Teoría Literaria 2
Teoría Literaria 2
Teoría Literaria 2
1 /«sí. o r ., II, i , 4.
2 “ Ju l i e n l ’ A p o s t a t [ . . . ] e st o i t t r e s-e x c e l l e n t e n t o u t e so r t e d e l i t t é r a t u r e "
( M o n t a i g n e , E ss a is, I I , 19 ).
12 T eoría de la literatura
3 “ C h a p e l a i n a v a i t u n e l i t t é r a t u r e i m m e n se ” ( V o l t a i r e , L e si èc l e d e
L o u t s X I V , e n e l v o l . O e u v r e s h is t o r i q u e s, P a r is, G a l l i m a r d , B i b l i o t h è q u e d e
la P l é i a d e , 1 9 57 , p . 9 1 1 ) .
E l concepto de la literatura 13
rapports avec les institutions sociales (1800). Se comprende que esta
transformación semántica del vocablo “ literatura” se haya producido
en la segunda mitad del siglo X VIII : por un lado, el término “ cien
cia” se especializa fuertem en te, acompañando el desarrollo de la cien
cia in ductiva y experimen tal, y así d eja de ser posible incluir en la
" literatura” los escritos de carácter cien tífico; por otro lado, se asiste
a un amplio movimiento de valorización de géneros literarios en
prosa, desde la novela hasta el periodismo, haciéndose necesaria, por
consiguien te, una designación genérica que pudiera abarcar todas las
manifestaciones del arte de escribir. Esa designación genérica fu e la
de litera tura 4.
4 E l e st u d i o f u n d a m e n t a l so b r e la e v o l u c i ó n se m á n t i c a d e l a p a l a b r a “ l i t e-
r a t u r a ” es el de R o b e r t E sc a r p i t , “ L a d é fi n i t i o n d u te r m e l i t t é r a t u r e ", A c t e s
d u I I I e c o n g r ès d e l ’ A sso c i a t i o n I n t e r n a t i o n a l e d e L i t t é r a t u r e C o m p a r é e , T h e
H a g u e , M o u t o n &C C ° . ’ S - G r a v e n h a g e , 19 6 2 , p p . 77 -8 9 (est u d i o r e p r o d u c i d o e n
e l v o l . L e l i t t é r a i r e e t l e so c i a l. É l é m e n t s p o u r u n e so c i o l o g i e d e l a l i t t é r a t u r e ,
d i r i g . p o r R . E sc a r p i t , P a r is, F l a m m a r i o n , 19 7 0 , p p . 25 9 -272 ) .
14 T eoría de la literatura
vación nos enseña, en efecto, que la obra literaria constituye una for-
m a determinada d e mensaje verba l; pero el problema reside en dis-
tinguir el lenguaje literario del no literario, de modo q ue sepamos
cuándo debe un mensaje verbal ser considerado como u na manifesta-
ción literaria, independientemen te de todo criterio valorativo, es d e
cir, de saber si tal manifestación literaria es buena o mala.
E n un estudio fundamental sobre la caracterización del lenguaje
literario7, Roman Jakobson distingue en la comunicación verbal seis
fu nciones básicas :
a ) la fu nción emotiva o expresiva, estrechamen te relacionada
con el sujeto emisor, pues se caracteriza por la transmisión de con te
nidos emotivos su yos;
b) la función apela tiva, orientada hacia el sujeto receptor, la
cual tiene como fin actuar sobre este sujeto, influyen do en su modo
de pensar, en su comportamien to, e tc.;
c) la fu nción referencial o inform ativa, que consiste en la trans
misión de un saber, de un con tenido intelectual acerca de aquello de
lo que se h ab la;
es d e c i r , e l p r o d u c t o d e la a c t i v i d a d l i n g ü í s t i c a . E s i n d u d a b l e , si n e m b a r g o ,
q u e la “ l i ter a t u ra o ra l” co n st i t u y e u n asp ect o m e n o r, c u a n t i t a t iv a y c u a l i t a t i
v a m e n t e , d e la l i t e r a t u r a , so b r e t o d o d e s p u é s d e la i n v e n c i ó n d e la i m p r e n t a .
E l P r o f . M a ss a u d M o is é s, e n s u o b r a A c r i a ç â o l i t e r a r i a (S a o P a u l o , E d i ç ô e s
M e l h o r a m e n t o s, 19 6 7) , a f i r m a t a j a n t e m e n t e : “ E n v e r d a d , só l o p o d e m o s h a b l a r
d e L i t e r a t u r a c u a n d o p o se e m o s d o c u m e n t o s esc r i t o s o i m p r e so s, l o q u e e q u i
v a l e a d e c i r q u e la l l a m a d a L i t e r a t u r a o r a l n o c o r r e s p o n d e a n a d a " (p. 15 ) . E s t a
a f i r m a c i ó n i m p l i c a u n c o n c e p t o e r r ó n e o d e l l e n g u a j e , p u e s t o q u e a d m i t e la
s u bs t a n c i a c o m o su e l e m e n t o e se n c i a l . R o g e r F o w l e r (“ L i n g u i s t i c t h e o r y a n d
the st u d y o f literatu re” , E ss a y s o n s t y l e and la n g u a ge, L o n d o n , R o u t le d ge
and K egan P a u l, 19 6 6 ) , al a n a l i z a r est e p r o b l e m a , c o n c l u y e : " L a s u b st a n c i a
n o p r o p o r c i o n a n i n g u n a i n d i c a c i ó n p a r a d i f e r e n c i a r la l i t e r a t u r a d e l o q u e n o
es l i t e r a t u r a ” ( p . 9).
7 R o m a n Ja k o b so n , " C l o s i n g s t a t e m e n t s : L i n g u i s t i c s a n d p o e t i cs” , S t y l e
i n la n g u a ge. E d . b y T h o m a s A . Se b e o k , N e w Y o r k a n d L o n d o n , T h e T e c h
n o l o g y P r e ss o f M a ss a c h u s e t t s I n s t i t u t e o f T e c h n o l o g y a n d W i l e y & S o n s ,
I n c ., i 9 6 0 , p á gs. 3 5 0 -3 7 7 . E s t e est u d i o f u e i n c l u i d o e n la o b r a d e Ja k o b so n ,
p u b l i c a d a e n F r a n c i a , E ss a is d e l i n g u is t i q u e g e n é r a l e (P a r is, L e s É d i t i o n s d e
M in u it, 19 63) .
16 T eoría de la litera tura
8 A g r a d e z c o al P r o f . D r . A m é r i c o d a C o s t a R a m a l h o l as d o c t as i n f o r m a
c i o n e s q u e m e p r o p o r c i o n ó so b r e la t r a d u cc i ó n p o r t u g u esa de la e x p r esi ó n
“ p h a t i c f u n c t i o n ” , u sa d a p o r Ja k o b so n *.
* E l a d j . j á t i c o , q u e n o f i g u r a e n n u e st r o s d i cc i o n a r i o s, es u n n e o l o g is m o
d e r i v a d o d e la r a í z b h a “ h a b l a r ” ; c f r . g r . , (d ó r. ), la t. f â r i,
f a m a., e t c . ( N . d e l T . )
9 C f r . A . L . B i n n s, “ ‘ L i n g u i s t i c ’ r e a d i n g : t w o su ggest i o n s o f t h e q u a l i ty
o f l i t e r a t u r e ” , E ss a y s o n s t y l e a n d l a n g u a g e . L i n g u is t i c a l a n d c r i t i c a l a p p r o a c h es
to li t e r a r y st y le, e d . b y R oge r F o w l e r, L o n d o n , R o u t le d ge a n d K ega n Pa u l,
19 6 6 , p. 1 2 2 .
E l concepto de la literatura
10 G a l v a n o D e l l a V o l p e , C r í t i c a d e l g u s t o , B a r c e l o n a , S e i x B a r r a i , 19 6 6 ,
p á g i n a s 1 7 6 - 17 7 . E s t a c a r a c t e r ís t i c a p r i m o r d i a l d e l l e n g u a j e l i t e r a r i o se i m p o n e
c o n t al c l a r i d a d q u e u n c r í t i c o m a r x is t a c o m o P i e r r e M a c h e r e y n o d u d a a f i r
m a r : “ U n a d e l as c a r a c t e r ís t i c a s e se n c i a l es d e l l e n g u a j e t a l c o m o a p a r e c e
e n la o b r a es q u e g e n e r a i l u si ó n : v o l v e r e m o s m ás t a r d e so b r e e st a e x p r e s i ó n ,
p a r a v e r si es s a t isf a c t o r i a . D e m o m e n t o , b a st a c o m p r e n d e r q u e est a i l u s i ó n
e s c o n s t i t u t i v a : n o se a ñ a d e al l e n g u a j e d e s d e e l e x t e r i o r , co n f i r i é n d o l e só l o
u n u so i n é d i t o : l o m o d i f i c a p r o f u n d a m e n t e , h a c i e n d o d e é l o t r a c os a . D i g a m o s
s i m p l e m e n t e q u e i n s t i t u y e u n a n u e v a r e l a c i ó n e n t r e l a p a l a b r a y su se n t i d o ,
e n t r e e l l e n g u a j e y su o b j e t o . E n e f e c t o , e l l e n g u a j e m o d i f i c a d o p o r e l e sc r i t o r
n o t i e n e p o r q u é p l a n t e a rse e l p r o b l e m a d e la d is t i n c i ó n e n t r e l o v e r d a d e r o
y l o f a ls o , e n la m e d i d a e n q u e , r e f l e x i v a m e n t e , p e r o n o e sp e c u l a t i v a m e n t e ,
se c o n f i e r e a sí m is m o su p r o p i a v e r d a d : la i l u si ó n q u e p r o d u c e c o n s t i t u y e
p o r sí m is m a su p r o p i a n o r m a . E s t e l e n g u a j e n o e n u n c i a la e x is t e n c i a d e u n
o r d e n i n d e p e n d i e n t e d e é l , co n e l c u a l p r e t e n d i e se e s t a r c o n f o r m e : él m is m o
s u g i e r e e l o r d e n d e v e r d a d co n e l c u a l l o r e l a c i o n a m o s. N o d e s i g n a u n o b j e t o ,
si n o q u e l o s u sc i t a , e n u n a f o r m a i n é d i t a d e l e n u n c i a d o ” (P i e r r e M a c h e r e y ,
P o u r u n e t h é o r i e d e l a p r o d u c t i o n l i t t é r a i r e , P a r is, F r a n ç o is M a s p e r o , i g ó ó ,
p ági n a 56).
8 T eoría de la litera tura
11 L a s c a r g a s c o n n o t a t i v a s d e u n v o c a b l o d e p e n d e n e n a l t o g r a d o d e l
p s l q u is m o d e l os h a b l a n t e s y d e l o s c o n t e x t o s e n q u e e l v o c a b l o es e m i t i d o
y / o recib id o.
12 W i l l i a m E m p s o n , S e v e n t y p e s o j a m b i g u i t y , L o n d o n , C h a t t o W in-
d u s, 19 3 0 .
13 W i l l i a m E m p s o n , o p . c i t . , p . 1 .
20 T eoría de la literatura
rario s plu risign ifica ción 14. E l lenguaje literario es plu risignifica tivo
porque, en él, el signo lingüístico es portador de m ultiples dim en
siones semánticas y tiende a una m ultivalencia sign ificativa, h uyen do
del significado unívoco1, que es propio d e los lenguajes monosignifi-
ca tivos (discurso lógico, lenguaje jurídico, etc.). N o se debe concluir
de aquí que cualquier sin tagm a literario sea p lu risign ificativo: cierto
verso de un poema, por ejem plo, puede presentar sólo un significado
literal; pero se debe observar que tal verso únicamente constituye
una parcela de un significado total, y que este significado total es n e
cesariamente polivalente.
Por otro lado, im porta subrayar q ue la plurisignificación literaria
se constituye a base de los valores literales y materiales de los signos
lingüísticos; es decir, el lenguaje literario conserva y trasciende si
multáneamente la literalidad de las p alab ras15. C uando un poeta,
evocando a la madre m uerta, escribe estos versos:
M a s t u , ó r os a f r í a ,
ó o d i e d a s v i n h a s a n t i g a s e l i m p a s? 16.
( M a s t ú , o h r o sa f r í a ,
o d r e d e l a s v i ñ a s a n t i g u a s y l i m p i a s?)
14 P h i l i p W h e e l w r i g h t , T h e b u r n i n g f o u n t a i n . A s t u d y i n t h e l a n g u a g e
o f s y m b o l is m , B l o o m i n g t o n , I n d i a n a U n i v e r s i t y P r e ss, 19 5 4 , p p . 6 1 ss.
15 C f r . G a l v a n o D e l l a V o l p e , C r í t i c a d e l g u s t o , p . 12 8 .
16 H e r b e r t o H é l d e r , O f i c i o c a n t a n t e , L i s b o a , P o r t u g á l i a , 19 6 7 , p . 6 7 .
E l concepto de la literatura 21
( B a y a d e r a d e h u e s o s, m a n c e b a i r r esis t i b l e ,
D i a esos d a n z a n t e s q u e se f i n g e n o f u sc a d o s ¡
¡ G a l a n e s, p ese al a r t e d e p o l v o s y c a r m i n e s,
O l é is t o d os a m u e r t e !. . . )
17 B a u d e l a i r e , L e s f l e u r s d u m a l , P a r i s, G a r n i e r , 19 5 9 , p p . 1 0 9 -11 0 .
18 B a u d e l a i r e c o m e n t a así, e n u n a c a r t a , l a p a l a b r a g o u g e : " . . . a l p r i n c i p i o ,
u n a h e r m o sa g o u g e n o es m ás q u e u n a m u j e r h e r m o s a ; m ás t a r d e , la g o u g e
e s la c o r t e sa n a q u e si g u e al e j é r c i t o , e n la é p o c a e n q u e e l so l d a d o , c o m o
e l c u r a , n o a v a n z a si n u n a r e t a g u a r d i a d e c o r t e s a n a s... P u es b i e n , ¿ n o e s la
M u e r t e la G o u g e q u e si g u e p o r t o d a s p a r t e s al G r a n E j é r c i t o u n i v e r s a l , y n o
e s t a m b i é n e l la u n a c o r t e sa n a c u y o s b e so s s o n p osi t iv a m e n t e i r r e s is t i b l e s? "
( L e s f l e u r s d u m a l , e d . c i t ., p . 3 9 2 ) * .
* T a m b ié n m a n c e b a , e n c a st e l l a n o , si g n i f i c ó al p r i n c i p i o “ m u c h a c h a ” ,
y c o r t es a n a , d e l f r . c o u r t is a n n e , “ m u j e r d e la C o r t e ” ( N . d e l T . )
22 T eoría de la literatura
(R osa e n c a m a d a ,
P o r q u e h as m u e r to p o r m i
E n m i p ro p ia car n e.
R o s a , se x o
R o j o d e la b e l l e z a
M u l t i p l i c a d a .)
19 C a ss i a n o R i c a r d o , Jo S o T o r t o e a f á b u l a , R i o d e Ja n e i r o , L i v r a r i a José
O l y m p i o , 19 5 6 , p . 12 7 .
20 A l e x a n d r e O ’ N e i l l , N o r e i n o d a D i n a m a r c a , L i s b o a , G u i m a r a e s E d i t o
r es, 19 6 7 , p . 1 6 1 .
E l concepto de la literatura 23
( E l p a ís i n c r e í b l e d e m i t í a ,
t r é m u l o d e b o n d a d y d e a l e t r í a .)
22 V . , so b r e est o ,C h a r l es M a u r o n , L ’ i n c o n sc i e n t d a n s l’ o e u v r e et
l a v i e d e R a c i n e , A i x - e n - P r o v e n c e , P u b l . d e s A n n a l e s d e la F a c u l t é d e s L e t
t r es, É d . O p h r y s , 1 9 5 7 , y D e s m é t a p h o r e s o b sé d a n t e s a u m y t h e p e r s o n n e l .
I n t r o d u c t i o n à l a p s y c h o c r i t i q u e , P a r i s, C o r t i , 19 6 3 ; L u c i e n G o l d m a n n , L e
D i e u c a c h é , P a r i s, G a l l i m a r d , 1 9 5 5 ! R o l a n d B a r t h e s , S u r R a c i n e , P a r i s, A u x
É d i t i o n s d u S e u i l , 19 6 3 .
23 V i c t o r E r l i c h , R u ssi a n f o r m a l is m , T h e H a g u e , M o u t o n 8C C ° , 19 5 5 , p a
g i n a s 15 0 ss. V é a n s e t a m b i é n l os t e x t o s i n c l u i d o s e n e l v o l u m e n T h é o r i e d e la
l i t t é r a t u r e . T e x t e s d e s f o r m a l is t e s r u ss e s r é u n is, p r é se n t és e t t r a d u i ts par
T z v e t a n T o d o r o v , P a r i s, A u x É d i t i o n s d u S e u i l , 19 6 6 , e s p e c i a l m e n t e p p . 76 -
9 7 . C f r . , e n la p r e se n t e o b r a , e l c a p í t u l o X I I I , § 2 .
E l concepto de la literatura 25
mación creadora” , y este deseo de “ tom ar extraño” se manifiesta cla
ram ente en el lenguaje literario: los “ clichés” descoloridos, los ad je
tivos anónimos, las metáforas caducas, etc., son postergados y susti
tuidos por form as lingüísticas que, por su fuerz a expresiva, por su
novedad y hasta por su extrañeza y sus resonancias insólitas, rom pen
la monotonía y la rigidez de los usos lingüísticos.
Este esfuerzo para librar a la palabra de la anquilosis del hábito
y del lugar común, ya de extrem a importancia en la poética barroca,
se h a hecho cada vez más frecuente en la literatura después del ro
m an ticism o: las corrientes poéticas modernas, sobre todo las poste
riores al simbolismo, conceden valor central a la liberación d e la
palabra, y exaltan sus posibilidades significativas profundas y origi
nales. E l ideal de M allarm é de “ dar un sen tido más puro a las pa
labras de la tribu” representa un propósito de todo escritor auténtico,
que debe revelar como un n uevo rostro y una n ueva intimidad en las
palabras, depurándolas de la ganga secular que el uso les ha impuesto.
Y la historia de la literatura muestra que, en la sucesión de las es
cuelas literarias, desem peña un papel im portante la necesidad de sus
tituir por otro n uevo el lenguaje gastado.
L a teoría de la información enseña que, cuan to más trivial, y,
por tanto, más previsible, sea un mensaje, tanto menor será la in for
mación que transmita. Como observa N orbert W iener, la obra de los
grandes autores clásicos a men udo citada, reproducida en antologías
escolares, fragmentada en fórm ulas aforismáticas, etc., se ha vuelto tan
fam iliar al público, se ha triviali¿ado tanto, que ha perdido mucho
de su valor inform ativo. “ A los estudiantes no les gusta Sh a k e
speare porque no v e n en él más que un mon tón de citas conocidas.
Y sólo cuando el estudio de un escritor penetra hasta un estrato más
profundo que el que absorbió los clichés superficiales d e la época,
podemos restablecer con él una relación inform adora y atribuirle un
valor literario fresco y n uevo” 24. E n contrapartida, cuan to más on-
24 N orbert W i e n e r , C y b e r n é t i q u e e t so c i é t é , P a r i s, co ls. 1 0 / 1 8 , 19 6 2 , pá
g i n a s 14 8 -14 9 . L o q u e N . W i e n e r a f i r m a a c e r c a d e S h a k e s p e a r e p u e d e a p l i c a rse
e n t e r a m e n t e a la r e a cc i ó n d e n u e s t r o s e s t u d i a n t es d e e n se ñ a n z a m e d i a , y h a s t a
u n i v e r s i t a r i o s, a n t e u n a u t o r c o m o C a m ó e s. S o b r e la a p l i c a c i ó n d e la t e o r í a
d e la i n f o r m a c i ó n e n e l c a m p o d e l a e s t é t i c a , v é a s e l a o b r a d e U m b e r t o E c o
26 T eoría de la litera tura
m e n c i o n a d a e n l a n o t a sig u i e n t e , y A . M o l e s, T h é o r i e d e l ' i n f o r m a t i o n e t
p e r c e p t i o n e s t h é t i q u e , P a r i s, F l a m m a r i o n , 19 5 8 .
25 U m b e r t o E c o , O b r a a b i e r t a , B a r c e l o n a , S e i x B a r r a i , 19 6 5 , p . 1 0 6 . E n
e f e c t o , e l l e n g u a j e l i t e r a r i o c o n s t i t u y e u n sis t e m a se m i ó t i c o se c u n d a r i o , o c o n -
n o t a t i v o , p o r q u e u t i l i z a co m o si g n i f i c a n t e u n sis t e m a se m i ó t i c o p r i m a r i o , q u e
es e l sist e m a l i n g ü íst i c o (c f r . M a r c e l l o P a g n i n i , S t r u t t u r a le t t e r a r i a e m é t o d o
c r i t ic o , M e ss i n a - F i r e n z e , D ’ A n n a , 19 6 7 , p p . 7 6 ss.).
26 U s o l os t é r m i n o s n o r m a y s is t e m a s i g u i e n d o a E u g e n i o C o se r i u , “ S i s
t e m a , n o r m a y h a b l a ” , T e o r í a d e l l e n g u a j e y l i n g ü ís t i c a g e n e r a l , M a d r i d , G r e
d o s, 19 6 2 .
27 C a ss i a n o R icar d o, 0 a r r a n h a 'c é u de vid ro, R io de Ja n e i r o , Livraria
José O l y m p i o , 19 5 6 , p . 9 7 .
E l concepto de la literatura 27
c o m o l es a d v i e r t e T . S . E l i o t , q u e d e b e n s a b e r c o m u n i c a r a l os d e m á s s u
p o esí a y n o so b r e c a r g a r l a d e t al o sc u r i d a d q u e se t o r n e i n c o m p r e n s i b l e . L a
d i f i c u l t a d d e l l e n g u a j e p o é t i c o r es i d e p r e c isa m e n t e e n eso : s e r l e n g u a j e d e l
p o e t a y se r c o m u n i c a b l e " ( O b r a c o m p l e t a , R i o d e Ja n e i r o , A g u i l a r , 19 58 ,
v o l . I , p . 73) .
34 P a u l V a l é r y , O e u v r e s, P a r i s, G a l l i m a r d , B i b l i o t h è q u e d e la P l é i a d e ,
19 57 , t. I, p . 1 .27 2 .
E l concepto de la literatura 29
35 F e r d i n a n d d e S a u ss u r e , C o u r s d e l i n g u is t i q u e g é n é r a l e , 5 . a é d ., P a r i s,
P a y o t , i 9 6 0 , p p . 10 0 ss. S o b r e es t a m a t e r i a , c f r . Jo sé G . H e r c u l a n o d e C a r
v a l h o , T e o r í a d a l i n g u a g e m , C o i m b r a , A t l â n t i d a , 19 6 7 , t . I , p p . 17 2 ss.
36 D á m a s o A l o n s o , P o e s í a esp a ñ o l a . E n s a y o d e m é t o d o s y l í m i t es es t i l ís
t i c o s, M a d r i d , G r e d o s, 5 . a e d . , p . 2 9 . C a r l o s B o u s o ñ o , d isc í p u l o d e D á m a s o
A l o n s o , e x p o n e e st e p r o b l e m a c o n m u c h a c l a r i d a d : “ D e s d e S a u ss u r e sa b e m o s
q u e l a c a r a c t e r íst i c a f u n d a m e n t a l d e l si g n o c o n sis t e e n su a r b i t r a r i e d a d . E l
s i g n o e s a r b i t r a r i o p u e s t o q u e u n m is m o c o n c e p t o p u d o h a b e r si d o d e s i g n a d o
c o n l as m á s d i v e r s a s p a l a b r a s, y d e h e c h o la c o n f r o n t a c i ó n d e l os d is t i n t o s
i d i o m a s n o s m u e st r a q u e a sí , e n e f e c t o , o c u r r e . E n l a t í n se d i j o “ a r b o r ” a l o
q u e e n i n g l és se d i c e “ t r e e ” , e n f r a n c é s “ a r b r e ” y e n e sp a ñ o l “ á r b o l " . P e r o
a d e m á s d e a r b i t r a r i o , e l si g n o d e l e n g u a e s i n m o t i v a d o : n a d a h a y e n e l s i g
n i f i c a n t e “ á r b o l ” q u e n os s u g i e r a e l o b j e t o a q u e e se si g n i f i c a d o se r e f i e r e .
E n c a m b i o , l os i n s t a n t e s p o é t i c os q u e a n t e s h e m o s a n a l i z a d o c o m o e x p r e s i v o s
n o s m u e s t r a n u n a m o t i v a c i ó n : l a s i n t a x is o e l r i t m o o la m a t e r i a f ó n i c a , e t c . ,
d e l v e r s o , e st á n í n t i m a m e n t e v i n c u l a d o s a l a r e p r ese n t a c i ó n c o r r e s p o n d i e n t e .
E n o t r o s t é r m i n o s : se t r a t a d e c a so s e n q u e e l si g n i f i c a n t e est á m o t i v a d o p o r
la í n d o l e d e su se n t i d o . D i r e m o s e n t o n c e s q u e h a h a b i d o u n a s u st i t u c i ó n : l os
s i g n o s m o t i v a d o s d e la p o esí a r e e m p l a z a n a l o s s i g n o s i n m o t i v a d o s d e la l e n
g u a ; o m ás c o n c r e t a m e n t e : s i g n o s q u e a r r a s t r a n r e p r e se n t a c i o n e s se n so r i a l es
r e e m p l a z a n a s i g n o s p u r a m e n t e l ó g i c os” ( T e o r í a d e l a e x p r esió n p o é t ic a ,
4 . a e d . m u y a u m e n t a d a , M a d r i d , G r e d o s, 19 6 6 , p . 246 ) .
30 T eoría de la litera tura
37 D á m a s o A l o n s o , o b . c i t . , p . 6 o i .
38 C l a u d e L é v i -S t r a u ss , A n t h r o p o l o g i e s t r u c t u r a l e , P a r i s, P i o n , 1 9 5 8 , p á
g i n a 1 0 6 . M e p a r e c e n m u y i l u s t r a t i v a s l as s i g u i e n t e s o b se r v a c i o n e s d e L é v i -
S t r a u ss so b r e est e p r o b l e m a : “ D e s d e e l m o m e n t o e n q u e e l f r a n c é s y e l i n g l é s
a t r i b u y e n v a l o r e s h e t e r o g é n e o s al n o m b r e d e l m is m o a l i m e n t o , la p o si c i ó n
se m á n t i c a d e l t é r m i n o y a n o e s a b so l u t a m e n t e la m is m a . P a r a m í , q u e h a b l é
e x c l u s i v a m e n t e i n g l é s d u r a n t e c i e r t o s p e r í o d o s d e m i v i d a , s i n se r p o r eso
b i l i n g ü e , f r o m a g e y c h e e se q u i e r e n d e c i r l o m is m o , p e r o c o n m a t i c es d i f e r e n
t e s ; f r o m a g e e v o c a c i e r t o p e so , u n a m a t e r i a u n t u o sa y p o c o f r i a b l e , u n sa b o r
e s p e s o . E s u n a p a l a b r a e s p e c i a l m e n t e a p t a p a r a d e s i g n a r l o q u e l l a m a n l os
q u e s e r o s “ m asas g o r d a s " , m i e n t r a s q u e c h e e se , m ás l i g e r o , f r e sc o , u n p o c o
á c i d o y e s q u i v á n d o s e b a j o l os d i e n t e s (c f r . f o r m a d e l o r i f i c i o b u c a l ), m e h a c e
p e n s a r i n m e d i a t a m e n t e e n e l q u e so f r e sc o . E l “ q u e s o a r q u e t í p i c o ” n o es, p o r
t a n t o , e l m is m o , p a r a m í , s e g ú n p i e n so e n f r a n c é s o e n i n g l é s” ( o b . c i t . , p á
g i n a s 1 0 6 -1 0 7 ) . P a r a u n a c r í t i c a c e r r a d a y r a d i c a l d e l as t e o r í as r o m á n t i c a s, o
d e f i l i a c i ó n r o m á n t i c a , q u e aso c i a n í n t i m a m e n t e so n o r i d a d e s y sig n i f i c a d o s p o é
t i c o s, c f r . G a l v a n o D e l i a V o l p e , C r i t i c a d e l g u s t o , B a r c e l o n a , S e i x B a r r a i ,
19 6 6 , p p . 14 4 ss.
39 H e a q u í e l so n e t o d e R i m b a u d :
E l concepto de la literatura 31
A n o i r , E b l a n c, l r o u ge, U v e r t , 0 b le u : v o y e l l es,
Je d i r a i q u e l q u e j o u r v a s n a iss a n c es l a t e n t es:
A , n o i r c o rse t v e l u d e s m o u c h e s éc l a t a n t es
Q u i b o m b i n e n t a u t o u r d e s p u a n t e u r s c r u e l l es,
G o l f e s d ’ o m b r e ; E , c a n d e u r s d es v a p e u r s e t d e s t e n t es,
L a n c e s d e s g l a c i e r s f i e r s , r o is b l a n cs, f r iss o n s d ’ o m b e l l e s;
l , p o u r p r e s, s a n g c r a c h é , r i r e d e s l è v r e s b e l l es
D a n s l a c o l è r e o u l es i v r e ss e s p é n i t e n t e s;
U , c y c l e s, v i b r e m e n t s d i v i n s d es m e r s v i r i d e s ,
P a i x d es p â t is se m é s d ' a n i m a u x , p a i x d es r i d e s
Q u e l'a l c h i m i e i m p r i m e a u x g r a n d s f r o n t s s t u d i e u x ;
0 , s u p r ê m e C l a i r o n p l e i n d es s t r i d e u r s é t r a n g es,
S i l e n c e s t r a v e r sés d es M o n d e s e t d e s A n g e s :
— O l’ O m ég a , r a y o n v i o l e t d e Ses Y e u x .
( A n e g r a , E b l a n c a , I r o j a , U v e r d e , O a z u l : v o c a l es,
D i r é a lg ú n d í a v u e s t r o s n a c i m i e n t o s l a t e n t e s :
A , n e g r a h a l d a v e l l u d a d e m o sc as r e l u c i e n t e s
Q u e z u m b a n r e v o l a n d o f e t i d e c e s b r u t a l e s,
G o l f o s d e so m b r a . E , c a n d o r d e n i e b l a y r e a l e s,
L a n z a s d e h e l e r o s, r e y e s b l a n c o s, n a r d o s t r e m e n t e s.
1, p ú r p u r a , esc u p i d a s a n g r e , l a b i os r i e n t es
E n la c ó l e r a o e n r a p t o s p e n i t e n c i a l es.
U , c í r c u l o s, t e m b l o r d e v e r d e s m a r e s p r o f u n d o s.
P a z d e p a st o s se m b r a d o s d e t r a n q u i l o s r e b a ñ o s,
P a z a r a d a e n l as f r e n t e s p o r e st u d i o s o e n o j o s;
O , s u p r e m o C l a r í n d e e s t r i d o r e s e x t r a ñ o s,
S i l e n c i o s t r a sp asa d o s d e Á n g e l e s y d e M u n d o s :
| 0 , la O m e g a , d est e l l o v i o l e t a d e S u s O j o s l )
E l t e x t o f r a n c é s d e l so n e t o , t al c o m o se i m p r i m e a q u í , p r e se n t a a lg u n a l i
g e r a v a r i a n t e f r e n t e al q u e r e p r o d u c e est a o b r a e n su o r i g i n a l p o r t u g u é s. E l d e
l a p r e se n t e v e r s i ó n c a st e l l a n a es e l d e l m a n u sc r i t o a u t ó g r a f o d e R i m b a u d , c u y a
g r a f í a a n a l i z ó B o u i l l a n e d e L a c o s t e , c o m o p u e d e v e r se e n Ë t i e m b l e , L e so n n e t
d e s V o y e l l e s . D e l’ a u d i t i o n c o l o r e e à l a v i s i o n é r o t i q u e , P a r i s, G a l l i m a r d , 19 6 8 ,
p ag i n as 53 s. ( N . d e l T .)
32 T eoría de la literatura
A p o e m s h o u l d b e w o r d l e ss
A s t h e f l ig h t o f b ir ds
A poem sh o u ld n o t m ea n
B u t b e 41.
( U n p o e m a d e b ie ra se r p a l p a b le y m u d o
C o m o u na fru ta h e nch id a.
U n p o e m a d e b ie ra se r ca lla d o
C o m o el v u e l o d e a v e s
U n p oe m a n o d e b ie ra d ecir,
S i n o se r .)
40 R . Ë t i e m b l e , L e m y t h e d e R i m b a u d , I I . S t r u c t u r e d u m y t h e , P a r i s, G a l l i
m a r d , 19 52 , p . 89.
41 A r c h i b a l d M a c L e i s h , " A r s p o e t i c a ” , C o l l e c t e d p o e m s 1 9 1 7 - 1 9 5 2 , B o s t o n ,
H o u g h t o n M ifl i n , 19 52 .
E l concepto de la literatura 33
la cibernética, de la teoría de la información, e t c .42. Es indudable
que el significado poético no se iden tifica con un mero significado
conceptual o lógico, pues este significado es sólo uno de los com-'
ponentes del significado poético global, ju n to con los valores conno-
tativos, los significados secretos de las palabras — como quedó ex p li
cado en las páginas sobre la plurisignificación del lenguaje literario—
y los valores sugestivos que nacen d e las relaciones musicales en tre
las palabras. Pero el intento de despojar a la palabra de todo con te
n ido sign ificativo equivale a desconocer y destruir la naturaleza del
signo lingüístico, reduciéndolo a la fisicidad del significan te 43.
42 U m b e r t o E c o , O b r a a b i e r t a , B a r c e l o n a , S e i x B a r r a i , 19 6 5 .
43 S o b r e l as p r e t e n s i o n e s d e l c o n c r e t ís m o e n est e t e r r e n o , v . O s w a l d i n o
M a r q u e s, L a b o r a t o r i o p o é t i c o d e C a ss i a n o R i c a r d o , R i o d e Ja n e i r o , E d i t o r a
C i v i l i z a ç â o B r a si l e i r a , 19 6 2 , p p . 5 ss.
44 I . A . R i c h a r d s , P r i n c i p l e s o j l i t e r a r y c r i t i c is m , 5 . ® é d . , L o n d o n , K e g a n
P a u l, 1 9 3 4 , p p . 26 9 ss.
45 R e n é W e l l e k y A u s t i n W a r r e n , T e o r í a li t e r a r i a , 4 . a é d . , i . a r e i m p r .,
M a d r i d , G r e d o s, 19 6 6 , p . 3 0 .
34 T eoría de la literatura
46 C o n m u c h a r a z ó n e sc r i b e e l P r o f . P r a d o C o e l h o , o b . c i t . , p . 36 : " L o
q u e e n t r e n o so t r o s, co m o e n o t r a s p a r t e s, se l l a m a H is t o r i a L i t e r a r i a n o p a sa ,
h a b i t u a l m e n t e , d e H is t o r i a d e la C u l t u r a q u e d a r e l i e v e m á s o m e n o s a c e n
t u a d o a la r e a l i d a d l i t e r a r i a : b i o g r a f í a s d e l os a u t o r e s y a n á l is is i n t e r n o y e x
t e r n o d e l as o b r a s. E s t e g é n e r o h í b r i d o es f u e n t e p e r m a n e n t e d e e q u í v o c o s :
la m a t e r i a n o e l a b o r a d a e s t é t i c a m e n t e , l as i d e as d e m o r a l is t as y p e d a g o g o s y la
b u e n a i n f o r m a c i ó n d e l os h is t o r i a d o r e s a p a r e c e n e n e l m is m o p l a n o q u e l as
E l concepto de la literatura 35
6. Importa, sin embargo, hacer una observación m uy importante.
L o que afirmamos sobre el concepto de literatura se basa en las ten
dencias generales de la estética y de la crítica literaria contemporá
neas ; pero es necesario reconocer que, en su desarrollo histórico, el
concepto de literatura ha tenido extensión diferen te. E l sermón, la
historia, la epístola, etc., fueron considerados en siglos anteriores
como posibles form as literarias, y, en efecto, son consideradas como
literatura las Crónicas d e Fernao Lopes, las D écadas de Joâo de Barros,
las obras oratorias del P. A n ton io V ieira, etc. T éngase en cuenta,
sin embargo, lo sigu ien te:
a ) A u n qu e se admitan como obras literarias, las Crónicas d e
F ernao Lopes y las D écadas de Joâo de Barros n o tienen una esencia
literaria — literariness, como dicen los ingleses— sem ejan te a la d e la
lírica de Camôes o a la de las novelas de Eça de Q ueirós;
b ) L o que verdaderamente h a cambiado n o h a sido el concepto
de literatura ni la naturaleza del objeto literario, sino el concepto de
sermón, de historia, etc. L a prueba está en que, por ejemplo, cuan do
Fernao Lopes escribe la historia tal como hoy entendemos esta d is
ciplina — ciencia rigurosa y objetiva que procura establecer la verdad
de lo acontecido— , no crea literatura. Es decir, el Fernao Lopes
estrictamente historiador es ajeno a la literatura, y el antiguo cro
nista sólo adquiere dimensiones literarias cuando recrea imaginaria*
m e n t e 47 acontecimientos y personajes (la m uerte de M aría T eles, el
retrato de la F lor da A ltura, la muerte del Conde A ndeiro, etc.). L o
mismo podemos afirmar, por ejemplo, de M ichelet o de O liveira M ar
tins, cuya capacidad de recreación im aginaria de acontecimientos y
de almas confiere a sus obras históricas dimensión literaria. N o sin
razón llamaba M acaulay a la historia en tendida a la manera trad i
cional, anterior a la concepción de la historia como ciencia, " n o v e
la fu n dada en hechos” . Piénsese en los recursos de que echan mano
historiadores como T i t o L iv io o Joâo de Barros: retratos de perso
a u t é n t i c a s o b r a s l i t e r a r i a s, e n t e n d i e n d o la L i t e r a t u r a c o m o A r t e . U n D a m i á o
d e G ó is, u n V e r n e y , u n F o r t u n a t o d e A l m e i d a f i g u r a n a la p a r d e u n G i l
V i c e n t e , d e u n G a r r e t t , d e u n C a m i l o P e ss a n h a ” .
47 E s t a e x p r e s i ó n n o sig n i f i c a q u e la r e c r e a c i ó n i m a g i n a r i a d e l os a c o n t e
c i m i e n t o s y d e l os p e rso n a j es n o e st é i n f o r m a d a , e n m a y o r o m e n o r m e d i d a ,
p o r e l e m e n t o s i n d isc u t i b l e m e n t e h ist ó r i c o s.
36 T eoría de la litera tura
48 E l d e sc o n o c i m i e n t o d e e s t a v e r d a d e x p l i c a q u e m u c h a s v e c e s l as h ist o r i a s
d e la l i t e r a t u r a c o n c e d a n a m p l i a a t e n c i ó n a a s p e c t o s y e l e m e n t o s n o literar ios
d e l a s p e r so n a l i d a d es y o b r a s q u e e s t u d i a n . A es t e r e s p e c t o esc r i b e el P r o f.
P r a d o C o e l h o : “ L o s esc r i t o r es so n a m b i g u a m e n t e v a l o r a d o s y a c o m o p e r so n a s
p r á c t i c a s, p o r su s i d e a s y a cc i o n e s, v a co m o p e r so n a s e s t é t i c a s. E j e m p l o t í p i c o
e l d e V i e i r a ! se d a m ás i m p o r t a n c i a al m isi o n e r o , a l d i p l o m á t i c o , al h o m b r e d e
cie r ta co n fig u r ació n m e n t a l r e p r e s e n t a t i v a , q u e a l o q u e r e a l m e n t e a t a ñ e a la
H ist o r i a L i t e r a r i a : e l a r t ist a (se n t i m i e n t o s c o n v e r t i d o s e n f u e n t e s d e e m o
c i o n e s es t é t i c a s, i m a g i n a c i ó n , r i t m o ) " ( P r o b l e m á t i c a d a h is t o r i a l i t e r a r i a , p p . 3 6 -
37 )·
E l concepto de la literatura 37
raleza. M ientras que éstas tienen como objeto el m undo natural, la
totalidad de las cosas y de los seres simplemente dados ya al cono
cim iento sensible ya a la abstracción in telectual, las ciencias del es
píritu tienen como objeto el m undo creado por el hombre en el
transcurso de los siglos — ám bito singularmente vasto, pues abarca
todos los dom inios de la m últiple actividad humana.
L as ciencias naturales tienen como ideal la explicación de la rea
lidad mediante la determinación de leyes universalm en te válidas y
necesarias, que expresan relaciones inderogables en tre los m últiples
elementos de la realidad em p írica; las ciencias del espíritu, en cam
bio, se esfuerzan por com prender " la realidad en su carácter i n d iv i
dual, en su deven ir, espacial y temporalmente condicionado” 49. Q uiere
decirse, por consiguien te, que la teoría de la literatura, ram a del saber
incluida en las ciencias del espíritu, no puede aspirar a la objetividad,
rigor y exactitud que caracterizan a las ciencias n aturales: el con
cepto de ley, elemento nuclear de las ciencias de la naturaleza, n o se
verifica en los estudios literarios, y algu nas ten tativas de establecer
leyes en el estudio del fenóm eno literario han tropezado con dificul
tades insuperables 50.
51 P i e t r o R o ss i , o b . c i t . , p . 1 7 1 .
52 V é a n s e es p e c i a l m e n t e l os c a p í t u l o s I X y X V .
E l concepto de la literatura 39
ble ; sólo lo general, lo in tersubjetivo, puede ser pensado como com-
partido. E l estado de alma es comunicable sólo in specie, sólo en las
estructuras y carácter generales” 53. L a obra literaria, entendida como
in d ivid uo absoluto, constituiría una esfinge perpetuam en te silenciosa,
una experiencia necesariamente intransferible a la conciencia de otros.
N o hay duda de que la interioridad del autor sólo puede ser com u
nicada a través de relaciones y estructuras generales, que constituyen
las condiciones de posibilidad de la experiencia literaria: estructuras
lingüísticas, poéticas, estilísticas, etc. L a obra, en su origen y en su
naturaleza, se sitúa en el orden de la literatura, man tiene m últiples y
sutiles relaciones con otras obras, con los valores del m undo estético,
con experiencias literarias preceden tes54. Como expuso T . S. E lio t
en su famoso ensayo La tradición y el talento individu a l, la obra poé
tica es incomprensible sin la consideración de sus relaciones con las
obras del pasado, con el orden de la literatura, sobre el cual, a su ve z ,
actúa la obra poética, modificándolo y en riq uecién dolo55. Ciertamente,
¿có m o podremos comprender la novela de Eça d e Q ueirós sin tener
en cuen ta a Flaubert y sus realizaciones en el dom in io de la ficción
novelesca, sin tener en cuenta el realismo y el naturalismo? ¿C ó m o
comprenderemos a Paul V aléry, por ejemplo, sin in tegrarlo en un
orden de la literatura en que M allarmé surge como elemento fu n d a
mental, y en que destacan, en segundo plano, E dgar A lian Poe y
Baudelaire? Y ¿cóm o podrá ser enten dido el surrealismo de Breton
sin tener en cuenta el romanticismo, la poesía y la poética de R i m
baud y de Lau tréam on t? E l secreto, las dimensiones peculiares del
cosmos de un poema radican en las estructuras com unitarias de que el
poeta echa mano, comen zando por las estructuras comunitarias del
lenguaje.
53 F é l i x M a r t í n e z B o n a t i , L a es t r u c t u r a d e l a o b r a li t e r a r i a , S a n t i a g o d e
C h i l e , E d . d e l a U n i v e r s i d a d d e C h i l e , i 9 6 0 , p p . 10 9 ss.
54 G a ë t a n P i c o n , I n t r o d u c t i o n à u n e e s t h é t i q u e d e l a li t t é r a t u r e . I . L ’ é c r i -
v a i n e t so n o m b r e , P a r i s, G a l l i m a r d , 1 9 5 3 , p . 3 5 .
55 T . S . E l i o t , “ A t ra d içâ o e o t ale n t o i n d i v i d u a l " , E nsm os d ed o u t r i n a
c r i t ic a , L i s b o a , G u i m a r â e s E d i t o r e s, 19 6 2 . S o b r e est e a sp e c t o i m p o r t a n t ís i m o
d e l p e n sa m i e n t o e st é t i c o-c r í t i c o d e E l i o t , v . S e a n L u c y , T . 5 . E l i o t a n d t h e
ide a o f t r a ditio n, L o n d o n , C o h e n W est, i960.
40 T eoría de la litera tura
56 S o b r e la d ist i n c i ó n e n t r e l e n g u a y h a b l a , i n t r o d u c i d a e n la l i n g ü íst i c a
m o d e r n a p o r F e r d i n a n d d e S a u ss u r e , v . E u g e n i o C o se r i u , “ S is t e m a , n o r m a y
h a b l a " , T e o r í a d e l l e n g u a je y l i n g ü ís t i c a g e n e r a l , M a d r i d , G r e d o s, 19 6 2 .
57 E u g e n i o C o s e r i u , o b . c i t . , p . 3 3 .
58 V é a n s e R e n é W e l l e k y A u s t i n W a r r e n , o b . c i t . , p . 2 2 ! “ L a t e o r í a
E l concepto de la literatura 41
l i t e r a r ia, u n á rg a n o n m e to d o lógico, es la g r a n n e c e si d a d d e la i n v es t i g a c i ó n
l i t e r a r i a e n n u est r o s d í a s” .
59 E l g r a n p e n sa d o r esp a ñ o l X a v i e r Z u b i r i e sc r i b e : “ U n a c i e n c i a es d e
h e c h o r e a l m e n t e c i e n c i a y n o si m p l e m e n t e u n a c o l e cc i ó n d e c o n o c i m i e n t o s, e n
l a m e d i d a e n q u e se n u t r e f o r m a l m e n t e d e su s p r i n c i p i o s y e n la m e d i d a e n
q u e , p a r t i e n d o d e c a d a u n o d e su s r e s u l t a d o s, v u e l v e a a q u é l l os” ( N a t u r a l e z a ,
h is t o r i a , D i o s , B u e n os A i r e s , E d . P o b l e t , 19 4 8 , p . 18 ). E s t a s p a l a b r a s d e Z u b i r i
pueden se r t r a n sf e r i d a s, co n toda validez, al do m in io de l os e st u d i o s lite
r a r i o s.
42 T eoría de la litera tura