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