Volume 11 - Nº2

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Revista ALC NPAT

Revista Latinoamericana de Controle de Qualidade, Patologia e


Recuperação da Construção
DOI: http://dx.doi.org/10.21041/ra.v11i2
[email protected]

eISSN: 2007-6835 Volume 11 Maio – Agosto 2021 Número 2

Revista Latinoamericana de Controle de Qualidade,


Patologia e Recuperação da Construção
http://www.revistaalconpat.org
Revista ALCONPAT
ALCONPAT Internacional
Editor en Jefe:
Miembros Fundadores: Dr. Pedro Castro Borges
Liana Arrieta de Bustillos – Venezuela Centro de Investigación y de Estudios Avanzados del
Antonio Carmona Filho - Brasil Instituto Politécnico Nacional, Unidad Mérida
Dante Domene – Argentina (CINVESTAV IPN – Mérida)
Manuel Fernández Cánovas – España Mérida, Yucatán, México
José Calavera Ruiz – España
Paulo Helene, Brasil Co-Editor en Jefe:
Dr. Francisco Alberto Alonso Farrera
Junta Directiva Internacional: Universidad Autónoma de Chiapas
Tuxtla Gutierréz, Chiapas, México
Presidente de Honor
Angélica Ayala Piola, Paraguay Editor Ejecutivo:
Dr. José Manuel Mendoza Rangel
Presidente
Universidad Autónoma de Nuevo León,
Carmen Andrade Perdrix, España
Facultad de Ingeniería Civil
Monterrey, Nuevo Leon, México
Director General
Pedro Castro Borges, México
Editores Asociados:
Secretario Ejecutivo Dr. Manuel Fernández Cánovas
José Iván Escalante Garcia, México Universidad Politécnica de Madrid.
Madrid, España
Vicepresidente Técnico
Enio Pazini Figueiredo, Brasil Ing. Raúl Husni
Facultad de Ingeniería - Universidad de Buenos Aires.
Vicepresidente Administrativo Luis Buenos Aires, Argentina
Álvarez Valencia, Guatemala
Dr. Paulo Roberto do Lago Helene
Gestor Universidade de São Paulo.
Paulo Helene, Brasil São Paulo, Brasil
Dr. José Iván Escalante García
Centro de Investigación y de Estudios Avanzados del
Instituto Politécnico Nacional (Unidad Saltillo)
Saltillo, Coahuila, México.

Dr. Mauricio López.


Departamento de Ingeniería y Gestión de la Construcción,
Escuela de Ingeniería, Pontificia Universidad Católica de
Chile.
Santiago de Chile, Chile

Dra. Oladis Troconis de Rincón


Centro de Estudios de Corrosión
Universidad de Zulia
Maracaibo, Venezuela

Dr. Fernando Branco


Universidad Técnica de Lisboa
Lisboa, Portugal

Dr. Pedro Garcés Terradillos


Universidad de Alicante
San Vicente, España

Dr. Andrés Antonio Torres Acosta


Instituto Tecnológico y de Estudios Superiores de
Monterrey, Querétaro
Querétaro, México

Dr. Luiz Fernández Luco


Universidad de Buenos Aires – Facultad de Ingeniería –
INTECIN
Buenos Aires, Argentina
RAV11N2, maio - agosto 2021 No quarto artigo do Brasil, Fernanda Giannotti da Silva
Ferreira e colegas estudaram a incorporação do pó de vidro
Mensagem do Editor in Chief no concreto convencional por sua influência na resistência
mecânica e durabilidade. O objetivo deste trabalho foi
REVISTA DA ASSOCIAÇÃO LATINO- validar a durabilidade de compostos cimentícios de ultra-alto
desempenho (CCUAD) com substituição parcial do cimento
AMERICANA DE CONTROLE DE QUALIDADE,
por vidro finamente moído, por meio do ensaio de migração
PATOLOGIA E RECUPERAÇÃO DE de cloretos, utilizando o método NT Build 492. Corpos de
CONSTRUÇÃO prova contendo valores 0 %, 10%, 20%, 30% e 50% de pó
de vidro em relação ao volume de cimento, e a avaliação foi
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realizada aos 28 dias de idade. Os resultados indicaram que,
É motivo de satisfação e alegria para a equipe da Revista em valores baixos, o pó de vidro não prejudica as
ALCONPAT ver publicado o segundo número do nosso propriedades dos compósitos e, em níveis mais elevados, os
décimo primeiro ano. compósitos mantêm características mecânicas e durabilidade
adequadas.
O objetivo da Revista ALCONPAT (RA) é a publicação de
produção citável (pesquisa básica ou aplicada e resenhas), O quinto artigo, de Giovana Costa Reus e colaboradores,
pesquisa documental e estudos de caso, relacionados aos vem do Brasil e tem como objetivo principal propor um
temas de nossa associação, ou seja, controle de qualidade, procedimento padrão que possibilite o uso do método
patologia e recuperação do construções. colorimétrico para medir a profundidade de penetração de
cloretos em inspeções de estruturas de concreto expostas
Esta edição do V11N2 começa com um trabalho do Brasil, tanto a cloretos quanto a carbonatação. Para evitar o
onde Heber M. Paula e colegas avaliam a incorporação de aparecimento de resultados "falsos positivos", soluções de
cinza de biomassa vegetal, cavacos de eucalipto (ECA), hidróxido de cálcio (Ca (OH) ₂) e hidróxido de sódio
bagaço de cana-de-açúcar (SCBA) e casca de arroz (RHA).), (NaOH) foram testadas como pré-tratamento. Os testes
Na mistura de cimento e cal argamassas, considerando suas foram realizados em amostras apenas carbonatadas e em
propriedades e desempenho mecânico. A mistura em volume amostras contaminadas com carbonato e cloreto. Os
foi de 1: 1: 6, para substituição parcial do cimento Portland resultados mostraram que a solução de NaOH elimina a
com teor de 15 e 30%. Os ensaios para os resíduos foram interferência da carbonatação. Portanto, um método
para a caracterização das partículas e da atividade adequado foi encontrado para inserir leituras de
pozolânica, enquanto as argamassas foram submetidas à profundidade de contaminação por cloreto em inspeções de
análise no estado fresco e endurecido. Pelos resultados campo de estruturas de concreto.
obtidos, os pré-tratamentos (peneiramento e moagem) e a cal
adicionada à mistura melhoraram a reatividade das cinzas. O O sexto trabalho desta edição é de autoria de Gilberto
melhor desempenho foi apresentado para argamassas com Ramos-Torres e colegas do México, que discutem o método
15% de substituição, principalmente aquelas contendo RHA. do invariante elástico da rigidez que permite obter a resposta
mecânica da superestrutura da ponte; baseia-se na resposta
No segundo trabalho, do Brasil, Milton Paulino Costa Junior ao impacto de massas conhecidas aplicadas ao centro do vão
e S. M. M. Pinheiro verificam a relação entre a ação de para obter o deslocamento máximo que define a rigidez do
cargas que induzem fissuras e a durabilidade do concreto ponto. Isso é comparado com os valores da curva formada
armado. Foram produzidos modelos de teste prismáticos com os invariantes de rigidez, construídos a partir das
(corpos de prova) e durante dois anos esses corpos de prova características de projeto da ponte. O método foi implantado
foram submetidos à pulverização salina artificial, sob a ação em duas pontes localizadas na rodovia federal nº 14 do
de uma carga central permanente, carga central de curta Estado de Sonora Mex., Com resultados compatíveis com os
duração sem carga (referência), com cura de 7 dias. Foram danos reportados. A avaliação foi qualitativa a partir de um
realizados testes de penetração de cloreto e análises parâmetro global, obtido em condições ambientais na
microestruturais, além do mapeamento de trincas. Verificou- ausência de vento e a temperatura constante, adequado para
se que a carga não influenciou nos resultados de penetração o diagnóstico do estado estrutural presente, havendo
do cloreto, entretanto, observa-se que as micrografias e limitações em pontes enviesadas.
microanálises mostram a formação de produtos de
deterioração e possíveis microrganismos, em comparação No sétimo trabalho, do Brasil, G. S. Munhoz e colegas
com os tubos de ensaio que não sofreram carga. verificaram a segurança à fadiga de uma ponte projetada em
1987 de acordo com as normas brasileiras em vigor. Um
O terceiro trabalho nesta edição é do México, onde Jorge modelo estrutural foi construído para determinar e verificar a
Uruchurtu-Chavarín e colegas analisam o desempenho do seção mais crítica considerando o modelo padrão brasileiro e
concreto armado (RC) contra a corrosão, aplicando um o espectro veicular da literatura. De acordo com o método de
revestimento de quitosana na haste. Os corpos-de-prova variação de tensões, concluiu-se que o concreto submetido à
foram preparados com diferentes quantidades de quitosana compressão atende aos critérios, mas a seção de aço não é
utilizando solventes de vinagre de maçã, ácido acético e suficiente para resistir às tensões de cisalhamento e flexão.
vinagre de álcool de cana-de-açúcar, e submetidos a testes Pela regra de Palmgren-Miner, a vida útil à fadiga da
eletroquímicos de curvas de polarização (PC), potencial de armadura submetida a flexão é de 13,91 anos. Uma análise
meia célula (HCP), ruído eletroquímico (EN ) e resistência mais detalhada da estrutura e do espectro de carga é
de polarização linear (LPR). A quantidade de quitosana e as necessária para confirmar esses resultados.
camadas ótimas (espessura) foram determinadas com uma
melhora nas propriedades protetoras e baixas taxas de No oitavo trabalho, do Brasil, CS Silva e colegas fazem uma
corrosão foram obtidas do concreto exposto a cloretos por investigação documental sobre a reação álcali / agregado
200 dias. A preservação do revestimento do aço no concreto (RAA) que afetou muitas fundações, o que indica a
mostra-se interessante para estudos futuros. importância de realizar uma verificação dos procedimentos
de recuperação, que é realizada em cinquenta fundações. O
objetivo era traçar um perfil dos processos de recuperação
por meio de consulta a empresas de fiscalização ou
executores de recuperação na cidade de Recife e cidades
vizinhas. Para isso, foi aplicado metodologicamente um
questionário com dezessete questões. Estes resultados
permitiram estabelecer as semelhanças das fundações
afetadas, o diagnóstico, os processos aplicados na
recuperação, os avanços nos materiais, as condições de
utilização da armadura, os custos, e permitiu identificar as
fundações que saíram de uma janela de fiscalização para
controles adicionais. O resultado foi uma avaliação dos
tratamentos nas bases afetadas pela reação química AAR.
A matéria que fecha a edição é do Pedro Castro Borges do
México e do Conselho Editorial da Revista Alconpat. O
objetivo deste artigo é apresentar à comunidade as
conquistas e desafios da Revista Alconpat em seus primeiros
dez anos de existência. Foi narrada: como surgiu a ideia de
termos uma revista científica / técnica na Alconpat
Internacional; quando, como e onde as discussões e o projeto
ocorreram; a implementação, a primeira questão, a
pontualidade; os requisitos e desafios a cumprir para as
primeiras indexações (Scielo México, Scielo WoS, Redalyc,
Latindex, Google); os projetos CONACyT que
possibilitaram atender gradativamente aos requisitos de
eventuais aplicações em índices superiores (Scopus e WoS),
repositórios, diretórios (DOAJ) e super servidores;
marcações eletrônicas, publicação em três idiomas
(espanhol, português e inglês), tempos administrativos para
publicação específica, etc. Ao final, um extenso
agradecimento é estendido a todos aqueles que participaram
desses primeiros 10 anos e o programa de atividades para a
celebração acadêmica, realizado em 19 de maio de 2021 em
modo virtual, foi adicionado para a posteridade.
Temos certeza de que os artigos desta edição constituirão
uma importante referência para os leitores envolvidos com
questões de avaliação e caracterização de materiais,
elementos e estruturas. Agradecemos aos autores
participantes deste número pela disponibilidade e esforço em
apresentar artigos de qualidade e cumprir os prazos
estabelecidos.

Em nome do Conselho Editorial

Pedro Castro Borges


Editor in Chief
Revista ALC NPAT
Revista Latinoamericana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação da Construção
DOI: http://dx.doi.org/10.21041/ra.v11i2
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eISSN: 2007-6835 Volume 11 Maio – Agosto 2021 Número 2


CONTENIDO Página

PESQUISA BÁSICA
Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.: Caracterização e viabilidade de
utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa. 1 - 16
Pinheiro, S. M. M., Costa Junior, M. P.: Análise da durabilidade de concreto
17 – 37
armado com fissuras induzidas por carregamento.

PESQUISA APLICADA
Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-
Chavarín, J.: Uso de quitosana como revestimento orgânico para prevenir/inibir a 38 – 60
corrosão do concreto armado.
Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.: Avaliação
da migração de cloretos em compósitos cimentícios de ultra alto desempenho com 61 - 75
pó de vidro.
Vieira Pontes, C., Costa Reus, G., Calvo, A., Medeiros, M. H. F.: Procedimento
para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em concreto
carbonatado. 76 - 88

Ramos-Torres, G., Navarro-Gómez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez,


J., Palma-Quiroz. I.: Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas
na rodovia No. 14 no estado de Sonora, México, usando a variável de rigidez como 89 - 108
parâmetro de comparação global.
Rossato, M. D., Munhoz, G. S., P. dos Santos, R. B., Scoz, L. M.: Verificação
de Segurança à fadiga de um ponte em concreto armado conforme ABNT NBR
109 - 123
6118, 2014.

PESQUISA DOCUMENTAL
JSilva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O.,
Soares, W. A., Neves, D. C. M.: Procedimentos de recuperações em elementos de
fundações por problemas de reação álcali agregado. Investigação documental. 124 - 145

P. Castro-Borges, E. Sabido-Maldonado, J. M. Mendoza-Rangel, P. Helene, P.


Garcés-Terradillos, A. A. Torres-Acosta, M. Fernández-Cánovas, R. Husni,
O. Troconis-Rincón, F. Branco, J. I. Escalante-García, F. Alonso-Farrera, M.
A. Olavarrieta-Parisot: Revista Alconpat: 10 anos de história (2011 - 2021). 146 - 157

Revista Latinoamericana de Controle de Qualidade,


Patologia e Recuperação da Construção
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Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em


argamassa

C. F. Gonçalves1 , A. F. Soares2 , H. M. Paula1*


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.484

Recepção: 17/04/2020 | Aceitação: 30/12/2020 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo avaliar a incorporação de cinzas de biomassa vegetal, cavaco de
eucalipto (ECA), bagaço de cana-de-açúcar (SCBA) e casca de arroz (RHA), em argamassas mistas de
cimento e cal, considerando suas propriedades e desempenho mecânico. O traço em volume foi 1:1:6,
para uma substituição parcial do cimento Portland a teores de 15 e 30%. Os ensaios para os resíduos
foram de caracterização das partículas e atividade pozolânica, as argamassas foram submetidas a análises
no estado fresco e endurecido. Dos resultados, os pré-tratamentos (peneiramento e moagem) e a cal
adicionada a mistura melhoraram a reatividade das cinzas, o melhor desempenho foi apresentado para
argamassas com 15% de substituição, principalmente para aquelas contendo RHA.
Palavras-chave: argamassas; substituição parcial do cimento; materiais cimentícios suplementares;
cinza de biomassa vegetal.
Citar como: Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M. (2021), “Caracterização e viabilidade
de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa”, Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. 1 –
16, DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.484
_______________________________________________________________
1
Master’s Degree in Civil Engineering, Faculty of Engineering, Federal University of Catalão, Catalão, Brazil.
2
Department of Civil Engineering, Faculty of Engineering, Federal University of Goiás, Catalão, Brazil.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, o autor C. F. Gonçalves foi responsável pela análise, discussão dos resultados, redação e revisão. A autora A. F. Soares
elaborou a metodologia experimental, realizou experimentos e coletou dados. O autor H. M. Paula contribuiu com a ideia original,
coordenação dos experimentos, orientação e supervisão de todas as atividades.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio– agosto 2021): 1 – 16 1


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 1 – 16

Characterization and feasibility of using vegetable biomass ash in mortar

ABSTRACT
The present research aims to evaluate the incorporation of vegetable biomass ash, eucalyptus chips
(ECA), sugarcane bagasse ash (SCBA) and rice husk ash (RHA), in mixed mortars of cement and
lime, considering its properties and mechanical performance. The volume ratio was 1: 1: 6 for a
partial replacement of Portland cement at a rate of 15 and 30%. The tests for the residues were of
characterization of the particles and pozzolanic activity, while that of the mortars were submitted
to analyses in the fresh and hardened state. From the results, pretreatments (sieving and grinding)
and lime added to the mixture improved the reactivity of the ashes and the best performance was
presented for mortars with 15% substitution, mainly for those containing RHA.
Keywords: mortars; partial replacement of cement; supplementary cement materials; vegetable
biomass ash.

Caracterización y viabilidad del uso de cenizas de biomasa vegetal en mortero

RESUMEN
El presente trabajo tiene como objetivo evaluar la incorporación de cenizas de biomasa vegetal,
chips de eucalipto (ECA), bagazo de caña de azúcar (SCBA) y cáscaras de arroz (RHA), en
morteros mixto de cemento y cal, considerando sus propiedades y rendimiento mecánico. La
mezcla por volumen fue 1: 1: 6, para un reemplazo parcial de cemento Portland con un contenido
de 15 y 30%. Las pruebas para los residuos fueron de caracterización de las partículas y actividad
puzolánica, mientras que los morteros fueron sometidos a análisis en estado fresco y endurecido.
De los resultados obtenidos, los pretratamientos (tamizado y molienda) y la cal añadida a la mezcla
mejoraron la reactividad de las cenizas, el mejor comportamiento se presentó para los morteros
con 15% de sustitución, principalmente para los que contienen RHA.
Palabras clave: morteros; reemplazo parcial de cemento; materiales de cemento suplementarios;
cenizas de biomasa vegetal.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

2 Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa


Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 1 – 16

1. INTRODUÇÃO
A construção civil é um segmento que responde por uma elevada demanda de matéria-prima, ao
passo que libera quantidades significativas de CO2 na atmosfera (Noor-Ul-Amin, 2014; Berenguer
et al., 2018). Para minimizar esta problemática, alguns resíduos da agricultura têm sido
incorporados pela indústria da construção (Chatveera e Lertwattanaruk, 2014). E muito disso
devido ao fato de que as cinzas possuem propriedade pozolânica, que desempenham papel
significativo quando incorporadas ao cimento (Hossain et al., 2016).
Essa propriedade é identificada em materiais chamados pozolânicos que possuem sílica ou alumina
no estado amorfo, que em contato com água reagem com o óxido de cálcio presente na cal ou no
cimento, originando uma substância com propriedades cimentícias (ASTM C 618-19; Farinha et
al., 2018). Para tanto, além de um estado não cristalino, as pozolanas deverão possuir um
refinamento de suas partículas, isto é, apresentar uma elevada área superficial específica (Roselló
et al., 2017).
A composição física, química e mineralógica destes resíduos agroindustriais é diversa, sendo
função do tipo de biomassa, espécie, condição de crescimento, técnicas de colheita, transporte,
armazenamento, processo de combustão e de inúmeras outras condições que possam melhorar - ou
não - o seu conteúdo (Zajac et al., 2018). Em geral, compõem-se de aluminossilicatos em fase
amorfa e cristalina, sendo o dióxido de silício o de maior percentual em amostras de cinzas de casca
de arroz (CCA) e bagaço de cana-de-açúcar (CBCA), e o óxido de alumínio nas cinzas de origem
lenhosa (Farinha et al., 2018; Fernandes et al., 2016; Kazmi et al., 2017; Ukrainczyk et al., 2016).
Tem-se, também, a presença de óxidos de outros metais como o ferro, magnésio, cálcio e potássio.
Além de carbonatos e carbono não queimado, comumente encontrados em cinzas de origem
florestal como, por exemplo, a de cavaco de eucalipto (CCE). E que, quando aplicados em sistemas
cimentícios, são responsáveis por uma demanda de água maior na mistura, em função da elevada
perda ao fogo (Arif et al., 2016; Ban e Ramli, 2010; Garcia e Sousa-Coutinho, 2013; Ribeiro et al.,
2017).
Apesar disso, os diferentes níveis de substituição podem causar a melhoria das propriedades de
durabilidade, resistência da argamassa, diminuição do custo de material na construção (Hossain et
al., 2016), boa compactação e baixa evolução do calor durante a hidratação (Noor-ul-amin, 2014),
eficazes ao controlar expansões de deterioração devido a reações de álcali-agregado (Esteves et al.,
2012) bem como, reduzem o uso de combustíveis fósseis, formam matéria-prima e geram
rendimentos para os trabalhadores envolvidos nos processos de transporte, infraestrutura,
desenvolvimento tecnológico e aplicação propriamente dita (Prasara-a e Gheewala, 2017).
Então, a utilização das cinzas como material de substituição parcial do cimento, verte para além
das questões sustentáveis, englobando as econômicas e sociais (Prasara-a e Gheewala, 2017).
Contudo, a comercialização dos resíduos e a aplicação na construção é quase inexistente, mesmo
com o crescente interesse em materiais cimentícios suplementares, oriundos de biomassa, nas
pesquisas de caráter científico (Roselló et al., 2017), ou com a possibilidade de que novos materiais
possam melhorar o desempenho de edificações e materiais, promovendo maior controle de
qualidade e minimizando o desenvolvimento de patologias, por exemplo. Com isso, faz-se
necessário que mais estudos quanto a viabilidade de utilização dos resíduos de combustão em
argamassas e concretos sejam realizados (Ukrainczyk et al., 2016).
Estudos esses impulsionados porque, além das cinzas apresentarem bons resultados quando
substitutos parciais do cimento Portland, são subprodutos de commodities baratas e abundantes em
todo globo, até então, lançadas em aterros sem nenhuma preocupação ambiental (Moraes et al.,
2014; Zajac et al., 2018; Berenguer et al., 2018). Em 2012, 34 milhões de toneladas de CCA foram
descartadas. No ano seguinte, nos Estados Unidos, estima-se que foram produzidas de 1,25 a 5,6
milhões de CBCA (Martirena e Monzó, 2017; Paris et al., 2016). E pelo crescente uso de biomassas

Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa 3


Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 1 – 16

para geração de energia, uma das mais importantes fontes de produção renovável, com projeções
de crescimento para os próximos anos, respondendo também por uma maior disponibilidade de
cinzas (Zajac et al., 2018).
Ou ainda, a confirmação de que países como o Brasil possam ter indústrias capazes de beneficiar
resíduos de biomassa para aplicação na construção, como é abordado nos trabalhos de Moraes et
al. (2014) e Regô et al. (2015), por exemplo. O primeiro, analisou as possíveis utilizações para os
subprodutos da cadeia do arroz, o último, caracterizou as CCA produzidas no país e a sua aplicação
em matrizes cimentícias. Dos resultados, para ambos, as vantagens abordadas foram garantidas,
além de evidenciarem que dos resíduos aqui obtidos, a composição química é pouco variável,
facilitando assim o seu emprego em produtos da construção.
Neste sentido, o objetivo do presente trabalho é verificar a viabilidade técnica do uso de diferentes
tipos de cinzas de biomassa – CCE, CBCA e CCA –, a diferentes porcentagens de substituição,
como material cimentício suplementar em argamassas mistas, que contém em sua composição dois
aglomerantes, o cimento e a cal, visando a diminuição parcial de cimento Portland.

2. MATERIAIS E MÉTODOS
2.1 Materiais e caracterização
A argamassa de referência utilizada é do tipo mista - cimento Portland, cal hidratada, agregado
miúdo natural e água tratada, tal como especificado pela NBR 13529 (ABNT, 2013). O cimento é
o de alta resistência inicial (CP – V ARI) ou do tipo III, para a NBR 5733 (ABNT, 1991) e ASTM
C 150M-20, respectivamente. O cimento foi escolhido por possuir pouca ou nenhuma adição em
sua composição, proporcionando uma melhor investigação do comportamento do material em
função da incorporação dos resíduos.
A cal usada é a do tipo hidratada com carbonatos, classificada como CH – III, conforme NBR 7175
(ABNT, 2003) e ASTM C 206-3, conferindo a mistura maior plasticidade, melhor trabalhabilidade
e maior retenção de água, além de ser tradicionalmente utilizada na região e de fácil obtenção. Por
fim, o agregado miúdo é a areia natural seca, com denominação comercial “média” e especificações
de acordo com a NBR 7211 (ABNT, 2009), sem nenhum tipo de tratamento como peneiramento
ou lavagem. A areia foi extraída por dragagem nos rios Veríssimo e Paranaíba na cidade de Catalão
– GO.
Os três tipos de cinza de biomassa vegetal empregadas são subprodutos da combustão, usada para
geração de calor e energia, classificadas como classe C pela ASTM C 618, pozolanas vegetais para
uso em concreto. A CCE foi obtida junto a uma mineradora e beneficiadora de nióbio e fosfato, o
resíduo provém do emprego do cavaco de eucalipto em fornalhas para a geração de calor, com o
intuito de secar a rocha fosfática, onde as temperaturas atingem entre 1000 e 1100º C. A CBCA,
fornecida por uma usina produtora de açúcar, etanol e energia, é retirada de caldeiras, onde o
bagaço da cana foi queimado para a geração de energia. A CCA é um subproduto de uma indústria
alimentícia, que utiliza a casca para geração de calor, com o intuito de beneficiar o café. Para as
duas últimas, não foram disponibilizadas informações quanto ao processo de obtenção dos
resíduos.
A composição química determinada por Resende (2013), de Souza et al. (2014) e Berenguer et al.
(2018), realizada pela técnica de Espectrometria de fluorescência de raios X, é apresentada na
Tabela 1, são cinzas com particularidades similares as aqui estudadas.

4 Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa


Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 1 – 16

Tabela 1. Concentração de óxido (% em massa) das cinzas analisadas.


CCE CCA (de Souza et CBCA (Berenguer
Compostos
(Resende, 2013) al., 2014) et al., 2018)
SiO2 6,38 93,25 84,86
Al2O3 22,60 <0,1 1,91
Fe2O3 10,90 0,02 3,83
CaO 27,40 0,57 2,96
MgO 6,15 0,19 2,54
TiO2 2,41 <0,1 0,75
P205 2,75 0,51 0,38
Na2O 0,28 - 0,47
K2O 4,29 2,18 1,38
MnO 0,41 0,25 0,19

2.2 Tratamento das cinzas


Os resíduos de biomassa foram submetidos aos pré-tratamentos de peneiramento e moagem
garantindo um aumento da superfície específica, com partículas de menor granulometria e, dessa
forma, auxiliando a ocorrência da atividade pozolânica. Procedimentos esses sugeridos por Ramos
et al. (2013), Matos e Sousa-Coutinho (2013), Salvo et al. (2015), Modolo (2015), Ataie e Riding
(2016).
Assim, as cinzas foram passadas na peneira de malha 50 mesh (abertura de 297 µm), eliminando
partículas grossas, em sua maioria constituídas por material inerte, como solo e fragmentos de
rocha. Depois, moídas em um moinho de bolas por 30 min a uma rotação de 30 rpm - para períodos
maiores, as partículas começam a se agregar (Xu et al., 2015).

2.3 Padrões normativos e ensaios experimentais


2.3.1 Caracterização das partículas
O ensaio de densidade de partículas seguiu a metodologia proposta pela Empresa Brasileira de
Pesquisa e Agropecuária – EMBRAPA (2011) pelo método do balão volumétrico. As amostras de
20 g, separadas em recipientes de massa conhecida, foram colocadas para secar em estufa a 105 °C
por 24 horas. Posteriormente, esfriadas em dessecador, pesadas e transferida para um balão
volumétrico de 50 ml contendo álcool etílico, de modo a retirar o ar ou vazios das cinzas e do
cimento.
Para o índice de finura das cinzas, NBR 15894-3 (ABNT, 2010), 20 g de amostra foram dispersas
em 400 ml de solução de hexametafosfato de sódio a 12,5 g/l e peneiradas em uma malha 45 µm,
diâmetro nominal de 200 mm, sob um fluxo constante de água de vazão 5 l/s durante 10 min. O
material retido foi transferido para um vidro de relógio, colocado para secagem em estufa a 105 °C
por 24 horas, determinando-se assim a sua massa seca. Para aqueles com 20% ou mais de material
retido na peneira 45 µm poderão ser classificadas como pozolanas, NBR 12653 (ABNT, 2014).
Quanto ao índice de finura do cimento NBR 11579 (ABNT, 1991), pelo método manual, a peneira
utilizada foi a de malha 75 µm e número 200. O ensaio consiste em peneiramentos de modo que,
inicialmente, 50 g de amostra foram pesadas e, terminado apenas quando o material passante
corresponde a uma massa menor que 0,05 g. Essa propriedade também pode ser avaliada seguindo-
se as indicações da NBR NM 76 (ABNT, 1998) ou ASTM C 204-05, para o Método de Blaine.
Os ensaios de gravimetria possibilitaram determinar o teor de umidade, NBR NM 24 (ABNT,
2003) e ASTM D 3173-73, onde foram pesadas 1 g de cada amostra, secas em estufa a 105 ± 4 º C
por 30 min., com períodos subsequentes de 10 min., até que a massa atingida fosse constante. Os
resultados determinados deverão ser menores ou iguais a 3 (três), tal como indicado na NBR 12653
(ABNT, 2014).

Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa 5


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Na perda de fogo, NBR NM 18 (ABNT, 2004) pelo Método nº 1, as amostras de cinzas foram
calcinadas a forno em uma mufla - Graus Bravac M2 Elétrico Inox –, durante 50 min. a 900 ºC a
uma taxa de aquecimento de 35 ºC/min. Finalizada a queima, os cadinhos foram deixados por 5
(cinco) horas na mufla e, posteriormente, postos em dessecador para finalização do resfriamento e
futura pesagem. O mesmo procedimento pode ser realizado seguindo as recomendações da ASTM
D 7348 – 13, em etapa única, a uma temperatura máxima de 900 ºC (Método B). Para que sejam
classificados como pozolanas, NBR 12653 (ABNT, 2014), os limites de perda deverão ser menores
ou iguais a 6.

2.3.2 Proporcionamento, moldagem dos corpos de prova e cura


A influência da substituição parcial da CCA, CBCA e CCE no desempenho da argamassa foi
estudada através da comparação entre o comportamento de um traço tomado como referência, sem
resíduos, e outro com a substituição de 15 e 30% em massa do cimento Portland para cada tipo de
cinza, Tabela 2. Esses teores de substituição foram definidos, a partir dos melhores resultados
apresentados nas pesquisas de Paris et al. (2016), Hossain et al. (2016), Abbas et al. (2017), Izabelle
et al. (2011), Resende (2013) e Ukrainczyk et al. (2016).
O traço em volume foi o de 1:1:6 (cimento, cal e areia), podendo ser utilizada como argamassa de
assentamento e revestimento, para ASTM C 270-19, argamassa do tipo N. E considerando as
análises de Dubaj (2000) e Campos (2014), este proporcionamento apresentou melhor desempenho
para as propriedades de argamassa. A quantidade de água foi determinada por meio do índice de
consistência, NBR 13276 (ABNT, 2016), fixado no intervalo de 265 ± 5 mm.
Os corpos de prova prismáticos com substituição parcial do cimento foram identificados com a
sigla referente a cada cinza – CCA, CCE e CBCA – e com índice 15, para aqueles com 15% de
substituição, ou 30, para aqueles com 30% de substituição. Os corpos de prova moldados com o
traço de referência, foram identificados com a sigla CPD (corpo de prova de referência).
O proporcionamento em massa utilizado na preparação dos corpos de prova de argamassa foi
realizado de modo que o total de material seco da mistura fosse igual a 2,5 kg, Tabela 2. A mistura
foi preparada de acordo com o método especificado pela NBR 16541 (ABNT, 2016), sem um
misturador mecânico. E a fim de atingir o índice de consistência estabelecido, foi realizado o ensaio
de consistência pelo espalhamento na mesa (flow table), NBR 13276 (ABNT, 2016).

Tabela 2. Proporção em massa (kg) dos materiais utilizados para a produção das argamassas.
Amostra Cimento Cal Areia Seca Cinza Água
CPD 0,258 0,000 0,625
CCA15 0,219 0,039 0,750
CCA30 0,181 0,077 0,650
CBCA15 0,219 0,103 2,130 0,039 0,625
CBCA30 0,181 0,077 0,625
CCE15 0,219 0,039 0,670
CCE30 0,181 0,077 0,725

Preparada a mistura, os corpos de prova (CDP) foram moldados em formato prismático, com
dimensões 4cm x 4cm x 16cm, sendo produzidos 3 (três) corpos de prova por idade para a
argamassa de referência e para cada tipo de cinza com as duas faixas de substituição, totalizando
42 corpos de prova (NBR 13279, 2005; BS EN 1015-11). Após a moldagem, os moldes com a
mistura foram envoltos por papel filme e submetidos a cura seca em ambiente laboratorial, a uma
temperatura de 23 ± 2 ºC e umidade relativa de 60 ± 5%.

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É sabido que, havendo perda de água e umidade durante a cura, as propriedades mecânicas e de
absorção de água estarão comprometidas, por isso da necessidade de que seja realizada dentro dos
padrões estabelecidos pela ASTM C 309-19 e ASTM C 1315-19 . Contudo, a escolha por uma cura
não submersa reflete o caráter da pesquisa em identificar o comportamento das cinzas em sistemas
cimentícios, principalmente no que se refere a sua capacidade de interferir na umidade necessária
a hidratação do cimento.
Completadas 48 horas, dado o fim do período de cura, os CDP foram retirados dos moldes e
envoltos novamente em papel filme até o momento da realização dos ensaios de resistência
mecânica.

2.3.1 Avaliação das argamassas no estado endurecido


Os ensaios de tração na flexão e compressão simples, NBR 13279 (ABNT, 2005) e BS EN 1015-
11, foram feitos com o intuito de analisar o desenvolvimento da resistência mecânica da argamassa
ao longo do tempo de cura aos 14 e 28 dias. A análise de resistência foi realizada apenas para essas
idades uma vez que a reação pozolânica se dá de maneira lenta e, com isso, segundo Ataie e Riding
(2016), para idades iniciais não se obtêm resultados consideráveis.
Os resultados encontrados para resistência à compressão e à tração na flexão aos 14 e 28 dias foram
obtidos calculando-se a resistência média dos seis corpos de prova ensaiados para compressão, e
os três ensaiados para tração na flexão, através da análise múltipla de médias utilizando o método
de Tukey, a 5% (p < 0,05) de nível de confiança. Além disso, foi respeitado o valor de desvio
absoluto máximo de 0,5 MPa para os resultados individuais atingidos na compressão e 0,3 MPa
para os alcançados no ensaio de tração na flexão, NBR 13279 (ABNT, 2005).
O ensaio de absorção de água por capilaridade foi realizado aos 28 dias, conforme prescrito pela
NBR 15259 (ABNT, 2005). Inicialmente determinou-se a massa de cada corpo de prova ainda seco
e, posteriormente, as amostras foram posicionadas sobre um suporte dentro de um recipiente com
água, em imersão parcial para uma lâmina d’água constante de 5 ± 1 mm. Por fim, cada amostra
foi retirada do recipiente, seca com pano úmido e pesada aos 10 min. e aos 90 min. dado o início
do ensaio.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A caracterização física e química analisada neste estudo, importante para a compreensão do
comportamento das partículas e a sua influência nas reações pozolânicas, foi feita a partir dos
resultados obtidos para a densidade de partícula (DP), a finura (F) de cada elemento, o teor de água
(U) e a perda ao fogo (PF). Dos resultados indicados na Tabela 3 é possível observar que as
amostras contendo CBCA apresentaram um menor volume em sua composição, assim como nos
estudos de Kazmi et al. (2017), uma vez que esta grandeza é inversamente proporcional a DP
(Aprianti et al., 2016). Logo, para a CCE, menor valor de DP encontrado, o volume é dez vezes
maior do que seria caso não houvesse a substituição, estando de acordo com Gluitz e Marafão
(2013), e que influenciará a resistência das argamassas como será visto adiante.

Tabela 3. Caracterização física dos elementos utilizados


DP
Amostra F U PF
(g/cm³)
Cimento 2,73 3,14% - -
CCE 0,25 52,63% 6,59% 70,20%
CCA 0,55 78,67% 1,81% 5,79%
CBCA 0,84 31,72% 0,60% 11,65%

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Além disso, a partir da DP pode-se compreender o processo de acomodação das partículas que
compõem o sistema cimentício, quando fortemente entrelaçadas e com poucos vazios, tem-se um
melhor desempenho mecânico. Nesse sentido, os melhores resultados de resistência deverão ser
vistos na CBCA e CCA, pois após serem previamente tratadas – moídas e peneiradas – as amostras
apresentaram maior DP. Sem esse tratamento para a CCE, a resistência ou outra propriedade da
argamassa poderia ser afetada de maneira negativa, tornando inapta a substituição do cimento pelas
cinzas, por exemplo (Martirena e Monzó, 2017; Farinha et al., 2018).
Todavia, sabendo-se que o comportamento de uma argamassa é regido por outras propriedades, a
moagem e o peneiramento poderiam deixar as cinzas altamente reativas como comprova Roselló
et al. (2017), e com a atividade pozolânica ocorrendo, o desempenho mecânico do sistema pode
ser satisfatório. Então, analisando-se os resultados para o índice de finura e seguindo as
especificações da ASTM C 618-19, a CBCA é de fato uma pozolana, o teor máximo de material
retido na peneira 45 µm é de 34%, ante os 31,72% acumulados. Para NBR 12653 (ABNT, 2014)
nenhuma das cinzas seriam um material pozolânico, o teor máximo é de 20%.
Entretanto, mesmo não sendo pozolanas dentro dos limites estabelecidos pelas normatizações
vigentes, as menores partículas, ou seja, o pouco material passante na peneira 45 µm, se concentram
perto da interface agregado e matriz de cimento, causando efeito de preenchimento de vazios ou
efeito fíler, e que podem contribuir com ganho de resistência no estado endurecido (Khan et al.,
2017; Aprianti et al., 2016; Resende, 2013). Esse fenômeno é o mesmo observado em sistemas
cimentícios contendo cal hidráulica.
Enquanto, para a argamassa no estado fresco, o índice de finura revela que aqueles de menor valor,
no caso CBCA, não há alteração na trabalhabilidade para nenhuma faixa de substituição, isto
porque, partículas maiores que 45 µm afetam a plasticidade da mistura (Netto, 2006).
Analogamente, para as CCA, tem-se uma maior perda de trabalhabilidade, principalmente quando
do aumento de 15 para 30% de substituição do cimento. Assertivas igualmente comprovadas pelo
índice de consistência que estão dentro dos limites estabelecidos pela NBR 13276 (ABNT, 2016),
Figura 1.

265 264 4.5


4
262 3.5
261 261 3
2.5
260 259 2
258 258 1.5
1
0.5
255 0
CDP CCE15 CCE30 CCA15 CCA30 CBCA15 CBCA30
Índice de consistência (mm) Relação a/c
Figura 1. Resultados para índice de consistência e relação a/c.

Do ensaio de índice de finura foi possível realizar também uma análise visual das amostras retidas
na peneira. Para as CCE, aplicando-se o hexametafosfato de sódio, composto químico dispersante
(Mauri et al., 2011), notou-se a presença de pequenos cristais. Estas partículas respondem pelo alto

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teor de água na amostra, Figura 1, em função da elevada capacidade de absorção (Netto, 2006).
Justificando não só o acentuado volume de água, que favorece a manutenção da trabalhabilidade
(Ataie, 2016), como a umidade, que é satisfatória durante a cura da argamassa (Rajamma et al.,
2009).
E devido à natureza higroscópica desses elementos cristalinos, com mais água liberada, tem-se uma
maior perda de massa da CCE quando submetida ao teste de perda ao fogo, por isso os 70,20% de
perda, a maior dentre as cinzas analisadas. Além disso, essa ocorrência se dá, também, pela
presença de matéria orgânica não queimada (Prasara-a, 2017), que durante o aquecimento em
mufla, libera mais uma parcela de CO2 e água.
De todo modo, a presença desses cristais não é favorável às propriedades da argamassa. Para
Aprianti et al. (2016), os elementos em forma amorfa são mais reativos. No entanto, em virtude
de que grande parte do material retido seja cristalino e que a sua finura atingiu um valor de 52,63%,
é possível que o restante da amostra, material passante e amorfo, tenha compensado a reatividade
da cinza. Com isso, para a CCE, o considerável ganho de resistência é função do volume de cinza
adicionado a argamassa devido a sua baixa DP, como indicado anteriormente.
E no que diz respeito a demanda de água nas amostras, utilizando-se do índice de consistência,
Figura 1, em relação ao CPD, há uma elevada quantidade de água para as misturas que contenham
cinzas em substituição parcial ao cimento, exceto para a CBCA. A maior quantidade requerida foi
para o traço CCA30 com 20% a mais quando comparado ao CPD. Segundo Ukrainczyk et al.
(2016), isso ocorre por causa da forma irregular e volumosa das cinzas. Berra et al. (2015)
evidenciam a elevada área superficial específica das cinzas em comparação ao cimento Portland,
além da natureza porosa de suas partículas, como sugerido por Arif et al. (2016).
Essas características são outros fatores que igualmente respondem por uma maior absorção de água.
Bem como, a presença de grande quantidade de matéria orgânica disponível para hidratação
durante o endurecimento da argamassa, conforme identificado por Rajamma et al. (2009) e
confirmado anteriormente pelo ensaio de perda ao fogo. Percebe-se, portanto, que a
trabalhabilidade diminuiu quando da presença de cinzas em substituição parcial ao cimento,
corroborando com os resultados obtidos por Belviso (2018), Aprianti et al. (2016), Ukrainczyk et
al. (2016) e aqueles aqui abordados.
Apesar disso, a diminuição encontrada foi de 2,3% ante os 34,4% detalhada na literatura. Essa
diferença se deu devido ao tamanho das partículas selecionadas, Ukrainczyk et al. (2016), por
exemplo, utilizaram materiais com partículas de até 80 µm. Neste estudo, optou-se por aquelas com
diâmetro máx. de 75 µm, valor considerado satisfatório por Ataie e Riding (2016) para assegurar
reatividade, que é inversamente proporcional a densidade da partícula, e, portanto, influenciam
positivamente as propriedades mecânicas da argamassa.
De modo geral, considerando as análises para a CCE, que são inversas as observadas nas CBCA e
CCA, e seguindo os requisitos da NBR 12653 (ABNT, 2014), somente as duas últimas podem ser
classificadas como pozolanas de classe N, para teor de água, umidade e perda ao fogo. Ambas
atingiram teor de umidade menor que 3% e não ultrapassaram em 10% o valor de perda ao fogo. E
somando-se o comportamento das cinzas ante as propriedades da argamassa no estado plástico,
trabalhabilidade e absorção de água, é previsto uma melhor reatividade nas amostras contendo
CCA.
Então, no que se refere aos resultados propriamente dito, não houve ganho significativo de
resistência à compressão aos 14 dias para nenhuma das amostras, Figura 2, tal como em Paris et al.
(2016) e Abbas et al. (2017). Os CPD com teor de 15% de substituição de cimento conseguiram
melhor desempenho mecânico, em especial para a CCE15. Isso está relacionado a fatores
destacados como o menor índice de substituição do cimento (Garcia e Sousa-Coutinho, 2013;
Carrasco et al., 2014; Ukrainczyk et al., 2016), a maior quantidade de material reativo, a melhor
trabalhabilidade, quando se comparada a CDP, e a maior absorção de água.

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1.80
14 dias
1.60 1.55
28 dias
Resistência à compressão (MPa) 1.40
1.16
1.20 1.08
1.00 0.87 0.87
0.81 0.78 0.79
0.80 0.66 0.64 0.68
0.58
0.60 0.48
0.36
0.40
0.20
0.00
CDP CAE15 CAE30 CCA15 CCA30 CBCA15 CBCA30
Proporção
Figura 2. Comparativo entre a resistência média alcançada no ensaio de compressão simples para
cada traço aos 14 e 28 dias (Método de Tukey p < 0,05).

A causa do mal desempenho dos CPD é justificado pela não ocorrência do efeito sinérgico entre a
hidratação do cimento e a reação pozolânica, que influencia diretamente a resistência à compressão
da argamassa (Isaia, 2003; Berra et al., 2015). De um lado a má ação de hidratação, possivelmente
decorre da utilização de fôrmas de madeira para moldagem dos CDP, um material de natureza
permeável, e a pouca retenção de água durante a cura, como esperado. Do outro, a reação cinza-
cimento lenta, Carrasco et al. (2014) e Rosales et al. (2017), sugerem que são necessários longos
períodos para que haja efeitos considerados positivos na resistência à compressão.
Aos 28 dias, o CCE30 não apresentou ganho de resistência, as causas são as mesmas apontadas
para a CCE15 aos 14 dias. Confirmando que as cinzas tendem a contribuir para o desenvolvimento
da resistência mecânica em razão da sua pozolanicidade e atividade hidráulica, tal como em Berra
et al. (2015). Os melhores resultados foram obtidos para amostras com um teor de 15% e para a
CCA30, esses também foram identificados por Rajamma et al. (2009) e Wang (2015). Na CCA30,
a amostra com maior ganho de resistência, é função da elevada quantidade de sílica em sua
composição (Fernandes et al., 2016), Tabela 1, que podem reagir mais facilmente com o CH
liberado, aumentando a resistência das argamassas (Jamil et al., 2016).
Com isso, pode-se afirmar que, mesmo sem ganho significativo de resistência à compressão, a
substituição parcial de cimento por cinzas de biomassa foi considerada aceitável para 15% em
massa. Os resultados identificados na Figura 2 e aqueles encontrados por Rajamma et al. (2015),
Garcia e Sousa-Coutinho (2013), Carrasco et al. (2014) e Ukrainczyk et al. (2016), apontam que a
resistência das amostras contendo cinzas é maior que a encontrada nos CPD para tempos de curas
diferentes, isto é, 28 dias para aqueles contendo o resíduo de biomassa e 90 dias para aqueles sem
nenhuma adição de material cimentício suplementar.
De forma análoga, analisando os resultados obtidos para a resistência à tração na flexão, Figura 3,
foi observado que apenas os traços CBCA30 e CCA30 não superaram a resistência do CPD e que
para CCE30 um mesmo valor aos 14 dias foi atingido. Para a idade de 28 dias, os traços contendo
cinzas obtiveram melhor desempenho para a resistência à tração na flexão do que para à
compressão simples, confirmando o efeito retardatário das reações cinza-cimento, principalmente
para uma substituição de 15%.

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1.20
1.06 14 dias

Resistência à tração na flexão


28 dias
1.00
0.84
0.80 0.74 0.74 0.74
0.69
0.63
(MPa)
0.59
0.60
0.46 0.46
0.37 0.37
0.40 0.31
0.23
0.20

0.00
CDP CAE15
CAE30 CCA15 CCA30 CBCA15 CBCA30
Proporção
Figura 3. Comparativo entre a resistência média alcançada no ensaio de tração na flexão para
cada traço aos 14 e 28 dias (Método de Tukey p < 0,05).

Contudo, os resultados para flexão divergem daqueles obtidos por Rajamma et al. (2009), onde
houve uma redução gradual da resistência com o aumento da porcentagem de cinza e, consequente
aumento das reações pozolânicas, principalmente, para taxas de substituição maiores que 20%
(Chowdhury et al., 2015). Esse fenômeno pode ser controlado com a requeima dos resíduos e
processos de moagem, como foi feito para as cinzas aqui estudadas, confirmando-se a necessidade
de se as submeter a estes tipos de pré-tratamentos, tal como indicado por Jamil et al. (2016).
Por último, para identificar o fenômeno de absorção da água, seguiu-se as especificações
apresentadas pela NBR 15259 (ABNT 2005). Nela consta que o índice de absorção por capilaridade
deve ser calculado como a média dos três corpos de prova submetidos à imersão em água por
10 min e 90 min, Figura 4.

3.5 3.2 3.17 40

3 35
30
2.5
1.91 25
2 1.85
20
1.5
15
0.93 0.9
1
10
0.47 0.45 0.45 0.390.47
0.34
0.5 0.220.3 5
0 0
CDP CCE15 CCE30 CCA15 CCA30 CBCA15 CBCA30
Absorção por capilaridade Absorção por capilaridade Coeficiente de capilaridade
(10 min) (90 min) (g/dm².min½)
Figura 4. Ensaio de absorção aos 28 dias.

Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa 11


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A partir dos resultados encontrados percebe-se que a taxa de absorção diminui, mesmo que
inexpressivamente, à medida que se aumenta a taxa de substituição do cimento de 15 para 30%.
Tal como apresentado por Jamil et al. (2016), Elinwa e Ejeh (2003), que identificaram uma redução
da absorção de água, quando da adição de cinzas a uma taxa de 15% em argamassas, com um valor
médio de aproximadamente 0,8% e 1,25%, abaixo dos 10% aceito para materiais de construção.
Divergindo, porém, dos estudos de Chowdhury et al. (2015), no qual a relação absorção e adição
de cinzas é diretamente proporcional.
Para os maiores valores, CCE30 e CCE15, eles se deram em virtude da presença de poros abertos
na estrutura, confirmando os resultados para os ensaios de granulometria e índice de finura. Na
presença de partículas com tamanhos diversos, aumenta-se a capacidade de absorção de água.
Logo, por razão da uniformidade e finura das CBCA, a penetração de água nessas apresentam
valores próximos aos dos CPD. Com isso, conclui-se que a absorção diminui à medida que a
quantidade de vazios diminui, assim, a CBCA pode ser utilizada como material de preenchimento.
Torna-se claro, também que, aumentando-se os percentuais de cinzas, os vazios permeáveis serão
preenchidos, minimizando a taxa de absorção (Jamil et al., 2016; Rosales et al., 2017; Carrasco et
al., 2014).
Sobre a cura, segundo Aprianti et al. (2016), quando da incorporação de material fino em sistemas
cimentícios, deve-se fazer o uso de diferentes procedimentos para promover essa hidratação do
concreto. Uma opção é a utilização de superplastificantes (Ukrainczyk et al., 2016), com o intuito
de fixar a relação a/c e garantir condições de execução e desempenho (Carasek, 2010). Para Ramos
et al. (2013), Ataie e Riding (2016) o valor ideal da relação a/c equivale a 0,4 e 0,45,
respectivamente.
Diante disso, a cinza com maior potencial para melhorar as características das argamassas como
substituta parcial do cimento é a CCA. Quanto a CCE e CBCA, deve-se avaliar o seu potencial
como material de preenchimento. E ainda uma possível utilização de uma mistura contendo mais
de um tipo de cinza.

4. CONCLUSÃO
Aplicada as cinzas nas matrizes cimentícias, ficou evidente a viabilidade de uso como um material
cimentício suplementar, os critérios técnicos analisados são atestados por aqueles encontrados na
literatura. Os pré-tratamentos reduziram a variação granulométrica das cinzas, aumentando a sua
superfície específica, e as partículas estando melhor acomodadas, apresentaram maior reatividade.
O teor de matéria orgânica não queimada influenciou a perda de massa ao fogo, mas não o
suficiente para impedir melhores resultados no estado endurecido quando se comparados a
argamassa de referência.
Cabe destacar que, de todas as análises feitas, as argamassas contendo CCA obtiveram o melhor
desenvolvimento mecânico. O comportamento das CCE e CBCA sugere a sua aplicação como
substituto da areia, por exemplo, podendo ser objeto de estudo em pesquisas futuras, o efeito de
preenchimento foi identificado pelo ganho de resistência que ocorreu devido ao comportamento
das partículas, semelhantes às da cal, ocupando vazios da matriz cimentícia. Contudo, não se deve
descartar a sua utilização como substituto do cimento.
Quanto ao teor de substituição, para as faixas escolhidas, 15% é o teor de substituição ideal,
contudo, maiores teores de substituição podem implicar em argamassas com menor resistência
mecânica ou mais porosas. A referência deve ser, portanto, a aplicação da argamassa, se de
assentamento ou revestimento, se área externa ou interna. Aquelas aqui estudadas, em função do
seu traço, 1:1:6, e dos resultados obtidos, poderiam ser utilizadas para assentamento de alvenaria
ou para revestimento cerâmico. Todavia, a viabilidade técnica para essas aplicações só pode ser
comprovada realizando-se novos estudos.

12 Caracterização e viabilidade de utilização de cinzas de biomassa vegetal em argamassa


Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 1 – 16

E em se tratando da absorção de água, que foi elevada para todos os teores de cinzas, a argamassa
é altamente porosa. A sugestão é que sejam realizadas após o peneiramento e moagem a requeima
da cinza, melhorando a atividade pozolânica, diminuindo a quantidade de vazios na matriz
cimentícia, ou ainda, a utilização de aditivos para controle da relação a/c.

5. AGRADECIMENTOS
Os autores agradecem ao Conselho Nacional de Pesquisa e Desenvolvimento (CNPq) pelo
financiamento desta pesquisa (Projeto número 552118 / 2011-7).

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Gonçalves, C. F., Soares, A. F., Paula, H. M.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Análise da durabilidade de concreto armado com fissuras induzidas por


carregamento

S. M. M. Pinheiro1 , M. P. Costa Junior1*


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.510

Recepção: 11/09/2020 | Aceitação: 11/03/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
O objetivo desse trabalho é verificar a relação entre a ação de carregamentos induzindo fissuras e a
durabilidade do concreto armado. Foram produzidos corpos-de-prova prismáticos e durante o período
de dois anos estas amostras foram submetidas à névoa salina artificial, estando sob a ação de
carregamento central permanente, carregamento central de curta duração e sem carregamento
(referência), sendo realizados ensaios de penetração de cloretos e análise microestrutural, além do
mapeamento das fissuras. Verificou-se que o carregamento não influenciou nos resultados de penetração
de cloretos, porém, nas micrografias e microanálises das amostras fissuradas observou-se a formação de
produtos de deterioração e possíveis microorganismos, em comparação aos corpos-de-prova que não
sofreram carregamento.
Palavras-chave: durabilidade; carregamento; fissura; cloretos; microscopia.
Citar como: Pinheiro, S. M. M., Costa Junior, M. P. (2021), “Análise da durabilidade de concreto
armado com fissuras induzidas por carregamento”, Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. 17 – 37, DOI:
https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.510

_______________________________________________________________
1
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal do Espírito Santo, Vitória, Brasil.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho o autor M.P.Costa Junior contribuiu com a ideia original, coleta de dados, metodologia experimental, discussão dos
resultados e redação do trabalho. O autor S.M.M. Pinheiro contribuiu com análise microestrutural e revisão do texto.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 17 – 37 17


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 17 – 37

Durability analysis of reinforced concrete with loading induced cracks

ABSTRACT
The objective of this study is to verify the relationship between the action of loads inducing cracks
and the durability of reinforced concrete. Prismatic specimens were produced and for two years
these samples were subjected to artificial salt spray, under the action of different types of loading
and unloaded (reference), with moist curing for 7 days. Chloride penetration tests and
microstructural analysis were carried out. It was observed that loading did not influence the results
of chloride penetration. However, it was observed that in the micrographs and microanalysis of
the cracked samples the clearer formation of deterioration products and possible microorganisms,
compared to the samples that did not suffer loading.
Keywords: durability; loading; cracking; chlorides; microscopy.

Análisis de durabilidad del hormigón armado con fisuras inducidas por la


carga

RESUMEN
El objetivo de este trabajo es verificar la relación entre la acción de cargas que inducen fisuras y
la durabilidad del hormigón armado. Fueron producidos modelos de prueba (especímenes)
prismáticos y durante dos años estas muestras fueron sometidas a niebla salina artificial, bajo la
acción de una carga central permanente, carga central a corto plazo sin carga (referencia), con un
curado de 7 días. Se realizaron pruebas de penetración de cloruros y análisis microestructurales,
además del mapeo de fisuras. Se encontró que la carga no influyó en los resultados de penetración
de cloruros, sin embargo, se observa que las micrografías y microanálisis muestran una formación
de productos de deterioro y posibles microorganismos, en comparación con las probetas que no
sufrieron carga.
Palabras clave: durabilidad; carga; craqueo; cloruros; microscopía.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos
concedidos pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela
última atualização deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença
CC BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

18 Análise da durabilidade de concreto armado com fissuras induzidas por carregamento


Pinheiro, S. M. M., Costa Junior, M. P.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 17 – 37

1. INTRODUÇÃO
As causas do processo de deterioração do concreto armado estão diretamente relacionadas a ação
dos agentes agressivos. Dentre os vários agentes existentes (dióxido de carbono, íons cloreto e
ataque de sulfatos), estão à ação deletéria dos cloretos e do dióxido de carbono (CO2), que têm sido
muito estudados nos últimos anos e que ainda são um grande desafio para o bom desempenho das
estruturas de concreto armado. Assim, as estruturas que estão expostas ao ambiente marinho e ao
urbano demandam uma qualidade mínima do material para assegurar sua vida útil de projeto e sua
durabilidade (ANDRADE, 2005; CASCUDO, 2005; SILVESTRO et.al., 2021).
Além das causas químicas, ressaltam-se também as causas do processo mecânico de deterioração
como a sobrecarga e as cargas cíclicas; cujo principal sintoma é a fissuração do concreto. Essas
fissuras devem ser controladas, principalmente por três motivos: durabilidade por risco de corrosão
da armadura, aparência estética e exigências funcionais como higiene (proliferação de fungos,
micro-organismos, etc.) e permeabilidade a gases e à água (GHALI and FAVRE, 1994; HEARN
and FIGG, 2001).
Em condições naturais de exposição, a durabilidade do concreto é controlada pela sua habilidade
de impedir o transporte de íons e fluidos. Muitas vezes o concreto está sujeito a vários tipos de
solicitação (térmica, mecânica, etc) que geram tensões de tração que excedem a resistência do
material gerando fissuras, que podem afetar o transporte de agentes agressivos à mistura (LIM et
al, 2000; HEARN and FIGG, 2001; MEHTA and MONTEIRO, 2014).
Fissuras manifestadas devido à ação de cargas externas podem agir como um fator importante para
a entrada de agentes agressivos como íons cloreto e o CO2 (carbonatação). Porém, estudos mostram
que as fissuras não são o maior fator para deterioração da estrutura por corrosão (entrada de agentes
agressivos) se elas não excederem aberturas estipuladas pelas normas internacionais e NBR 6118
(ABNT, 2014). Neste caso, a qualidade do concreto de cobrimento e o próprio cobrimento nominal
são mais relevantes para a sua durabilidade (KONIN et.al., 1998; HELENE and DINIZ, 2001;
ALEXANDER et al, 2001; CASCUDO, 2005).
Independente de carregamento, as características das fissuras (conectividade, abertura, largura,
comprimento) exercem um papel fundamental na durabilidade das estruturas de concreto. Nesse
sentido, a NBR 6118 (ABNT, 2014) estabelece abertura máxima característica para fissuração
(identificado na norma como Wk) e proteção das armaduras quanto à durabilidade. Essa norma
define a abertura máxima de fissuras de 0,4mm para concreto armado, que varia em função da
classe de agressividade ambiental, do tipo de estrutura de concreto e as combinações de ações de
serviço.
A penetração e difusão de íons cloretos podem ocorrer pela fissura conforme esquematizado na
Figura 1.

Figura 1. Penetração de cloretos na superfície e entre as fissuras (ISMAIL et.al., 2006).

Análise da durabilidade de concreto armado com fissuras induzidas por carregamento 19


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As fissuras agem como porta de entrada para agentes agressivos, que acarretam um efeito
significativo sobre a difusão de cloretos, pois facilitam o deslocamento desses agentes através do
concreto, sendo a sua intensidade diretamente dependente abertura das fissuras (WANG et.al.,
2016).
Quando os íons cloreto estão no interior da fissura, eles podem penetrar em diferentes
profundidades, a partir da superfície no seu interior, ficando dissolvidos na fase aquosa dos poros,
formando os cloretos livres, que podem desencadear o processo de deterioração do material.
Observa-se também que a concentração de cloretos é alta na superfície exposta do concreto, porém,
ao penetrar na abertura de fissura ela diminui com o aumento da profundidade a partir da superfície
do material (ISMAIL et.al., 2006; FIGUEREDO, 2005; WIN et.al., 2004).
Além dos cloretos livres nas soluçõe dos poros do concreto, pode-se encontrá-los também:
combinados químicamente ao C-S-H, ou como cloroaluminatos, adsorvirdos físicamente às
paredes dos poros ou livres nas soluções dos poros do concreto (ROMANO, 2009; CRAUSS,
2010).
Dos íons cloreto que penetram no concreto, parte liga-se ao aluminato tricálcico (C3A) formando
principalmente cloroaluminato de cálcio, também conhecido como sal de Friedel -
C3A.CaCl2.10H2O, o qual se incorpora às fases do cimento hidratado. Outra parte é absorvida na
superfície dos poros e o restante fica dissolvido na fase aquosa dos poros, que formam os cloretos
livres que são perigosos e causam danos à estrutura (HELMUTH and STARK, 1992;
FIGUEREDO, 2005; CRAUSS, 2010).
De modo geral, sempre haverá um estado de equilíbrio entre as três formas de ocorrência desses
íons, de forma que sempre existirá certo teor de Cl- livre na fase líquida do concreto (HELMUT
and STARK, 1992; FORTES and ANDRADE, 1995; CASCUDO, 1997). Cimentos com baixos
teores de C3A têm menor capacidade de imobilizar íons cloreto pela formação do cloroaluminato
de cálcio hidratado. Com a formação desse composto há uma diminuição da concentração de íons
cloreto livres na solução aquosa dos poros do concreto.
A penetração dos cloretos na forma de cloretos livres depende de fatores como o tipo de íons
positivos (cátions) associados aos cloretos, o momento de acesso ao concreto antes ou após seu
endurecimento, a presença de outro íon negativo (ânion) como o sulfato, o tipo de cimento usado
na produção de concreto, a qualidade de produção e cura do concreto, a umidade ambiente, a
relação água/cimento, o estado de carbonatação e o consumo de cimento por m3 de concreto.
Analisando a resistência à penetração de íons cloreto, Leng et.al. (2000) e Oh et.al. (2002)
verificaram que a difusão de íons cloreto aumenta com o aumento da relação água/cimento, e
cimentos com cinzas volantes e escória de alto forno têm alta resistência à difusão (HELENE,
1997; SONG et.al., 2008; LAWRENCE, 2006).
Nesse contexto, esse artigo apresenta uma análise da durabilidade em concreto armado sob
diferentes condições de carregamento, durante o período de 24 meses. Foram analisados
profundidade de penetração de íons cloretos, além da análise microestrutural.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
O programa experimental foi conduzido com as seguintes etapas: caracterização dos materiais,
dosagem dos corpos-de-prova. Após a dosagem foram moldados dois tipos de corpos-de-prova
(prismáticos e cilíndricos).
Após moldagem e desforma, o corpos-de-prova prismáticos passaram por cura úmida durante 7
dias, sendo então aplicados diferentes tipos de carregamentos e submetidos a névoa salina, em
ambiente natural até as datas de ensaios (idades de 6, 12, 18 e 24 meses). Nessas idades foram
avaliadas as profundidades de cloretos e realizada a Análise microestrutural (MEV e EDS).
Quanto aos corpos-de-prova cilíndricos, após moldagem eles foram desformados e curados (cura
úmida) por 28 dias. Finalizado esse período, foram realizados ensaios de resistência compressão

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axial.
O trabalho finalizou com a análise dos resultados e considerações finais. Todas essas etapas serão
mais detalhadas a seguir.
Quanto aos materiais, o cimento Portland utilizado nesse trabalho foi o CP III 40-RS (cimento
Portland de Alto-Forno), cujo teor de escória granulada de alto-forno no cimento pode chegar a
75%. Foram utilizados os seguintes materiais para composição da mistura: areia (média) de rio,
disponível e utilizada na região de Campinas – SP, pedra britada 9,5/25 (B1 - basalto) com
dimensão máxima característica de 19mm e aditivo polifuncional a base de lignosulfonato, com
massa específica de 1,18 g/cm³. Na produção dos corpos-de-prova prismáticos de concreto foi
utilizada uma barra de aço CA50 com diâmetro nominal de 10 mm.
As misturas experimentais escolhidas em função da dosagem do concreto utilizado nesta pesquisa,
cuja proporção adotada aglomerante:agregados foi de 1:5 em massa. Neste sentido, atendendo a
esse requisito, o traço adotado foi de 1:2:3 (cimento:areia:brita) (em massa), com a relação
água/cimento de 0,42.
A escolha da proporção cimento: areia: brita de 1:2:3 ocorreu por apresentar bom teor de
argamassa. A relação água/cimento de 0,42 foi adotada com o objetivo de obter concretos mais
resistentes quando expostos em meios agressivos, de acordo com a NBR 6118 (ABNT, 2014). A
classe adotada para os concretos moldados neste estudo foi C50. O traço e a relação água/cimento
adotados neste trabalho vêm sendo utilizados e avaliados desde 2000 dentro do projeto de pesquisa
sobre durabilidade da camada de cobrimento, no laboratório de materiais de construção da
Unicamp.
A quantidade de aditivo utilizado foi a necessária para se manter uma trabalhabilidade adequada à
moldagem dos corpos-de-prova em mesa vibratória, em função da baixa relação água/cimento
empregada. O índice de consistência, determinado pelo ensaio de abatimento (de 4 ± 1 cm), foi
encontrado por meio de um tronco de cone (conforme a NBR 16889, 2020). Esse valor de
abatimento, apesar de não ser muito utilizado em obras correntes, foi adotado para o concreto, pois
se desejava obter uma trabalhabilidade mínima em que o concreto fosse moldado para a produção
de corpos-de-prova prismáticos com a vibração mecânica.
O consumo de materiais empregados para a moldagem dos corpos-de-prova prismáticos e
cilíndricos pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1. Especificação dos materiais utilizados no trabalho experimental.


Cimento Aditivo
3 Areia (Kg/m3) Brita (Kg/m3) Água (Kg/m3)
(Kg/m ) (Kg/m3)
1 : 2 : 3 : 0,42 398 2,4 796 1194 167

Foram moldados corpos-de-prova cilíndricos, empregados para caracterização do concreto,


avaliando a sua propriedade mecânica (resistência à compressão axial) (Tabela 2).

Tabela 2. Série de corpos-de-prova cilíndricos.


Séries Tipo de cura Data de ensaio
M6um Imersa até a data 28 dias
M12um de ensaio
M18um
M24um

A mistura tulizada foi mecânica, em betoneira de eixo inclinado. Para cada série foram moldados
4 corpos-de-prova cilíndricos com 10 cm de diâmetro e 20 cm de altura e ensaiados na idade de 28
dias, segundo a NBR 5739 (ABNT, 2018). Os corpos-de-prova foram moldados em duas camadas,

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em mesa vibratória, no tempo necessário para permitir a compactação adequada do concreto no


molde, de acordo com a NBR 5738 (ABNT, 2015).
Após a moldagem, os corpos-de-prova foram cobertos com lona plástica até o momento da
desforma, que ocorria após 48 horas do momento da moldagem. Esse prazo de desmoldagem foi
adotado em função da desforma dos corpos-de-prova prismáticos. Em seguida, os corpos-de-prova
foram submetidos à cura imersa por 28 dias.
Foram moldados 6 corpos-de-prova prismáticos para cada idade (6, 12, 18 e 24 meses), sendo 2
corpos-de-prova da amostra sem carregamento, 2 corpos-de-prova da amostra sob carregamento
central de curta duração e 2 corpos-de-prova da amostra sob carregamento central permanente, nas
dimensões de 1,39x0,1x0,1m. Os moldes foram definidos nessas dimenões em função de serem as
mesmas utilizadas em outras pesquisas realizadas no Laboratório de Materiais de Construção da
Unicamp.
A mistura do concreto para a produção dos corpos-de-prova prismáticos foi mecânica em betoneira
de eixo inclinado. Foi utilizada uma barra de aço CA50 com diâmetro nominal de 10 mm (Ø 10),
com cobrimento nominal de 30 mm, embora a corrosão do aço não seja escopo deste trabalho. O
cobrimento adotado (30 mm) foi definido em função do trabalho realizado por Martins (2001),
além do trabalho de Midness e Young (1981), Illston (1994), Alexander et.al. (2001) e Figueiredo
e Nepomuceno (2004).
Os corpos-de-prova prismáticos foram moldados de dois em dois. Para manter o cobrimento foram
colocados 3 espaçadores de 30mm ao longo da barra de aço. Na figura 2 pode-se observar as
dimensões do corpo-de-prova prismático e posição da barra de aço.

Figura 2. Esquema de dimensões dos corpos-de-prova prismáticos.

Após a moldagem, os corpos-de-prova prismáticos permaneceram nas formas por 48 horas,


cobertos com lona plástica. Esse prazo foi adotado porque não se conseguia desformar e
principalmente transportar esses corpos-de-prova antes de 48 horas, pois fissuravam durante o
manuseio.
Concluído esse prazo, eles passaram por cura úmida, onde foram imersos em água saturada de cal
até a idade de 7 dias. Esse período foi definido baseado nas recomendações de Thomaz (2005),
Castro (2003), Braun (2003) e ACI 308 (2016), que determinaram no mínimo 7 dias de cura,
independente do tipo de cimento adotado. Além das referencias citadas, a idade de 7 dias de cura
foi adotada em função de ser esse o prazo utilizado nas obras brasileiras para a cura de peças
estruturais.
Foi definida a forma de carregamento dos corpos-de-prova prismáticos, que teriam as seguintes
situações:
• Sem carregamento (SC). Foi adotado para servir como referência na comparação entre os
dois outros tipos de carregamento.
• Carregamento central de curta duração (CCCD). Aplicação de uma força concentrada P no
corpo-de-prova prismático até o surgimento da primeira fissura, e retirada em seguida.
Optou-se pela escolha desse carregamento para verificar o desempenho do concreto em

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uma situação de fissuras que podem surgir ao longo da vida útil da estrutura devido à ação
de carregamentos pontuais, ou seja, casos em que há uma sobrecarga de curta duração na
estrutura, com o surgimento de fissura. Nesse caso, como o carregamento é de curta
duração, a fissura pode desparecer na retirada do carregamento, mas tensões e microfissuras
internas no material já ocorreram;
• Carregamento central permanente (CCP). Os corpos-de-prova prismáticos sofreram
carregamento até a data dos ensaios de durabilidade. Esse tipo de carregamento foi
escolhido para que o corpo-de-prova prismático tivesse fissuras superficiais e que se
mantivessem abertas ao longo de todo o período de exposição, até as datas de ensaio. Assim,
nas datas de ensaio pode-se observar a influência da fissura na profundidade de penetração
de cloretos e na microestrutura do concreto.
Para a abertura máxima de fissuras, foi adotado como parâmetro o limite que estabelece a norma
NBR 6118 (ABNT, 2014) para a durabilidade, relacionada à fissuração e proteção da armadura,
em função da classe de agressividade ambiental. Assim, a abertura máxima de fissuras nos corpos-
de-prova prismáticos, que ficaram sob carregamento constante, foi entre 0,3 mm e 0,4 mm (Figura
3). As aberturas de fisuras foram mapeadas ao longo do tempo, até a data de ensaio dos corpos-de-
prova.

Figura 3. Medida da abertura de fissura no centro do corpo-de-prova prismático com


fissurômetro.

Os corpos-de-prova prismáticos ficaram sob carregamento constante até as datas de ensaios. O


esquema apresentado na Figura 4 mostra os corpos-de-prova prismáticos biapoiados em corpos-
de-prova cilíndricos de concreto (10x20 cm) com um pórtico central composto de duas chapas de
aço e duas barras rosqueadas (de 9,5 mm, 3 porcas, 3 arruelas e duas chapas de aço de 8x300x100
mm) aplicando o carregamento de 250 kgf, ocasionado fisuras no centro da vigas, com aberturas
de até de 0,3 mm (dentro dos limites da norma NBR 6118). O carregamento era realizado
aplicando-se um torque de 0,5 Kgfm, com torquímetro, nas barras rosqueadas e, consequentemente,
a força concentrada era aplicada no corpo-de-prova prismático ocasionando a fissura.

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Figura 4. Carregamento central permanente (CCP) nos prismas.

Na Tabela 3 pode-se observar a sequência adotada para as amostras de cada série de moldagem,
nas diferentes condições de carregamento e data de ensaios de durabilidade.

Tabela 3. Amostras de cada série de moldagem, nas condições de carregamento.


Amostra sob
Amostra sob
Amostra Sem Carregamento Data de
Amostra Carregamento
Carregamento Central de Curta ensaio
Central Permanente
Duração
M6um M6umSC M6umCCCD M6umCCP 06 meses
M12um M12umSC M12umCCCD M12umCCP 12 meses
M18um M18umSC M18umCCCD M18umCCP 18 meses
M24um M24umSC M24umCCCD M24umCCP 24 meses

Após a cura úmida de sete dias, os corpos-de-prova passaram por névoa salina até a idade de ensaio.
O objetivo da névoa foi simular um ambiente salino, nesse sentido foi borrifada manualmente uma
solução de NaCl nos corpos-de-prova prismáticos até seu umedecimento, com uma periodicidade
de 3 vezes por semana e três vezes ao dia.
A concentração de sal na água de mar é de 35 gramas de NaCl para cada litro de água. Neste
sentido, foi utilizada essa quantidade de 35 g/l de NaCl para a solução simulando a névoa salina.
A aspersão da solução de cloretos ocorreu até as datas de ensaios dos corpos-de-prova prismáticos.
A escolha dessa metodologia foi em função do trabalho de Arya e Darko (1996) que realizaram
ensaios de corrosão em vigas de concretos empregando o mesmo procedimento.
Para determinar a profundidade de penetração de cloretos, rompeu-se a seção transversal das
amostras, cuja avaliação é realizada pela aspersão de nitrato de prata (solução 0,1N) na superfície
do concreto, ocorrendo uma reação fotoquímica, onde os cloretos livres presentes no concreto
reagem com os íons de prata da solução de nitrato de prata formando um precipitado branco. Nas
regiões onde não há íons cloreto ou cloretos combinados, há o surgimento de uma coloração
marrom, o óxido de prata, devido à reação entre os íons de prata e as hidroxilas presentes nos poros
do material cimentício (Jucá et.al., 2002; Real et.al., 2015). Através deste método, objetiva-se
avaliar se a frente de cloretos alcançou as armaduras. Podem-se observar as etapas de realização
do ensaio na Figura 5.
O corte nesses corpos-de-prova prismáticos foi realizado nos terços médios, onde se tem a visão
das áreas comprimidas e tracionadas dos corpos-de-prova prismáticos.

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Figura 5. Ensaios de penetração de cloretos com aspersão de nitrato de prata.

Para a análise microestrutural foram retiradas amostras dos corpos-de-prova prismáticos logo após
o corte ou ruptura das mesmas e antes da realização dos ensaios de durabilidade, para que as
amostras não fossem contaminadas com as soluções de nitrato de prata (Figura 6). Nesse trabalho
só foram apresentados os resultados de análise microestrutural aos 6 meses e 24 meses, que foram
as primeiras e últimas idades de ensaios, respetivamente.
As amostras foram retiradas das áreas de cobrimento, com profundidade máxima de 1,5 cm. Em
corpos-de-prova fissurados foram retiradas amostras na região fissurada (se retirou a amostra
exatamente na abertura da fissura ou o mais próximo dela), sempre na região rompida do corpo-
de-prova prismático, para serem observadas ao MEV. Devido ao fato do concreto não ser um
material condutor, as amostras precisaram ser metalizadas com ouro. Essas amostras foram
retiradas com talhadeira de aço e martelo. As observações foram realizadas no Laboratório
Nacional de Luz Sincontron (LNLS), em Campinas, Estado de São Paulo.
A medida de energia (EDS) foi adotada nesse trabalho. Neste caso tem-se a vantagem da rapidez
na identificação dos elementos químicos presentes (Dedavid et al, 2007).

Área onde era retirada amostra para ensaios de microestrutura

Figura 6. Local onde era retirada a amostra para ensaios de microestrutura.

Os resultados obtidos foram analisados por meio de técnicas de estatística descritiva (cálculo da
média, desvio padrão) para caracterizar as variáveis (propriedades do concreto e comportamento
quanto à cloretos).

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Para determinar diferenças estatisticamente significantes (o nível de significância adotado foi de


5%) entre as médias dos resultados, foram utilizados testes de hipóteses paramétricas -ANOVA e
DUCAN (Montgomery, 1991).
Foi utilizado o programa statgraphics para realização dos testes estatísticos. O programa construiu
vários testes para comparar as médias de penetração de cloretos entre todas as amostras. O teste F
da tabela ANOVA verificou se há diferenças significativas entre as médias dos resultados, em
relação aos tipos de cura e de carregamento.

3. RESULTADOS
Os resultados de resistência à compressão axial aos 28 dias de idade do concreto, referente às
moldagens realizadas nos corpos-de-prova cilíndricos são apresentados na Tabela 4.

Tabela 4. Resultados de resistência à compressão axial.


Concreto Cura dos Idade Resistência à
Desvio Coeficiente
(corpos-de-prova corpos-de-prova de compressão
padrão de variação
cilíndricos) cilíndricos ruptura axial (MPa)
M6um Imersa até 28 dias 28 dias 66,2 4,3 6,6
M12um 50,2 2,6 5,3
M18um 59,7 4,1 7,0
M24um 56,8 2,6 4,6

Como pode se observar na Tabela 4, as médias dos resultados de resistência à compressão axial
ficaram na faixa de 44MPa a 66MPa e os resultados decrescem nesta ordem: M6um, M18um,
M24um, M12um. Essa diferença de resultados pode ter sido ocasionada por vários motivos, como
temperatura e umidade no momento da moldagem, assim como o transporte, mistura, lançamento,
adensamento e cura do concreto utilizado.
Quanto ao coeficiente de variação, ao se utilizar o parâmetro da norma ACI 214R (2002) para
verificar como foi a variação atribuída a amostragem, a preparação da amostra, cura e ensaio de
laboratorio, observa-se que, na classificação apresentada por essa norma, o coeficiente de variação
das amostras M12um e M24um são considerados bons (<5,5), com exceção das amostras M18um
e M6um, que apesar de elevados valores de resistência, são considerados fracos (> 5,5).
Como verificado na literatura, a resistência à compressão de concretos com a utilização de cimentos
com altos teores de escória tende a aumentar com o tempo e o ganho de resistência pode se dar em
períodos mais longos. Estudos, como o de Khatib e Hibbert (2005), apontam para um crescimento
ainda maior após os 28 dias de idade, nesse sentido pode-se esperar um melhora ainda maior nos
resultados de resistência desse trabalho.
Ao longo do período que os corpos-de-prova prismáticos submetidos ao carregamento central
permanente ficaram exepostos em ambiente, foi realizado o mapeamento das fisuras, como
apresentado na Figura 7 (6 meses de idade) e Figura 8 (24 meses de idade).

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M6umCCP

Figura 7. Mapeamento das fissuras nos concretos que ficaram sob carregamento central
permanente por 6 meses (M6umCCP).

Os concretos M6umCCP da Figura 7 tiveram aberturas de fissuras de 0,2mm e 0,3mm. Ao longo


do período de exposição houve um aumento 0,3 mm para 0,4 mm e 0,25 mm para 0,35 mm.
Observou-se nos primeiros seis meses de idade que o pórtico utilizado para a aplicação do
carregamento, assim como o monitoramento da abertura de fissura foi eficaz, uma vez que a
abertura de fissuras ficou na faixa de 0,3mm e 0,4mm, conforme delineado no programa
experimental.

M24umCCP

Figura 8. Mapeamento das fissuras nos concretos que ficaram sob carregamento central
permanente por 24 meses (M24umCCP).

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As fissuras nos corpos-de-prova prismáticos M24umCCP (submetidos à cura úmida) ficaram com
aberturas variando entre 0,20 mm a 0,25 m. Aos 24 meses o comportamento das fissuras foi similar
às outras idades. As aberturas iniciais eram de 0,2mm a 0,25mm, e chegando a 0,4mm nas idades
de ensaio.
Alguns fatores podem ter ocasionado o aumento da abertura de fissuras nos corpos-de-prova ao
longo do tempo, entre eles pode-se destacar a carga aplicada permanentemente nesses concretos e
o tempo que eles ficaram submetidos a essa carga. Era de se esperar que a abertura de fissuras não
fosse permanecer constante pelas próprias propriedades do material (como fluência), mesmo com
o suporte da barra de aço. O torque aplicado nos corpos-de-prova também pode ter influenciado
nas aberturas de fissuras, pois apesar do valor de torque ter sido definido experimentalmente, cada
concreto (nas idades de ensaio e cura) pode apresentar respostas diferentes, como observado no
mapeamento, em que algunas amostras tiveram abertura de fissuras maiores.
Em estudos realizados por Vidal et al (2004; 2007) e François et al (2006), que mapearam aberturas
das fissuras decorrentes de carregamento, sob ambiente salino por 14 e 17 anos, respectivamente,
pode-se observar dois tipos de fissuras, as transversais, induzidas pela ação de carregamento
(flexão), e as longitudinais na viga que são referentes à corrosão da armadura, ou seja, fissuras que
coincidem com a armadura.

3.1 Profundidade de penetração de cloretos


Na Tabela 5 são apresentados os resultados de profundidade de penetração de cloretos nos
concretos sem carregamento, sob carregamento central de curta duração e sob carregamento central
permanente.

Tabela 5. Profundidade de penetração de cloretos sob diferentes condições de carregamento e


sem aplicação de carga.
Amostra Média (mm) Desvio padrão
M6umSC 0,1 0,1
M12umSC 2,2 0,6
M18umSC 2,3 1,3
M24umSC 2,6 0,7
M6umCCCD 0,2 0,0
M12umCCCD 2,2 0,7
M18umCCCD 1,9 1,1
M24umCCCD 2,5 0,6
M6umCCP 3,3 1,8
M12umCCP 1,7 0,8
M18umCCP 0,3 0,0
M24umCCP 3,0 1,0

Na Tabela 6 são apresentadas as comparações estatísticas entre os três tipos de carregamento


utilizados neste trabalho: carregamento permanente pontual - CCP, carregamento de curta duração
- CCCD, sem carregamento - SC, nas diferentes idades de ensaio, para os resultados de penetração
de cloretos.

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Tabela 6. Comparação entre os resultados de penetração de cloretos.


Idade
Concreto (corpos-de- Diferença entre resultados de
de
prova prismáticos) penetração de cloretos
ensaio
M6umCCP – M6umCCCD Não (Penetr.cloretos CCP > Penetr.cloretos CCCD)
M6umCCP – M6umSC 6 meses Não (Penetr.cloretos CCP > Penetr.cloretos SC)
M6umCCCD - M6umSC Não (Penetr.cloretos CCCD > Penetr.cloretos SC)
M12umCCP – M12umCCCD Não (Penetr.cloretos CCP < Penetr.cloretos CCCD)
M12umCCP – M12umSC 12 meses Não (Penetr.cloretos CCP < Penetr.cloretos SC)
M12umCCCD – M12umSC Não (Penetr.cloretos CCCD = Penetr.cloretos SC)
M18umCCP – M18umCCCD Não (Penetr.cloretos CCP < Penetr.cloretos CCCD)
M18umCCP – M18umSC 18 meses Não (Penetr.cloretos CCP < Penetr.cloretos SC)
M18umCCCD – M18umSC Não (Penetr.cloretos CCCD < Penetr.cloretos SC)
M24umCCP – M24umCCCD Não (Penetr.cloretos CCP > Penetr.cloretos CCCD)
M24umCCP – M24umSC 24 meses Não (Penetr.cloretos CCP > Penetr.cloretos SC)
M24umCCCD – M24umSC Não (Penetr.cloretos CCCD < Penetr.cloretos SC)

Aos 6 meses e aos 24 meses a penetração de cloretos foi maior em concretos submetidos ao
carregamento central permanente em relação aos concretos sob carregamento central de curta
duração e sem carregamento; porém, nesses casos não houve diferença significativa entre os
resultados. Aos 12 meses de idade, os concretos com carregamento central permanente tiveram
valores de penetração de cloretos menor que os concretos submetidos ao carregamento de curta
duração e sem carregamento, e nesse caso também não houve diferenças significativas entre os
resultados.
Ao longo dos 24 meses de idade a ação de carregamento, quer seja de curta duração ou permanente,
não influenciou significativamente nos resultados de penetração de cloretos em quase todas as
idades estudadas.
Ao comparar esses resultados com os obtidos em pesquisas de Vidal et al (2004), Vidal et al (2007)
e François et al (2006), observa-se que o fator tempo e o ambiente salino são fundamentais para
que o carregamento e, consequentemente, a abertura de fissuras, influencie nos resultados de
penetração de cloretos. Pesquisas como a de Vidal et al (2007), que deixaram as amostras expostas
em ambientes sob névoa salina por um período de mais de 10 anos, obtiveram resultados
significativos apenas após 5 anos de exposição. Neste sentido, períodos mais longos devem ser
considerados em pesquisas futuras.
Analisando o comportamento de amostras com diferentes porcentagens de escória de alto-forno,
submetidas a um carregamento contínuo, An Cheng et al (2005) verificaram que a abertura de
fissuras afeta o tempo de início de corrosão de armaduras. Os corpos-de-prova com maior abertura
de fissuras foram as que iniciaram primeiro o processo corrosivo; porém, a quantidade de escória
adicionada à mistura não influenciou nos resultados, ou seja, com o aumento do teor de escória de
alto-forno não teve uma diminuição na velocidade e propagação da corrosão da armadura.
De acordo com o Ayra e Darko (1996) a frequência do aparecimento de fissuras tem influência na
intensidade de corrosão que a estrutura está sujeita. Quanto maior a quantidade de fissuras, maior
é a intensidade de corrosão no concreto armado. Um fato a ser destacado, neste caso, é a
importância do concreto de cobrimento para diminuir esse processo. Da mesma forma, essa
espessura pode ser um fator tão importante nesse contexto quanto à própria incidência de fissuras
na estrutura. Assim, atenta-se para a importância de estudos sobre o concreto de cobrimento, o que
possibilita a obtenção de informações relevantes que contribuem para a produção de concretos
duráveis.
Quanto ao período de cura adotado, Thomaz (2005) verificou que o tempo de cura úmida de 7 dias
é suficiente para que o concreto adquira as propriedades desejadas, porém, esse prazo depende do

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tipo de cimento e da relação água/cimento utilizada. No entanto, quando se utiliza cimentos com
adições minerais um tempo maior de cura é necessário, como é o caso de cimento com escória de
alto-forno, em que seu proceso de hidratação é mais lento que o cimento comum (Çakir; Akoz,
2006; Furnas, 1997; Thomaz, 2005).
Observa-se também em estudos como o de Castro (2003) e Braun (2003) que cimentos com maior
teor de adição, como o CP III 32, necessitam de um período maior de cura, em comparação aos
outros tipos de cimentos.

3.2 Avaliação da microestrutura


Aos seis meses de idade apenas dois tipos de amostras foram selecionados para ensaios de
microestrutura. Essas amostras foram retiradas da região tracionada dos corpos-de-prova
prismáticos sem carregamento (SC) e submetidos ao Carregamento Central Permanente (CCP).
Ambos ficaram em cura úmida por 7 dias antes de sofrer carregamentos. Na Figura 9 é apresentada
uma amostra sem carregamento.

EDS da Região

C-S-H

Figura 9. Concreto submetido à cura úmida, sem carregamento, aos seis meses de idade.

Na Figura 9 observa-se uma área com morfologia densa e amorfa (C-S-H Tipo III ou IV), o que é
mais comum nesse caso por se tratar de amostras em idades mais avançadas. Cheng et al (2005)
observaram nas micrografias de concreto com diferentes teores de escória de alto-forno em
elevadas porcentagens, uma estrutura mais densa, com poucas agulhas de etringita e com poros
capilares menores que 50 nm, que podem ter sido preenchidos por produtos como o C-S-H. O pico
de Au surgiu no EDS da região da Figura 9 pode ser em função da metalização com ouro.
A fase C-S-H ocupa um volume de 50% a 60% de sólidos da pasta de cimento, sendo o principal
responsável pelas propriedades da pasta, como a resistência à compressão axial. Sua estrutura
depende da temperatura e do espaço livre na mistura para sua hidratação (Baroghel-Bouny, 1994;
Irassar, 2004). Essa fase pode ser encontrada nas seguintes morfologias: Tipo I – fibrosas,
normalmente em forma de “ouriço”, quando a hidratação está em desenvolvimento (primeiras
idades) para fora do grão de C3S com espaço disponível suficiente; Tipo II – alveolar ou reticulado,
também chamado de “favo de mel”, que ocorre em conjunto com o C-S-H Tipo I; Tipo III e IV –
proeminente em idades mais avançadas, constitui uma morfologia densa e amorfa, difícil de ser
definida e pode constituir uma boa parcela dos produtos hidratados totais. Os produtos
característicos em estágios mais avançados da hidratação são o C-S-H tipo III e IV e mais Ca(OH)2
(Taylor, 1997; Ghosh, 2002).
De acordo com Kurdowski (2014) existem 4 formas morfológicas da fase C – S – H: fibroso, malha,
partículas isométricas e esféricos conglomerados, pertencentes ao C – S – H interno e identificados
como um gel firme sob um microscópio eletrônico
Na Figura 10 observa-se a microestrutura do concreto submetido ao carregamento central
permanente em cura úmida por 7 dias, aos seis meses de idade e na Figura 11 é apresentada a

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microanálise em três pontos desse mesmo concreto.

EDS da região

C-S-H tipo
III e IV
C-S-H tipo I

Figura 10. Concreto submetido à cura úmida por 7 dias e carregamento central permanente, aos
seis meses de idade.

Na imagem da Figura 10 observam-se algumas agulhas, mas no EDS o elemento enxofre (S) não
está presente para que se configurasse uma etringita. Nesse caso podem ser agulhas de C-S-H, com
morfologia fibrosa (Tipo I) (Taylor, 1997; Ghosh, 2002). Observam-se também as fases C-S-H tipo
III e tipo IV.
Em misturas utilizando cimento de alto-forno, a morfologia fibrilar do C-S-H do cimento Portland
sem adições (clínquer Portland), é gradualmente substituída por uma morfologia diferente, que
Richardson (1999) denomina de “folha” ou “tipo lâminas”. Esse autor relata que essa mudança de
morfologia é responsável pelo melhor desempenho e maior durabilidade das misturas com essa
adição. Morfologías essas ainda não observadas na idade de 6 meses de ensaio.
A Figura 11 apresenta três pontos selecionados do concreto submetido à cura úmida por 7 dias e
carregamento central permanente. Na composição elementar pelo EDS dos três pontos encontram-
se os mesmos elementos Ca, Si, Al e Mg.
Ponto 1

Ponto 2

Ponto 3

Figura 11 – Microanálise EDS em três pontos do concreto sob carregamento central permanente
(CCP).

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Na microanálise detectou-se a presença dos elementos Ca, K, Si, Al, Mg, O e C, que são típicos
dos produtos de hidratação do cimento.
O C-S-H resultante da hidratação do cimento Portland e da escória de alto-forno apresentam
morfologias semelhantes; porém, o grão de escória apresenta elevadas porcentagens de Mg e Al
(Richardson, 1999).
Na Figura 12 é apresentada a micrografia de uma amostra de concreto sem carregamento,
submetidas à cura úmida por 7 dias, aos 24 meses de idade.

EDS da região

C-S-H
Placas de
Ca(OH)2

Figura 12. Micrografia e microanálise da amostra de concreto sem carregamento, aos 24 meses
de idade.

Na Figura 12 nota-se a presença de possíveis placas de Ca(OH)2 e C-S-H. Como verificado por
Baroghel-Bouny (1994) Mehta e Monteiro (2008), a fase correspondente ao Ca(OH)2 mantém a
alta alcalinidade do sistema, preservando a estabilidade do C-S-H e do concreto de cobrimento.
O Ca(OH)2 ocupa um volume de sólidos de 20% a 25% na pasta de cimento hidratada. Por ter uma
composição com estequiometria definida, se formam em grandes cristais com morfologia
prismática hexagonal. Essa morfologia pode variar também em função da temperatura de
hidratação e das impurezas presentes. Devido a esses fatores, podem-se formar pilhas de grandes
placas.
Essa fase mantém a elevada alcalinidade do sistema, preservando a estabilidade do C-S-H e da
camada de cobrimento da armadura (BAROGHUEL-BOUNY, 1994; CASTRO, 2003).
Na Figura 13 são exibidas as micrografias e EDS do concreto submetido ao carregamento central
de curta duração, aos 24 meses de idade.

EDS da região
CaCO3
escamas
CaCO3
romboédrico

Figura 13 – Micrografia e microanálise da amostra de concreto submetido ao carregamento


central de curta duração, aos 24 meses de idade.

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Na Figura 13 pode-se observar a formação do carbonato de cálcio na forma de cristais


romboédricos e em forma de escamas, sobre um C-S-H poroso e possivelmente carbonatado.
Observa-se nos compostos hidratados formados, a presença de carbonato de cálcio (CaCO3), com
morfologias distintas sobre C-S-H que também já pode estar em processo de modificação pela ação
do tempo, e devido a sua porosidade. A fase C-S-H porosa e a formação de CaCO3 indicada na
Figura 13 foi observada também por Sakar et al (2001) em seu estudo, com o CaCO3 em forma de
escamas, porém, em grande quantidade.
Os sais dissolvidos na água do mar são principalmente cloretos e sulfatos. No caso dos íons cloretos
(Cl-), quando em contato com a alumina, o monocloroaluminato se cristaliza em forma de placas
hexagonais instáveis. O cloreto entra na rede cristalina dos silicatos hidratados (C-S-H) e
transforma as fibras em redes reticuladas, tornando essa fase mais porosa. Regourd et al (1980)
observaram também a presença de CaCO3 em micrografias de amostras de concretos (compostos
hidratados do cimento Portland) expostos à névoa salina.
Na Figura 14 é apresentada a micrografia e microanálise do concreto submetido ao carregamento
central permanente (CCP), aos 24 meses de idade.

EDS da região

Figura 14. Micrografias e microanálises dos concretos com carregamento central permanente.

Na amostra da Figura 141 observa-se área com uma microestrutura mais densa, com diferentes
morfologias de Ca(CO)3; porém, alguns produtos que chamaram atenção, e que estão em destaque
nessa micrografia. Por sua morfologia podem configurar matéria orgânica, sendo provavelmente
microorganismos (Ribas Silva, 1996). Porém, para se confirmar essa hipótese seria necessária uma
análise microbiológica, que não foi realizada por não ser objeto desse estudo. Nesse caso, a fissura
induzida por carregamento poderia ter propiciado a entrada desses microorganismos, uma vez que
não foram observados nos concretos SC e CCCD.
Ao comparar as micrografias, quanto aos carregamentos CCCD e CCP e sem carregamento (SC),
observa-se que a amostra com maior compacidade e menor quantidade de poros é a referência (SC).
Quanto aos compostos formados, nas micrografias do concreto CCCD pode ser vista a fase C-S-H
carbonatada. Quando submetido ao carregamento central permanente, a fase de C-S-H está densa
com a formação de microorganismos, e a porosidade nesse caso não é elevada, provavelmente pela
cura úmida aos 7 dias. E no concreto de referência (SC) tem-se a formação do Ca(OH)2, assim
como a fase do C-S-H densa e homogênea. Observa-se assim a influência das fissuras na
durabilidade do material, uma vez que no concreto com as placas de Ca(OH)2 tem-se uma maior
alcalinidade do sistema e a preservação da fase C-S-H, consequentemente, da camada de
cobrimento (Baroghel-Bouny, 1994; Mehta, Monteiro; 2008).

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4. CONCLUSÕES
Dos resultados obtidos de penetração de cloretos observou-se que a abertura de fissuras não
influenciou na entrada de íons cloretos na estrutura, não havendo diferenças significativas entre os
tipos de carregamento e o concreto de referência (sem carregamento).
Estudos realizados na Europa sobre o tema utilizam períodos maiores de exposição ao ambiente
externo para obtenção de resultados mais expressivos quanto ao comportamento da fissura na
penetração de íons cloretos no concreto. Nesse sentido vê-se que para os concretos estudados, um
período maior seria necessário para que houvesse resultados mais significativos entre os tipos de
carregamento e sem carregamento. Alguns fatores também podem ter contribuído para esse
resultado, ressaltando-se nesse caso a utilização de cimento com adição de escória de alto-forno,
que é mais resistente ao ataque de cloretos, em comparação ao CO2. A névoa salina utilizada parece
também não ter contribuído o suficiente para que se pudessem ter diferenças entre os tipos de
carregamento e sem carregamento.
Ao comparar as tolerâncias de abertura de fissura da norma brasileira com as normas internacionais
verifica-se que as aberturas permitidas para a norma brasileira são maiores. Apesar das condições
climáticas na europa, por exemplo, ser bem diferentes que o Brasil onde se tem varições de
temperatura que oscilam de -5oC a 30oC como é o caso da França e no Brasil tem-se variações que
giram em torno de 20oC a 35oC, porém, vê-se que o controle tecnológico de qualidade dos materiais
e execução no Brasil tende a ser menos rigoroso, com isso as aberturas de fissuras podem ser um
agravante nesse contexto. Por outro lado, observa-se nesse estudo que nas situações climáticas
brasileiras, até a idade de dois anos não houve diferenças significativas entre os resultados de
amostras sob a condição de carregamento determinada nesse estudo a de referência ou seja, sem
carregamento.
Até os 12 meses observou-se nas micrografias e microanálises a formação de produtos de
hidratação do cimento, sendo encontrado principalmente as fases C-S-H, além de cristais de
Ca(OH)2, agulhas de etringita e de C-S-H e grãos de escória com diferentes dimensões. Os produtos
de deterioração (CaCO3 e C-S-H carbonatado) foram encontrados a partir dos 18 meses, nas
situações de carregamento e cura. Porém, apenas aos 24 meses fica mais evidente que nos concretos
submetidos aos tipos de carregamento (CCP e CCCD) foi observada a presença de CaCO 3 e C-S-
H carbonatado e na amostra sem carregamento foram encontradas apenas fases de C-S-H e
Ca(OH)2. No entanto, no concreto com abertura de fissuras (CCP) foram encontrados possíveis
microorganismos, que pode ter entrado pela fissura.
Do ponto de vista microestrutural observou-se que aos 24 meses o carregamento influenciou nos
resultados das amostras estudadas, uma vez que nos concretos com abertura de fissuras foram
visualizados na microscopia a presença de microorganismos em amostras submetidas a
carregamento permanente. Esses compostos só foram encontrados nos concretos com abertura de
fissuras (em carregamento central permanente). Nesse sentido, vê-se que a fissura pode ter sido um
caminho para entrada desses microorganismos, as quais podem ter consequências na durabilidade,
como verificado na literatura.
Assim, observa-se que a fissura (quando constantemente aberta) pode influenciar na microestrutura
do concreto ao longo do tempo, em função do caminho preferencial para entrada de agentes
agressivos e microorganismos. Fato esse que não foi observado nos concretos com carregamento
de curta duração e sem carregamento.

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Análise da durabilidade de concreto armado com fissuras induzidas por carregamento 37


Pinheiro, S. M. M., Costa Junior, M. P.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Uso de quitosana como revestimento orgânico para prevenir/inibir a corrosão de


armadura do concreto armado

I. Rivera-Ortiz1 , Y. Díaz-Blanco1* , C. Menchaca-Campos1 , J. Uruchurtu-Chavarín1


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.519

Recepção: 23/10/2020 | Aceitação: 23/02/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
Este trabalho analisa o desempenho do concreto armado (RC) frente à corrosão, aplicando um
revestimento de quitosana na armadura. Os corpos de prova foram preparados com diferentes
quantidades de quitosana utilizando solventes de vinagre de maçã, ácido acético e vinagre de álcool de
cana-de-açúcar, e submetidos a ensaios eletroquímicos de curvas de polarização (PC), potencial de meia-
célula (HCP), ruído eletroquímico (EN) e resistência a polarização linear (LPR). A quantidade de
quitosana e camadas ideais (espessura) foram determinadas visando uma melhoria nas propriedades de
proteção. Baixas taxas de corrosão foram obtidas em concretos expostos a cloretos por 200 dias. A
preservação do revestimento sobre o aço no concreto destes corpos de prova torna-se interessante para
estudos futuros.
Palavras-chave: corrosão; inibidor; vinagre de maçã; concreto; quitosana.
Citar como: Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-Chavarín, J.
(2021), “Uso de quitosana como revestimento orgânico para prevenir/inibir a corrosão de
armadura do concreto armado”, Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. 38 – 60, DOI:
https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.519
_______________________________________________________________
1
Centro de Investigación en Ingeniería y Ciencias Aplicadas (CIICAp), Instituto de Investigación en Ciencias Básicas y
Aplicadas (IICBA), Universidad Autónoma del Estado de Morelos (UAEM), Cuernavaca, México.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, a ideia original da pesquisa foi de I. Rivera Ortiz (20%), C. Menchaca-Campos (40%) e J. Uruchurtu-Chavarín (40%). A
administração do projeto esteve a cargo de C. Menchaca-Campos (60%) e J. Uruchurtu-Chavarín (40%). A metodologia e a
experimentação ficaram a cargo de I. Rivera Ortiz (40%), Y. Díaz-Blanco (40%), C. Menchaca-Campos (10%) e J. Uruchurtu-Chavarín
(10%). O processamento dos dados foi realizado por I. Rivera Ortiz (60%) e Y. Díaz-Blanco (40%). A redação, revisão e edição ficaram
a cargo de Y. Díaz-Blanco (80%) e J. Uruchurtu-Chavarín (20%). A análise e discussão dos resultados estiveram a cargo de I. Rivera
Ortiz (60%), C. Menchaca-Campos (20%) e J. Uruchurtu-Chavarín (20%).

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 38 – 60 38


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 38 – 60

Use of chitosan as an organic coating to prevent / inhibit the corrosion of


reinforced concrete

ABSTRACT
This work analyzes the performance of reinforced concrete (RC) against corrosion by applying a
chitosan coating to the rebar. Specimens with different amounts of chitosan using solvents of apple
vinegar, acetic acid and sugarcane alcohol vinegar were prepared and subjected to electrochemical
polarization curves (PC), half-cell potential (HCP), electrochemical noise (EN) and linear
polarization resistance (LPR) tests. The amount of chitosan and optimal layers (thickness) with an
improvement in the protective properties was determined and low corrosion rates were obtained
in the concrete exposed to chlorides for 200 days. The preservation of the coating on the steel in
concrete turns out to be interesting for future studies.
Keywords: corrosion; inhibitor; apple vinegar; concrete; chitosan.

Utilización del quitosano como recubrimiento orgánico para prevenir/inhibir


la corrosión del concreto reforzado

RESUMEN (letras de 13 pts. Times New Roman, negritas)


Este trabajo analiza el desempeño del concreto reforzado (RC) frente a la corrosión, aplicando un
recubrimiento de quitosano a la varilla. Los especímenes se prepararon con diferentes cantidades
de quitosano usando disolventes de vinagre de manzana, ácido acético, y vinagre de alcohol de
caña de azúcar, y se sometieron a pruebas electroquímicas de curvas de polarización (PC),
potencial de media celda (HCP), ruido electroquímico (EN) y resistencia a la polarización lineal
(LPR). Se determinó la cantidad de quitosano y capas (espesor) óptimas con una mejora en las
propiedades protectoras y se obtuvieron velocidades de corrosión bajas del concreto expuesto a
cloruros durante 200 días. La conservación del recubrimiento sobre el acero en el concreto resulta
ser interesante para estudios futuros.
Palabras clave: corrosión; inhibidor; vinagre de manzana; concreto; quitosano.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos de uso exclusivo No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos pelo Instituto Nacional
de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização deste número, Unidade de
Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


prevenir/inibir a corrosão de armadura do concreto armado 39
Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-Chavarín, J.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 38 – 60

1. INTRODUÇÃO
A corrosão em estruturas de concreto armado (RCS) se reflete na perda de resistência à compressão
do material, bem como nas tensões internas geradas pelos produtos de corrosão do aço, que não
podem ser suportadas pela deformação plástica limitada do concreto que levam à fissuração
(Taylor, 1990). O concreto à base de cimento Portland é atualmente o material manufaturado mais
utilizado pelo homem e cujo futuro, de acordo com as tendências mundiais, tende a ser mais
significativo e importante (O Reilly, 2007).
Em relação à corrosão na armadura do concreto, deve-se observar que a qualidade dos materiais,
proporção nos agregados, práticas construtivas, espessura do cobrimento, relação água-cimento
(a/c) podem melhorar ou diminuir o grau de proteção do concreto contra agentes externos. Ressalta-
se que a mistura de concreto confeccionada com cimento Portland confere aos materiais embutidos
uma proteção adequada contra a corrosão (Hostalet Alba, 1994). Isso porque funciona como uma
barreira que protege a armadura dos agentes agressivos externos e, devido à sua alcalinidade, o aço
desenvolve uma camada passiva na superfície que a mantém protegida por tempo indeterminado.
No entanto, a corrosão das armaduras de aço é a principal causa de danos e falhas prematuras de
estruturas de concreto armado.
Em ambientes marinhos, a principal causa de corrosão nas armaduras de concreto (CRS) foi
identificada como o ataque de íons cloreto, que induzem a despassivação do aço. Esses íons,
quando misturados com água e oxigênio, dão origem a ataques específicos que podem reduzir a
seção efetiva da armadura. Neste ponto, devem ser consideradas não apenas as perdas econômicas
que ocorrem devido à corrosão, mas também as perdas humanas que ocorrem devido a colapsos ou
acidentes causados por falhas de estruturas em colapso, não sendo capazes de suportar o esforço
para o qual foram projetadas (Pech-Canul e Castro, 2002). Da mesma forma, a modificação do
concreto e do elemento metálico, por meio do uso de materiais e revestimentos poliméricos, tem
sido estudada durante as últimas quatro décadas com resultados mistos (Dodson, 1990).
Por outro lado, a utilização de resíduos para a obtenção de produtos de alto valor agregado constitui
um caminho para uma economia sustentável. Atualmente na área da ciência dos biomateriais, os
cientistas têm se concentrado no estudo de diversos materiais devido ao seu alto potencial e
aplicabilidade como: quitina e quitosana, entre outros (Anandhavelu et. Al., 2017; Pakdel e
Peighambardoust, 2018).
A quitina é um biopolímero que está presente no exoesqueleto de artrópodes, tais como: lagostas,
caranguejos e camarões; insetos e também é encontrada na parede celular das diatomáceas, e outras
algas e fungos onde atua como um reforço das células. Este material por si só não é tóxico e é
relativamente fácil de degradar, portanto sua aplicação é ambientalmente aceitável (Dima e
Zaritzky, 2019). É o segundo biopolímero mais importante do nosso planeta (depois da celulose) e
é um polissacarídeo que contém grupos funcionais de acetamida. A quitina comercial é obtida
principalmente das conchas de crustáceos (Gacén e Gacén, 1996).
Quando esses grupos são removidos da quitina por meio do processo denominado desacetilação,
obtém-se a quitosana, que ainda é um biopolímero com distribuição regular de grupos amino
(Hernández Cocoletzi et. Al., 2009). A quitosana possui excelentes propriedades como antifúngica,
antiviral, antimicrobiana, biocompatível, biodegradável, não tóxica, emulsificante, absorvente de
poluentes, entre outras, sendo altamente aplicável em diversos campos (Dima e Zaritzky, 2019).
Devido às suas interessantes propriedades físico-químicas, estruturais e funcionais, torna-se um
candidato adequado no desenvolvimento de revestimentos anticorrosivos, principalmente devido
ao seu caráter formador de filme, sua capacidade de aderir a superfícies metálicas e a possibilidade
de formação de complexos (Anandhavelu et al., 2017).
Quitosana sendo um produto parcialmente desacetilado de quitina, é um copolímero linear de β-
(1-4) -2-amido-2-desoxi-D-glucana (glucosamina) e β- (1-4) -2-acetamido - desoxi-D-glucano (N-

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


40 prevenir/inibir a corrosão de armadura do concreto armado
Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-Chavarín, J.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 38 – 60

acetilglucosamina) (Carneiro et. al., 2013; Carneiro et. al., 2015; Bezerra, 2016) e apresenta uma
configuração helicoidal tridimensional estabilizada por ligações de hidrogênio entre os monômeros
que o formam (Sousa Andrade et. Al., 2003).
Devido às suas características funcionais (Knorr, 1991; Ashassi-Sorkhabi e Kazempour, 2020), a
quitina e a quitosana são excelentes candidatos como agregados em misturas de concreto e como
revestimento de aço da armadura (RS) para evitar ou diminuir a corrosão e os produtos resultantes
em RC (Dodson e Hayden, 1989). Resíduos de camarão, geralmente responsáveis por um problema
ambiental, podem se tornar uma solução para problemas de corrosão em estruturas (Martínez-
Barrera et. Al., 2005; Pacheco, 2010; Castelló et. Al., 2019). Buscou-se desenvolver um método
pelo qual, ao melhorar as propriedades mecânicas do concreto, seja possível controlar e reduzir a
corrosão RC, em comparação com o concreto hidráulico convencional (Martínez-Barrera et. Al.,
2005).
Neste trabalho, a eficácia e o comportamento do agregado de exoesqueleto de camarão, quitina e
quitosana como agregados dentro da matriz foram estudados para avaliar a resistência à
compressão de cubos de argamassa de 5 cm x 5 cm x 5 cm. Os revestimentos de quitosana em
eletrodos encapsulados foram avaliados para determinar a quantidade ideal e o número de camadas
com o melhor desempenho em hidróxido de cálcio com solução de cloreto de cálcio. O melhor
revestimento foi aplicado nas barras de aço embutidas em amostras de concreto de 10 cm x 7 cm x
10 cm. O exposto acima, a fim de analisar o comportamento eletroquímico do CR ao longo do
tempo, exposto a uma solução de cloreto de sódio a 3%.

2. PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
2.1. Materiais.
A qualidade do concreto é altamente dependente da qualidade da pasta do concreto. Os materiais
que foram utilizados para a preparação das misturas neste trabalho de pesquisa estão de acordo
com a norma (ASTM C33, 2003). Foram utilizados cimento Portland comum CPO 20R (Cemex),
brita de areia (passagem de malha # 4) e cascalho da região com tamanho máximo de 3/4". A
relação água / cimento foi de 0,5, tanto para as amostras de argamassa quanto para para as amostras
de concreto, o aço formado por barras corrugadas tinha diâmetro de 3/8", grau 42 de resistência de
4.200 kg/cm².
No caso dos agregados, exoesqueletos foram coletados dos resíduos da indústria do camarão, que
representam milhões de toneladas de lixo em todo o mundo (Hernández Cocoletzi et. Al., 2009).
A quitina e a quitosana foram adquiridas na Universidad Autónoma Metropolitana e também a
partir de resíduos de camarão seco.
As malhas utilizadas na classificação dos materiais são do GRUPO FIICSA. Para o estudo, todo o
exoesqueleto de camarão retido na malha #4, o exoesqueleto moído retido na malha #30, o
exoesqueleto de fibra retido na malha #8, a quitina retida na malha #8 e a quitina de grau reativo
retido na malha #100 e a quitosana retida na malha #30.

2.2. Processamento e síntese dos diferentes agregados.


2.2.1. Exoesqueleto de camarão como agregado sólido.
Uma vez obtido o exoesqueleto de camarão para uso como agregado, foi previamente lavado com
água destilada e desidratado em forno elétrico a 200°C por 30 min. A partir do agregado seco e
com o uso de moinho, foi obtido o exoesqueleto moído com os tamanhos de partícula desejados.
Da mesma forma, o agregado foi cortado em fibras para analisar se a geometria teve algum efeito
nas propriedades mecânicas do material compósito. Desta forma, três geometrias diferentes foram
processadas, exoesqueleto inteiro, triturado e fibras. Quitina, quitina grau reagente e quitosana
foram usados na mesma apresentação em que foram adquiridos.

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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2.2.2. Síntese dos agregados para recobrimento.


Vários procedimentos foram realizados para a extração dos diferentes revestimentos do material
de base agregado (exoesqueleto de camarão, quitina e quitosana). O exoesqueleto de camarão foi
testado quanto a dissolução em meios de ácidos, cetonas e outros produtos com os quais não obteve
sucesso, para os quais o uso do exoesqueleto foi descartado para usá-lo como inibidor ou
revestimento. No caso da quitina e da quitosana, tomou-se como referência a proposta relatada na
literatura (Shrinivas Rao et. Al., 2007). A porcentagem de quitina solúvel foi calculada dissolvendo
0,1 g de quitina em 25 ml de uma solução de N, N-dimetilacetamida (DMAc) com 5% de cloreto
de lítio (Shrinivas Rao et. Al., 2007) por 72 horas, com agitação constante em temperatura ambiente
e aplicação de calor esporadicamente com uma pistola de ar quente. No caso da quitina, o uso de
cloreto de lítio torna esse revestimento impróprio para uso, já que uma parte fundamental desse
trabalho é gerar produtos amigáveis ao meio ambiente, então a ideia foi descartada.
A porcentagem de quitosana solúvel foi calculada dissolvendo 0,1 g em 25 ml de uma solução de
ácido acético glacial AE2E3 (0,1 M Sigma-Aldrich) por 72 h, com agitação constante à temperatura
ambiente, em seguida foi filtrada com papel de filtro de celulose (0,45 microns) e a quantidade de
quitosana solúvel foi determinada pela diferença de peso (Shrinivas Rao et. al., 2007). Para a
quitosana, buscou-se outra alternativa de solvente mais ecologicamente correta. Nesse sentido, o
ácido acético de grau reativo foi substituído pelo vinagre de maçã, isso com o objetivo de utilizar
um solvente menos agressivo. Por fim, optou-se por utilizar quitosana dissolvida em ácido acético
e vinagre de maçã, variando a quantidade de quitosana de 0,1g em 1g para demonstrar se a
quantidade de agregado e o tipo de solvente contribuíam para maior resistência à corrosão.

2.3. Dosagem e procedimento de moldagem dos corpos de prova.


2.3.1. Corpos de prova para ensaios mecânicos.
Os corpos de prova foram moldados de acordo com as normas (ASTM C109, 2016; ASTM C192,
2014) com medidas de 5 cm x 5 cm x 5 cm. A Tabela 1 mostra a dosagem e o peso de todos os
materiais nos baldes de argamassa para cada amostra projetada.
Para a confecção dos corpos de prova algumas considerações foram levadas em conta. A fôrma foi
elaborada em madeira engraxada internamente para garantir a remoção adequada dos cubos e evitar
a fratura ou quebra da argamassa endurecida durante o processo. A mistura cimento-areia foi
preparada, primeiro misturando os materiais sólidos e adicionando 1 g de cada um dos agregados
de exoesqueleto inteiro, exoesqueleto moído, exoesqueleto de fibra, quitina, quitina de grau reativo
e quitosana separadamente;
Por último, a água foi adicionada à mistura. A pasta foi agitada por alguns minutos até que uma
mistura homogênea fosse obtida e a argamassa fosse despejada em cada molde. Todo o processo,
desde a preparação até o lançamento da mistura de argamassa, não deve ultrapassar 15 minutos.
As amostras foram identificadas e a superfície de cada molde protegida. Os cubos foram retirados
do molde após 24 h, momento em que os corpos de prova foram curados por 28 dias até a obtenção
de sua resistência máxima.

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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Tabela 1. Dosagem de materiais para cada amostra de argamassa.


Quantidade de materiais por amostra Materiais
Materiais Amostra Amostras com agregados para
controle 1 2 3 4 5 6 7 1 m3
Cimento CPO
0.036 0.036 0.036 0.036 0.036 0.036 0.036 288
20R (kg)
Areia (kg) 0.228 0.228 0.228 0.228 0.228 0.228 0.228 1824
Água (l) 0.018 0.018 0.018 0.018 0.018 0.018 0.018 144
Exoesqueleto
- 0.001 - - - - - 8
fibra (kg)
Exoesqueleto
- - 0.001 - - - - 8
inteiro (kg)
Exoesqueleto
- - - 0.001 - - - 8
moído (kg)
Quitina (kg) - - - - 0.001 - - 8
Quitosano (kg) - - - - - 0.001 - 8
Quitina grau
- - - - - - 0.001 8
reativo (kg)

2.3.2. Corpos de prova metálicos para ensaios eletroquímicos.


Amostras cilíndricas foram confeccionadas para ensaios eletroquímicos em solução de hidróxido
de cálcio (pH13) com cloreto de cálcio a 3%. Isso com o objetivo de simular as condições e o
comportamento do aço com revestimento de quitosana envuelto pelo concreto exposto a íons
cloreto. Para a confecção dos corpos de prova foram cortadas as barras de aço de 3/8”, às quais foi
soldado um cabo de cobre em uma das extremidades para garantir a continuidade elétrica do aço e
poder fazer as leituras de potencial e corrente.
Posteriormente, foram encapsuladas com resina e realizado um tratamento superficial na face do
aço com lixa 600 para garantir a aderência do revestimento. Terminada a superfície do eletrodo,
este foi lavado com água destilada, depois com acetona e finalmente seco ao ar
(Gholamhosseinzadeh et. Al., 2019). Esses corpos de prova metálicos foram avaliados
eletroquimicamente (com e sem revestimento) expostos à solução simulada.
A partir dos revestimentos obtidos a partir da quitosana nos solventes ácido acético de grau reativo,
vinagre de maçã e vinagre branco de álcool de cana-de-açúcar, os tubos de ensaio foram imersos
(dip coating) nas soluções previamente sintetizadas com quitosana. Uma vez que o revestimento é
formado, os tubos de ensaio são secos por 15 min. Este processo foi repetido mais duas a quatro
vezes até que a superfície exposta fosse coberta com várias camadas. Com esse processo, foram
obtidos revestimentos entre 2 e 3 μm de espessura. A superfície de aço encapsulado revestido é
mostrada na Figura 1.

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-Chavarín, J.
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Figura 1. Tonalidade que se observa na superfície da amostra com revestimento.

2.3.3. Corpos de prova de concreto para ensaios eletroquímicos.


Os corpos de prova de concreto foram fabricados de acordo com as normas (ASTM C31, 2012;
ASTM C192, 2014) levando em consideração uma resistência de projeto de 200 kg / cm² e uma
relação água / cimento de 0,5. A Tabela 2 mostra a dosagem e o peso dos materiais para cada
amostra de concreto. As dimensões das amostras de concreto foram de 10 cm x 7 cm x 10 cm,
conforme representado na Figura 2.

Tabela 2. Dosagem de materiais para cada amostra de concreto armado.


Quantidade de materiais por amostra
Materiais
Amostra Amostras com revestimento aplicado
Materiais para
de sobre as armaduras
1 m3
controle 2 (0.5gVM) 3 (0.5gAA)
Cimento CPO 20R (kg) 0.196 0.196 0.196 280
Areia(kg) 0.577 0.577 0.577 824
Cascalho (kg) 0.662 0.662 0.662 946
Água (l) 0.098 0.098 0.098 140

Haste de aço
corrugado

Fita isolante

Figura 2. Geometria dos corpos de prova para ensaios eletroquímicos.

A fabricação dos corpos de prova de concreto foi muito semelhante ao procedimento descrito para
a fabricação dos cubos de argamassa para os ensaios mecânicos. Nesse caso, a diferença no
procedimento consistiu na colocação das três barras corrugadas de RS. Este processo foi realizado
durante o processo de lançamento do concreto nas formas de madeira.

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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As armaduras foram limpas para evitar grande oxidação, graxa, poeira ou incrustações na
superfície. Foram inspecionados visualmente para verificar se não havia fraturas, deformações ou
imperfeições que afetassem a resistência ou adesão ao concreto. As hastes de aço de 10 cm foram
enfaixadas no meio com fita isolante, de aproximadamente 2 cm, para evitar a entrada da solução
por capilaridade. A área do aço em contato com o concreto foi de 13,35 cm² e foram confeccionados
dois corpos de prova para cada revestimento utilizado, bem como para a amostra controle.

2.4. Ensaio de resistência à compressão.

As medidas de resistência à compressão das argamassas foram realizadas em sete corpos de prova
em forma de cubo de 5 x 5 x 5 cm aos 28 dias de fabricação. Os corpos de prova foram colocados
em uma prensa hidráulica garantindo o alinhamento vertical e horizontal em relação aos eixos do
equipamento. Três corpos de prova foram testados para cada agregado incorporado na argamassa,
bem como para a amostra controle. No momento da falha de ruptura devido à pressão da prensa, o
equipamento parou e deu um valor representado como a força máxima de ruptura. Este valor é
dividido pela área da seção transversal do cubo, obtendo-se assim a resistência à compressão (f´c).
Os valores de f'c para as amostras com agregados foram comparados com o f'c de projeto da
amostra controle, de acordo com a norma (ASTM C109, 2016). O equipamento de compressão e
medição é um modelo 300DX, marca SATEC.

2.5. Medição das técnicas eletroquímicas.


2.5.1. Curvas de polarização (PC).
Foi realizada a aquisição e análise dos dados eletroquímicos obtidos com a técnica de PC, conforme
representado na Figura 3.
1. Aplicação da técnica de PC para obtenção de dados de densidade e potencial de corrente, de
acordo com os parâmetros operacionais estabelecidos no estudo.
2. Representação gráfica com software OriginPro dos dados obtidos para cada PC.
3. Determinação dos parâmetros eletroquímicos de cada PC, tais como: potencial de corrosão
(Ecorr), densidade de corrente de passivação, faixa de potencial de passivação e potencial de
corrosão.
4. Comparação de todos os parâmetros eletroquímicos para determinar o efeito do revestimento
orgânico, de acordo com as variáveis medidas no estudo.

(1) Aquisição de dados de


potencial e corrente

(2) Representação gráfica dos dados de cada


PC

(3) Determinação dos valores de Ecorr, densidade


de corrente e alcance de potencial de passivação

(4) Comparação dos


parámetros eletroquímicos
Figura 3. Diagrama de blocos para a análise dos dados obtidos pela técnica de PC.

Para as medições de PC, utilizou-se um arranjo de três eletrodos, usando um eletrodo de Calomel

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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saturado (SCE) como referência, um eletrodo de trabalho (tubos de ensaio encapsulados) e uma
barra de grafite como contra-eletrodo. Os parâmetros operacionais foram os seguintes: potencial
de varredura de -200 mV abaixo do Ecorr e até +1000 mV, e velocidade de varredura de 100 mV /
min. Um copo de 250 ml foi usado como um recipiente para os eletrodos e a solução simulada.
O SCE e o eletrodo de grafite foram colocados lado a lado e o mais próximo possível do eletrodo
de trabalho dentro da solução simulada. Uma vez que todos os eletrodos foram colocados na
solução, adotou-se um tempo de espera de 30 min antes de iniciar o ensaio para que o valor de Ecorr
se estabilizasse (Gholamhosseinzadeh et. Al., 2019). Os experimentos foram realizados triplamente
para cada quantidade de quitosana, tipo de solvente, número de camadas, tempo de
armazenamento, bem como para a amostra controle, conforme observado na Tabela 3.

Tabela 3. Quantidade de amostras por cada variável medida pela técnica de PC.
Quantidade de amostras por variáveis medidas dos corpos de prova encapsulados pela técnica
de PC
Tempo de Número de
Concentração Dissolventes
armazenamento camadas
do revestimento
Vinagre de Ácido Vinagre Dez. Mai. Mar.
1 2 3 4
maçã acético branco 2015 2016 2017
0 (Controle) 3 3
0.1 3 3 3 3 3
0.2 3 3
0.3 3 3
0.4 3 3
0.5 3 3 3 3 3 3 3
0.6 3 3
0.8 3 3
1 3 3

Primeiramente, os revestimentos obtidos nos solventes de ácido acético e vinagre de maçã foram
avaliados para a quantidade de 0,1 g e até 1 g de quitosana. Em seguida, foi analisado o
comportamento para a concentração de 0,5 g do revestimento obtido no vinagre de maçã e
comparado com o PC para a mesma concentração do revestimento obtido no vinagre branco de
álcool de cana-de-açúcar. Além disso, o revestimento de 0,1 g de quitosana dissolvido em vinagre
de maçã e armazenado por um e dois anos foi avaliado para analisar seu desempenho em função
do tempo. Por fim, foi analisado o comportamento do revestimento para a concentração de 0,5 g
em função das quantidades de camadas aplicadas na superfície metálica.

2.5.2. Potencial de meia célula.


A medição do HCP foi realizada em um SCE e por meio de um multímetro. A leitura foi feita nas
três barras de aço embutidas no concreto e os valores das três medições foram calculados para obter
o valor final. A primeira leitura foi feita no início da cura das amostras. Foi levado em consideração
em cada medição que o SCE estava muito próximo ao eletrodo de trabalho e dentro da solução
agressiva, sem tocar no fundo do recipiente. De acordo com o critério de probabilidade de corrosão
de acordo com a norma (ASTM C876, 2015) em relação aos valores de Ecorr, os seguintes intervalos
mostrados na Tabela 4 são descritos (Pérez-Quiroz et. Al., 2008; Taji et. Al., 2018; Díaz-Blanco
et. Al., 2019).

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Tabela 4. Critérios de potencial segundo a norma ASTM C876.


Valores de Ecorr pela técnica de HCP Critério de probabilidade de corrosão
(mV) vs SCE
> -125 Probabilidade de corrosão de 10%
-126 a -275 Risco de corrosão intermediário
< -276 Probabilidade de corrosão de 90%

2.5.3. Resistência à polarização linear (LPR).


A técnica LPR tem sido usada nas últimas décadas como uma ferramenta poderosa para a análise
de corrosão CRS (Feliu et. Al., 1989; Papavinasam, 2008; Zhou et. Al., 2018). Para a medição do
LRP, um arranjo de três eletrodos foi usado: um contra-eletrodo de grafite, o SCE como eletrodo
de referência e a barra de aço como eletrodo de trabalho; com uma medição por amostra de acordo
com os dias de ensaio estabelecidos. Ambos os eletrodos foram colocados o mais próximo possível
do eletrodo de trabalho, próximo ao bloco de concreto e dentro da solução de NaCl a 3%, conforme
mostrado na Figura 4.
A técnica LPR foi medida segundo a norma (ASTM G59, 2014), com parâmetros operacionais de
± 20 mV em relação ao Ecorr, com velocidade de varredura de 10mV / min e foi plotada em função
do tempo. O equipamento de medição usado foi um Potenciostato / galvanostato / ZRA, Gamry
Instruments, interface 1000, software de estrutura Gamry. A resistência à polarização (Rp) pode
ser determinada como a inclinação do PC ao redor do Ecorr (Andrade e Alonso, 1996; Díaz Blanco
et. Al., 2019). A Tabela 5 mostra as faixas de densidade de corrente (Icorr) e taxa de corrosão (CR),
bem como o estado das barras de aço de acordo com o grau de avanço da corrosão (Andrade e
Martínez, 2010).

Eletrodo de referencia Hastes de aço


de Calomel
Contra eletrodo
de grafite
Concreto

Recipiente com solução de


cloreto de sódio a 3%
Figura 4. Representação da célula eletroquímica para a medição da LPR.

Tabela 5. Critérios de Icorr e CR em termos de vida útil.


Corrente de corrosión Icorr CR Condição das barras de aço
(μA/cm2) (mm/y)
Icorr< 0.1 <0.001 Desprezível.
Icorr 0.1 - 0.5 0.001-0.005 Corrosão de baixa a moderada.
Icorr 0.5 - 1.0 0.005-0.010 Corrosão de moderada a elevada.
Icorr> 1.0 > 0.010 Corrosão elevada.

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2.5.4. Ruido eletroquímico (EN).


A aquisição e análise dos dados obtidos pela técnica EN foram realizadas seguindo o diagrama de
blocos, representado na Figura 5.
1. Aplicação da técnica EN para aquisição de sinais EN, a partir dos parâmetros operacionais
estabelecidos.
2. Processamento de sinais de potencial de ruído eletroquímico (EPN) e de corrente de ruído
eletroquímico (ECN) usando o método de regressão linear.
3. Determinação de parâmetros eletroquímicos como: desvio padrão do ruído em tensão (σv),
desvio padrão do ruído na corrente (σi) e resistência ao ruído (Rn); por meio do método
estatístico (SM).
4. Representação gráfica e comparação dos dados Rn em função do tempo entre as diferentes
amostras de concreto.

(1) Aquisição dos sinais de EN

(2) Processamento dos sinais de EPN e ECN

(3) Determinação dos seguintes parámetros:𝜎v , 𝜎𝑖 e


Rn

(4) Representação gráfica dos valores de R n


em função do tempo
Figura 5. Diagrama de blocos para a análise dos dados de EN.

Para a medição da EN, foi utilizado o método padrão de análise de três eletrodos (hastes de aço
embutidas no concreto) nominalmente "idênticos" (Genesca et. Al., 2002), fazendo uma medição
para cada amostra de concreto de acordo com os dias dos ensaios designados. O equipamento
utilizado foi um potenciostato ZRA automático da ACM Instruments. Uma frequência de
amostragem de 1 dado/s foi usada e as leituras foram 1.024 dados registrados. Rn é um dos
parâmetros mais utilizados para o estudo de sinais de ruído. Por analogia com a lei de Ohm, Rn foi
determinado, definido como a relação entre σv e σi (Sanchez-Amaya et. Al., 2005). Para o
processamento dos dados em potencial e corrente, foi realizada uma eliminação da tendência da
série temporal pelo método de regressão linear (Mansfeld et. Al., 2001).

2.6. Caracterização superficial. Microscópio eletrônico de varredura (SEM).

As amostras foram revestidas com uma fina camada de ouro para lhes dar propriedades condutoras.
Amostras de hastes de aço com revestimentos feitos de quitosana dissolvida em vinagre de maçã
foram estudadas. A amostra de trabalho não revestida também foi analisada. O equipamento de
medição é LEO 1450 VP.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO
3.1. Resistência à compressão.
Na Figura 6 são apresentados os resultados do ensaio de resistência à compressão dos corpos de
prova com os diferentes agregados propostos, com o objetivo de observar se houve melhorias nas
propriedades mecânicas da argamassa (Aydin e Saribiyik, 2010).

140 124
Control
Controle
120 Exoesqueleto fibra(1g)
(1g)
91.33 Exoesqueleto fibra
100 82.67 82 77.8
76 Exoesqueleto
Exoesqueleto entero
inteiro (1g)
(1g)
f´c (kg/cm2)

67.2
80 Exoesqueleto
Exoesqueleto molido (1g)
moído (1g)
60 Quitina (1g)
Quitina (1g)

40 Quitosano
Quitosana (1g)

20 Quitinareac.
Quitina real (1g)
(1g)

0
Corpos de prova de trabalho
Figura 6. Gráfico de ensaios de resistência à compressão em corpos de prova de argamassa com
diferentes agregados a 28 dias de cura.

Como pode ser visto, os valores de resistência à compressão com o uso dos diferentes agregados
(exoesqueleto inteiro, fibra e moído) diminuíram entre 9 e 17% em relação à resistência da amostra
controle. No caso da quitina e da quitosana, os valores de resistência diminuem em até 26%. Alguns
autores relatam o efeito retardador da quitosana na hidratação do cimento, que atua como um agente
modificador da viscosidade, possivelmente devido à interação entre o biopolímero e os compostos
do cimento (Cano-Barrita e León-Martínez, 2016).
Em contraste, uma resistência de 136% foi alcançada para a amostra contendo quitina grau
reagente, com partículas retidas na malha 100 (150 µm). Segundo Bezerra, a quitina em misturas
cimentícias pode formar redes poliméricas que melhoram as propriedades mecânicas ao incorporar
os hidratos da pasta de cimento em suas cadeias (Bezerra, 2016), consequentemente os cubos de
argamassa resultantes seriam possivelmente mais compactos. Certamente a forma e o pequeno
tamanho das partículas desempenharam um papel muito importante (Page et. Al., 1990),
influenciando o conteúdo de vazios do material compósito, a compactação e consequentemente a
resistência à compressão (Zhou et. Al., 2019).

3.2. Técnicas eletroquímicas.


3.2.1. Curvas de polarização.
A Figura 7 mostra os gráficos de PC para os tubos de ensaio encapsulados revestidos com diferentes
quantidades de quitosana dissolvida em ácido acético e vinagre de maçã e imersos em uma solução
de hidróxido de cálcio com cloreto de cálcio. Ambos os gráficos apresentam comportamento
semelhante, observando-se valores de Ecorr mais nobres para as amostras revestidas com baixas
quantidades de quitosana. Ao contrário, o Ecorr torna-se mais ativo para a amostra controle e as
amostras com os revestimentos que contêm a maior quantidade de quitosana dissolvida, exceto
para a amostra com o revestimento de 0,5g em ácido acético que apresenta um potencial de corrosão
mais nobre.

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200 Controle
0 Quitosano 0.1g AA a)
Quitosano 0.2g AA
Potencial (mV) vs SCE Quitosano 0.3g AA
-200
Quitosano 0.4g AA
-400 Quitosano 0.5g AA
Quitosano 0.6g AA
-600 Quitosano 0.8g AA

-800
-1000
-1200
1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1 1E+2
Densidade de corriente (mA/cm2)
200
Controle
0 Quitosano 0.1g VM b)
Quitosano 0.2g VM
-200 Quitosano 0.3g VM
Quitosano 0.4g VM
Potencial (mV) vs SCE

-400 Quitosano 0.5g VM


Quitosano 0.6g VM
-600 Quitosano 0.8g VM
-800
-1000
-1200
1E-8
1E-5 1E-7
1E-4 1E-6
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1
Densidade de corriente (mA/cm2)
Figura 7. Curvas de polarização de tubos de ensaio revestidos com quitosana dissolvidos em a)
ácido acético e b) vinagre de maçã, expostos a uma solução de hidróxido de cálcio com cloreto de
cálcio.

Todas as amostras revestidas exibem uma região de passividade entre aproximadamente -800 e -
100 mV. O comportamento observado sugere a oxidação do metal com a posterior formação de
uma camada passiva mais estável na presença do revestimento como barreira física. A quitosana
como polissacarídeo é um polímero orgânico adequado como revestimento devido à sua alta
aderência a substratos metálicos (Carneiro et. Al., 2015). Essa propriedade é aumentada devido ao
fato de a quitosana e seus derivados apresentarem notória facilidade de funcionalização química
(Ashassi-Sorkhabi e Kazempour, 2020).
As densidades de corrente de passivação são próximas a 1E-3 mA/cm², enquanto a amostra de
controle mostra valores de densidade de corrente de passivação mais altos. O início da região de
passivação para todas as amostras é muito semelhante, mas a amostra de controle mostra uma
tendência de aumentar a densidade de corrente, o que significa que a camada passiva não é tão
estável.
O corpo de prova com revestimento de 0,5 g de quitosana tem uma faixa de potencial de passivação
maior (maior estabilidade da camada passiva) do que os outros corpos de prova, com potencial de
rosa próximo a +200 mV para a amostra com revestimento dissolvido em ácido acético (AA) e -10

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mV para o revestimento dissolvido em vinagre de maçã (VM). Portanto, a quantidade de 0,5 g de


quitosana dissolvida no vinagre de maçã foi considerada o melhor revestimento, que atua como
uma barreira física contra a entrada de agentes agressivos como íons cloreto (Carneiro et. Al.,
2013).
Na Figura 8a, é visto o gráfico de PC para a quantidade de 0,5 g de quitosana dissolvida em vinagre
de maçã em relação ao solvente de vinagre branco de álcool de cana-de-açúcar. Pode-se observar
que a amostra com revestimento dissolvido em vinagre branco não apresentou zona de passivação,
mas sim zona de formação de produtos de corrosão. Isso confirma o uso do vinagre de maçã como
o melhor solvente da quitosana, com a conseqüente formação do melhor revestimento.
Sendo a quitosana um biopolímero orgânico, seria de esperar uma degradação do composto em
função do tempo. Nesse sentido, foi preparada uma concentração de 0,1 g de quitosana dissolvida
em vinagre de maçã e armazenada em recipiente fechado por 17 meses. O efeito do tempo de
armazenamento e posterior aplicação na superfície metálica foi observado por meio da técnica de
PC, conforme representado na Figura 8b.

1000
800 Quitosano 0.5g VM
Potencial (mV) vs SCE

600 Quitosano 0.5g VB


a)
400
200
0
-200
-400
-600
-800
-1000
-1200
1E-7 1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1
Densidade de corriente (mA/cm2)
1000
800 Quitosano 0.1g Dez. 2015
600 Quitosano 0.1g Mai. 2016 b)
Potencial (mV) vs SCE

400 Quitosano 0.1g Mar. 2017


200
0
-200
-400
-600
-800
-1000
-1200
1E-7 1E-6
1E-4 1E-5
1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1
Densidade de corriente (mA/cm2)
Figura 8. Curvas de polarização de tubos de ensaio com a) revestimento de quitosana dissolvido
em vinagre branco de álcool de cana e vinagre de maçã e b) revestimento de quitosana
armazenado e dissolvido em vinagre de maçã; exposto à solução simulada.

Como pode ser visto, após 5 meses de armazenamento o revestimento de quitosana melhorou
consideravelmente seu desempenho. A corrente de passivação diminuiu em relação à primeira

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aplicação em mais de três ordens de magnitude. Após 17 meses de armazenamento, a faixa de


potencial de passivação foi maior entre -1000 e 50 mV e a corrente de passivação foi duas ordens
de magnitude menor em relação à primeira aplicação. A preservação a longo prazo, as propriedades
de adesão favoráveis, as possíveis interações de quimissorção e fisissorção da quitosana na
superfície do metal e a disponibilidade de heteroátomos N e O no revestimento são algumas das
características que afetam diretamente seu comportamento anticorrosivo (Ashassi-Sorkhabi e
Kazempour, 2020).

1200
Controle
800 Quitosano 0.5g 1 camada
Quitosano 0.5g 2 camadas
Quitosano 0.5g 3 camadas
400
Quitosano 0.5g 4 camadas
0
Potencial (mV) vs SCE

-400

-800

-1200

-1600

-2000
1E-8 1E-7 1E-6 1E-5 1E-4 1E-3 1E-2 1E-1 1E+0 1E+1
Densidade de corriente (mA/cm2)
Figura 9. Curvas de polarização de tubos de ensaio com diferentes camadas (dip coating) de
recobrimento de quitosana em vinagre de maçã, em solução de hidróxido de cálcio com cloreto

A Figura 9 mostra o CP dos tubos de ensaio encapsulados, com e sem revestimento de quitosana
dissolvido em vinagre de maçã e com concentração de 0,5 g. Foram feitos de um a quatro imersões,
formando uma camada para cada imersão.
Nos gráficos, os valores de Ecorr são apresentados para todas as amostras em torno de -950 mV. A
amostra com duas camadas e a amostra de controle têm uma densidade de corrente de passivação
inferior de 1E-6 mA/cm², com valores de até três ordens de magnitude inferiores aos valores
relatados para as amostras com uma, três e quatro camadas do revestimento.
Isso possivelmente se deve ao fato dos corpos de prova com maior número de camadas
apresentarem baixa adesão nas bordas do metal (fenda entre o metal e o encapsulamento do epóxi).
Por outro lado, a amostra com duas camadas de revestimento apresentou zona de passivação bem
definida, com potencial de pinçamento próximo a -50 mV, por outro lado, o ramo anódico da
amostra controle é diferente por apresentar aumento significativo de densidade de corrente,
associada à formação de produtos de corrosão no aço. Gebhardt et al. relatam comportamento
semelhante do ramo anódico para o substrato, com e sem revestimento de quitosana, demonstrando
seu efeito favorável à corrosão (Gebhardt et. Al., 2012). Isso sugere que o melhor revestimento é
o de duas camadas, a primeira cobre o metal e a segunda sela os poros ou defeitos presentes na
primeira camada.

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3.2.2. Parâmetros eletroquímicos como: Ecorr, Rn, Rp e Icorr.


A Figura 10 apresenta os resultados da variação do Ecorr em função do tempo para o SR embutido
no concreto revestido com 0,5 g de quitosana dissolvida em vinagre de maçã (0,5 g VM) e em
ácido acético (0,5 g AA).

100
Probabilidade de corrossão de 10%
0

-100
Ecorr (mV) vs SCE

Risco de corrosão
-200 intermediário

-300

-400 Probabilidade de corrosão de 90%

-500
Control 0.5gVM 0.5gAA
-600
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (dias)
Figura 10. Variação de Ecorr ao longo do tempo para aço revestido e não revestido embutido em
concreto e exposto a uma solução de NaCl a 3%.
No início do período de ensaio (cura do concreto) a amostra controle atinge rapidamente valores
de Ecorr muito nobres, próximos a -100 mV para o dia 28; o aço sob condições de alta alcalinidade,
presença de umidade e oxigênio forma uma camada passiva de óxidos que protege o metal na
ausência de íons agressivos (Hansson, 1984). Os corpos de prova revestidos atingiram esses valores
de Ecorr próximos aos 40 e 50 dias de ensaio, possivelmente devido à presença do revestimento que
retardou a formação da camada de óxido passivo.
A longo prazo, pode-se observar que ambos os tubos de ensaio com revestimento dissolvido em
vinagre de maçã ou ácido acético apresentam 10% de probabilidade de corrosão, tendo um
comportamento constante do dia 100 ao dia 200. Por outro lado, a amostra sem o revestimento no
dia 100 começa a apresentar queda drástica do Ecorr, localizando-se do dia 160 ao dia 200 na área
com 90% de probabilidade de corrosão de acordo com os critérios estabelecidos (Taji et. al., 2018).
Comparando os dois corpos de prova com revestimento, pode-se observar que os Ecorr são muito
semelhantes e melhoram com o tempo de imersão. Este comportamento está associado ao
revestimento de quitosana; possivelmente a alta aderência (Carneiro et. al., 2015), ausência de
defeitos no filme (Hernández et. al., 2009), bem como a permanência das características físico-
químicas do revestimento (Ashassi-Sorkhabi e Kazempour, 2020), limita que os íons cloreto
atingem o aço e causam a quebra da camada passiva (Alonso et. al., 2000). Foi relatado o efeito
favorável dos revestimentos de quitosana ao aumentar a resistência contra a corrosão localizada
(Gebhardt et. Al., 2012).
As Figuras 11a e 11b mostram os valores de Rp e Rn para as amostras de concreto com barras de
aço revestido com quitosana, dissolvido em vinagre de maçã e ácido acético.

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1E+6
a)
Rp (Ω*cm2)

1E+5

Control 0.5gVM 0.5gAA


1E+4
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (dias)
1E+6
b)

1E+5
Rn (Ω*cm2)

1E+4

Control 0.5gVM 0.5gAA


1E+3
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (dias)
Figura 11. Variação de a) resistência à polarização linear e b) resistência ao ruído eletroquímico,
para aço armado e não revestido embutido em concreto em solução de NaCl a 3%.

Ambos os resultados mostram uma tendência semelhante com um aumento nos valores de
resistência durante os primeiros meses de ensaio. Entre os dias 80 e 110, a amostra controle começa
a diminuir seu valor de Rp e Rn, talvez por sofrer rupturas da camada passiva sugerindo ataques em
sua superfície e aumentando a taxa de corrosão.
A partir de uma regressão linear entre os valores de Rp e Rn, obteve-se um valor médio do
coeficiente de correlação de 0,557. Alguns autores propõem, por analogia com a lei de Ohm, que
Rp e Rn podem ser considerados equivalentes para muitos sistemas (Aballe et. Al., 2001; Girija et.
Al., 2007; Díaz Blanco et. Al., 2019).
Todas as amostras apresentam pequenas variações nos valores de Rp, mas as amostras revestidas
aumentam progressivamente seus valores até 3E + 5 Ω*cm², após 200 dias de ensaio. Esse
comportamento pode ser devido a pequenos defeitos no revestimento, com possível ruptura e
repassivação da camada passiva. A diferença entre os valores de Rp da amostra de controle e dos
revestidos é de aproximadamente uma ordem de magnitude no final do ensaio (Hernández et. Al.,
2009). Por outro lado, os valores de Rn, principalmente para a amostra controle, apresentam grandes
oscilações após 110 dias de ensaios, devido à sensibilidade desta técnica capaz de detectar pequenas
mudanças de potencial e corrente na superfície do metal. Além disso, a técnica EN é sensível ao
tipo de corrosão localizada presente neste sistema.
A partir dos dados de Rp, a taxa de corrosão foi determinada em termos do Icorr usando a equação
de Stern e Geary (Stern e Geary, 1957; Zhou et. Al., 2018), conforme mostrado na Figura 12. Nos
resultados, um alto nível de corrosão é observada para a amostra de controle, localizada na zona de
corrosão moderada a alta. As amostras de concreto que possuem hastes revestidas encontram-se na

Uso de quitosana como revestimento orgânico para


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Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 38 – 60

zona de corrosão baixa a desprezível de acordo com os critérios estabelecidos na literatura


(Andrade e Martínez, 2010), o que indica que o revestimento com ambos os solventes é eficaz
como proteção contra a corrosão induzida por cloreto.

1 Elevada

Moderada
Icorr (μA/cm2)

Baixa

0.1

Desprezível

Control 0.5g VM 0.5g AC


0.01
0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 200
Tempo (dias)
Figura 12. Grafico de Icorr (velocidade de corrosão) do concreto para o RS com e sem
revestimento, em solução de NaCl a 3%.

3.3. Caracterização.
3.3.1. Imagens do SEM.

A Figura 13 mostra a superfície metálica com o revestimento usando 0,1 e 1g de quitosana com
vinagre de maçã como solvente.

Figura 13. Micrografia de filme de revestimento comparativo a) 0,1g de quitosana com VM e b)


1g de quitosana com VM c) espessura do filme de revestimento.

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Rivera-Ortiz, I., Díaz-Blanco, Y., Menchaca-Campos, C., Uruchurtu-Chavarín, J.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 38 – 60

Figura 14. Análise química SEM elementar do recobrimento de 0,5g de quitosana com solvente
maçã vinagre.

Pode-se observar que no primeiro caso (Figura 13a) o revestimento apresenta porosidades enquanto
no segundo caso (Figura 13b) é mais homogêneo. Na micrografia (Figura 13c) e caracterização
química elementar (Figura 14) que foi obtida por meio do MEV, observa-se a espessura do
revestimento composto por 0,5g VM, com espessura de filme de 2,06μm a 2,89μm, sendo este um
filme fino. A análise elementar apresenta apenas carbono do revestimento, oxigênio e ferro do
metal base.

3.3.2. Observação visual das barras de aço.


Na Figura 15 é possível observar o estado real das hastes extraídas dos blocos de concreto, após
200 dias de exposição ao meio agressivo de NaCl a 3%.
A parte inferior representa a área que foi embutida no concreto e pode-se observar que as barra que
estavam no corpo de controle apresentam alguns produtos de corrosão de cor laranja tênue,
associados à ação do meio agressivo (setas vermelhas) que falam da boa proteção que só o concreto
tem. Nas barras com recobrimento de quitosana, não são observados produtos de ferrugem,
evidenciando o bom comportamento eletroquímico do recobrimento orgânico. Por fim, na parte
superior das barras de aço, observam-se produtos de corrosão causados pela ação da atmosfera,
sendo muito semelhantes em todas elas (setas pretas).

Figura 15. Estado físico das barras embutidas no concreto parcialmente submersas por 200 dias
em solução de NaCl a 3% para a) amostra controle, b) aço revestido com 0,5g VM e c) aço
revestido com 0,5g AA.

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4. CONCLUSÕES
Os revestimentos à base de quitosana e solventes de ácido acético ou vinagre de maçã mostraram
pouca diferença entre eles. A melhor quantidade de quitosana utilizada foi 0,5g, apresentando os
melhores resultados com uma zona de passivação mais extensa, potencial de pite mais nobre e
menor densidade de corrente.
O revestimento não apresenta degradação com o tempo de armazenamento e melhora ainda mais
seu desempenho. Com duas imersões é obtida a melhor camada protetora, de acordo com os ensaios
eletroquímicos do PC. A resistência à compressão apresentou melhora na presença de agregados
de quitina grau reativo na mistura, em relação à amostra controle.
Com base nos resultados das técnicas eletroquímicas em amostras de CR, os valores de Icorr são
obtidos em uma faixa de corrosão de desprezível a baixa de acordo com os critérios existentes. A
presença da quitina como agregado do concreto e do revestimento de quitosana apresentam bom
comportamento no RCS durante o tempo de exposição e podem contribuir para a melhoria das
propriedades estruturais e ambientais.

5. AGRADECIMENTOS
CONACyT (Consejo Nacional de Ciencia y Tecnología de México).

6. REFERÊNCIAS

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Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Avaliação da migração de cloretos em compósitos cimentícios de ultra alto


desempenho com pó de vidro

L. V. Dias1, S. M. Soares2, J. A. Salvador Filho2 , F. G. S. Ferreira1*


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.512

Recepção: 12/09/2020 | Aceitação: 11/03/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
O pó de vidro incorporado ao concreto convencional vem sendo estudado em relação à sua influência
na resistência mecânica e durabilidade. Este trabalho visa avaliar a durabilidade de compósitos
cimentícios de ultra alto desempenho (CCUAD) com substituição parcial do cimento por vidro
finamente moído, por meio do ensaio de migração de cloretos utilizando o método da NT Build 492.
Para tanto foram moldados corpos de prova com teores de pó de vidro de 0%, 10%, 20%, 30% e 50%
em relação ao volume de cimento e a avaliação foi feita na idade de 28 dias. Os resultados indicam que,
em teores baixos, o pó de vidro não prejudica as propriedades dos compósitos e em teores mais altos os
compósitos mantêm boas características mecânicas e de durabilidade.
Palavras-chave: compósito cimentício; pó de vidro; migração de cloretos.

Citar como: Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S. (2021), " Avaliação
da migração de cloretos em compósitos cimentícios de ultra alto desempenho com pó de vidro",
Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. 61 – 75, DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.512
_______________________________________________________________
1
Departamento de Engenharia Civil, Universidade Federal de São Carlos, São Carlos, Brasil.
2
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Caraguatatuba, Brasil.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, o autor L. V. Dias contribuiu com as atividades de conceituação, desenvolvimento, resultados e discussão, redação e
preparação do texto original (30%); S. M. Soares contribuiu com as atividades de conceituação, desenvolvimento, resultados e discussão
(30%); J. A. Salvador Filho contribuiu com a conceituação, supervisão, discussão dos resultados, redação e revisão (20%) e F. G. S.
Ferreira contribuiu com a conceituação, supervisão, discussão dos resultados, redação e revisão (20%).

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
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Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 61 – 75 61


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 61 – 75

Evaluation of chloride migration in ultra-high performance concrete (UHPC)


with glass powder

ABSTRACT
The influence of glass powder incorporation to ordinary concrete regarding mechanical and
durability properties has been studied. This work aims to evaluate the durability of ultra-high
performance cementitious composites (UHPCC) with partial substitution of Portland cement by
glass powder, through chloride migration test according to the NT Build 492 methodology. With
this aim, specimens with 0%, 10%, 20%, 30% and 50% content of glass powder by weight of
Portland cement were cast, cured in lime saturated water until the age of 28 days. The results
indicate that minor contents of glass powder do not harm the concrete properties and higher
contents maintain good mechanical and durability characteristics.
Keywords: cementitious composite; glass powder; chloride migration.

Evaluación de la migración de cloruro en compuestos cementosos de ultra alto


rendimiento con polvo de vidrio

RESUMEN
Se ha estudiado la incorporación de polvo de vidrio en el hormigón convencional por su influencia
en la resistencia mecánica y la durabilidad. Este trabajo tiene como objetivo validar la durabilidad
de los compuestos cementosos de ultra alto desempeño (CCUAD) con reemplazo parcial de
cemento por vidrio finamente molido, a través del ensayo de migración de cloruros, utilizando el
método NT Build 492. Para ello, fueron moldeadas probetas conteniendo valores de 0%, 10%,
20%, 30 % y 50% de polvo de vidrio en relación al volumen de cemento, y la evaluación se realizó
a los 28 días de edad. Los resultados indican que, con valores bajos, el polvo de vidrio no perjudica
las propiedades de los compuestos y, a niveles superiores, los compuestos mantienen
características mecánicas y durabilidad adecuadas.
Palabras clave: compuesto cementoso; polvo de vidrio; migración de cloruro.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
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Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
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Avaliação da migração de cloretos em compósitos


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Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.
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1. INTRODUÇÃO
O termo concreto de ultra alto desempenho foi usado pela primeira vez por de Larrard e Sedran
(1994). Geralmente se refere a um compósito de alta resistência a compressão (chegando a 4 vezes
a resistência de concretos convencionais), de acordo com Bahedh e Jafar (2018). Além disso, seu
desenvolvimento utiliza modelos de empacotamento que levam a uma alta durabilidade (Alkaysi
et al., 2015).
Na produção do compósito cimentício de ultra alto desempenho normalmente são utilizadas sílica
ativa, além de elevados consumos de cimento (da ordem de 800 – 1000 kg/m³) (Bahedh e Jafar,
2018; Ganesh e Murthy, 2018) e agregados de menores dimensões, quando comparado a concretos
convencionais. No entanto, devido ao alto impacto ambiental gerado na produção do cimento, já
que são liberadas cerca de 0,8 toneladas de CO2 para produzir uma tonelada de cimento (Mehta e
Ashish, 2020), as matrizes cimentícias de ultra alto desempenho vão de encontro às atuais
tendências de redução de pegada de carbono, com a utilização de teores elevados de materiais
cimentícios suplementares em substituição parcial ao cimento. Os materiais cimentícios
suplementares têm sido amplamente utilizados para substituir parcialmente o cimento Portland no
concreto tanto como material de preenchimento quanto como material pozolânico.
Adaway e Wang (2015) utilizaram vidro residual como substituto parcial do agregado miúdo em
concreto estrutural e verificaram que o concreto contendo até 30% de agregado de vidro fino exibe
maior resistência à compressão do que o concreto convencional.
Du e Tan (2017) utilizaram alto volume de pó de vidro como substituto parcial do cimento no
compósito cimentício e obtiveram melhores comportamentos mecânicos e maior desempenho com
relação à durabilidade.
Estudos realizados por Afshinnia e Rangaraju (2015) apresentaram resultados satisfatórios na
mitigação da reação álcali-sílica quando o pó de vidro foi utilizado como material pozolânico em
substituição parcial ao cimento.
No que diz respeito ao ataque de cloretos, os concretos de alto e ultra alto desempenho, devido à
sua microestrutura densa, devem resolver o problema de durabilidade em concreto convencional
estrutural (Sohail et al., 2021).
Em 2007, a União Europeia gerou cerca de 25,8 Mt de resíduo de vidro (Abdollahnejad et al.,
2017). Em 2008, o Brasil consumiu 5,5 kg/hab. de embalagens de vidro, dos quais 80% não foram
reciclados de acordo com dados do Instituto de pesquisa econômica aplicada (IPEA) de 2012. Desta
maneira, o resíduo de vidro se apresenta como um material abundante e cujo uso pode ajudar a
reduzir o impacto ambiental, tanto no concreto como material cimentício suplementar, quanto na
fabricação do cimento, como material pozolânico. Levando em conta seu alto de teor de sílica
(SiO2), sua estrutura amorfa e suas características pozolânicas (Mehta e Ashish, 2020), o pó de
vidro pode ser utilizado em substituição parcial ao cimento, visando reduzir as emissões de carbono
da indústria da Construção Civil.
Assim o principal objetivo deste trabalho é avaliar a durabilidade dos compósitos cimentícios de
ultra alto desempenho (CCUAD) com substituições parciais do cimento por pó de vidro, nos teores
de 10%, 20%, 30% e 50%, com enfoque na penetração de cloretos, por meio do ensaio de migração
de cloretos.

2. MATERIAIS E METODOS

2.1 Materiais
Para realização desta pesquisa foram utilizados como aglomerantes o cimento Portland CPV-ARI,
a sílica ativa e o pó de vidro. Foi utilizado o pó de vidro com tamanho de partículas passantes nas
peneiras de malha #200 (partículas menores que 75 µm). Foram empregados vidros classificados

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como soda-cal, a partir de garrafas pós-consumo da cor âmbar, para minimizar variações não
controladas devido aos corantes. Após coleta as garrafas de vidro foram lavadas em água com
detergente para retirada de rótulos, tampas, cola e impurezas. Em seguida foram secas ao ar e
trituradas em betoneira carregada com esferas de aço-cromo. Após trituração, o vidro foi moído
em um moinho de bolas que possui revestimento de sílex, com as bolas utilizadas para o processo
de moagem do mesmo material. O vidro resultante da moagem em moinho de bolas foi seco em
estufa a 110°C ± 5°C, por 24 horas. Depois de seco o vidro foi peneirado em peneirador mecânico,
numa média de 15 minutos para cada 200 g de pó de vidro. Na Figura 1 observa-se o processo para
processamento do pó de vidro.

Figura 1. Preparo do pó de vidro reciclado.


Fonte: Adaptado de Freitas (2019).

Os materiais moídos foram acondicionados em sacos de papel e de plástico, evitando o contato


com a umidade. Além disso, foi utilizado agregado miúdo natural de origem quartzosa com
dimensão máxima de 1,2 mm. Foram utilizados também aditivos superplastificante a base de
policarboxilato, para garantir baixa relação água/aglomerante e aditivo redutor de retração, para
evitar a fissuração da matriz. As características físicas do cimento, sílica ativa, pó de vidro e areia
são apresentadas nas Tabelas 1, 2 e 3, respectivamente. A quantidade de amostras ensaiadas foi de
acordo com as normas brasileiras específicas para cada ensaio.

Tabela 1. Características físicas do cimento.


Valor de
referência
Parâmetro Método Valor obtido NBR 16697
(ABNT,
2018)
NBR 16605
Massa especifica 3,16 g/cm³ -
(ABNT, 2017)
NBR 16607
Início de pega 135 min ≥ 60 min
(ABNT, 2018)
NBR 16607
Fim de pega 210 min ≤ 600 min
(ABNT, 2018)
Água para pasta de NBR 16606
30,0% -
consistência normal (ABNT, 2018)
NBR 16372
% retida na peneira 75 μm 0,1% ≤ 6,0%
(ABNT, 2015)
NBR 16372
Superfície específica - Blaine 665,0 m²/kg -
(ABNT, 2015)

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1 dia 27,5 MPa ≥ 14,0 MPa


3 dias NBR 7215 42,0 MPa ≥ 20,0 MPa
Resistência à compressão
7 dias (ABNT, 2019) 48,7 MPa ≥ 34,0 MPa
28 dias 52,2 MPa -

Tabela 2. Características físicas da sílica ativa, pó de vidro.


Sílica ativa Pó de vidro
Parâmetro Valor de
Valor de
Valor obtido referência da Valor obtido
referência
NBR 13956-1
Massa específica 2,25 kg/dm³ - 2,55 kg/dm³ -
Umidade Máx. 3,0% ≤ 3,0% - -
% retida na
Máx. 10,0% ≤ 10,0% - -
peneira 45μm
Superfície
específica - 247,0 m²/kg - 393,0 m²/kg -
Blaine
Índice de
atividade Mín. 105.0% ≥ 105,0% 6,4 MPa±0,10 * 6,0 MPa**
pozolânica
*ensaio realizado utilizando a metodologia da NBR 5751 (ABNT, 2015).
**valor de referência da NBR 12653 (ABNT, 2015).

Tabela 3. Características físicas do agregado miúdo.


Parâmetro Método Valor obtido
Absorção de água NBR NM 30 (ABNT, 2000) 0,64%
Massa específica NBR NM 52 (ABNT, 2009) 2,56 g/cm³
Massa unitária seca e solta NBR NM 45 (ABNT, 2006) 1475,78 kg/m³
Massa unitária compactada NBR NM 45 (ABNT, 2006) 1617,83 kg/m³
Solução mais clara que a
Impurezas orgânicas NBR NM 49 (ABNT, 2006)
padrão
Material fino que passa através da
NBR NM 46 (ABNT, 2003) 1,66%
peneira 75 μm, por lavagem

Na Tabela 4 são apresentadas as características químicas do cimento, sílica ativa, pó de vidro e


agregado miúdo utilizados.

Tabela 4. Características químicas dos materiais.


Materiais (valores em % de massa)
Componente Pó de Agregado
Cimento Sílica Ativa
Vidro miúdo
Perda ao fogo (PF) 4,05 (≤ 6,50)* 3,60 (≤ 6,00)** 0,58 0,58
Óxido de cálcio(𝐶aO) 61,40 <0,20 9,10 0,071
Óxido de alumínio (Al2O3) 4,31 <0,20 3,70 3,40
Anidro silícico (SiO2) 23,00 94,10 74,00 94,00
Trióxido de enxofre (SO3) 2,97 (≤ 4,5)* - - -
Óxido férrico (Fe2O3) 2,49 <0,50 0,42 0,67

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Óxido de potássio (K2O) 0,96 1,28 0,56 1,20


Óxido fosfórico (P2O5) 0,52 - - -
Óxido de estrôncio (SrO) 0,27 <0,20 0,039 -

Íon Cloro (Cl ) 0,12 - - -
Dióxido de tório (ThO2) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Uraninita (U3O8) <0,01 <0,01 <0,01 <0,01
Dióxido de titânio (TiO2) - <0,20 - 0,35
Óxido de Cromo (Cr2O3) - - - 0,049
Óxido de Magnésio (MgO) - - 0,74 -
Óxido de rubídio (Rb2O) - - 0,016 -
Óxido de sódio (Na2O) - - 11,00 0,37
* Valores de referência da NBR 16697 (ABNT, 2018).
** Valores de referência da NBR 13956-1 (ABNT, 2012).

Na Figura 2 está apresentada a distribuição granulométrica do cimento, sílica ativa, pó de vidro e


agregado miúdo (areia quartzosa). Observa-se um D50 de 0,8 μm para sílica ativa, de 7 μm para o
cimento, de 15 μm para o pó de vidro e de 270 μm para a areia quartzosa. Foram utilizadas três
amostras para cada material ensaiado.

100,00
Valor acmulado(%)

80,00

60,00

40,00

20,00

0,00
0,10 1,00 10,00 100,00 1000,00 10000,00
Distribuição do tamanho das partículas (μm)
Pó de vidro Sílica ativa Cimento Areia quartzosa
Figura 2. Distribuição granulométrica dos materiais.

2.2 Metodologia
Para a produção dos compósitos cimentícios de ultra alto desempenho, adotou-se uma relação
água/aglomerante de 0,18 em todos os traços, com a adição de 8% de sílica ativa em relação ao
consumo de cimento do traço referência. O pó de vidro foi utilizado nos teores de 0%, 10%, 20%,
30% e 50% em substituição volumétrica ao cimento, representados pela nomenclatura REF, VD10,
VD20, VD30 e VD50, respectivamente. Além disso, foi utilizado um teor de 2,25% de aditivo
superplastificante, para obtenção de um índice de consistência de 380±10mm (consistência fluida)
e aditivo redutor de retração em teor de 1%, conforme recomendação do fabricante. A
compatibilidade aglomerantes-aditivos foi avaliada pelo ensaio de miniabatimento, de acordo com
o ensaio de Kantro (1980).
A consistência dos compósitos cimentícios (Figura 3) foi verificada de acordo com a NBR 13276
(ABNT, 2016) e a densidade de massa e teor de ar incorporado de acordo com a NBR 13278
(ABNT, 2005), no estado fresco.
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Figura 3. Verificação do espalhamento para determinação da consistência dos compósitos


cimentícios.

Na Tabela 5 são apresentados o traço unitário, o consumo de cimento e suas respectivas


consistências para cada traço. A nomenclatura SP refere-se ao aditivo superplastificante e RR, ao
aditivo redutor de retração.

Tabela 5. Traços unitários e índices de consistência de cada compósito estudado.


Sílica Pó de Agregado Consistência
Traço Cimento Água SP RR
ativa vidro miúdo (mm)
REF 1 0,08 0,00 1,07 0,194 0,020 0,010 380,0
VD10 1 0,09 0,09 1,19 0,216 0,027 0,012 377,0
VD20 1 0,10 0,20 1,34 0,243 0,030 0,014 375,5
VD30 1 0,11 0,35 1,53 0,278 0,035 0,015 381,5
VD50 1 0,16 0,81 2,15 0,389 0,049 0,022 384,5

Na Tabela 6 observam-se os consumos de materiais de cada mistura dos compósitos cimentícios


avaliados.

Tabela 6. Consumo dos materiais constituintes dos compósitos cimentícios, em kg/m3.


Sílica Pó de Agregado
Traço Cimento Água* SP RR
ativa vidro miúdo
REF 1000,00 80,00 0,00 1074,00 181,28 24,3 10,80
VD10 900,00 80,00 81,00 1074,00 181,28 24,3 10,80
VD20 800,00 80,00 161,00 1074,00 181,28 24,3 10,80
VD30 700,00 80,00 242,00 1074,00 181,28 24,3 10,80
VD50 500,00 80,00 403,00 1074,00 181,28 24,3 10,80
*
Água corrigida pelo teor de resíduos sólidos do superplastificante

No estado endurecido, foram moldados corpos de prova cilíndricos 5x10 cm, adensados
manualmente e curados em água saturada com cal. O ensaio de resistência à compressão axial dos
CCUAD foi realizado de acordo com a NBR 5739 (ABNT, 2018), aos 28 dias com 4 corpos de
prova por traço. O ensaio para obtenção do módulo de elasticidade estático dos CCUAD foi

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realizado de acordo com a NBR 8522 (ABNT, 2017), na idade de 28 dias com três corpos de prova
por traço.
Em relação aos ensaios de durabilidade, foram realizados os ensaios de absorção de água por
capilaridade dos CCUAD na idade de 28 dias, seguindo as recomendações da NBR 9779 (ABNT,
2012) em três corpos de prova de 5x10 cm por traço, de determinação do coeficiente de migração
de cloretos no estado não estacionário (de acordo com a NT Build 492), sendo moldados dois
corpos de prova 10x20 cm para cada traço.
A Figura 4 apresenta o aparato utilizado para a realização do ensaio de difusão de cloretos.

Figura 4. Aparato para realização do ensaio de difusão de cloretos.


Os corpos de prova foram cortados em quatro partes iguais de 10x5 cm, utilizando-se para o ensaio
as duas amostras centrais. Após serem cortadas, as amostras passaram pelo processo de pré-
condicionamento, em um recipiente à vácuo com as duas faces expostas a uma pressão interna
entre 1 e 5 KPa. Posteriormente, o recipiente contendo as amostras foi preenchido com uma solução
de Ca(OH)2, até que as amostras ficassem totalmente imersas. O vácuo foi mantido no recipiente
buscando garantir a saturação dos poros do compósito cimentício com a solução. Foram então
preparadas duas soluções, uma de água com cloreto de sódio (NaCl) a 10%, que será o cátodo da
reação e outra de água com hidróxido de sódio (NaOH) 0,3 M, que atua como ânodo. Após serem
retirados do vácuo as amostras foram colocadas em tubos, e as interfaces vedadas com silicone,
visando garantir que apenas as faces ficassem em contato com as soluções. Encheu-se um recipiente
com a solução de NaCl e a solução de NaOH foi colocada nos tubos acima das amostras. Os tubos
com as amostras foram então colocados no recipiente contendo a solução de NaCl. Ligou-se o polo
positivo da fonte de energia ao ânodo e o negativo ao cátodo e fez-se passar corrente pelo sistema,
visando acelerar a migração dos íons Cl-, pelas amostras. O tempo de ensaio e a tensão são definidos
com base na corrente inicial passante pelo sistema, de acordo com as recomendações de NT Build
492. As amostras foram então retiradas do equipamento, fraturadas por tração por compressão
diametral, e feita a aspersão com solução 0,1M de nitrato de prata (AgNO3), visando destacar qual
foi a profundidade de penetração de cloretos nas amostras. Essa profundidade foi então medida
com um paquímetro e determinou-se o coeficiente de migração de cloretos no estado não
estacionário através da Equação 1, na qual Dnssm representa o coeficiente de migração no estado
não estacionário ( 10-12 m²/s), U a tensão aplicada (V), T a média da temperatura inicial e final do
ânodo (°C), L a altura da amostra (mm), xd a média das penetrações (mm), t a duração do teste (
horas).

0.0239(273+𝑇)𝐿 (273+𝑇)𝐿𝑥𝑑
𝐷𝑛𝑠𝑠𝑚 = (𝑈−2)𝑡
(𝑥𝑑 − 0.0238√ ) (1)
𝑈−2

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Os resultados foram analisados utilizando a Análise de Variância (ANOVA), e para os casos em


que F> Fcrítico, utilizou-se o teste de Tukey.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na Tabela 7 estão indicados os valores de densidade de massa, teor de ar incorporado, resistência


à compressão, modulo de elasticidade estático e absorção de água por capilaridade dos compósitos
cimentícios de ultra alto desempenho, aos 28 dias. Na tabela a letra A indica que o valor é
estatisticamente igual a referência, enquanto a letra B indica diferença estatística com a referência

Tabela 7. Características mecânicas e físicas dos CCUAD estudados.


Densidade Teor de ar Resistencia à Modulo de
Absorção de
Traço de massa incorporado compressão elasticidade
água(g/cm²)
(kg/m³) (%) (MPa) estático (GPa)
REF 2307,0 4,0 115,58±12,77/- 43,09±1,81/- 0,079±0,008/-
VD10 2338,0 2,0 119,40±2,76/A 45,51±3,35/A 0,077±0,007/A
VD20 2326,0 2,0 113,57±6,84/A 41,67±3,54/A 0,092±0,007/A
VD30 2322,0 1,0 110,66±6,13/A 42,94±2,73/A 0,091±0,003/A
VD50 2273,0 1,0 83,37±6,83/B 41,51±0,80/A 0,088±0,02/A

Observa-se um aumento em torno de 1% na densidade de massa para as amostras VD10, VD20 e


VD30 quando comparados com a amostra REF, enquanto a densidade do compósito com
substituição de 50% de cimento Portland por pó de vidro diminuiu em 1,47%. Para o teor de ar
incorporado, verifica-se uma redução com o aumento do teor de pó de vidro. Em relação a
resistência à compressão, módulo de elasticidade estático e absorção de água existe uma variação
entre os valores, no entanto nenhuma amostra apresenta diferença estatística significativa da
amostra de referência, com exceção da resistência à compressão do VD50 que diminuiu 23,5% em
relação ao REF.
Li et al. (2019) e Lee et al. (2018) adicionaram pó de vidro à pasta de cimento, com os teores
variando de 0% a 25% e a/c=0,41 e a resistência à compressão diminuiu com o aumento da
quantidade de pó de vidro. A diminuição da resistência à compressão da pasta de cimento com pó
de vidro pode ser explicada pelo efeito de diluição. O efeito de diluição do pó de vidro reduz o teor
de cimento e aumenta a relação água/cimento efetiva, de modo a diminuir a formação de produtos
de hidratação e, finalmente, reduzir a resistência à compressão da pasta de cimento (Du et al.,
2020). Isso também é observado em outros estudos. De acordo com Du e Tan (2017), em
comparação com a hidratação do cimento, a reação pozolânica do pó de vidro é relativamente mais
lenta e, portanto, a resistência nas primeiras idades do concreto é reduzida. No entanto, com uma
idade de cura mais longa, os benefícios da reação pozolânica do pó de vidro começam a aparecer.
Sohail et al. (2018) colocaram em um gráfico várias pesquisas relacionando resistência à
compressão com a relação água/aglomerante. Os resultados dos ensaios de resistência à
compressão aos 28 dias dos compósitos cimentícios de referência e com substituição de cimento
Portland por pó de vidro encontrados na presente pesquisa foram incorporados ao mesmo gráfico
(Figura 5).

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Figura 5. Efeito da relação água/aglomerante sobre a resistência à compressão de CAD e CUAD


aos 28 dias.
Fonte: Adaptado de Sohail et al. (2018).
Ao reduzir a relação água/aglomerante, a resistência à compressão aumenta; no entanto, para
misturas de CCUAD na mesma relação água/aglomerante, diferentes resistências à compressão
foram alcançadas devido a outros fatores, como a quantidade e o tipo de cimento ou sílica ativa.
Na Tabela 8 estão apresentados os valores da frente de penetração de cloretos e os coeficientes de
difusão de cloretos no estado não estacionário.

Tabela 8. Frente de penetração de cloretos e coeficientes de difusão de cloretos aos 28 dias.


Coeficiente de difusão de cloretos
Frente de penetração de
no estado não estacionário (10-12
cloretos (mm)
Traço m2/s)
Média Desvio Padrão Média Desvio Padrão
REF 1,17 1,26 0,196 0,019
VD10 1,14 0,93 0,191 0,026
VD20 1,55 0,88 0,141 0,018
VD30 1,46 0,91 0,261 0,059
VD50 1,63 0,67 0,340 0,021

Na Figura 6 são apresentados graficamente os valores do coeficiente de difusão de cloretos em 10-


12
m²/s, bem como a profundidade média de penetração. Ressalta-se que as amostras marcadas com
a letra A são as estatisticamente iguais à amostra de referência, enquanto as marcadas com a letra
B são estatisticamente diferentes da amostra de referência.

Avaliação da migração de cloretos em compósitos


70 cimentícios de ultra alto desempenho com pó de vidro
Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 61 – 75

0,400 2,00

Coeficiente de difusão de cloretos

Profundidade de penetração de Cl - (mm)


0,350
B
(10 -12 m²/s) 0,300 1,50

0,250 A
0,200 1,00

0,150 A A
A
0,100 0,50

0,050

0,000 0,00
REF VD10 VD20 VD30 VD50
Coeficiente de difusão de cloretos Profundidade de penetração de Cl-
Figura 6. Coeficiente de difusão de cloretos e profundidade de penetração.
Observa-se que houve um aumento do coeficiente de migração dos compósitos cimentícios com o
aumento do teor de pó de vidro incorporado (exceto para o traço VD20). Tal fato pode ser explicado
devido às partículas de pó de vidro (D50=15μm) serem maiores que as de cimento (D50=7μm),
levando a um diferente empacotamento das partículas (efeito fíler do pó de vidro), além das reações
pozolânicas do pó de vidro serem mais lentas que as reações de hidratação do cimento, se
desenvolvendo até idades mais avançadas, conforme observado por Du e Tan (2015). Desta
maneira as amostras com maior teor de vidro tendem a ter um menor teor de C-S-H em idades
intermediárias quando comparadas com as de menor teor ou sem pó de vidro. Tam et al. (2012)
verificaram que um maior teor de C-S-H leva a uma menor quantidade de poros e a desconexão
destes, sendo assim amostras com menor teor de C-S-H tenderão a ter uma frente de penetração de
cloretos maior.
Ainda outro indicativo do crescimento da porosidade com o aumento do teor de pó de vidro é o
fato de o teor de absorção de água tender a aumentar, conforme aumenta-se a porcentagem de pó
de vidro, conforme apresentado na Tabela 7.
A profundidade de penetração de cloretos aos 28 dias acompanhou o coeficiente de difusão de
cloretos para todos os traços com exceção do traço com 20% de substituição.
Para o coeficiente de difusão de cloretos, a análise estatística mostra que a substituição de cimento
por 50% de pó de vidro exerceu um efeito significativo quando comparado com todos os traços
avaliados.
No entanto, cabe ressaltar que para todas as amostras todos os valores obtidos foram inferiores aos
observados em outros pesquisas com materiais de ultra alto desempenho. Chen et al. (2018) e
Mosavinejad et al. (2020) avaliaram o coeficiente de difusão de cloretos em CCUAD obtendo
profundidades de penetração da ordem de 5 mm e coeficientes de difusão de 2*10 -12m²/s. Além
disso, ao se comparar os valores obtidos na pesquisa com os da Tabela 9, verifica-se que todos os
traços são classificados com resistência extremante alta à penetração de cloretos.

Avaliação da migração de cloretos em compósitos


cimentícios de ultra alto desempenho com pó de vidro 71
Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 61 – 75

Tabela 9. Resistência a penetração de cloretos de vários tipos de concreto baseada no coeficiente


de difusão de cloretos aos 28 dias.
Coeficiente de difusão de Classificação de resistência
cloretos (10-12m²/s) a penetração de cloretos
>15 Baixa
10,0-15,0 Moderada
5,0-10,0 Alta
2,5-5,0 Muito alta
<2,5 Extremamente alta
Fonte: Adaptado de Teng et al. (2018).

Castellote, Andrade e Alonso (2001) e Santos (2006) analisaram os ensaios de difusão de cloretos
em concretos comuns com e sem incorporação de sílica ativa e variando a relação água/cimento e
justificaram a redução dos coeficientes de difusão devido a uma redução na relação
água/aglomerante acompanhada de uma redução na porosidade total em função da diminuição
dessa relação. No presente trabalho a relação água/aglomerante foi mantida constante o que
proporcionou um aumento significativo da relação água/cimento do VD50, podendo ter provocado
o aumento de sua porosidade.
De acordo com Li et al. (2020), os coeficientes de difusão de íons cloreto de CCUAD variam de
0,02 x 10-12 m2/s a 0,41 x 10-12 m2/s dependendo da relação água/cimento, regime de cura, volume
de fibras e idade dos testes. Devido ao grande número de parâmetros envolvidos nos testes
realizados, disponíveis na literatura, é difícil fazer uma comparação quantitativa da difusão dos
íons cloreto nos CCUAD.

4. CONCLUSÕES
Diante dos dados obtidos, conclui-se que:
1. considerando que todos os traços estudados alcançaram alta resistência à compressão, com
alto módulo de elasticidade, baixa absorção de água e elevada resistência à penetração e
difusão de cloretos, todos são compósitos cimentícios de ultra alto desempenho, com ou
sem a incorporação de pó de vidro;
2. a substituição parcial de grandes teores de cimento por pó de vidro (50%) pode ocasionar
alterações nas características do compósito cimentício na idade de 28 dias;
3. apesar de haver uma redução, os coeficientes obtidos ainda são muito inferiores aos da
literatura, indicando alta resistência mecânica e resistência extremamente alta à penetração
de cloretos. Sendo assim, o pó de vidro se apresenta como substituto viável para o cimento
em termos de durabilidade frente à penetração de cloretos;
4. considerando-se a redução expressiva na quantidade de cimento no compósito cimentício
com a substituição de 50% do cimento por pó de vidro, e em função das características
apresentadas pelo material, recomenda-se a sua utilização, em comparação com os outros
compósitos estudados. É a alternativa mais econômica e que proporciona menor impacto
ambiental.

Avaliação da migração de cloretos em compósitos


72 cimentícios de ultra alto desempenho com pó de vidro
Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 61 – 75

5. AGRADECIMENTOS

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo auxílio


financeiro na realização desta pesquisa e ao Instituto de Pesquisas Tecnológicas do Estado de São
Paulo (IPT), pelo auxílio nos ensaios de caracterização dos aglomerantes.

6. REFERÊNCIAS
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Avaliação da migração de cloretos em compósitos
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Avaliação da migração de cloretos em compósitos


cimentícios de ultra alto desempenho com pó de vidro 75
Dias, L. V., Soares, S. M., Salvador Filho, J. A., Ferreira, F. G. S.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Procedimento para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em


concreto carbonatado

C. Vieira Pontes1,2, G. Costa Reus1*, A. Calvo1,2, M. H. F. Medeiros1,2,3


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.480

Recepção: 16/04/2020 | Aceitação: 12/02/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
Este trabalho tem por objetivo principal propor um procedimento padrão para a utilização do método
colorimétrico para medir a profundidade de penetração de cloretos nas inspeções de estruturas de
concreto em que existe a exposição aos cloretos e à carbonatação simultaneamente. Para evitar a
ocorrência de resultados "falsos positivos" foram testadas as soluções de hidróxido de cálcio (Ca(OH)₂)
e hidróxido de sódio (NaOH) como tratamento prévio. Os testes foram conduzidos em amostras apenas
carbonatadas e em amostras contaminadas por cloretos e carbonatadas. Os resultados mostram que a
solução de NaOH elimina a interferência da carbonatação. Desse modo, chegou-se a indicação de um
método adequado para introdução de leituras de profundidade de contaminação por cloretos nas
inspeções do concreto em campo.
Palavras-chave: durabilidade do concreto; ataque por cloretos; nitrato de prata; carbonatação;
agressividade ambiental.

Citar como: Vieira Pontes, C., Costa Reus, G., Calvo, A., Medeiros, M. H. F. (2021),
“Procedimento para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em concreto
carbonatado”, Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. x-x., DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.480

_______________________________________________________________
1
Programa de Pós-graduação em Engenharia de Construção Civil (PPGECC)
2
Universidade Federal do Paraná (UFPR), Brasil
3
Centro de Estudos em Engenharia Civil (CESEC)

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, a autora principal é Réus G. C., contribuiu com a revisão bibliográfica, com o planejamento do programa experimental,
execução dos ensaios previstos, consequente coleta de dados, análise dos resultados e posterior redação do trabalho em questão. No que
lhe concerne à autora Pontes, C. V., a mesma contribuiu na execução dos ensaios de laboratório e coleta de dados. O autor Medeiros, M.
H.F. contribuiu com a ideia original em conjunto com a autora principal, se envolveu na redação do trabalho e na análise e discussão dos
resultados obtidos na etapa experimental. Finalmente, a autora Calvo, A. participou da revisão e correção do manuscrito, confeccionou
imagens que aparecem no texto e fez a tradução do trabalho para o Espanhol. Dessa forma, a contribuição em porcentagem de cada um
dos autores foi: 40%, 25%, 25% e 10%, na ordem que foram mencionados anteriormente.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 76 – 88 76


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 76 – 88

Procedure to detect the penetration of chlorides into carbonated concrete with


silver nitrate

ABSTRACT
The main objective of this work is to propose a standard procedure that enables the use of the
colorimetric method to measure the depth of chloride penetration during inspections of concrete
structures exposed to both chlorides and carbonation. To avoid the occurrence of false positive
results, solutions of calcium hydroxide (Ca(OH)₂) and sodium hydroxide (NaOH) were tested as
a pretreatment. The tests were carried out on carbonated only samples, and on carbonate and
chloride contaminated samples. The results show that the NaOH solution eliminates the
carbonation interference. Therefore, a suitable method was found to introduce depth readings of
chloride contamination in concrete field inspections.
Keywords: durability of concrete; chloride attack; silver nitrate; carbonation; environmental
aggressiveness.

Procedimiento para detectar la penetración de cloruros con nitrato de plata


en hormigón carbonatado

RESUMEN
Este trabajo tiene como objetivo principal proponer un procedimiento estándar que viabilice el uso
del método colorimétrico para medir la profundidad de penetración de cloruros durante las
inspecciones de estructuras de hormigón expuestas tanto a cloruros como a carbonatación. Para
evitar la aparición de resultados "falsos positivos", se probaron soluciones de hidróxido de calcio
(Ca(OH)₂) e hidróxido de sodio (NaOH) como pretratamiento. Las pruebas se llevaron a cabo en
muestras solamente carbonatadas, y en muestras contaminadas por cloruros y carbonatadas. Los
resultados muestran que la solución de NaOH elimina la interferencia de la carbonatación. Por lo
tanto, se llegó a un método adecuado para introducir lecturas de profundidad de contaminación
por cloruro en inspecciones de estructuras de hormigón en campo.
Palabras clave: durabilidad del hormigón; ataque por cloruros; nitrato de plata; carbonatación;
agresividad ambiental.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

Procedimento para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em concreto carbonatado 77
Vieira Pontes, C., Costa Reus, G., Calvo, A., Medeiros, M. H. F.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 76 – 88

1. INTRODUÇÃO
A corrosão do aço é um dos mecanismos de degradação mais comuns nas estruturas de concreto
armado, tendo como causas principais a carbonatação e o ataque por íons cloreto (Corral et al.,
2013). Ambos os fenômenos são responsáveis por desfazerem a fina camada de óxido de ferro,
camada passivadora, que cobre e protege as barras de aço contra a corrosão em ambientes com pH
acima de 11 (Helene, 1993; Montemor et al., 2003; Moreira, 2006; França, 2011).
O ingresso de íons cloreto no concreto ocorre em diferentes velocidades em uma mesma edificação,
à depender dos microclimas distintos que ocorram sobre ela, como citado por Medeiros et al.
(2013), Medeiros Junior et al. (2015a) e Medeiros Junior et al. (2015b). Como relatado por
diferentes autores (Helene, 1993; Montemor et al., 2003; Medeiros et al., 2009a; França, 2011;
Real et al., 2015), a presença de íons cloretos no concreto armado deve-se à difusão destes
elementos iônicos do meio externo para o interior da estrutura, ou à utilização de matérias primas
contaminadas para a produção do concreto.
O ataque por cloretos no aço gera uma reação expansiva, isto é, os íons cloreto reagem com os íons
de ferro da armadura e formam produtos (óxidos e hidróxidos de ferro) que possuem volumes
maiores que os íons de ferro originais. Este fenômeno gera tensões internas que, se ultrapassarem
a resistência à tração do concreto, podem ocasionar fissuras na estrutura (Cascudo, 1997;
Montemor et al., 2003). Além disso, os íons cloreto corroem a armadura pontualmente (em forma
de pites), reduzindo a seção transversal do elemento portante e afetando sua função estrutural
(França, 2011).
Dentro deste contexto, a penetração de cloretos nas estruturas de concreto é uma possível causa de
corrosão de armaduras, sendo importante para trabalhos de inspeção e diagnóstico do concreto
armado o conhecimento da profundidade de penetração deste íon agressivo.

2. RELEVÂNCIA DO TEMA
Para inspecionar ou monitorar estruturas de concreto a fim de detectar a presença, a profundidade
e/ou a evolução da penetração de íons cloreto, existe o método colorimétrico de aspersão de solução
de nitrato de prata (AgNO3) (Baroghel-Bouny et al., 2007; Real et al., 2015). A aspersão do
indicador químico de solução de nitrato de prata é um método colorimétrico visual de inspeção e
foi originalmente normatizado pela UNI 7928, em 1978. Trata-se de uma técnica qualitativa de
aplicação prática em amostras de estruturas de concreto, além de apresentar baixo custo se
comparado com a extração de pó de concreto e a determinação do perfil de cloretos em
procedimentos de titulação ou potenciometria (França, 2011; He et al., 2012).
De acordo com Baroghel-Bouny et al. (2007), Medeiros et al. (2009b) e Kim et al. (2013), a técnica
consiste na aspersão de solução de nitrato de prata na seção transversal recém fraturada de
testemunhos de concreto para formação de duas regiões distintas quanto à coloração: uma com
precipitado marrom correspondente à região sem cloretos, e outra sem coloração na região afetada
por cloretos. A Figura 1 mostra o método colorimétrico de aspersão de solução de AgNO3 sendo
aplicado em um corpo de prova de concreto.

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Figura 1. Medida da profundidade de penetração de cloretos pelo método colorimétrico visual por
aspersão de solução aquosa de AgNO3 0,1 M.

As reações fotoquímicas após aspersão da solução de nitrato de prata correspondem à combinação


de íons de prata e íons cloreto livres formando cloreto de prata (AgCl), que possui coloração
esbranquiçada, conforme a Equação (1). Nas regiões com ausência de cloretos livres, há reação
fotoquímica entre íons de prata e íons hidroxila formando AgOH, e posteriormente Ag2O, que
confere ao concreto coloração marrom (Yuan et al., 2008; França, 2011; He et al., 2012; Kim et
al., 2013; Real et al., 2015).

AgNO₃ + Cl- → AgCl + NO3- (1)

O método colorimétrico de aspersão de nitrato de prata é muito usado em trabalhos experimentais


em que o concreto testado se encontra em condições de saturação e livres do processo de
carbonatação. Muitos trabalhos publicados nos últimos anos em revistas de alto impacto (tais como:
Ferreira et al., 2016; Weiss et al., 2017; Wei et al., 2018; He et al., 2018; Slomka-Slupik et al.,
2018; Fernández-Ruiz et al., 2018; Lau et al., 2018; Azarijafari et al., 2018), confirmam o seu uso
frequente nas pesquisas atuais.
Porém, alguns estudos (França, 2011; Real et al., 2015) apontam que os íons de prata (Ag+) da
solução de nitrato de prata reagem com o produto da carbonatação, CO3, formando Ag2CO3, que
também confere coloração esbranquiçada ao concreto. Por isso, existe interferência da
carbonatação no método colorimétrico de aspersão de solução de nitrato de prata em materiais
cimentícios gerando possível resultado “falso positivo”, como relatado por Medeiros et al. (2018).
Desse modo, ao inspecionar estruturas carbonatadas com o método colorimétrico de solução de
nitrato de prata ocorre o indicativo da presença de íons cloretos em regiões que não necessariamente
possuem cloretos e sim, carbonatos com pH menor que 10. Por este motivo, o resultado “falso
positivo” pode inviabilizar a aplicação do método colorimétrico de solução de nitrato de prata em
estruturas cimentícias expostas ao ambiente, já que a carbonatação é um mecanismo de degradação
inerente às construções expostas ao meio.
Além disso, devido à ocorrência de grandes densidades demográficas brasileiras em áreas
litorâneas associadas a processos de industrialização, verifica-se que os fenômenos de ataque por
íons cloreto e carbonatação ocorrem simultaneamente em inúmeras estruturas de concreto armado
(Real et al., 2015; Medeiros et al., 2013).
Dentro deste contexto, existe uma limitação ao uso da aspersão de solução de nitrato de prata para
detecção da frente de penetração de cloretos em obras reais, em que existe a exposição a ambientes
com cloretos e o processo de carbonatação, ambos interagindo com o concreto em condições de
serviço e de forma simultânea. O objetivo desta pesquisa é, portanto, desenvolver um procedimento
padrão para detectar a profundidade de penetração de cloretos no concreto carbonatado.

Procedimento para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em concreto carbonatado 79
Vieira Pontes, C., Costa Reus, G., Calvo, A., Medeiros, M. H. F.
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3. MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 Materiais
Os corpos de prova cilíndricos de concreto empregados em ambas as fases da pesquisa foram
dosados com cimento do tipo CPV – ARI, com as dimensões de 100 mm de diâmetro e 200 mm de
altura. Para cada caso do estudo foram realizadas três repetições, ou seja, 3 corpos de prova nas
mesmas condições para cada medida, e foi calculada a média dos resultados.
A Tabela 1 mostra a composição química do cimento e do fíler de quartzo empregados no
proporcionamento dos materiais na dosagem do concreto. Além disso, as características físicas do
cimento e do fíler de quartzo estão representadas na Tabela 2.
Tabela 1. Análise química, por fluorescência de raios X, do cimento CP V-ARI e do fíler de
quartzo.
Análise Química (%)
Aglomerante
CaO SiO2 Al2O3 Fe2O3 MgO SO3 K2O TiO2
CP V - ARI 73,21 10,45 3,59 3,71 3,66 3,05 1,36 0,00
Fíler Quartzoso 0,00 95,65 2,43 0,00 0,00 1,77 0,00 0,04

Tabela 2. Características físicas do cimento CP V-ARI e do fíler de quartzo.


Massa
Área específica
Aglomerante específica
BET (m²/kg)
(g/cm³)
CPV-ARI 3,09 1,070
Fíler quartzoso 2,60 1,227

Como agregado miúdo utilizou-se areia natural quartzosa proveniente de Balsa Nova - Brasil, que
tem massa específica de 2,63 g/cm³, massa unitária de 1,54 g/cm³ e módulo de finura de 2,34. O
agregado graúdo foi basalto com dimensão máxima de 19 mm e massa específica de 2,64 g/cm³.
A proporção de mistura do concreto utilizado foi de 1 : 0,10 : 2,25 : 3,00 (cimento : fíler de quartzo
: agregado miúdo : agregado graúdo) com relação água/cimento de 0,50. O slump foi mantido
constante na faixa de 10 ± 2 cm. Este concreto apresentou resistência à compressão de 43 MPa e
sorvidade de água foi 0,0059 g/cm².horas0,5.
Antes de iniciar a carbonatação acelerada, foi adotado um processo de sazonamento que consistiu
no método NORIE, apresentado em Pauletti (2004). O processo consiste em dispor os corpos de
prova em uma sala climatizada com umidade e temperatura controladas e, quando a variação do
peso do corpo de prova for menor que 0,10 g em 24 horas, a amostra está apta para o ensaio de
carbonatação acelerada.
As amostras foram sujeitas à carbonatação acelerada durante 12 semanas em câmara de
carbonatação com teor de CO2 de 5 ± 0,5%. A umidade relativa no interior do equipamento foi
estabelecida em 60 ± 1 % e a temperatura à 40 ± 0,3ºC. O coeficiente de carbonatação do concreto
de substrato foi de 1,96 mm/semana0,5. Estes dados estão em concordância com o publicado por
Medeiros, Raisdorfer e Hoppe Filho (2017).

3.2 Métodos
Concreto carbonatado – Sem cloretos:
Inicialmente analisou-se a validade das soluções de hidróxido de sódio e hidróxido de cálcio no
aumento do pH da superfície do concreto e subsequente extinção do resultado “falso positivo”
causado pela carbonatação no método de aspersão de solução de AgNO3.
Para isso, foram utilizados corpos de prova carbonatados e sem cloretos. Cada um dos corpos de

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prova foi seccionado, longitudinalmente, em quatro fatias de mesma altura para aspersão das
soluções de NaOH e Ca(OH)2. Em duas fatias do corpo de prova aspergiu-se solução aquosa
saturada de hidróxido de sódio (150,00 g/L), e nas outras duas seções, aspergiu-se a solução aquosa
saturada de hidróxido de cálcio (1,85 g/L), objetivando testar a eficácia das soluções. A fim de se
obter secagem rápida das fatias, elas foram levadas à câmara seca com 55 ± 5% de umidade relativa
e temperatura à 23 ± 2ºC por cerca de uma hora.
Após este procedimento, em uma metade da seção transversal de cada um quarto de amostra
seccionada, aplicou-se solução de fenolftaleína na proporção de 5 g de fenolftaleína para 276,15 g
de álcool etílico para 150 g de água destilada. Na outra metade aspergiu-se, duas vezes
sucessivamente, solução de nitrato de prata na concentração de 0,10 mol/L. A aplicação de nitrato
de prata foi repetida para aumentar o contraste de cores entre as áreas com e sem cloretos, assim
como foi executado no trabalho de Baroghel-Bouny et al. (2007).
Realizou-se, então, avaliação visual nas amostras. Se a fração com indicador químico de
fenolftaleína adquirisse coloração vermelha carmim em toda sua extensão, a solução alcalina teria
sido eficaz para aumentar o pH da frente de carbonatação e evitar o “falso positivo”. Ao mesmo
tempo, a metade com solução de AgNO3 deveria mudar, em toda sua extensão, para a coloração
marrom, ou seja, não deveria apontar o resultado “falso positivo” de presença de íons cloreto, pois
os corpos de prova estavam apenas carbonatados, sem cloretos. A Figura 2 mostra o esquema do
experimento idealizado.

Figura 2. Esquema do experimento para eliminação do resultado “falso positivo” causado pela
carbonatação.

Concreto carbonatado – Com cloretos:


Em seguida, o experimento foi conduzido no sentido de medir, com solução aquosa de nitrato de
prata, a profundidade de penetração de cloretos em corpos de provas afetados por carbonatação e
ataque por cloretos, simultaneamente. Foi aplicada, previamente, a solução alcalina inibidora dos
efeitos da carbonatação na superfície do concreto. Para isso, foram utilizados três corpos de prova
para cada tempo de penetração acelerada de cloretos (24h, 48h e 72h), totalizando 9 corpos de
prova.
Para induzir a entrada de cloretos nas amostras de forma rápida, elaborou-se um sistema baseado
na migração de cloretos. A migração dos íons é causada pela diferença de potencial elétrico entre
os meios. Os íons positivos se movem em direção ao polo negativo e os íons negativos se movem
em direção ao polo positivo. De acordo com Medeiros (2008), essa movimentação ocorre tanto por
meio de migração quanto por difusão, porém, a migração é mais considerável nestas condições de
ensaio.
Para o ensaio deste experimento, todos os corpos de prova foram saturados e, depois, imersos em

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solução aquosa com 3% de NaCl, uma vez que a migração ocorre em meio saturado. Depois,
conectou-se uma barra de aço e uma tela metálica à uma fonte elétrica de 30 V induzindo o polo
positivo no orifício no interior da amostra. Desta forma, os ânions Clˉ, desassociados na solução
de cloreto de sódio, foram eletrostaticamente atraídos para dentro dos corpos de prova. A Figura 3
mostra um esquema do aparato montado para a indução da penetração de cloretos nos corpos de
prova de concreto.
Após o período de imersão/migração de cloretos, os elementos de concreto foram secos em estufa
à 40°C por 24 horas, esfriados por mais um dia e, então, rompidos para aspersão das soluções
alcalinas. A solução alcalina foi aplicada para elevar o pH da frente de carbonatação na superfície
recém fraturada e evitar a ocorrência do resultado “falso positivo”. Após a aspersão desta solução,
os corpos de prova testados permaneceram em câmara seca (55±5% e 23±2 oC de temperatura)
durante 01 hora para eliminar o excesso de umidade na superfície do concreto.
Posteriormente, aplicou-se as soluções de fenolftaleína (para confirmar que a solução alcalinizou
a superfície) e de nitrato de prata para tentar mensurar a profundidade de penetração de cloretos.
Com a distinção das regiões esbranquiçada e marrom na metade com nitrato de prata, foi possível
medir a profundidade de penetração de cloretos a partir da superfície do elemento. As medidas
foram realizadas com paquímetro e em cinco pontos diferentes da metade da seção transversal,
como esquematizado na Figura 4.

Figura 3. Esquema de ensaio de migração de cloretos: (a) esquema da ligação elétrica; (b) foto do
experimento montado.

Figura 4. Esquema dos locais de medida da profundidade de carbonatação e da penetração de


íons cloreto.

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Para confirmar a profundidade de penetração de cloretos com o teste colorimétrico, foi determinado
o perfil de cloretos usando o procedimento de coleta de amostra da RILEM TC 178-TMC publicado
por Vennesland, Climent, Andrade (2013). Desse modo, após o processo de migração de cloretos,
os corpos de prova foram secos em uma estufa a 40 °C durante 24 horas e resfriados ao ar durante
mais 24 horas. Depois disso, o terço médio dos corpos de prova cilíndricos de Ø10 x 20 cm foi
usado para a coleta de pó com uma furadeira. A coleta de amostras foi realizada a cada 10 mm de
profundidade, até 40 mm de profundidade. Para cada profundidade de coleta de pó, foi efetivada a
determinação do teor de cloretos solúveis em ácido (cloretos totais) por titulação com nitrato de
prata após um ataque com ácido nítrico, como procedimento detalhado na ASTM C1152 (2020).

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES
4.1 Concreto carbonatado – Sem cloretos:
A Figura 5 apresenta o resultado da tentativa de neutralizar o efeito da carbonatação no teste com
o nitrato de prata utilizando a aspersão de uma solução aquosa saturada com hidróxido de cálcio e
uma com hidróxido de sódio. Todas as amostras estavam carbonatadas e sem contaminação por
cloretos.
Observa-se que a aspersão de solução saturada de hidróxido de cálcio não elevou o pH da camada
de concreto carbonatada a ponto de atingir o ponto de viragem da solução indicadora química de
fenolftaleína. É provável que isso tenha ocorrido em função da baixa concentração de hidroxila na
solução saturada como hidróxido de cálcio. Isso ocorre devido à baixa solubilidade do Ca(OH)2,
conforme relatado por Réus (2017).
Por outro lado, a solução de hidróxido de sódio elevou a basicidade do concreto, o que foi
verificado na análise visual após aspersão do indicador químico de pH e da solução de AgNO3,
resultado semelhante ao encontrado por Pontes et al. (2020). A solução de NaOH também foi eficaz
para realcalinizar amostras de concreto no trabalho de Réus (2017) e Réus e Medeiros (2020).
Desse modo, pode-se dizer que a aspersão de solução saturada com hidróxido de sódio foi eficaz
em eliminar a ocorrência de “falso positivo” quando se faz a aspersão de solução aquosa de nitrato
de prata em concretos carbonatados, porém, sem contaminação por cloretos.

Figura 5. Corpos de prova carbonatados com (a) aspersão prévia de solução de Ca(OH)2 (b)
aspersão prévia de solução de NaOH.

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4.2 Concreto carbonatado – Com cloretos:


Após a imersão das amostras de concreto na solução de cloreto de sódio no ensaio de migração de
cloretos, mediu-se a profundidade de penetração de íons cloreto ao término dos ciclos de 24 horas,
48 horas e 72 horas de ensaio (Figura 6-a). Essa medição foi realizada com a aplicação prévia da
solução de hidróxido de sódio, eficaz em alcalinizar o concreto carbonatado como indicado na
Figura 5. Este procedimento foi realizado para impedir a ocorrência do resultado “falso positivo”
que a solução de nitrato de prata apresenta em amostras carbonatadas.
A entrada de cloretos ocorreu gradativamente ao longo do tempo de ensaio e a profundidade final
de penetração de cloretos no concreto foi de 26,8 mm.
A Figura 6-b mostra o perfil de cloretos totais determinado no concreto deste experimento, após
72 h de migração com a ddp de 30 V. Os dados mostram a coerência do resultado de profundidade
de penetração de cloretos pelo método colorimétrico, de modo que a viragem de cor ocorreu a partir
do teor de cloretos de 0,08% em relação a massa de cimento. Esta comparação foi realizada de
modo a obter uma comprovação da coerência do método proposto para determinação da
profundidade de penetração de cloretos.

Figura 6. Resultados nos corpos de prova de concreto carbonatado e contaminado com cloretos:
(a) Profundidade de penetração de cloretos com o método colorimétrico; (b) Perfil de cloretos
para verificar a eficácia do método colorimétrico; (c) Ilustração da aceleração do ingresso de
cloretos por migração; (d) Corpos de prova carbonatados e com penetração de cloretos -
tratamento prévio com solução de NaOH e posterior aplicação de solução de AgNO3.

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A Figura 6-c ilustra o experimento de migração de íons cloretos e a Figura 6-d mostra uma foto de
um corpo de prova após a aplicação do método colorimétrico. Esta foto mostra um corpo de prova
recém fraturado cuja superfície foi previamente tratada com aspersão de solução de NaOH e
posteriormente foi aplicada a solução de AgNO3. Mais uma vez observou-se que a solução de
hidróxido de sódio eliminou o efeito “falso positivo” gerado pela carbonatação do concreto no
método de aspersão de nitrato de prata. Isso fica evidente, pois a região das amostras com aspersão
de fenolftaleína não identificou a área carbonatada, apenas a seção com solução de AgNO3 gerou
mudança de coloração nas regiões com presença de cloretos livres, já que nesta fase as amostras
estavam carbonatadas e contaminadas por cloretos.

5. CONCLUSÕES
Este trabalho apresenta um caminho possível para o emprego do método colorimétrico de aspersão
de solução de nitrato de prata em condições de serviço em que existe a exposição do concreto
armado ao ataque por cloretos e ao processo de carbonatação de forma concomitante. O trabalho
indica o que pode ser feito antes da aplicação da solução de nitrato de prata para evitar o “falso
positivo”, que tem impedido o uso deste método colorimétrico em trabalhos de inspeção em obra
reais.
Neste contexto, conclui-se que o passo a passo a seguir é eficaz para viabilizar o emprego do
método colorimétrico com nitrato de prata para obter a profundidade de penetração de cloretos no
concreto em situações em que o mesmo está exposto a penetração de cloretos e ao processo de
carbonatação.
Os passos são:
Passo 1 – Parte da peça de concreto deve ser seccionada e na superfície recém fraturada, aplica-se
por aspersão uma solução aquosa saturada de hidróxido de sódio (150 g/L). Deve-se esperar cerca
de uma hora para a superfície secar;
Passo 2 – Aspergir duas vezes sucessivamente (5 minutos de intervalo entre cada vez), uma solução
de nitrato de prata na concentração de 0,10 mol/L. Deve-se esperar cerca de uma hora para a
superfície secar e as reações ocorrerem, gerando o contraste de cor. Como ilustrado na Figura 7, a
coloração marrom correspondente à região sem cloretos, e a outra sem mudança de cor corresponde
a região afetada por cloretos;
Passo 3 – Efetivar a medida da profundidade de penetração de cloretos usando uma régua ou um
paquímetro. Trabalhar com valores médios, mínimos e máximos de profundidade de penetração de
cloretos para interpretar os resultados.

Figura 7. Ilustração do contraste obtido com a aplicação do método colorimétrico para a


determinação da profundidade de penetração de cloretos, usando aspersão de uma solução de
NaOH e uma de AgNO3.

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6. AGRADECIMENTOS
Os autores expressam a sua gratidão as agências brasileiras CNPq, Capes e Fundação Araucária
pela bolsa e apoio financeiro, à Universidade Federal do Paraná (UFPR), ao Centro Politécnico, ao
Departamento de Construção Civil (DCC), ao Programa de Pós-Graduação em Engenharia de
Construção Civil (PPGECC), ao Centro de Estudos de Engenharia Civil (CESEC), ao Laboratório
de Materiais e Estruturas (LAME) e ao grupo de pesquisa de Patologia e Recuperação das
Construções (PRC).

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88 Procedimento para detectar a penetração de cloretos com nitrato de prata em concreto carbonatado
Vieira Pontes, C., Costa Reus, G., Calvo, A., Medeiros, M. H. F.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no


estado de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de
comparação global

G. Ramos-Torres1*, H. Navarro-Gómez2, E. Perez-Isidro2,


J. Gautherau-Lopez1, I. Palma-Quiroz2
* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.454

Recepção: 16/01/2020 | Aceitação: 23/10/2020 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
O método da variável de rigidez elástica permite obter a resposta mecânica da superestrutura da ponte;
baseia-se na resposta ao impacto de massas conhecidas aplicadas ao centro do vão (luz) para obter o
deslocamento máximo que define a rigidez do ponto, este é comparado com os valores da curva formada
com as variáveis de rigidez, construídos a partir do características do projeto estrutural da ponte. O
método foi implantado em duas pontes localizadas na rodovia federal nº 14 do Estado de Sonora Mex.,
com resultados compatíveis com os danos manifestados. A avaliação é qualitativa a partir de um
parâmetro global, obtido em condições ambientais na ausência de vento e a temperatura constante,
adequado para o diagnóstico do estado estrutural presente, havendo limitações em pontes esconsas.
Palavras-chave: pontes; superestrutura; impacto; resposta mecânica; rigidez.

Citar como: Ramos-Torres, G., Navarro-Gómez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-
Quiroz. I. (2021), “Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No.
14 no estado de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação
global”, Revista ALCONPAT, 11 (2), pp. 89 – 108, DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.454
_______________________________________________________________
1
Departamento de Ingeniería Civil y Minas, Universidad de Sonora, Hermosillo, México.
2
Instituto de Ciencias Básicas e Ingeniería, Universidad Autónoma del Estado de Hidalgo, México

Contribuição de cada autor


Neste trabalho o autor Ramos-Torres, G. contribuiu com 30%, o autor Navarro-Gómez, H. contribuiu com 25%, o autor Perez-Isidro, E.
contribuiu com 15%, o autor Gautherau-Lopez, J. contribuiu com 15% e o autor Palma -Quiroz. I. contribuiu com 15%..

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 89 – 108 89


Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

Damage assessment proposal for two bridges located on Highway No. 14 in


the State of Sonora México by using stiffness invariant as global comparison
parameter

ABSTRACT
The elastic rigidity invariant method is used to obtain the mechanical response of the
superstructure of simply supported bridges; it is based on the bridge’s response to the impact of
known masses applied on mid span to obtain the maximum displacement that defines the point
stiffness. This value is compared with the values of the theoretical curve formed with the stiffness
invariants, constructed from the design characteristics of the bridge. The method was implemented
in two bridges located on federal highway No. 14 of the State of Sonora Mex., with results
according to the damage manifested. The evaluation is the result of a global parameter, obtained
in environmental conditions in the absence of wind and at a constant temperature, suitable for the
diagnosis of the present structural state, having limitations on bridges with screw cross sections.
Keywords: bridges; superstructure; impact; mechanical response; stiffness.

Propuesta de evaluación de daño para dos puentes ubicados en la carretera


No. 14 en el estado de Sonora México usando invariante de rigidez como
parámetro global de comparación

RESUMEN
El método de la invariante elástica de rigidez permite obtener la respuesta mecánica de la
superestructura de puentes; se basa en la respuesta al impacto de masas conocidas aplicadas al
centro del claro para obtener el máximo desplazamiento que define la rigidez puntual, éste se
compara con los valores de la curva formada con los invariantes de rigidez, construida a partir de
las características de diseño del puente. El método se implementó en dos puentes localizados en
la carretera federal No. 14 del Estado de Sonora Mex., con resultados acordes a los daños
manifestados. La evaluación es cualitativa a partir de un parámetro global, obtenido en condiciones
ambientales en ausencia de viento y a temperatura constante, adecuado para el diagnóstico del
estado estructural presente, teniendo limitantes en puentes esviajados.
Palabras clave: puentes; superestructura; impacto; respuesta mecánica; rigidez.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
90 de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

1. INTRODUÇÃO
Em todo o mundo, o projeto e construção de pontes é regido pelas normas regionais
correspondentes e envolve uma série de estudos anteriores ao seu projeto e construção que são
apoiados por pesquisas permanentes destinadas a reduzir o risco de colapso ou falhas prematuras.
Esses padrões incluem protocolos de manutenção operacional, no entanto, falhas, danos e até
mesmo o colapso ocorrem com frequência. Uma amostra de 384 pontes colapsadas em todo o
mundo no período de 1944 a 2004 revelou que 28% desabaram devido a causas naturais, 21%
devido a erros de projeto, 18% devido a impacto, 10% devido à sobrecarga, 10% devido a erros
construtivos, 10% de causas desconhecidas, 2% por corrosão e 1% por vandalismo (Imhof, 2004).
A maior dificuldade na inspeção de estruturas de pontes é obter um índice de dano para a tomada
de decisões de manutenção, reparo ou substituição.
Um resumo de alguns métodos de obtenção de resposta mecânica em pontes é apresentado a seguir.
Para faixas não lineares, foi proposto o método da rótula plástica dinâmica; trata-se de obter a curva
modal de carga-deformação a partir de um modelo com um grau de liberdade. A estrutura é
submetida à aceleração de um determinado impacto ou tremor até que seja obtida a resposta
máxima, que ocorre no momento em que se atinge a plastificação de uma rótula proposta
anteriormente, transformando o sistema em um mecanismo.
Este método simplificado permite visualizar a demanda de ductilidade da estrutura (E. Maldonado,
et al. 1998). Por meio de métodos numéricos, pode-se obter um fator de amplificação que considera
os efeitos dinâmicos aplicáveis aos elementos de projeto mecânico de pontes contínuas,
considerando vigas flexíveis e cargas móveis amortecidas pela suspensão dos trens-tipo analisados.
A equação do movimento da ponte é assumida em vibração forçada pela equação do movimento
do caminhão de ensaio que possui um ponto de aplicação de carga por eixo, a viga é idealizada
como uma série de massas concentradas em intervalos discretos uniformemente distribuídas em
seu comprimento total e os efeitos do carregamento do caminhão são calculados no eixo dianteiro;
Esse procedimento permite obter um fator de impacto para a carga móvel, também conhecido como
fator de amplificação dinâmica, que resulta das curvas de deslocamento geradas tanto para carga
estática quanto para carga dinâmica.
O procedimento permite incluir um fator de atrito devido à participação da suspensão do caminhão
analisado (N. Munirudrappa et al. 1999). O método das funções de resposta em frequências consiste
na obtenção de uma matriz característica da estrutura, que é função da massa, do amortecimento e
da sua rigidez. É obtido pela inversão da matriz de cofatores do vetor de funções de frequência das
transformadas de Fourier da equação do movimento e é conhecido como matriz de funções de
resposta em frequência. Esta matriz possui apenas as propriedades da estrutura e é independente
da excitação, portanto qualquer alteração nela gerada deve-se a alterações na constituição da
estrutura. Se necessário conhecer a matriz das funções de resposta em frequência, os vetores de
deslocamento e suas forças de excitação devem ser conhecidos em termos de suas transformadas
de Fourier. Pode-se resumir que é um método complexo, pois requer um número muito maior de
sensores e um grande processamento numérico que acopla os efeitos locais e globais em
comparação ao método de análise modal.
O método de análise de sensibilidade consiste em obter um fator de sensibilidade equivalente ao
quociente entre a taxa de variação da frequência e a taxa de variação da rigidez. Este método ajuda
a selecionar os parâmetros com maior impacto na resposta e a descartar possíveis erros na
instrumentação experimental, de forma que permite escolher os valores mais significativos ou de
maior impacto e visualizar os elementos estruturais com a maior contribuição para os efeitos
dinâmicos, com os quais é possível determinar com boa precisão os pontos onde os sensores devem
ser colocados para estudos experimentais. Um grupo de métodos experimentais que classifica
métodos de simulação numérica, onde podem ser usados métodos numéricos como Runge-Kutta,

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global 91
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

Euler, etc., que resolvem as equações diferenciais de movimento a partir do Jacobiano do quociente
entre a taxa de variação das forças e a taxa de variação dos deslocamentos cujas soluções reais
devem ser negativas para garantir a estabilidade do método e sua integração no tempo.
Em suma, o método dos elementos finitos é o mais utilizado para resolver as equações do
movimento, pois utiliza discretização e interpolação por meio de funções compatíveis com os
esforços e deformações, considerando o equilíbrio interno, o equilíbrio na fronteira e a
compatibilidade das deformações dos elementos discretos que são resolvidos por integração direta
e montados em sistemas lineares de equações sempre que as equações diferenciais sejam ordinárias
(Carrión FJ et al. 1999). Um modelo para conhecer os efeitos da temperatura comparados aos
efeitos do dano na mudança da frequência natural das pontes em um vão, utilizando modelos de
elementos finitos para vigas em caixão e vigas protendidas tipo ASHHTO; a conclusão do trabalho
indica que as mudanças na frequência da superestrutura de uma ponte de um vão devido aos efeitos
térmicos, são semelhantes aos efeitos dos danos acumulados durante um longo período de tempo
devido ao amortecimento temporal (Balmes Etienne et al., 2005).
Foi realizado um estudo por meio da instrumentação de duas pontes em laje e vigas protendidas,
ambas de dois vãos independentes; a captura foi realizada por meio de sensores de aceleração, que
com métodos numéricos foi possível conhecer os espectros de velocidades e deslocamentos. Da
mesma forma, com uma filtragem de frequência adequada, foi possível separar os efeitos estáticos
e dinâmicos do espectro obtido. A avaliação dos resultados indica que os fatores de impacto obtidos
por meio do quociente entre o efeito dinâmico da carga e o efeito estático da mesma, sob certas
condições de massa e velocidade do veículo de ensaio, superam aqueles estabelecidos nas normas
de projeto regionais (Valdez J. et al. 2008). Uma análise comparativa para obter a resposta dinâmica
de uma ponte de concreto armado localizada na Itália usando um modelo de elementos finitos com
elementos do tipo Shell e a excitação de um caminhão típico em diferentes velocidades.
A análise teórica foi realizada assumindo a inexistência de fissuras para ignorar a contribuição da
armadura de aço na estimativa da rigidez. Os resultados obtidos na análise indicaram que com o
caminhão não foi possível obter os parâmetros dinâmicos básicos, então foi utilizado um comboio
contínuo de caminhões, oferecendo resultados mais condizentes com a realidade; o contraste foi
realizado com os dados obtidos da aplicação no local de excitação por meio de um vibrador elétrico
colocado no quarto do vão da ponte e colocando uma série de 17 sensores de aceleração para obter
a resposta em tempo real.
Os resultados obtidos na análise apresentaram erros de 1% a 46% em relação às frequências obtidas
no local, sendo a frequência de torção a de menor erro e a do quarto modo de flexão a de maior
erro (Veles H. et al. 2011). Uma metodologia para determinar a deterioração por fadiga da
superestrutura de pontes de concreto armado, utilizando técnicas de Montecarlo; o método estima
probabilisticamente de acordo com os dados estatísticos o número de ciclos de carga e seu impacto
no nível de tensão de acordo com os modelos de dano mais populares que permitem uma estimativa
do tamanho da fissura. Este método é especulativo e pode ser aplicado com relativa facilidade se
as estatísticas de funcionamento da ponte em análise forem conhecidas, no entanto, conforme
apresentado, não inclui fatores como cargas extraordinárias ou terremotos e efeitos de corrosão,
entre outros, (Crespo E. et al.. Al. 2013).
Os resultados da aplicação do método de vibrações ambientais (razão espectral) aplicado à
instrumentação de uma ponte pós-tensionada permitiu avaliar o estado atual da superestrutura. Os
resultados da instrumentação foram comparados com os resultados do modelo estrutural elaborado
em um software comercial. (Viviescas Al. Et al. 2017).

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
92 de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

2. METODOLOGIA
Da infraestrutura de pontes em rodovias federais no México, 57% são construídas em concreto
armado, seguido por 28% construídas em concreto protendido, 7% são construídas em aço e
concreto, 6% em aço estrutural, 1% em alvenaria e 1% em sistema de vigas pré-fabricadas (IMT-
2014). De acordo com as estatísticas do Instituto Mexicano de Transporte, o maior número de
pontes é construído em concreto armado, portanto, nesta pesquisa são estudadas duas pontes de
concreto armado, uma constituída de lajes maciças e outra construída sobre vigas e lajes com
diafragmas de concreto armado.
O presente trabalho consiste na aplicação de uma metodologia que utiliza parâmetros globais;
inclui a rigidez pontual real da estrutura, que é obtida a partir de medições de campo na estrutura
real; o valor obtido é comparado com o valor de rigidez obtido a partir dos parâmetros de projeto
da ponte que resultam da função variável de rigidez; o quociente entre estes valores corresponde à
capacidade residual da estrutura, permitindo obter um índice de dano.

2.1. Conceitos gerais.


O comportamento mecânico de uma estrutura sob cargas de serviço depende do nível de esforços
realizados e do número de repetições ou ciclos de carga; fatores como deterioração, corrosão,
fadiga e / ou aumento do nível de cargas de serviço podem gerar danos permanentes que modificam
as condições de sua resposta mecânica. As considerações de projeto para o desempenho de uma
estrutura contemplam o comportamento mecânico linear elástico e é considerada saudável desde
que preservada. Quando o dano acumulado modifica seu comportamento, começa o
comportamento não linear onde a proporção entre os deslocamentos e as cargas aplicadas não é
mais constante; é sob este princípio básico que o método proposto oferece informações sobre o
estado atual da estrutura.
A Figura 1 apresenta o comportamento mecânico de um sistema estrutural sob carga monotônica
com aumento gradual da carga; primeiramente, observa-se uma reta que começa na origem e atinge
a coordenada (𝛿𝐸 , 𝑃𝐸 ), correspondendo (𝛿𝐸 ) ao deslocamento até o limite elástico linear e (𝑃𝐸 ) à
carga no mesmo limite; a parte curva indica que o sistema estrutural tem um comportamento não
linear.
O método proposto considera que se forem aplicadas três cargas pontuais crescentes, obtém-se um
gráfico carga-deslocamento que descreve um comportamento mecânico muito semelhante ao real;
A partir dos incrementos de carga aplicada, juntando as coordenadas dos três pontos, obtêm-se
duas retas que possuem a mesma inclinação se trabalhando em faixa linear ou secante à curva
tensão-deformação real da estrutura se o trabalho for em faixa não linear; se os incrementos de
carga são pequenos, as áreas superior e inferior da curva real são muito semelhantes às áreas
superior e inferior dos gráficos das linhas obtidas, reduzindo o erro do método. As áreas descritas
fornecem uma maneira de medir os danos.

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global 93
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

Figura 1. Relação carga deslocamento

2.2. Avaliação de danos.

A Figura 1 está dividida em duas regiões, uma inferior cuja área corresponde ao trabalho W que
foi produzido durante o processo de carregamento e uma superior cuja área corresponde à energia
de deformação U armazenada pela estrutura, o que lhe permite recuperar total ou parcialmente sua
forma original se a carga for removida. Quando o comportamento mecânico da estrutura é elástico-
linear, o trabalho e a energia de deformação têm a mesma magnitude, o que implica que a estrutura
pode recuperar sua configuração original se as cargas forem removidas; se o comportamento for
não linear, os valores do trabalho realizado e da energia de deformação armazenada são diferentes,
o que implica que, quando a carga for retirada, a estrutura recuperará parcialmente sua
configuração.
Desconsiderando a energia gerada na forma de calor, se a estrutura tiver comportamento não linear,
a energia de deformação armazenada é menor que o trabalho realizado pelo sistema. Esta
consideração é aplicável em estruturas de concreto armado.
Existem algumas expressões semi-empíricas para avaliar os danos em estruturas de concreto
armado obtidas em ensaios experimentais; uma das expressões que permite obter um índice de
danos considerando a inclinação da parte elástica da curva de descarga, é definida pela seguinte
expressão:

𝑍
𝑑 =1−𝑍 (1)
0

Onde d é equivalente a um índice de dano, Z corresponde à inclinação da parte elástica do ramo de


descarga e 𝑍0 é o valor da inclinação do ramo elástico inicial (Perdomo M. E. et al, 2006). Para
comportamento elástico, a expressão tem valor nulo e para o comportamento inelástico próximo à

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
94 de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

falha o valor é próximo da unidade. Com esta expressão, pode-se obter uma curva de restituição de
energia para os elementos de ensaio e obter o índice de danos gerado antes da falha, a dificuldade
de sua utilização implica a realização de ensaios experimentais para cada tipo de elemento
estrutural.
De acordo com a proposta do presente trabalho, a deformação real é obtida a partir da dupla
integração do espectro aceleração-tempo que resulta do impacto aplicado à estrutura real com
massas e alturas conhecidas em queda livre, considerando a amplitude máxima do deslocamento
para os cálculos.
Conhecendo as massas, a altura em queda livre e os deslocamentos máximos, o gráfico da energia
cinética vs. deslocamento, identificando a zona superior da curva com área 𝐴𝑠𝑢𝑝 ,, análoga à
densidade de energia de deformação U e a região inferior com área 𝐴𝑖𝑛𝑓 , análoga à densidade de
trabalho realizado W cujo quociente ∆k é considerado como uma medida de dano, com base no
mudança energética devido à diminuição da rigidez do sistema devido a danos e é aplicável à carga
de ensaio mais alta.

𝐴𝑠𝑢𝑝
∆𝑘 = (2)
𝐴𝑖𝑛𝑓

2.3. Variável elástica de rigidez.


É formado com os valores de rigidez abaixo do limite de proporcionalidade ao longo do
comprimento de um elemento estrutural. Em (3) K, corresponde ao valor de rigidez teórico de
projeto, F corresponde à força aplicada e δ é o deslocamento resultante.

𝐹
𝐾= (3)
𝛿

Se for aplicado o princípio do trabalho virtual e considerando apenas a contribuição do momento


fletor, a expressão para a rigidez em um ponto corresponde a (4).

𝑙 𝑀∗ 𝑀 −1
𝐾 = 𝐹 [∫0 𝑑𝑥] (4)
𝐸𝐼

Se o valor da força F for mantido constante ao longo de cada ponto da estrutura, a curva de rigidez
é obtida e tem o caráter de invariante em cada ponto abaixo do limite de proporcionalidade.
De acordo com a figura 2, se F for aplicado na coordenada X = a, é necessário determinar a flecha
δ e a rigidez K (a).

(𝑎3 𝑏 2 + 𝑎2 𝑏 3 )
𝛿=( )𝐹 (5)
3𝐸𝐼𝐿2

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global 95
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Figura 2. Relação carga deslocamento

Conhecendo o deslocamento, a rigidez é obtida na coordenada x = a; considerando b = L-a, onde


(6) é o invariante de rigidez aplicado para vigas e (7) invariante para lajes maciças.

3𝐸𝐼𝐿2
𝐾(𝑥) = (6)
𝑋 3 (𝐿−𝑋)2 +𝑋 2 (𝐿−𝑋)3

3𝐸𝐼𝐿2
𝐾(𝑥) = (7)
(𝑋 3 (𝐿−𝑋)2 +𝑋 2 (𝐿−𝑋)3 )(1−𝜐2 )

2.4. Medição da rigidez pontual real.


A rigidez real do ponto é obtida com o deslocamento máximo que ocorre ao submeter a
superestrutura a cargas de impacto aplicadas ao centro do vão; para a excitação, são utilizadas
pequenas massas que modificam minimamente os parâmetros dinâmicos da estrutura. Para calcular
a força de impacto 𝐹𝑅 , se recorre às expressões fundamentais da mecânica descritas abaixo:

𝑣 = √2𝘨ℎ = 𝑣𝑒𝑙𝑜𝑐𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒 𝑑𝑒 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑐𝑡𝑜 (8)

𝘨 = 𝑎𝑐𝑒𝑙𝑒𝑟𝑎çã𝑜 𝑑𝑎 𝑔𝑟𝑎𝑣𝑖𝑑𝑎𝑑𝑒
ℎ = 𝑎𝑙𝑡𝑢𝑟𝑎 𝑑𝑒 𝑞𝑢𝑒𝑑𝑎

Como o impacto é feito em meio deformável, a magnitude da força depende da rigidez da reação;
(9) corresponde à energia cinética no momento do impacto.

𝑚𝑣 2
𝐸𝑐 = = 𝑚 𝘨 ℎ = 𝐸𝑛𝑒𝑟𝑔𝑖𝑎 𝑐𝑖𝑛é𝑡𝑖𝑐𝑎. (9)
2

𝑚 = 𝑚𝑎𝑠𝑠𝑎.

Do gráfico de energia cinética-deslocamento, como já mencionado, a área superior da curva 𝐴𝑠𝑢𝑝 ,


é análoga à energia de deformação (U) e a área inferior 𝐴𝑖𝑛𝑓 , é análoga ao trabalho realizado (W),
pelo que ∆𝑘 corresponde a um fator de rigidez residual, que com um valor unitário indica saúde
estrutural e qualquer valor inferior à unidade, indica dano permanente ao sistema estrutural.

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O fator de rigidez residual ∆k (2) é aplicável a estruturas de concreto armado; corresponde ao


aumento da fissuração da seção transversal, devido à fluência da armadura devido ao acúmulo do
dano, o que se reflete na diminuição da área de compressão uma vez que a fissuração, à medida
que o aço recebe maior deformação, cresce na zona de tensão e, portanto, o momento de inércia da
seção transversal é reduzido, expresso por 𝐼𝐷 para sua consideração dentro do método (10). Para
saber o valor da rigidez real presente, é necessário obter a força efetiva quando a energia cinética
é zero no instante do deslocamento máximo. O valor da força real para cada grupo de impactos é
obtido a partir da utilização de (11) considerando a carga de impacto aplicada ao centro do vão.

𝐼𝐷 = Δ𝑘𝐼𝑐𝑟𝑡 (10)

48𝐸𝐼𝐷 1
̅̅̅
𝐹𝑅 = ∑𝑛𝑖=1 𝛿𝑖 (11)
𝐿3 𝑛

̅̅̅
Com (12), a rigidez atual presente 𝐾𝑅 é obtida; 𝐹 𝑅 corresponde à força de impacto efetiva média e
̅
𝛿 à média dos deslocamentos medidos no campo para cada massa.

̅̅̅̅
𝐹𝑅
𝐾𝑅 = ̅ (12)
𝛿

𝐾𝑅
𝑑𝑒 = 1 − (13)
𝐾

Em (13), 𝑑𝑒 é considerado um índice de dano e é uma medida da degradação ou diminuição da


rigidez, em estruturas saudáveis o valor é nulo, para o colapso é próximo da unidade e depende das
características de cada estrutura. No método proposto, a pré-carga do sistema corresponde à carga
permanente da estrutura, que pode ser da ordem de até 85% da capacidade total da mesma, o que
permite utilizar pequenos incrementos de carga para obter deformações em zonas avançadas do
envelope da curva de tensão x deformação de histerese.
A Figura 3 mostra o fluxograma da metodologia utilizada para os estudos de caso; Em primeiro
lugar, é necessário ter as plantas estruturais do projeto. Para medições em campo, é utilizado um
sistema de massa que durante o impacto são acoplados ao movimento da estrutura para evitar
rebote, preferencialmente, a quantidade de massa para cada grupo de ensaios deve ter valores
proporcionais, a fim de facilitar os cálculos correspondentes . É muito importante que ao escolher
as massas de ensaio, a aceleração de resposta da estrutura seja pelo menos 20% abaixo do limite
máximo de aceleração do sensor e que os valores de aceleração para cada massa diferente tenham
discriminação suficiente para processamento numérico. As demais atividades são apresentadas na
mesma figura.

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INÍCIO

INFORMAÇÃO DE
INFORMACIÓN
DAS
LOSPONTES
PUENTES

CURVA DA VARIÁVEL DE RIGIDEZ


3𝐸𝐼𝐿2
𝐾(𝑥) = LAJESSÓLIDAS
LOSAS MACIÇAS(6)
(6)
𝑋 3 (𝐿−𝑋)2 +𝑋 2 (𝐿−𝑋)3
3𝐸𝐼𝐿2
𝐾(𝑥) = (𝑋 3 (𝐿−𝑋)2 +𝑋 2 (𝐿−𝑋)3 )(1−𝜐2 )
VIGAS COM
TRABES LAJES (7)
CON LOSAS (7)

MEDIÇÕES NO CAMPO SPECTRO


ACELERACIÓN-TIEMPOEM
ACELERAÇÃO-TEMPO EN TIEMPO
TEMPO REAL
REAL

PROCESSAMENTO NUMÉRICO
PROCESAMIENTO NUMÉRICO 𝑑𝑒 > 0
ESPECTRO
ESPECTRODE
DEVELOCIDADE
VELOCIDAD no
ESPECTRO DEDESPLAZAMIENTO
ESPECTRO DE DESLOCAMENTO si
DESLOCAMENTO
DESPLAZAMIENTOMÁXIMO
MÁXIMO
DANO
DAÑO
PERMANENTE
TETE
GRÁFICO ENERGÍA
GRÁFICA ENERGIACINÉTICA-
CINÉTICA COMPORTAMENTO
COMPORTAMIEN
DESLOCAMENTO
DESPLAZAMIENTO DENTRO DO LIMÍTE
TO DENTRO DEL
𝐴𝑠𝑢𝑝 𝐴𝑠𝑢𝑝 DE
∆𝑘 = ∆𝑘𝐴 = 𝐴, 𝑖𝑛𝑓 , RIGIDEZ
RIGIDEZ RESIDUAL
RESIDUAL (2) LÍMITE DE
PROPORCIONALIDA
𝑖𝑛𝑓
PROPORCINALID
-DE
AD

FORÇA REAL,
FUERZA REAL,RIGIDEZ
RIGIDEZ
REAL
REAL,
48𝐸𝐼𝐷 1
̅̅̅
𝐹𝑅 = 𝐿3 𝑛 ∑𝑛𝑖=1 𝛿𝑖 , (11) FIN
FIM
̅̅̅̅
𝐹𝑅
𝐾𝑅 = ̅ , (12)
𝛿
𝐾𝑅
𝑑𝑒 = 1 − , (13)
𝐾

Figura 3. Diagrama de fluxo, Método da variável de rigidez.

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3. CASOS DE ESTUDO
As pontes instrumentadas estão localizadas na rodovia federal 14, Hermosillo-Moctezuma, no
estado de Sonora, Mex.; uma das pontes leva o nome de "El Testarazo" figura 4, que está localizada
no km 23 + 900. A ponte possui uma superestrutura composta por três lajes de concreto armado,
simplesmente apoiadas em contrafortes constituídos por paredes de concreto armado. A outra ponte
instrumentada é chamada de "El Gavilán" figura 5; A superestrutura é formada por um sistema de
vigas, lajes e diafragmas de concreto armado, com seção enviesada em 48° em sua direção
transversal, localizada no Km 60 + 100 da mesma via.

3.1. Informação dos casos de estudo.

Seção transversal
Figura 4. Geometria superestrutura ponte “Testarazo” (Acot. m).

corte longitudinal

sección
Seção transversal
transversal
Figura 5. Geometria superestrutura ponte “El Gavilán” (Acot. m).

As propriedades geométricas das seções transversais foram obtidas sob o critério da seção
transformada, e os dados do projeto foram obtidos do Projeto Tipo de Elementos de Concreto
Armado, Parte I, publicado pela extinta SAHOP.

Tabela 1. Propriedades geométricas seção transformada das pontes (m).


Ponte 𝒃𝒘 𝒉𝒇 𝒃𝒇 𝒏 𝑨𝒔 (𝒎𝟐 ) 𝒅 𝒌𝒅 𝑰𝒄𝒓𝒕 (𝒎𝟒 ) 𝑨(𝒎𝟐 )
Testarazo 5.2 0.30 10.0 8.796 0.035 0.645 0.1858 0.1108 2.95
El Gavilán 1.08 0.18 7.5 8.796 0.0386 2.182 0.481 1.199 2.89

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Para a ponte “El Testarazo” EI = 2.595 MN- m² (para a rigidez da cerâmica maciça); para a ponte
El Gavilan EI = 28.082 MN-m² (para a rigidez da viga). Com esses valores foi obtida a curva de
rigidez. Em ambos os casos, apenas os efeitos de flexão são considerados. O valor do módulo de
elasticidade do concreto foi considerado E = 23,414 MPa, com base na expressão 𝐸 =
𝐾𝑔
15100√𝑓𝑐′ (𝑐𝑚2).

3.2. Curva da variável de rigidez.


As figuras 6 e 7 mostram os gráficos dos cofatores correspondentes aos invariantes de rigidez para
as pontes El Testarazo e El Gavilán, respectivamente, obtidos de (4) para a ponte El Gavilán e de
(5) para El Testarazo. Os valores de rigidez do projeto 𝐾𝐸 no centro do vão da superestrutura das
pontes em estudo são apresentados na tabela 2; os referidos valores resultam do produto dos
cofatores ilustrados nas Figuras 6 e 7 com os respectivos valores EI para cada ponte.

Tabela 2. Valores de rigidez sob o limite de proporcionalidade.


Ponte “El Testarazo” “El Gavilán”
𝑲𝑬 (MN/m) 66.432 41.237

0.3 0.02

0.25 Cofator
Cofator 0.015
0.2
Rigidez
Rigidez

0.15 0.01

0.1 (6.25, 0.0256) (16, 0.00146)


0.005
0.05

0 0
0 5 10 0 20
Comprimento (m) Comprimento
Figura 6. Cofator de rigidez ponte “El Figura 7. Cofator de rigidez ponte “El
Testarazo” Gavilán”

3.3. Procedimento para obter a rigidez real da estrutura.


As medições de campo foram feitas usando uma estrutura para levantamento e descarregamento
das massas de excitação, o equipamento consiste em um esqueleto quadrúpede que permite o
levantamento das massas por meio de um guincho de capacidade 2250 N; o mecanismo de retenção
do recipiente é constituído por um eletroímã com capacidade de 6 KN que permite que a massa de
excitação seja fixada por meio de um gancho de segurança com um grau de liberdade de torção
(fig. 8).

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Figura 8. Aparência geral do equipamento de ensaio de campo.

Foram utilizados recipientes de areia, com comportamento plástico durante o impacto, para evitar
rebote. Foram fabricados três sacos de 25, 50 e 75kg de capacidade, os quais foram preenchidos
até a massa de ensaio; o impacto foi conseguido elevando-se os sacos a uma altura média de 1,50m,
posteriormente, o fluxo elétrico do eletroímã que os segurava foi interrompido para liberá-los e
produzir o impacto na superfície de apoio da ponte.
O restante do equipamento é composto por um sensor de aceleração de baixa frequência (0,2 Hz),
com sensibilidade de 500 mV / g, colocado no centro do vão que permitiu obter a resposta da ponte
em tempo real, além de uma cartão de captura de 4 canais para recepção de 0 a 25 khz; a placa
permitiu a captura de sinais analógicos produzidos pelo sensor durante as medições. A placa de
captura foi colocada em um chassi com capacidade para oito placas de 11-30 V de 15 W, para
operar de -40º a 70º C comunicadas à porta USB do computador portador do software para
processar o sinal analógico onde foram obtidos os espectros de aceleração - tempo de resposta da
estrutura;
Os sinais analógicos capturados foram processados no Software Labview Signal Express versão
3.0, licença 501701A-00, que permitiu a captura do espectro aceleração-tempo em uma matriz
numérica em formato TXT de código ASCII, em estado bruto para processamento numérico. Os
espectros de aceleração-tempo obtidos são apresentados nas Figuras 9, 10 e os deslocamentos
foram obtidos integrando os espectros com o método de aceleração média constante e aceleração
linear.

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3.4. Resultado das medições em campo.


As Figuras 9 e 10 apresentam os espectros de tempo de aceleração capturados durante as medições
de campo.

0.6 2
Massa 25 kg Massa 25 kg
0.4 1

Aceleração (g)
Aceleração (g)

0.2 0
0 G-1
T-1 -1
G-2
-0.2 T-2 G-3
T-3 -2
-0.4 G-4
T-4 G-5
T-5 -3
-0.6 0 0.05 0.1 0.15 0.2
0 0.1 0.2
Tempo (s) Tempo (s)
0.6 2
Massa 50 kg Massa 50 kg
0.4 1.5
1
Aceleração (g)
Aceleração (g)

0.2 0.5
0
0 -0.5
T-1
-0.2 T-2 -1
-1.5 G-1 G-2
T-3 G-3 G-4
-0.4 T-4 -2
G-5 G-6
T-5 -2.5
-0.6 0 0.05 0.1 0.15 0.2
0 0.05 0.1 0.15 0.2
Tempo (s)
Tempo (s)
1 4
Massa 75 kg Massa 75 Kg
0.5
Aceleração (g)

2
Aceleração (g)

0
T-1 0
-0.5 T-2
T-3 -2 G-1 G-2
-1 T-4 G-3 G-4
T-5 -4 G-5 G-6
-1.5
0 0.05 0.1 0.15 0.2 0 0.05 0.1 0.15 0.2
Tempo (s) Tempo (s)
Figura 9. Espectro aceleração-tempo real, Figura 10. Espectro aceleração-tempo real,
ponte “El Testarazo” ponte “El Gavilán”

Os espectros de aceleração das Figuras 9 e 10 foram submetidos a um tratamento numérico, que


consistiu, primeiro, na correção da linha de base espectral e, posteriormente, na dupla integração
com os métodos já descritos para obter os deslocamentos máximos produzidos pelo impacto das

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massas. As tabelas 3 e 4 mostram os resultados que incluem a massa de ensaio, a altura de queda
livre e os deslocamentos obtidos no processamento numérico.

Tabela 3. Resultado de campo e processo Tabela 4. Resultados de campo e


numérico puente El Testarazo. processo numérico puente El Gavilán
Massa Altura (M) Deslocamentos Massa Altura Deslocamento
(Kg) (M) (Kg) (M) (M)
25 1.525 -2.92927E-05 25 1.54 -0.000167776
25 1.5 -2.89101E-05 25 1.52 -0.000141068
25 1.484 -2.84981E-05 25 1.55 -0.00017
25 1.46 -2.8037E-05 25 1.5 -0.00013734
25 1.48 -2.83313E-05 25 1.53 -0.000163631
25 1.55 -2.98126E-05 50 1.5 -0.000260161
50 1.38 -5.11297E-05 50 1.53 -0.000268009
50 1.53 -5.69176E-05 50 1.52 -0.000266636
50 1.55 -5.76141E-05 50 1.5 -0.00026644
50 1.47 -5.473E-05 50 1.54 -0.000273797
50 1.548 -5.7467E-05 50 1.5 -0.000258101
50 1.56 -5.77907E-05 75 1.67 -0.000491775
75 1.51 -8.83783E-05 75 1.5 -0.000440763
75 1.49 -8.69951E-05 75 1.52 -0.000448023
75 1.5 -8.74758E-05 75 1.4 -0.000412609
75 1.51 -8.85254E-05 75 1.39 -0.000408783
75 1.49 -8.7103E-05 75 1.41 -0.000414767

3.5. Análise estatística de dados obtidos em campo.


Para saber a validade dos dados obtidos nas medições feitas em uma escala natural dos casos de
estudo, procedeu-se à análise de variância ou ANOVA; O objetivo principal é saber com a análise
bifatorial se os deslocamentos obtidos são dependentes da massa e altura em queda livre utilizadas
nos ensaios e descartar a possibilidade de outros fatores terem influenciado os resultados. A
hipótese nula 𝐻0 assume que os resultados obtidos são independentes dos fatores de ensaio; a
hipótese alternativa 𝐻1 assume que os resultados são dependentes de pelo menos um dos fatores,
ambos, para um valor de confiança de 95%.

3.5.1. Análise de variância para os dados da tabela 3.

Tabela 5. Análise de variância bifatorial “El Testarazo”.


Graus de Soma de Média de Valor
F f
liberdade quadrados quadrados crítico de F
Regressão 2 1.04213E-08 5.2107E-09 2866.0866 4.2148E-20 0.05146909
Restos 15 2.72706E-11 1.818E-12
Total 17 1.04486E-08

Como a função de distribuição f < F, a hipótese nula 𝐻0 é descartada e a hipótese alternativa é

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aceita; portanto, afirma-se que os resultados de deslocamento obtidos são dependentes de pelo
menos um dos fatores massa e / ou altura de queda livre com um valor de confiança de 95%.

Tabela 6. Análise de variâncias (massa-deslocamento) “El Testarazo”.


Graus de Valor
Origem das Soma de Média de Probabilidad
liberdad F crítico para f
variações cuadrados quadrados e
e F
Entre
grupos 20018.428 1 20018.4283 93.677634 5.0095E-11 4.1490974 0.0039
Dentro dos
grupos 6838.2352 32 213.694853

Total 26856.663 33

Como no caso bifatorial, a partir dos valores da Tabela 6, a hipótese nula é descartada e a hipótese
alternativa é aceita, pois f <F; pode-se afirmar que os deslocamentos obtidos são dependentes da
massa aplicada com um valor de confiança de 95%.

Tabela 7. Análise de variâncias (altura-deslocamento) “El Testarazo”.


Valor
Origem das Soma de Graus de Média dos
F Probabilidade crítico f
variações quadrados liberdade quadrados
para F
Entre 19.1791177
grupos 2 1 19.1791 20252.1 2.061E-46 4.149097 0.00399
Dentro dos
grupos 0.03030448 32 0.00095

Total 19.2094222 33

Como pode ser visto na tabela 7, f <F o que permite descartar a hipótese nula, portanto os
deslocamentos obtidos são dependentes das alturas de queda das massas com um valor de confiança
de 95%.

3.5.2. Análise de variância para os dados da tabela 4.

Tabela 8. Análise de variância bifatorial “El Gavilán”.


Graus de Soma de Média dos Valor crítico de
F f
liberdade quadrados quadrados F
Regressão 2 2.22636E-07 1.1E-07 322.93 1.93519E-12 0.051481683
Restos 14 4.82596E-09 3.4E-10
Total 16 2.27462E-07

A Tabela 8 apresenta os resultados da análise de variância; uma vez que f <F, a hipótese nula 𝐻0
é descartada e a hipótese alternativa é aceita; Portanto, afirma-se que os resultados de deslocamento
obtidos são dependentes de pelo menos um dos fatores massa e / ou altura de queda livre com um
valor de confiança de 95%.

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Tabela 9. Análise de variâncias (massa-deslocamento) “El Gavilán”.


Valor
Origem das Soma de Graus de Média dos
F Probabilidade crítico f
variações quadrados liberdade quadrados
para F
Entre 22518.639 4.1490974
grupos 22518.64 1 1 105.37 1E-11 4 0.00399430
Dentro dos 213.69485
grupos 6838.235 32 2

Total 29356.87 33

Da análise da Tabela 9, a hipótese nula é descartada e a hipótese alternativa é aceita uma vez que f
<F; pode-se afirmar que os deslocamentos obtidos são dependentes da massa aplicada com um
valor de confiança de 95%.

Tabela 10. Análise de variâncias (altura-deslocamento) “El Gavilán”.


Valor
Origem das Soma de Graus de Média dos
F Probabilidade crítico f
variações quadrados liberdade quadrados
para F
Entre
grupos 19.31294 1 19.312944 9230.5 6E-41 4.1490974 0.0039943
Dentro dos
grupos 0.066953 32 0.0020922

Total 19.3799 33

Conforme ilustrado na Figura 10, f <F; a hipótese nula é descartada, de forma que os deslocamentos
obtidos são dependentes das alturas de queda das massas com um valor de confiança de 95%.
A decisão quanto à análise de variância dos dados obtidos nas medições de campo de ambas as
pontes; pode-se afirmar que os resultados dos deslocamentos medidos dependem das massas
utilizadas no impacto e suas alturas de queda livre com um nível de confiança de 95%, da mesma
forma, também se afirma que são os fatores de maior influência com uma probabilidade maior que
99%.

3.6. Estimativa do fator de dano.


A partir do processamento numérico dos sinais das Figuras 8 e 9, foram obtidos os espectros de
velocidade e deslocamento; Conhecendo as alturas de queda das massas, procedemos à construção
dos gráficos energia cinética-deslocamento, utilizando (9) para estimar a energia cinética. As
Figuras 11 e 12 mostram os gráficos de energia cinética em relação aos deslocamentos médios para
os dois casos de estudo.

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global 105
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𝐴𝑆𝑈𝑃 𝐴𝑆𝑈𝑃
M-25
M-25
M-50
𝐴𝑖𝑛𝑓 M-50
𝐴𝑖𝑛𝑓
M-75
M-75

Deslocamento (m) Deslocamento (m)


Figura 11. Relação Energia Cinética- Figura 12. Relação Energía Cinética-
deslocamento, ponte “El Testarazo” deslocamento, ponte “El Gavilán”

Os valores obtidos para a redução por dano do momento de inércia de acordo com (10) e (11), são
apresentados na tabela 11; as áreas correspondem às superfícies superior e inferior dos 3 pontos.

Tabela 11. Valores de modificação para as propiedades geométricas (I).


Ponte “El Testarazo” “El Gavilán”
𝐴𝑠𝑢𝑝 21.1165 89.50145
𝐴𝑖𝑛𝑓 23.0434 114.803
∆𝐾 0.916 0.78

4. RESULTADOS
Para obter as forças efetivas que definiram os valores da rigidez real presente em função do impacto
das massas dos ensaios de campo, (11) foi aplicado.
A Tabela 12 mostra os resultados das forças e dos deslocamentos médios obtidos que serviram para
obter os valores médios da rigidez real do ponto das superestruturas dos casos em estudo.

Tabela 12. Valores de forças efetivas e deslocamentos médios.


𝒏
𝑰𝒄𝒓𝒕 𝑰𝑫 ̅̅̅̅
𝑳 𝑬 ∑ 𝜹𝒊 (𝒎) 𝑭 𝑹
PONTE (𝒎𝟒 ) (𝒎𝟒 )
(m) (MPa) 𝒊=𝟏 (N)

El Testarazo 12.50 23414 0.1108 0.1015 0.0000876954 5121.88


El Gavilán 32.00 23414 1.199 0.9352 0.00043612 13988.70

Com os valores médios dos deslocamentos e das forças reais obtidas, aplicando-se (12) os valores
da rigidez real dos elementos em estudo foram obtidos. O contraste foi realizado com os valores
obtidos do produto EI pelos cofatores invariantes de rigidez ilustrados nas Figuras 6 e 7,
respectivamente, para cada ponte; os resultados são apresentados na tabela 13.

Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
106 de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

Tabela 13. Valores de rigidez real, rigidez de projeto e porcentagem de dano.


Massa ̅/100
𝜹 ̅̅̅
𝑭𝒓 ̅̅̅̅
𝑲𝑹 𝑲𝑬 𝒅𝒆
PONTE
(kg) (m) (N) (MN/m) (MN/m) (%)

0.0087695
El Testarazo 75 5121.88 58.405 66.432 12.08
5
El Gavilán 75 0.043612 13988.70 32.075 41.136 22.03

Avaliando o status dos estudos de caso, é importante esclarecer que o índice de danos para
estruturas saudáveis deve ter um valor nulo; de acordo com a Tabela 14, que resume os resultados
obtidos, afirma-se o seguinte: Para a ponte "El Testarazo" construída com lajes maciças, o valor do
índice de avaria é de 12,08%, o que indica que a estrutura tem 87,9% do seu original capacidade;
Pode-se interpretar que, ao longo da vida útil, a superestrutura perdeu rigidez de 12,08% em relação
ao estado original, acumulando danos irreversíveis, que se manifestam (manifestação patológica)
por deflexão excessiva e fissuras transversais alternadas no centro do vão.
A evidência apresentada na fig. (10), onde se pode observar que os três pontos obtidos para as
diferentes massas formam duas retas com diferentes inclinações com comportamento decrescente,
mostrando que o estado da estrutura ultrapassou o limite de proporcionalidade. No caso da ponte
“El Gavilán” construída com vigas, lajes e diafragmas de concreto armado com desvio de 48 °, o
índice de avarias resultante é de 22,03%, o que indica que tem uma capacidade de 77,97% em
relação à sua capacidade projetada, que combina rachaduras e curvatura excessiva na estrutura. É
importante esclarecer que a rigidez ao deslocamento vertical depende da contribuição para a flexão
e torção (Deng Kai, 1998).
Sob esta consideração, o índice de dano calculado expresso na tabela 13 inclui a redução da rigidez
à flexão e torção, mas não é possível distinguir qual porcentagem corresponde a cada grau de
liberdade.

5. CONCLUSÕES
O uso da invariante de rigidez permitiu obter valores de índices de danos dos casos estudados de
acordo com suas condições físicas. O procedimento é relativamente simples, principalmente
quando se dispõe das informações utilizadas na sua construção. A facilidade na análise para obter
os dados de comparação, assim como a facilidade com que os valores reais de rigidez são obtidos
na atualidade, são as principais vantagens do método.
As desvantagens que existem, sobretudo, correspondem à etapa de medição em campo, uma vez
que requer condições ambientais de temperatura constante e a ausência de vento. Outra
desvantagem é que para pontes esconsas, uma análise mais refinada é necessária para obter a
variável de rigidez, uma vez que os percentuais de redução correspondentes tanto à rigidez à flexão
quanto à rigidez por torção não são apreciados com o procedimento proposto.
O método é regido por princípios energéticos, pode ser utilizado em estruturas de concreto armado
e protendido com uma aproximação aceitável, pois a quantidade de energia de deformação inclui
a área da região que forma as secantes com a curva força-deslocamento real e corresponde ao erro
do método. Este erro é uma pequena porção do trabalho realizado que é adicionada à energia de
deformação, portanto as massas de ensaio devem ser escolhidas com os menores incrementos
possíveis a fim de minimizar o erro ou, na falta disso, estimar o erro logisticamente ajustando os
três pontos e obtenção da área dos arcos a ser subtraída da energia de deformação e adicionada ao
trabalho realizado. O desenvolvimento de ajuste por engano está fora do escopo deste trabalho.
Outra limitação na utilização do método é que o peso da própria estrutura seja parte importante da
carga de serviço, por isso é recomendado para uso em pontes de laje e vigas.
Proposta de avaliação de danos para duas pontes localizadas na rodovia No. 14 no estado
de Sonora, México, usando a variável de rigidez como parâmetro de comparação global 107
Ramos-Torres, G., Navarro-Gòmez, H., Perez-Isidro, E., Gautherau-Lopez, J., Palma-Quiroz. I.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 89 – 108

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Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto armado conforme


ABNT NBR 6118, 2014.

M. D. Rossato1*, G. S. Munhoz2 , R. B. P. dos Santos1, L. M. O. Scoz1


* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.515

Recepção: 16/09/2020 | Aceitação: 20/01/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
Nesse estudo de caso, a segurança à fadiga de uma ponte projetada em 1987 foi verificada segundo a
norma vigente brasileira. Elaborou-se um modelo estrutural para determinar e verificar a seção mais
crítica considerando o trem-tipo e o espectro de veículos da literatura. Segundo o método de limitação
de variação de tensões, conclui-se que o concreto sujeito à compressão atende aos critérios, mas a área
de aço não é suficiente para combater os esforços cortante e de flexão. Pela regra de Palmgren Miner, a
vida útil à fadiga nas armaduras sujeitas à flexão é de 14,91 anos. Uma análise mais detalhada da
estrutura e do espectro de veículos é necessária para reiterar tais resultados.
Palavras-chave: fadiga; ponte; regra de Palmgren-Miner; vida útil.

Citar como: Rossato, M. D., Munhoz, G. S., P. dos Santos, R. B., Scoz, L. M. (2021), "Verificação
de Segurança à fadiga de pontes em concreto armado conforme ABNT NBR 6118, 2014.", Revista
ALCONPAT, 11 (2), pp. 109 – 123, DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.515
_______________________________________________________________
1
Departamento de Engenharia Civil, Escola do Mar, Ciência e Tecnologia, Universidade do Vale do Itajaí - UNIVALI,
Itajaí, Brasil.
2
Departamento de Construção Civil, Universidade Federal do Paraná - UFPR, Curitiba, Brasil.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, Mateus Damo Rossato: Conceptualização, Metodologia, Escrita - Projecto Original. Guilherme da Silva Munhoz:
Redação - Revisão e Edição, Visualização. Lucas Matheus de Oliveira: Validação. Análise formal. Rúbia Bernadete Pereira dos Santos:
Supervisão.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 109 – 123 109
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 109 – 123

Safety verification of fatigue of bridges in reinforced concrete according to


ABNT NBR 6118,2014.

ABSTRACT
In this case study, the fatigue security of a bridge designed in 1987 was examined considering the
current Brazilian standard. A structural model was developed to determine and verify fatigue
security in the most critical section considering the Brazilian Load Model and the literature’s
vehicle spectrum. According to the stress variation method, it concludes that the concrete
submitted to compression meets the minimum criteria, but the steel section is not enough to resist
shearing and flexural stresses. Pursuant to the Palmgren-Miner rule, the fatigue service life of the
reinforcement’s bars under flexural stress is 14,91 years. A more detailed structural analysis of the
bridge and the vehicle spectrum is necessary to confirm these results.
Keywords: fatigue; bridge; Palmgren-Miner rule; service life.

Verificación de seguridad de la fatiga de puentes en hormigón armado según


ABNT NBR 6118:2014.

RESUMEN
En este estudio, se verificó la seguridad a la fatiga de un puente proyectado en 1987 según la
normativa brasileña vigente. Se construyó un modelo estructural para determinar y verificar la
sección más crítica considerando el modelo estándar brasileño y el espectro de vehículos en la
literatura. Según el método de variación de esfuerzos, se concluye que el hormigón sometido a
compresión cumple con los criterios, pero la sección de acero no es suficiente para resistir los
esfuerzos cortantes y de flexión. Por la regla de Palmgren-Miner, la vida útil a la fatiga de las
armaduras sometidas a flexión es de 13,91 años. Es necesario un análisis más detallado de la
estructura y del espectro de carga para confirmar estos resultados.
Palabras clave: fatiga; puente; regla de Palmgren-Miner; vida útil.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto


110 armado conforme ABNT NBR 6118, 2014.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 109 – 123

1. INTRODUÇÃO
No Brasil, o transporte de bens e pessoas acontece, majoritariamente, por meio de uma vasta malha
rodoviária, com aproximadamente 1,7 milhão de quilômetros de extensão. A movimentação de
cargas nesse modal corresponde a 61% da matriz nacional de transportes (CNT, 2018). Nesse
contexto, (Baroni, 2010) defende que as obras de arte especiais (OAEs) - pontes e viadutos - são
elementos fundamentais do sistema de transportes, e assegurar sua funcionalidade, segurança e
durabilidade é de suma importância.
Nas últimas décadas, a falta de políticas de manutenção e reparo das OAEs no Brasil têm
contribuído para acelerar o processo de desgaste e deterioração dessas estruturas. Grande parte das
pontes brasileiras foi construída entre os anos 50 e 70 e, portanto, projetadas por normas que não
previam os carregamentos, nem a intensidade de tráfego existentes atualmente (Silva et.al., 2018).
Os principais danos que comprometem o desempenho das OAEs estão relacionados à corrosão, ao
impacto físico e à erosão de fundações. Entretanto, (Fathalla et.al., 2018) apontam que a vida útil
de pontes e viadutos também está diretamente associada às variações cíclicas de tensão devido ao
tráfego de veículos. (Hobbacher et.al., 2016) aponta que após um determinado número de ciclos de
carga-descarga, tem-se a formação e a propagação de fissuras que podem levar ao colapso da
estrutura por fadiga. (Gao et.al., 2020) estudaram a vida útil à fadiga (VUF) de pontes com
estruturas mistas aço-concreto e observaram que, nesse caso, a resistência do concreto teve pouco
impacto na determinação da VUF. Isso foi reiterado por (Santos, 2013), que provou que o colapso
por fadiga pode acontecer com tensões inferiores ao limite elástico do conjunto aço-concreto.
A norma brasileira (ABNT NBR 6118, 2014) é utilizada para avaliar os danos em estruturas de
concreto devido às ações cíclicas. Essa norma determina os critérios que devem ser adotados para
a verificação do estado limite último à fadiga (método de vida ilimitada) e do estado limite de
serviço. Nesse caso, a verificação à fadiga por meio da limitação de tensões é preferencialmente
recomendada, fazendo o uso dos carregamentos presentes na (ABNT NBR 7188, 2013).
O carregamento proposto pela norma brasileira (ABNT NBR 7188, 2013), que aborda as cargas
móveis para pontes rodoviárias e substituiu a (ABNT NBR 7188, 1984), não apresenta
configurações sobre o tráfego de veículos reais, mas um carregamento hipotético, denominado
trem-tipo. Além disso, é prevista uma carga uniformemente distribuída por unidade de área,
visando representar a passagem de veículos leves ou multidão. Excepcionalmente, caso o espectro
de cargas esteja disponível, pode-se utilizar a regra de Palmgren-Miner, que também permite
determinar a vida útil da estrutura à fadiga. Segundo esse método, supõe-se que os danos à fadiga
se acumulam linearmente com o número de ciclos sendo esses danos denominados, conforme
(Fan e Sun, 2019), como o processo de deterioração que culmina com a redução da área resistente
da seção transversal.
Esse estudo foi desenvolvido com o objetivo de verificar a segurança à fadiga de uma ponte
projetada em 1987 conforme a (ABNT NBR 6118, 2014). Foram utilizados dois métodos, limitação
de variação de tensões e vida útil à fadiga. Para tal, estudou-se a situação mais crítica da estrutura
– a viga longarina no meio do vão central.

2. CONTEXTUALIZAÇÃO
2.1. O mecanismo da fadiga na deterioração de pontes
De acordo com (Yadav e Thapa, 2020), a fadiga é um mecanismo de falha estrutural que ocorre
em um material submetido a variações de tensões repetitivas, ou seja, que oscilam de forma
intermitente durante um determinado intervalo de tempo. O conjunto das etapas de carga e descarga
é denominado ciclo. Vários ciclos culminam com o surgimento de microfissuras ou com a
propagação de microfissuras pré-existentes, podendo causar o colapso da estrutura (Cervo, 2004).

Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto


armado conforme ABNT NBR 6118, 2014. 111
Rossato, M. D., Munhoz, G. S., P. dos Santos, R. B., Scoz, L. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 109 – 123

Quanto maior for a magnitude dos carregamentos intermitentes, menor será o número de ciclos
necessários para romper a estrutura (BT/PCC, 2000).
As pontes e os viadutos são estruturas sujeitas ao fenômeno de fadiga pela acumulação de danos
decorrentes da atuação de ciclos não uniformes de variação de tensão ocasionados pela passagem
de veículos com diferentes características. A verificação desse fenômeno em estruturas de obras de
arte especiais, principalmente em situações de tráfego intermitente, é essencial para garantir a
segurança estrutural (Santos e Pfeil, 2014).
(Callister e William, 2008) afirmam que a ruptura por fadiga é de natureza frágil, ou seja, existe
pouca (ou nenhuma) deformação plástica generalizada. De modo geral, o colapso ocorre com a
propagação de fissuras, e com a superfície de fratura perpendicular à direção de aplicação da tensão.
Contudo, no âmbito do concreto, o (Comité Euro-International du Béton, 1988) defende que não
existe colapso exclusivamente por fadiga. Nesse caso, a ruptura das estruturas de concreto acontece
devido à deterioração progressiva das fissuras causadas pelo carregamento cíclico.
Considerando as estruturas em concreto armado, (Meneghetti, 2007) comprovou que a fadiga das
armaduras, normalmente, não é um fator relevante. Contudo, devido ao emprego cada vez maior
de estruturas sujeitas a carregamentos cíclicos e dimensionadas com base no estado de ruptura
(estado limite último), é importante que os efeitos associados à fadiga sejam analisados.

2.2. Durabilidade e vida útil à fadiga


A norma (ACI 318, 2019) ressalta que a durabilidade das estruturas diz respeito à capacidade em
resistir aos processos de degradação, preservando sua integridade quando exposta ao ambiente para
o qual foi projetada. Nesse contexto, a norma brasileira (ABNT NBR 15575, 2013) define vida útil
de projeto (VUP), como o intervalo de tempo no qual a estrutura mantém os seus requisitos de
durabilidade e desempenho, atendendo aos objetivos para o qual foi proposta.
De acordo com (Branco e Paulo, 2012), uma estrutura atinge sua VUP quando são detectadas
manifestações patológicas (estéticas ou estruturais) que prejudicam o seu desempenho. No entanto,
há operações de manutenção que permitem restaurar a vida útil das estruturas deterioradas.
Ao contrário do termo VUP, que aborda a vida útil da estrutura como um todo, a VUF é mais
restrita, e está associado especificamente ao intervalo de tempo necessário para as tensões cíclicas
promoverem e propagarem a fissuração no elemento estrutural. (Baroni, 2010) defende que a VUF
não culmina, necessariamente, com o colapso da estrutura, mas com fissuras em dimensões críticas
que podem ser objeto indireto da falha. Dessa forma, ao longo da VUP de pontes e viadutos, o
tráfego de veículos não deve promover variações excessivas de tensões que provoquem o
enfraquecimento da estrutura perante à fadiga.

3. METODOLOGIA
3.1. Caracterização da ponte sobre o Rio Chapecó
A ponte sobre o Rio Chapecó foi projetada em 1987, com o objetivo de interligar as cidades de
Xaxim e São Domingos, ambas no estado de Santa Catarina - Brasil. A ponte sob estudo possui
170 m de extensão total (longitudinalmente), distribuídos em 3 vãos centrais de 33,60 m, 2 vãos de
28,00 m (um para cada lado) e 2 vãos de 6,60 m, um em cada extremidade.
O tabuleiro da ponte possui uma largura total de 9,00 m, dos quais 7,20 m são destinados às faixas
de rolamento, e duas faixas de 0,90 m (uma em cada bordo) são destinadas à circulação de pedestres
e ciclistas. A laje do tabuleiro é apoiada sobre duas vigas longarinas (30x170 cm), seis vigas
transversinas de seção 30x170 cm (uma em cada apoio), e dez vigas transversinas de seção
30x170 cm (duas em cada vão – com exceção dos vãos de extremidade). O perfil transversal do
vão central da ponte é ilustrado na Figura 1A. Para a confecção das vigas foi utilizado concreto
com resistência característica à compressão de 20 MPa e aço CA-50 para as armaduras.

Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto


112 armado conforme ABNT NBR 6118, 2014.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 109 – 123

(A) (B)
Figura 1. (A) Perfil transversal da ponte sobre o Rio Chapecó; (B) Seção transversal, em
centímetros, do trecho investigado da longarina (Adaptado do Departamento de Estradas de
Rodagem de Santa Catarina, 1987).

Uma análise estrutural preliminar da ponte revelou que a condição mais crítica frente à fadiga
acontece no meio dos vãos centrais da ponte. Sendo assim, optou-se por determinar a VUF das
longarinas presentes nessa seção (Figura 1B).

3.2. Determinação dos esforços atuantes


O modelo estrutural foi construído considerando as cargas permanentes e móveis, e os respectivos
coeficientes de ponderação das cargas verticais (CPV), conforme a (ABNT NBR 7188, 2013). A
determinação da linha de influência e da envoltória de solicitações foi feita por meio do software
Ftool (2018), que permite a análise de estruturas no plano.
Conforme recomenda a norma brasileira (ABNT NBR 6118, 2014), para a verificação à fadiga, os
esforços solicitantes no aço e concreto foram determinados no regime elástico, e o cálculo das
tensões decorrentes da flexão composta, no Estádio II – desconsiderando a resistência à tração do
concreto. Em relação aos momentos fletores, foi adotada a combinação de ações para o estado
limite de serviço (ELS) à fadiga, indicado pela respectiva norma.
Para a determinação do momento resistente e dos demais esforços atuantes na estrutura foram
utilizados as equações de equilíbrio de forças e as de (Pfeil, 1989), respectivamente. Quanto ao
cálculo das tensões atuantes nas armaduras longitudinais e concreto, adotou-se as equações (1) –
(2), de (Süssekind, 1980), e Equação (3) da (ABNT NBR 6118, 2014) para as armaduras
transversais (α=90º).

M * (d - x)
σs = n * (1)
III
M*x
σc = (2)
III
Vd - Vc
σv = ( ) * Sw (3)
0,9 * Asw * d

Onde σs representa a tensão nas armaduras tracionadas (kN/cm²); n é a divisão entre o módulo de
elasticidade do aço e do concreto; M é o momento de inércia (kN.cm); d é a distância da face

Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto


armado conforme ABNT NBR 6118, 2014. 113
Rossato, M. D., Munhoz, G. S., P. dos Santos, R. B., Scoz, L. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 109 – 123

comprimida ao centro de gravidade das armaduras tracionadas (cm); x é a linha neutra (cm); III
representa a inércia equivalente no Estádio II (cm4); σc é a tensão de compressão no concreto
(kN/cm²); σv é a tensão nas armaduras transversais (α=90º) (kN/cm²); Vd é o esforço cortante de
projeto que atuará nos estribos (kN); Vc é o esforço cortante absorvido por mecanismos
complementares (concreto); e, Asw é a área de aço transversal necessária ao longo de 1 m (cm²/m).
Uma análise estrutural revelou que o meio do maior vão da estrutura apresentava o ponto de maior
variação de tensão para as armaduras sujeitas à flexão e cisalhamento, e para o concreto submetido
à compressão simples. Assim, a verificação à fadiga – segundo os critérios da (ABNT NBR 6118,
2014) – foi feita sobre essa seção (condição crítica). Quanto à variação de tensão, essa é a diferença
entre a máxima e a mínima tensão calculada, caso esses valores tenham sinais contrários, a
diferença será entre 0 (zero) e o maior valor em módulo. No caso de pontes, essa variação de tensão
será a relação entre os esforços atuantes devido às cargas permanentes com as ocasionadas pelas
cargas móveis mais as cargas permanentes.
Além disso, criou-se o modelo da estrutura com os carregamentos especificados na
(ABNT NBR 7188, 1984 e NB-2, 1961), a fim de comprovar que a ponte foi projetada conforme
as normas vigentes na época. Isso também permitiu validar o método de cálculo da resistência das
armaduras por meio das equações de equilíbrio de forças e o modelo representativo da ponte.

3.3. Verificação de segurança à fadiga


A verificação de segurança à fadiga da ponte foi feita conforme as orientações da
(ABNT NBR 6118, 2014) por duas metodologias: limitação de tensões e vida útil à fadiga. Quanto
à primeira metodologia, devem ser considerados a verificação pelo estado limite último (ELU) à
fadiga (método de vida ilimitada) e estado limite de serviço. Neste trabalho, apenas será realizado
adotando-se a estrutura no ELU.

3.3.1 Limitação de tensões


A verificação de segurança à fadiga pelo método de limitação de tensões foi feita conforme as
normas vigentes para avaliar a seguridade da estrutura frente aos danos causados por ações cíclicas.
A verificação de segurança seguiu as recomendações da (ABNT NBR 6118, 2014), e foi feita
considerando a combinação frequente de ações, conforme a (ABNT NBR 8681, 2004). O cálculo
das cargas móveis foi feito conforme o trem-tipo da (ABNT NBR 7188, 2013), posicionado no
ponto mais desfavorável da estrutura.
Conforme recomenda a (ABNT NBR 6118, 2014), a verificação foi realizada no concreto sujeito
à compressão e nas armaduras sujeitas à flexão e cisalhamento. A análise estrutural não identificou
esforços de tração no ponto estudado, portanto, a verificação de segurança do concreto sujeito à
tração foi desprezada.

3.3.2 Vida útil à fadiga


A verificação da VUF da ponte foi realizada para as armaduras sujeitas à flexão, no meio do maior
vão. Esta, teve como base as orientações da (ABNT NBR 6118, 2014), que apresenta a curva S-N
para as armaduras de estruturas em concreto armado. De acordo com (Bolotin, 1998), as curvas de
fadiga foram introduzidas em 1860 pelo alemão August Wӧhlner. A curva relaciona a magnitude
dos ciclos de tensão e o número de ciclos necessários para levar o material à ruptura.
Segundo a (ABNT NBR 6118, 2014), para utilizar um espectro real de cargas (ou da literatura),
deve-se considerar a regra de Palmgren-Miner, que relaciona o número N (número de ciclos para
romper a estrutura por fadiga, para certa variação de tensão), com o número de ciclos
experimentados (n). Assim, o cálculo da VUF é dado pela Equação (4). De acordo com (ACI 215R-
74, 1997; Nussbaumer et. al., 2011), os danos à fadiga devem ser acumulados de forma linear,
assumindo o fim da vida útil quando o somatório for igual a 1.

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1
VU = (4)
D

Onde VU representa a vida útil; e D, o dano acumulado.


Para a frequência de passagem dos veículos, adotou-se a apresentada por (Rossigali, 2013). E,
quanto ao número de ciclos N (dano) do aço, este foi calculado de acordo com as
Equações (5) – (6), proposta por (Bolotin, 1998) e oriunda de curvas S-N como a presente na
(ABNT NBR 6118, 2014).

m
n1 n2 n3 ni dn
D= + + +...= ∑ =∫ ≤1 (5)
N1 N2 N3 Ni N
i=1

Sb m
N = Nb * ( ) (6)
S

Onde D representa o dano acumulado; ni é o número de ciclos aplicados no i-ésimo nível de tensão;
Ni: é a vida em fadiga do i-ésimo nível de tensão que corresponde ao número de ciclos até a falha
nesse nível; N é o número de ciclos associados à ruptura por fadiga; Nb é uma constante
adimensional que advém das curvas S-N, da Norma (ABNT NBR 6118, 2014); Sb é uma constante
com unidade de tensão; S é a tensão no material; e, m é o expoente da curva de fadiga.
Todos os valores das cargas de cada veículo foram majorados pelos CPV da
(ABNT NBR 7188, 2013). Por conseguinte, inseriu-se de forma individual o carregamento para as
respectivas tipologias do espectro do tráfego da literatura, juntamente com o peso próprio da
estrutura, determinando-se os momentos fletores máximos e mínimos no meio do maior vão.
Conforme orientação da (ABNT NBR 6118, 2014), adotou-se o índice da relação do módulo de
elasticidade do aço (Es) e do concreto (Ec) como 10; e ignorou-se o dano causado por veículos
com cargas inferiores a 30 kN. Quanto à linha neutra (XII) e a inércia (III) da seção no Estádio II, e
a distância da face comprimida da viga ao centro de gravidade das armaduras tracionadas (d), estes
serão os mesmos utilizados na verificação à fadiga por limitação de variação de tensão.
Dado que a determinação da VUF foi realizada para as armaduras à flexão da longarina, utilizou-
se da Equação 1 para a determinação da tensão atuante nas mesmas devido aos carregamentos de
veículos e peso próprio.
Quanto à caracterização do espectro de veículos, essa foi realizada com base na literatura com o
objetivo de determinar o carregamento atuante sobre a estrutura e a VUF. Considerando a
impossibilidade de realizar a medição do tráfego de veículos atual, utilizou-se a base de dados
descrita por (Rossigali, 2013; Santos, 2013). Segundo os autores, o tráfego pesado de veículos
comerciais pode ser representado por 27 classes com diferentes dimensões (longitudinal e
transversal), diferentes distâncias entre eixos, e diferentes cargas por eixo. Um exemplo das
características de uma das 27 classes estudadas (2CC) é apresentado na Tabela 1. A caracterização
dos veículos pesados que trafegam no sistema rodoviário brasileiro, descrita por (Rossigali, 2013;
Santos, 2013), foi feita em diferentes intervalos (1999 - 2011) e com o auxílio de diferentes
administradoras de rodovias.

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Tabela 1. Frequência relativa da classe de veículo 2CC, por faixa de peso.


Peso Frequência Frequência
Dimensões do veículo e seus Faixa de Volume
Silhueta total absoluta relativa
eixos peso (veic/dia)
(kN) (%) (%)
2 eixos simples sendo: 1 eixo de 1 18,93 0,260 15,60 2,35
rodas a 1,20 m da dianteira; 2 37,28 1,995 119,70 18,03
1 eixo de rodas duplas a 3,84 m 49,61
3 55,62 5,490 329,40
do primeiro eixo;
Balanço traseiro = 1,75 m; 4 73,96 2,609 156,54 23,58
Largura total = 2,20 m; 5 92,31 0,634 38,04 5,73
Distância transversal entre pneus 0,33
6 110,65 0,037 2,22
adjacentes = 0,25 m;
Bitola dos eixos (distância entre 7 128,99 0,022 1,32 0,20
os centros de rodas) = 1,70 m. 8 147,34 0,019 1,14 0,17

O tipo de veículo (de acordo com a classe) e o número de veículos (em cada classe) influencia
diretamente na intensidade dos momentos fletores, ciclo de tensões e, consequentemente, no dano
à fadiga. O volume de veículos em cada classe foi determinado multiplicando o volume médio
diário pela frequência absoluta (em cada faixa de peso, de cada classe).
De acordo com (Rossigali, 2013), rodovias com apenas uma faixa por sentido (como é o caso da
ponte sob estudo) apresentam um volume médio diário de 6 mil veículos por dia. A frequência
absoluta representa o número de observações de cada faixa em relação ao número total de
observações. A frequência relativa é a relação entre o volume de veículos de uma mesma classe. O
total de veículos em cada classe é apresentado na Tabela 2.

Tabela 2. Volume de veículos para cada uma das 27 classes (considerando todas as faixas).
Volume Volume Volume Volume
Classe Classe Classe Classe
(veículos) (veículos) (veículos) (veículos)
2CC 663,96 3C3 15,30 2I3 22,26 3T4 278,40
2C 745,32 3D4 9,60 3S1 10,14 3T6 51,18
3C 1026,96 2S1 268,92 3S2 44,52 3M6 10,02
4C 8,70 2S2 718,08 3S3 368,82 2CB 477,12
2C2 89,88 2S3 681,24 3I1 12,72 3CB 122,16
2C3 16,62 2I1 8,82 3I2 7,86 3BB 122,16
3C2 17,10 2I2 106,98 3I3 95,16 - -
Total 6000

A posição dos veículos também influencia no diagrama de tensões. Nesse trabalho, adotou-se a
posição dos veículos, do espectro da literatura, no centro da faixa conforme recomendações do
(Departamento Nacional de Infraestrutura e Transporte, 2005) e (Toledo, 2011). Para a construção
da envoltória de esforços, as cargas devido ao tráfego foram majoradas pelos coeficientes de
ponderação das cargas verticais da (ABNT NBR 7188, 2013).

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Propriedades mecânicas da longarina
A largura colaborante da mesa superior, linha neutra e inércia da longarina foram determinadas no
Estádio II. Com esses resultados, calculou-se o momento resistente da estrutura para que pudesse
ser realizados reforços estruturais, caso ele fosse inferior ao determinado com os carregamentos da
(ABNT NBR 7188, 2013).

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Deste modo, dado que a largura colaborante da mesa superior é igual a 401,60 cm, linha neutra da
seção no estado último (x) igual a 10,35 cm, linha neutra da seção no Estádio II (x2) igual a
32,45 cm, tem-se que o momento de inércia (Mk) é igual a 6.512,37 kN.m e o momento resistente
(I2) igual a 4,05x107 cm4.
Considerando que a ponte foi projetada sob a (ABNT NBR 7188, 1984) (norma vigente à época do
projeto), modelou-se a estrutura considerando os carregamentos permanentes, o trem-tipo de
300 kN, e o coeficiente de impacto (φ) de 1,23, especificado na (ABNT NBR NB-2, 1961),
conforme indicado por (Pfeil, 1979). O resultado é apresentado na Figura 3.

Figura 3. Envoltória de esforços devido ao trem-tipo 300 e φ=1,23.

Observa-se que o valor do momento fletor no meio do vão central é de 6.720,64 kN.m, portanto,
próximo do calculado por meio das equações de equilíbrio de forças, com uma diferença de apenas
208,27 kN.m ou aproximadamente 3,2 %. Desta forma, atesta-se que a ponte foi projetada
conforme as normas vigentes na época (1987), valida-se a metodologia do cálculo da resistência
das armaduras por meio das equações de equilíbrio de forças e o modelo representativo da estrutura
da ponte.

4.2. Verificação à fadiga


Os esforços à fadiga foram determinados segundo os carregamentos da (ABNT NBR 7188, 2013).
Após determinar as cargas permanentes e majorar o trem-tipo (TB-450 kN) e a carga de multidão
pelos respectivos coeficientes (CPV = 1,60), obteve-se esforços cortantes máximos e mínimos de
467,43 kN e -467,38 kN, e momentos fletores máximo (8.904,07 kN.m) e mínimo (1.083,10 kN.m),
conforme ilustrado nas Figuras 4 e 5, no meio do maior vão da ponte.

Figura 4. Envoltória de esforços cortante com TB-450 e CPV da (ABNT NBR 7188, 2013).

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Figura 5. Envoltória de momento fletor com TB-450 e CPV da (ABNT NBR 7188, 2013).

Portanto, realizou-se a verificação à fadiga da ponte sobre o Rio Chapecó considerando as


recomendações da (ABNT NBR 6118, 2014) para as armaduras sujeitas à flexão, concreto
comprimido e para as armaduras de cisalhamento (estribos).

4.2.1 Armaduras à flexão


A seção da longarina verificada possui 24 barras de aço com diâmetro igual a 22,2 mm (Área de
aço = 92,90 cm²). Para esse diâmetro, a (ABNT NBR 6118, 2014) recomenda que a tensão nas
armaduras seja limitada a ∆𝑓𝑠𝑑,𝑓𝑎𝑑 = 180 MPa. Assim, considerando as propriedades mecânicas do
trecho da longarina estudada, realizou-se a verificação à fadiga das armaduras à flexão no meio do
maior vão da ponte sobre o Rio Chapecó, considerando os esforços do trem-tipo 450 kN e os
coeficientes de ponderação das cargas verticais da (ABNT NBR 7188, 2013).
Para a determinação das tensões máximas e mínimas atuantes nas barras adotou-se a Equação 1.
No trecho investigado, a variação da tensão (σsmax - σsmin) foi de 190,39 MPa, ou seja, maior que
o limite (180 MPa) para barras de 22,2 mm. Portanto, essa seção não é segura à fadiga.

4.2.2 Concreto à compressão


A verificação à fadiga do concreto no meio do vão da ponte foi realizada apenas à compressão,
pois este será o esforço atuante neste ponto. Assim, a (ABNT NBR 6118, 2014) recomenda que
esta tensão seja limitada a 45% da resistência de projeto do concreto. Além disso, a respectiva
norma argumenta que as tensões determinadas deverão ser obtidas em um trecho não maior que 30
cm da face comprimida. Assim, dado que a linha neutra no Estádio II foi igual a 32,45 cm, corrigiu-
se as variações de tensões por meio de semelhança de triângulos.
Para a determinação da variação de tensão, ocasionada devido aos momentos máximo e mínimo
no meio do maior vão da estrutura, fez-se uso da Equação 2. A variação da tensão de compressão
no ponto investigado foi igual a 3,56 MPa, menor do que o limite normativo (6,43 MPa). Deste
modo, a seção do concreto sujeito à compressão encontra-se segura à fadiga.
É importante salientar que, de acordo com (Al-Khaiat e Fattuhi, 2001; Elaty, 2014), o concreto
possui um ganho de resistência ao longo dos anos. Esse ganho de resistência depende de variáveis
como relação água/cimento, condições de exposição (temperatura, umidade) e regime de cura.
Apesar de uma maior resistência do concreto contribuir para reduzir os danos associados à fadiga,
essa consideração não pôde ser incluída no presente estudo devido a limitações administrativas.
Assim, optamos por fazer uma verificação assumindo a pior hipótese funcional, ou seja, mantendo
a resistência do concreto constante.

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4.2.3 Armaduras de cisalhamento


A seção da longarina sob investigação possui estribos de aço ϕ10,0 mm (Área de aço = 4,62 cm²/m),
espaçados em 17 cm. Para esse diâmetro, a (ABNT NBR 6118, 2014) recomenda que a tensão seja
limitada a ∆𝑓𝑠𝑑,𝑓𝑎𝑑 = 85 MPa. Conforme abordado por (Pfeil, 1979), a variação de tensão de
cisalhamento no meio do maior vão da ponte foi de 467,43 kN à -467,38 kN. Entretanto, considera-
se as tensões variando de 0 (zero) até o máximo valor, neste caso 467,43 kN.
Para a determinação da variação de tensão nas armaduras ao cisalhamento, adotou-se a Equação 3,
conforme a (ABNT NBR 6118, 2014). Quanto aos esforços, estes foram corrigidos para a
combinação segundo o estado limite de serviço (ELS) à fadiga.
A variação de tensão nas armaduras para o esforço cortante (estribos) no trecho investigado da
ponte foi de 122,26 MPa. Esse valor é superior ao limite (85 MPa) para barras de ϕ10,0 mm,
conforme (ABNT NBR 6118, 2014). Portanto, a seção sob cisalhamento não é segura à fadiga.

4.3. Dano acumulado e vida útil à fadiga


O cálculo do dano na estrutura deve considerar as tensões devido ao espectro real de veículos e à
curva S-N (Curva de Wöeller), da (ABNT NBR 6118, 2014), conforme descrita pela Equação 6. O
valor limite de tensão foi calculado com base nas armaduras do tipo T1, que de acordo com a
(ABNT NBR 6118, 2014) possui uma curva S-N com coeficientes angulares de k1 = 5 e k2 = 9. O
número limite de ciclos à fadiga adotado foi de N = 1x106 ciclos. Esse número representa o ponto
de mudança na inclinação da curva S-N. O valor limite da tensão calculada foi de 194,41 MPa.
Para valores de variação de tensão inferiores a 194,41 MPa, será considerado o trecho da curva
com inclinação igual a 9. Para variações acima do valor limite de N = 1x106, adotar-se-á inclinação
igual a 5. Considerando a Equação 5 com Nb igual a 1x106 ciclos, Sb igual a 194,41 MPa, expoente
da curva de fadiga (m) variando entre 5 e 9 e a tensão no material (S) devido à cada faixa de peso
para cada classe de veículo, determinou-se o número de ciclos N à fadiga.
Em seguida, adotando-se o volume de tráfego igual a 6.000 veic/dia (2,19 milhões/ano), calculou-
se o dano na estrutura e o acúmulo de dano ao ano (Dano), por meio da regra de Palmgren-Miner
(Equação 5), ou seja, somatório da divisão entre o número de veículos da classe e faixa de peso
passantes durante um ano e o número de ciclos de fadiga devido ao seu carregamento.
A vida útil da estrutura é atingida quando o somatório dos danos é igual a 1. Logo, ao calcular a
diferença entre o valor unitário e o dano total nas armaduras à flexão à fadiga durante um ano,
tem-se a vida útil das mesmas, em anos. A Tabela 3 apresenta o resultado do acúmulo de dano para
cada classe de veículo do espectro de (Rossigali, 2013), e a VUF, considerando os coeficientes de
ponderação das cargas verticais da (ABNT NBR 7188, 2013).

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Tabela 3. Acúmulo de dano e vida útil à fadiga da ponte sobre o Rio Chapecó.
Dano Dano
Classe Silhueta Tipo Classe Silhueta Tipo
Total Total

1,53E- Caminhão Trator + 3,18E-


2CC Caminhão 2I3
08 Semirreboque 04
Caminhão Trator
2,97E- 3,17E-
2C Caminhão 3S1 Trucado+
07 07
Semirreboque
Caminhão Trator
Caminhão 6,27E- 4,10E-
3C 3S2 Trucado+
Trucado 05 05
Semirreboque
Caminhão Trator
Caminhão 3,52E- 5,44E-
4C 3S3-C Trucado+
Simples 06 03
Semirreboque
Caminhão Trator
Caminhão + 2,19E- 9,29E-
2C2 3S3-L Trucado+
Reboque 06 03
Semirreboque
Caminhão Trator
Caminhão + 4,32E- 3,71E-
2C3 3I1 Trucado+
Reboque 05 04
Semirreboque
Caminhão Trator
3,92E- 1,69E-
3C2 Romeu e Julieta 3I2 Trucado+
05 05
Semirreboque
Caminhão Trator
8,38E- 5,01E-
3C3 Romeu e Julieta 3I3 Trucado+
05 03
Semirreboque
7,47E- 2,21E-
3D4 Romeu e Julieta 3T4 Bi Trem Articulado
04 02

1,37E- 7,88E-
2S1 Romeu e Julieta 3T6 Rodotrem
06 03
Caminhão Trator
3,17E- 3,04E-
2S2 Romeu e Julieta 3M6 Trucado + Dois
05 03
Semirreboques
6,63E- 1,35E-
2S3-C Romeu e Julieta 2CB Ônibus
03 06

5,75E- Ônibus Trucado 9,88E-


2S3-L Romeu e Julieta 3CB
03 Misto 06

1,55E- Ônibus Trucado 9,88E-


2I1 Romeu e Julieta 3BB
04 Misto 06

Caminhão Trator 2,15E- 6,71E-


2I2 ∑ soma
+ Semirreboque 05 02

Portanto, a vida útil da ponte sobre o Rio Chapecó, considerando o tráfego de veículos de Rossigali
(2013) majorados pelos coeficientes de impacto da (ABNT NBR 7188, 2013), é igual a 14,91 anos,
com um dano total acumulado de 6,71E-02 (unidade).

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo foi desenvolvido com o objetivo de verificar se uma ponte projetada em 1987,
conforme as normas vigentes à época (ABNT NBR NB-2, 1961; ABNT 7188, 1984) ainda
apresenta segurança à fadiga segundo as normas vigentes atuais (ABNT NBR 7188, 2013;
ABNT NBR 6118, 2014). Para tal, estudou-se a situação mais crítica da estrutura – a viga longarina
no meio do vão central. Com o desenvolvimento da presente pesquisa foi possível concluir que:
• Na verificação à fadiga das armaduras longitudinais sujeitas à flexão simples, considerando
as cargas da (ABNT NBR 7188, 2013), a tensão atuante foi de 190,39 MPa, ou seja, acima
do limite especificado pela norma, (180 MPa). Em relação às armaduras transversais, a
tensão atuante foi de, aproximadamente, 44 % superior ao limite especificado em norma,
também não atendendo aos critérios de segurança à fadiga;
• Na verificação do concreto à compressão, considerando as cargas da
(ABNT NBR 7188, 2013), o trecho investigado provou-se seguro, com uma tensão atuante
de 3,56 MPa, abaixo do limite de 6,43 MPa. Dessa forma, pode-se concluir que caso a
fadiga ocorresse na estrutura, ela aconteceria inicialmente nos estribos, e não no concreto;
• A VUF, devido ao tráfego de veículos reais do espectro de (Rossigali, 2013) e coeficientes
majoradores das cargas dinâmicas da (ABNT NBR 7188, 2013), foi de 14,91 anos. Isso,
pois os carregamentos vigentes considerados resultaram em tensões muito superiores ao
limite à fadiga das armaduras à flexão;
• Após os cálculos de verificação à fadiga pelo método de limitação de tensões e pelo
acúmulo de danos, concluiu-se que as armaduras à flexão e os estribos da ponte sobre o Rio
Chapecó, não atenderam a verificação à fadiga, apenas o concreto à compressão,
considerando o carregamento da (ABNT NBR 7188, 2013). No caso do espectro de
veículos reais, as armaduras à flexão não atenderam aos critérios de segurança da regra de
Palmgren-Miner (acúmulo de danos).
É importante salientar que apesar das análises terem sido feitas sobre um caso real, as
características das cargas (veículos, tráfego) não representam, necessariamente, as reais condições
de tráfego sob o qual a ponte está sujeita. Dessa forma, a medição das características dos veículos
e do tráfego in situ poderia resultar em idades diferentes de VUF.
Além disso, recomenda-se que um estudo minucioso dos elementos da estrutura seja realizado para
uma completa verificação à fadiga, visto que alguns destes estão sujeitos a variações de tensão ao
longo de sua extensão. Com isso, uma avaliação global do desempenho poderá ser obtida.

6. REFERÊNCIAS

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Cement and Concrete Composites. 23(4-5)363-373. https://doi.org/10.1016/S0958-
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Structures Subjected to Fatigue Loading”. Michigan, Estados Unidos.
American Concrete Institute, ACI (2019). “ACI 318: Building Code Requirements for Structural
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Concreto Armado. Rio de Janeiro.
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e passarela de pedestre. Rio de Janeiro.

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Associação Brasileira de Normas Técnicas (2013). NBR 15575: Desempenho de edificações
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Verificação de Segurança à fadiga de pontes em concreto


armado conforme ABNT NBR 6118, 2014. 123
Rossato, M. D., Munhoz, G. S., P. dos Santos, R. B., Scoz, L. M.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por problemas de


reação álcali agregado. Investigação documental

C. S. Silva1* , E. C. B. Monteiro 1,2 , M. S. C. Santos3 , T. W. C. O. Andrade4 ,


W. A. Soares6 , D. C. M. Neves6
* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.490

Recepção: 20/05/2020 | Aceitação: 10/03/2021 | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
A Reação Álcali Agregado (RAA) atingiu muitas fundações e observou-se a importância de realizar uma
verificação nos procedimentos de recuperações, compreendendo uma investigação em cinquenta
fundações, objetivando traçar um perfil dos processos de recuperações através de consulta no acervo de
empresas fiscalizadoras ou executoras de recuperações na cidade de Recife e cidades vizinhas. A
metodologia consistiu na aplicação de um questionário com dezessete perguntas. Esses resultados
possibilitaram estabelecer as semelhanças das fundações afetadas, o diagnóstico, processos aplicados na
recuperação, os avanços dos materiais, fatores condicionantes para utilização da armadura, os custos, e
possibilitaram a identificar as fundações que deixaram uma janela de inspeção para posteriores
verificações. Concluindo-se com os resultados uma avaliação dos tratamentos nas fundações acometidas
pela reação RAA.
Palavras-chave: fundações; reação álcali agregado, diagnóstico, procedimentos, recuperações.
Citar como: Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W.
A., Neves, D. C. M. (2021), "Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por
problemas de reação álcali agregado. Investigação documental", Revista ALCONPAT, 11 (2), pp.
124 – 145, DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.490
_______________________________________________________________
1
Department of Civil Engineering, Catholic University of Pernambuco, Recife-PE, Brazil.
2
Department of Civil Engineering, University of Pernambuco, Recife-PE, Brazil.
3
Department of Civil Engineering, Federal University of Santa Catarina, Santa Catarina, Brazil.
4
Department of Civil Engineering, Federal University of Pernambuco, Recife-PE, Brazil.
5
Department of Civil Engineering, Pernambuco University, Recife-PE, Brazil.

Contribuição de cada autor


Neste trabalho os autores E.C.B. e T.W.C.O. contribuíram com a ideia original, supervisão e as diretrizes deste artigo. Os participantes
M. S. C., W. A. e D. C. M., com a pesquisa do conteúdo da investigação, desenvolvimento, no contato com as empresas para coleta dos
dados, na formatação das conclusões do trabalho e nas traduções em Inglês e Espanhol.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de uma
Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no segundo número do ano 2022, desde que a informação seja
recebida antes do fechamento do primeiro número do ano de 2022.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 124 – 145 124
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 124 – 145

Recovery procedures for foundation elements with alkali/aggregate reaction


problems. Documental research

ABSTRACT
The alkali-aggregate reaction (AAR) is a problem that has affected numerous foundations. This
study, through an investigation of fifty foundations, seeks to create a profile of the recovery
processes through consultations with inspection companies that have carried out recoveries in the
city of Recife and neighboring areas. The methodology consisted on the application of a survey
with seventeen questions. The results obtained made possible to establish similarities in the
foundations affected, the diagnoses, processes applied during recovery, advances in materials,
conditioning factors for the use of the reinforcement, and costs, and also identified the foundations
where an inspection window was left for future checks. The results conclude with an evaluation
of the treatments for foundations affected by AAR.
Keywords: foundations; alkali-aggregate reaction; diagnosis; procedures; recovery.

Procedimientos de recuperación en fundaciones por problemas de reacción


álcali/agregado. Investigación documental

RESUMEN
La reacción álcali/agregado (AAR) ha afectado muchas cimentaciones lo cual señala la
importancia de realizar una verificación de los procedimientos de recuperación, la cual se realizó
en cincuenta cimentaciones. El objetivo fue construir un perfil de los procesos de recuperación a
través de una consulta con empresas de inspección o ejecutores de recuperaciones en la ciudad de
Recife y ciudades vecinas. Para ello se aplicó en forma metodológica un cuestionario con diecisiete
preguntas. Estos resultados permitieron establecer las similitudes de las cimentaciones afectadas,
el diagnóstico, los procesos aplicados en la recuperación, los avances en materiales, los
condicionantes para el uso de la armadura, los costos, y permitieron identificar las cimentaciones
que dejaron una ventana de inspección para controles adicionales. El resultado fue una evaluación
de los tratamientos en las bases afectadas por la reacción química AAR.
Palabras clave: fundaciones; reacción alcalina agregada; diagnóstico; procedimientos;
recuperaciones.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos para o uso exclusivo do título da revista No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos
pelo Instituto Nacional de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização
deste número, Unidade de Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


problemas de reação álcali agregado. Investigação documental 125
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1. INTRODUÇÃO
No início da década de quarenta, a comunidade científica deparou-se com uma “doença” que
acometeu as grandes estruturas de concreto. Uma reação lenta e progressiva que se desenvolvia
através de um processo químico entre os hidróxidos alcalinos, presentes nas soluções existentes
nos poros da pasta do concreto e alguns minerais reativos encontrados em certos tipos de agregados,
em presença da água. A Reação Álcali Agregado, mais conhecida como RAA, é uma reação
química de longa duração e deletéria, que podia resultar na formação de um gel expansivo,
induzindo o elemento de concreto à formação de fissuras e lascas, e como consequência a perda de
sua durabilidade e outras propriedades.
No Brasil, os pioneiros estudiosos acerca da reação foram Heraldo de Souza Gitahy e Murilo
Dondici Ruiz, em 1963, através do instituto de Pesquisas Tecnológicas em São Paulo (IPT),
relataram as reações da RAA, seu comportamento, os materiais envolvidos e ações mitigadoras,
destinadas as Centrais Elétricas de Urupungá.
A pesar de todas as descobertas científicas e o firme propósito de aprimorar e consolidar os estudos
sobre o concreto, os problemas relacionados ao envelhecimento das estruturas, atrelados à falta de
manutenção e ao incipiente conhecimento de algumas patologias, a exemplo da Reação Álcali
Agregado (RAA), responsáveis por vultuosas somas em suas recuperações, vêm trazendo muitas
incertezas sobre os resultados e a durabilidade destas intervenções.
A constatação da Reação Álcali Agregado em obras de edifícios foi verificada pela primeira vez
na Região Metropolitana do Recife (RMR), estado de Pernambuco, devido ao interesse gerado na
inspeção das fundações de diversos edifícios habitacionais, após a queda do Areia Branca em 2004.
Cumpre esclarecer que as causas do desabamento do Edifício Areia Branca foram devidamente
apuradas e nada se constatou que pudesse apontar a RAA como causa do episódio. No entanto, a
inspeção das fundações de diversos edifícios naquela região, permitiu a verificação e constatação
da existência de muitos casos onde houve fissuração dos blocos de coroamento sobre estacas ou de
sapatas. A análise apurada dessas ocorrências por especialistas, a partir de testemunhos de concreto
extraídos dos elementos de fundação, mostrou realmente tratar-se de Reação Álcali Agregado,
tendo, por exemplo, os laboratórios da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP)
estudado mais de 60 casos (Battagin, 2016).
De acordo com Otoch (2016), a ocorrência da expansão por RAA, até anos atrás, era de principal
incidência em obras de grande porte, como barragens e partes de usinas hidrelétricas. Mais
recentemente, no fim do ano de 2014 e ao longo de todo o ano de 2015 foram constatados vários
casos de RAA na região de Recife/PE, principalmente em blocos e sapatas de fundações de
edifícios com idades de 3 a 20 anos de construção. Pouco tempo depois em Fortaleza/CE, também
surgiram os primeiros casos de RAA em blocos de fundações em algumas edificações, conforme
já mencionado. (Otoch, 2016).
Segundo Battagin (2016) através dos trabalhos de divulgação do IBRACON e de normalização
sobre o número de ensaios efetuados nos laboratórios da ABCP, na ausência de estatística dos
demais laboratórios, constatou-se que em todo o País o número de ensaios enviados para ABCP
aumentou consideravelmente através de vários seguimentos da cadeia construtiva. As amostras de
agregados foram enviadas pelos mais diferentes segmentos, incluindo fornecedores de agregados
(pedreiras), empresas de serviços de concretagem, construtoras, projetistas, universidades, além de
outros laboratórios, mostrando que toda a cadeia da construção civil foi aos poucos se
conscientizando da importância da prevenção de manifestações patológicas ligadas à RAA. A partir
de 1621 amostras de agregado miúdo e graúdo recebidas pelos laboratórios da ABCP, nas quais
havia suficiente identificação que permitisse sua rastreabilidade quanto ao tipo de cliente final ou
procedência de unidade da Federação, foi possível levantar o perfil dos clientes solicitantes dos
ensaios e a procedência das amostras de agregado por estados brasileiros, visualizados na Figura

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1. A maior parte vem de São Paulo com 532 amostras e Pernambuco com 228 amostras, com
registros de solicitações de todos estados brasileiros, exceto Acre. (Battagin, 2016).
Diante deste cenário encontrado em Recife e cidades vizinhas em Pernambuco e por trata-se de
regiões com grande incidência dessa reação, constatados com o grande aumento de ensaios
buscando elucidar as condições do agregado, o presente trabalho, apresenta o resultado de uma
investigação documental executada nas principais empresas de recuperação de estrutura na RMR.
Com o propósito de traçar um perfil historiando as características construtivas do empreendimento,
como foi feito o diagnóstico, os procedimentos utilizados na intervenção, materiais aplicados nas
recuperações, a utilização do encamisamento com a armadura e os custos, assim como foram
identificadas as fundações que após a recuperação deixaram uma janela de inspeção. A entrevista
forneceu dados de cinquenta fundações afetadas pela reação, porém esse número possivelmente é
superior, que poderá ser posteriormente pesquisado buscando uma abrangência maior com dados
relevantes que possam somar-se e trazer resultados futuros.

Figura 1. Distribuição de amostras por Estados (Battagin, 2016).

1.1 Conceito da reação e seus tipos


A reação álcali agregado trata-se de uma reação química que ocorre na estrutura interna do concreto
envolvendo os alcalinos hidróxidos vindos como consequência da hidratação do cimento
e alguns minerais reativos presentes no agregado utilizado. O resultado da reação, são produzidos
produtos que, na presença de umidade, são capazes de expandir, gerando fissurações, deslocamentos
e podendo levar ao comprometimento das estruturas de concreto. Existem dois tipos de reação
álcali agregado, classificadas de acordo com a sua composição mineralógica reativa do agregado e
com mecanismos de expansão específicos. A reação recebe as seguintes denominações: reação
Álcali Sílica (RAS) ou Álcali Silicato (RASS) e Álcali Carbonato (RAC).

1.1.1 Reação Álcali Sílica (RAS)


Segundo Hasparyk (2005), a reação Álcali-Sílica é o tipo de RAA mais conhecida e relatada no
meio técnico, como sendo a que normalmente ocorre mais rapidamente, em função das formas
minerais de sílica reativas envolvidas. Entre as formas minerais mais comuns destacam-se: a opala
ou sílica amorfa, a calcedônia, a cristobalita, a tridimita, os vidros naturais e artificiais e o quartzo
microcristalino/ criptocristalino e deformado.

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1.1.2 Reação Álcali Silicato (RASS)


Um tipo específico da reação Álcali Sílica, denominada de reação Álcali Silicato, se processa entre
álcalis e silicatos reativos presentes em rochas sedimentares, metamórficas e ígneas. Apresenta o
mesmo mecanismo que a reação álcali-sílica, porém ocorre mais lentamente. (Andrade, Silva,
2006).

1.1.3 Reação Álcali Carbonato (RAC)


É uma reação mais rara e não há a formação do gel. Caracteriza-se pela expansão das rochas
carbonáticas, em consequência da reação entre álcalis, proveniente principalmente da pasta do
cimento e o calcário dolomítico, gerando compostos cristalizados como brucita, carbonatos
alcalinos, carbonato de cálcio e silicato magnesiano. Atribui-se a esta expansão, denominada de
desdolomitização, a causa das fissuras que surgem no concreto em consequência do
enfraquecimento da ligação pasta-agregado. Nesta reação ocorre novamente a formação de álcalis,
possibilitando a continuidade da desdolomitização, até que a dolomita tenha reagido por completo
ou até que a concentração de álcalis seja suficientemente reduzida. (Andrade, Silva, 2006).

1.2 Comportamento das estruturas afetadas


Os sintomas de uma estrutura com a RAA se apresentam através do aparecimento da exsudação do
gel na superfície do concreto, bordas ao redor dos agregados, preenchimento de poros com material
branco ou vítreo, fissuração e descoloração do concreto. As fissuras que tiverem sua configuração
em mapa ocorrem com maior frequência em pavimentos rodoviários, pistas de aeroportos, muros
e faces de elementos estruturais, que apresentam baixa restrição à expansão nas três direções.
Segundo Hasparyk (2005), os principais efeitos deletérios provocados pela RAA em uma estrutura,
são os seguintes: fissuração na superfície do concreto e entre camadas de concretagem;
desplacamento na superfície do concreto; perda de estanqueidade; deslocamento (perda de
aderência) da argamassa junto à superfície dos agregados; movimentação (abertura ou
deslocamento relativo) de juntas de contração; abertura de juntas de construção, com fissuras
horizontais; movimentação/desalinhamento das superfícies livres (alteamento da crista da
barragem e soleiras de vertedouros, deflexões para o montante nas estruturas de barragens e outros)
e travamento ou deslocamento de equipamentos e peças móveis (comportas, turbinas, eixos,
pistões, entre outros).

2. METODOLOGIA

2.1 Considerações iniciais


A pesquisa desenvolvida para este trabalho reporta-se a uma investigação documental,
desenvolvida nas cidades de Recife e Jaboatão dos Guararapes, locais onde ocorreu a maior
quantidade de fundações assoladas pela reação Álcali Agregado, descritas nesta pesquisa. No Brasil
até a presente data, todos os casos relatados da reação são exclusivamente do tipo Álcali Sílica
(RAS), como será apresentada nas etapas que se seguem. Neste trabalho, serão expostas as
características das edificações, diagnósticos, procedimentos, custos e os resultados dessa
investigação obtidos através de consultas dos arquivos de empresas, assim como entrevistas que
foram feitas junto aos engenheiros com atuação na área de recuperações, em cinquenta casos de
fundações afetadas pela reação.
Vale ressaltar que não houve problemas e nem restrições por parte das empresas envolvidas no
fornecimento das informações, mas se constatou um número pequeno do histórico de
empreendimentos com fundações recuperadas. O que se remete ao fato de os condomínios fazerem
seus orçamentos com empresas com experiências comprovadas e estas, ao emitirem seus pareceres
com os materiais necessários para sanar os danos impostos pela reação deletéria, são dispensadas.

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Com o passar do tempo verifica-se que estas recuperações foram executadas por pessoas com
habilidades “duvidosas”, podendo comprometer a eficiência dos serviços prestados. Partindo-se
desse princípio essas fundações deixam de ser analisadas e por consequência os resultados destas
recuperações possivelmente podem terminar em insucessos, em função de processos mal
executados.
Apesar da reação ser conhecida há mais de 85 anos pelo meio técnico e suas formas de prevenção
serem também bem difundidas, a deterioração do concreto resultante da reação ainda é considerada
relevante, notadamente pela sua grave repercussão nas fundações e pelos grandes transtornos
trazidos às obras de infraestrutura e de edificação.
Baseado neste contexto e como Recife é possivelmente está dentre as cidades com o maior número
de casos da reação registrados na literatura Brasileira fez-se uma investigação para coleta de dados
sobre o tema, iniciada em dezembro de 2018 e finalizada em julho 2019. A metodologia usada
dividiu-se em quatro etapas conforme a Figura 2. A metodologia desenvolvida foi baseada em
entrevistas no maior número possível de empresas que executaram recuperações em fundações
afetadas pela Reação Álcali Agregado, através da aplicação de um questionário com 17 perguntas,
conforme Tabela 1.

1. TRANSCRIÇÃO
DAS
ENTREVISTAS

2. COLETA 3. APLICAÇÃO
4. VERIFICAÇÃO
DOS DADOS DO
DOS DADOS
QUESTIONARIO

5. CONCLUSÕES

Figura 2. Metodologia aplicada nas empresas entrevistadas.

2.2 Transcrição das Entrevistas


A primeira etapa desenvolvida fora as entrevistas com as empresas da cadeia construtiva,
informando sobre o propósito da pesquisa e sobre a necessidade de dados atualizados quanto às
fundações que foram recuperadas.

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problemas de reação álcali agregado. Investigação documental 129
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Tabela 1. Questionário aplicado nas entrevistas.


Empreendimento:
1.0 Características da edificação:
1.1 Qual a finalidade do empreendimento?
Residencial Comercial
1.2 Quantos pavimentos?

1.3 Qual altura do nível do lençol freático?

1.4 Qual a idade da edificação?

1.5 Como descubriu o problema?, Quías os síntomas encontrado?

1.6 Qual a distância do mar para edificação?

1.7 Qual o tipo de fundação da edificação?

2.0 Como foi feito o diagnóstico?


2.1 Local da incidência das fissuras na edificação:

2.2 Como foi diagnosticada a patologia?

2.3 Quais os ensaios que foram executados para determinar a patologia?

3.0 Como foi feita a recuperação?


3.1 Quais as etapas que foram seguidas?

3.2 Como foi feito o preenchimento das fissuras?, Quais os equipamentos utilizados na
recuperação?

3.3 O projeto de reforço foi elaborado pelo Caculista

3.4 Foi feito encamisamo?


Sim Não
3.5 Foi feito impermeabilização?

4.0 Quem foram os responsáveis pelos custos da recuperação?

4.1 Quem foi o responsável pelo pagamento?

4.2 Foi deixada uma janela de inspeção após a recuperação?

5.0 Observações:

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


130 problemas de reação álcali agregado. Investigação documental
Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W. A., Neves, D. C. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 124 – 145

2.3 Coleta de Dados


Para esta pesquisa foram cadastradas informações de cinquenta edificações, comerciais e
residenciais com fundações recuperadas.
Na cidade de Recife as recuperações foram em edifícios localizados nos Bairros das Graças, Casa
Forte, Espinheiro, Derby, Boa Vista, Madalena, Boa Viagem, Setúbal, com ênfase para o Bairro
de Boa Viagem.
Na cidade de Jaboatão dos Guararapes as recuperações foram em edifício localizado no Bairro de
Piedade.
As empresas que participaram desde universo de informações foram bastante receptivas e
forneceram os elementos necessários, partindo-se do princípio que a identidade dos edifícios
elencados ficaria sob sigilo da pesquisa, assim como a identidade das empresas. Desta forma, cada
empresa foi nomeada por uma letra, aleatória a seu nome. Foram verificados nos acervos os
trabalhos de recuperações executados após 2004, período pelo qual as recuperações se
intensificaram, a Tabela 2 tem o levantamento geral das empresas consultadas, demonstrando sua
atuação e o total de fundações detectadas.
A primeira empresa entrevistada A. Engenharia Ltda.
Fundada em 1995, empresa A é uma empresa que atua no campo da construção civil, especializada
na área de recuperação e reforço de estruturas em concreto armado e protendido. Com um acervo
de mais de 600 obras concluídas, 24 anos no mercado, conferindo em seu portfólio a excelência
em construções de estruturas em ambientes marinhos, tratamento de concretos aparentes,
recuperação e reforço de adutoras, reforço estrutural, entre outros.
Nesta empresa catalogou-se no período de dezembro 2018 e maio de 2019 trinta edificações, com
quadro da reação identificada.
A segunda empresa a X Engenharia.
Criada em 1981, possui em seu portfólio de construção uma variada gama de edificações modernas,
passando por estruturas portuárias, empreendimentos imobiliários, obras de arte especiais,
recuperação e reforço estrutural em edifícios e obras de arte e conservação e restauração de
Patrimônio Histórico.
Nesta empresa catalogaram-se três edificações, com quadro da reação identificado, incluindo a
recuperação de um edifício comercial. Porém as demais recuperações executadas pela empresa em
questão fogem da proposta deste trabalho, que apesar de tratar-se da recuperação de fundações com
RAS, não se trata de construções residenciais ou comerciais.
A terceira empresa foi Y Engenharia.
Constituída em abril de 2000, tendo como objetivo a prestação de serviços técnicos especializados
no setor da construção civil, englobando restauração e reforços em elementos estruturais de
concreto armado, sendo este o destaque de suas atividades. Os serviços especializados de
restauração e reforço estrutural tornam delicada a divulgação nominal das obras que constituem
seu acervo técnico, que consta aproximadamente 350 trabalhos executados. Nesta empresa
catalogaram-se sete edificações que passaram pelo processo de recuperação.
A quarta empresa foi a Z. Engenharia.
Com mais de 12 anos de existência e experiência, exercendo atividades de prestação de serviços
técnicos de engenharia civil nas áreas de recuperação e manutenção de edificações. Nesta empresa
catalogaram-se três edificações, com quadro da reação identificado.
A quinta empresa T Engenharia.
Fundada em janeiro de 2003 na cidade do Recife, hoje possui atuação nacional e em sua carteira
mais de 500 clientes atendidos. Os serviços oferecidos na área de assistência técnica pericial,
consultorias, gerenciamento e fiscalização das obras, laudos periciais, monitoramento e
acompanhamento técnico, entre outros. Nesta empresa catalogaram-se sete edificações, com
quadro da reação identificado.

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Tabela 2. Empresas participantes das entrevistas.


Tempo Número
Empresa Atuação Experiência
Experiencia de casos
Estruturas marinhas,
Recuperação de
A tratamentos de concretos, 24 anos 30
estrutura
recuperação e reforço.
Estruturas portuárias, obras de
Recuperação de
X arte especiais, recuperação y 38 anos 03
estrutura
reforço e restaurações.
Recuperação de Recuperação y reforço de
Y 19 anos 07
estrutura fundações.
Recuperação y reforço de
Recuperação de
Z fundações y manutenções 12 anos 03
estrutura
prediais.
Assistência técnica pericial,
Acompanhamento consultorias, laudos e
T 16 anos 07
da recuperação monitoramento e
acompanhamento técnico.
TOTAIS 50

2.4 Aplicação do questionário


A terceira etapa correspondeu à aplicação de um questionário de quinze perguntas relativas a
edificações comerciais e residenciais onde a patologia da RAS estava comprovada e recuperada.
Na aplicação do questionário, demonstrado na Tabela 2, buscaram-se informações sobre a
manifestação patológica, historiando as características do empreendimento, como foi determinado
o diagnóstico, o processo de recuperação e os custos.

2.5 Verificação dos dados


Com os dados coletados iniciou-se a quarta etapa referente à análise de todo material adquirido na
pesquisa, buscando-se fotos, relatos e resultados de ensaios para contribuição do material
pesquisado.
Com as respostas de cada questionário, de cada empresa, foi construída uma planilha com as
composições de cada empreendimento com as suas referências, nomeando-se e suas características
descritas, como as idades, tipo de recuperações, materiais utilizados nos enchimentos, tipos de
ensaios, ano de recuperação etc. verificado através da Tabela 3. Estes dados foram somados e
depois obtidos os percentuais de cada item analisado. De posse destes resultados criaram-se os
gráficos (Figuras) com suas respectivas identificações.

Tabela 3. Planilha com as composições.


PLANILHA DE COMPOSIÇÕES

CARACTERÍSTICAS DIAGNÓSTICO RECUPERAÇÃO VALORES INSPEÇÃO

EMPRESA X REFERÊNCIAS
NÍVEL
FINNALIDADE Nº PAV IDADE SINTOMAS FUNDAÇÃO LOCAL PATOLOGIA ENSAIOS ETAPAS CALCULISTA ENCAMISAMENTO CONDOMINIO CONSTRUTORA SIM NÃO
LENÇOL

2.6 Discussões
Por fim, verificou-se todo o material colhido, tendo-se os subsídios para analisar as características
do empreendimento, procedimento aplicado na determinação da manifestação patológica,

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diagnóstico, processo de recuperação e os custos.


Constatou-se que as intervenções nas fundações ocorreram em função da necessidade de verificar
qual o estado em que se encontravam. Acredita-se que essas investigações ocorreram devido a dois
fatores preponderantes. O primeiro em função do colapso do edifício Areia Branca que colocou os
condôminos em estado de alerta para verificações de suas estruturas e o segundo da obrigatoriedade
impostas pela Lei Nº 13341. Esta Lei tornou obrigatória as inspeções periódicas, identificando
assim, um maior número de recuperações de fundações e outras patologias antes desprezadas em
função do pouco hábito de manutenção.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES

3.1 Análises dos dados


Para análise dos dados dividiu-se o questionário em quatro partes. A primeira onde se historiaram
as características da edificação, a segunda dissertou-se sobre o diagnóstico, a terceira como foi feita
a recuperação e por último os custos dispensados na recuperação.

3.2 Características das Edificações


As primeiras informações coletadas foram apresentadas as características das edificações
compondo-se de sete perguntas, pelas quais se pode ter uma ideia relevante de algumas situações
relacionadas a fatores preponderantes para o aparecimento da reação. As perguntas seguiram-se
com a seguinte ordenação: a finalidade do empreendimento, o número de pavimentos, a altura do
lençol freático, a idade da edificação, como se descobriu o problema e quais os sintomas
encontrados, distância do mar para a edificação e o tipo de fundação.

3.2.1 Finalidade do empreendimento


Basicamente, dos 50 empreendimentos verificados, apenas 4% são edificações comerciais e 96%
são edifícios residenciais. Neste caso, a maioria das edificações verificadas atualmente compõe-se
efetivamente de edifícios residenciais, conforme registrado pela pesquisadora, demonstrado na
Figura 3.

3.2.2 Número de Pavimentos


O universo da pesquisa situa-se em edifícios que variavam a quantidade de pavimentos. A
contagem foi elaborada levando-se em consideração os pavimentos comuns como subsolo, térreo,
vazados, pavimentos tipos e a coberta.
A Figura 4 demonstra os percentuais referentes aos números de pavimentos para edifícios com até
15 pavimentos, em seguida para edifícios de 16 a 25 pavimentos e por último para edifícios com
mais de 25 pavimentos, chegando até 41 pavimentos, perfazendo um total de 50 empreendimentos
catalogados.

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FINALIDADE DO EMPREENDIMENTO
Comercial
4%

Residencial
96%

Figura 3. Finalidade do empreendimento

NÚMERO DE PAVIMENTOS
Edificios com
mais 26 pav
10%

Edificios até 15
pav 46%
Edificios até 16 a 25 pav
44%

Figura 4. Número de Pavimentos

3.2.3 Altura do lençol freático


Como a ocorrência da RAS está diretamente ligada a três fatores: álcalis normalmente provenientes
do cimento, agregado reativo e a presença da água. Nesta investigação buscou-se identificar se ao
longo do processo da recuperação foi encontrada água que pudesse favorecer no aparecimento da
reação.
No momento em que a fundação foi escavada procurou-se identificar se havia água proveniente de
alguma fonte, seja ela do lençol freático ou mesmo de alguma outra condição. Em parte das
fundações onde o nível do lençol freático foi identificado, os elementos estavam parcialmente ou
apenas com água no nível inferior do elemento. Em se tratando desta reação, é equivocado pensar
que o fenômeno se desenvolve apenas em elementos de concretos em contato direto com água, pois
aqueles que estejam apenas com o nível inferior do bloco em contato com água estão susceptíveis
à reação.
Durante as entrevistas, em algumas empresas a informação estava disponibilizada, em outros casos
foi possível identificar através dos acervos das fotos, outras situações na verificação da composição
dos custos do orçamento que trazia o dado de rebaixamento do lençol freático, ou seja, os trabalhos
de recuperação só poderiam ser executados através do rebaixamento do lençol, e por ser
desconhecido o nível em que a água estava estabelecida naquela fundação, considerou-se neste

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caso, água na parte inferior do bloco. Em outros casos não havia qualquer informação a respeito da
presença da água, então se considerou nível do lençol freático não encontrado.
Partindo-se dessas premissas, este tópico dividiu-se em quatro estágios, onde se encontrava o nível
do lençol freático em relação à cota do elemento da fundação: Nível 1, Nível 2, Nível 3 e NE,
descritos abaixo:
Nível 1: água no nível inferior do bloco; Nível 2: água no meio do bloco;
Nível 3: água no topo do bloco e NE: nível do lençol freático não encontrado.
Posteriormente, após todas as análises por empresa, desenvolveu-se a Tabela 4 onde os resultados
dos lençóis freáticos foram resumidos e abordados de forma geral em relação às cinquenta
fundações. Como resultado obteve-se 40% com água no nível inferior do bloco, nível 1; para o
nível 2 encontrou-se 18% das fundações com água no meio dos blocos; o nível 3 não identificado.
Não foram encontradas as informações do nível do lençol freático em 42% das fundações
pesquisas.

Tabela 4. Níveis dos Lençóis encontrados.


Resumo dos níveis dos lençóis

NÍVEL 1 – Água NÍVEL 2 - NÍVEL 3 – NE – Nível


Empresas no nível inferior Água no meio Água no topo não
do bloco do bloco do bloco encontrado

Z Engenheira 50% 25% 0 25%


X Engenheira 67% 33% 0 0
A Engenheira 17% 20% 0 63%
Y Engenheira 100% 0 0 0
T Engenheira 61% 17% 0 17%
Totais 40% 18% 0 42%

3.2.4 Idade da edificação


Outro esforço da pesquisa foi tentar identificar as idades de cada edificação, ou seja, a partir do
ano 1, após a conclusão da construção até o momento que foi catalogada pela empresa responsável
por sua recuperação. Porém não é uma informação que as empresas tenham disponibilizado em
todos os casos estudados. Verificaram-se edificações que apresentaram idades distintas no
momento de sua recuperação por RAS.
Encontraram-se edificações com treze anos no momento de sua recuperação, com fundação em
sapatas, outras edificações referem-se a fundações em blocos sobre estacas e sapatas com idades
de 16, 19, 20, 30 até 45 anos. Na Figura 5, as informações foram citadas considerando-se as idades
construtivas da edificação até 20 anos, depois dos 21 aos 30 anos, em seguida dos 31 aos 40 anos
e por fim 41 anos em diante e seus respectivos percentuais para essas abrangências de idades. A
Tabela 08, apresenta os percentuais das edificações pelo seu tipo de fundação.

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CONSTRUÇÃO - IDADES
Idade de 20
anos 12%
Idade de 21 a 30
anos17%
Ne
48%
Idade 31 anos
40 anos 13%
Idade mais de
41 anos 10%

Figura 5. Idades das Construções.

As descobertas dessas fundações atingidas pela reação ocorreram em função das situações adversas
citadas anteriormente, como o colapso do edifício Areia Branca e por consequência o surgimento
da Lei 13.032, que obrigava os condomínios a fazerem inspeções. A partir daí as descobertas, com
idades construtivas diferenciadas, e quadros agravados ou não da reação, foram determinantes,
após as constatações da reação através de ensaios, como o ensaio Petrográfico, identificando o grau
de agressividade instaurado naquele elemento de fundação, que poderia servir de parâmetro quanto
à necessidade de uma intervenção urgente ou não.
Ainda se registraram que os anos em que as recuperações ocorreram foram em períodos variados,
mas principalmente em 2005, 2008, 2009, 2011, 2012, e se estendem até os dias de hoje.

3.2.5 Descoberta da manifestação patológica e os sintomas encontrados


Normalmente dificuldades associadas às interpretações sobre ocorrências de fissuras ou danos de
estruturas, ultimamente tem sido recorrente. Os problemas podem ter sido ocasionados por vários
fatores como falhas ocorridas durante a fase de concepção de projeto, utilização de materiais
incorretos, processo construtivo deficiente e ou devido à falta de manutenção.
Os sintomas são problemas patológicos que apresentam manifestações externas características, a
partir das quais se pode deduzir qual a natureza, a origem e os mecanismos dos fenômenos
envolvidos, bem como se podem estimar suas prováveis consequências. Esses sintomas, também
denominados lesões, danos, defeitos ou manifestações patológicas, podem ser descritos e
classificados, orientando um primeiro diagnostico, a partir de minuciosas e experientes
observações visuais (Helene, 1992).
Nesta pesquisa os sintomas encontrados quase que se confundem com a descoberta da patologia,
pois em 80% dos casos identificados as causas citadas foram às fissuras. Estas que normalmente
propagam-se sobre o piso, e em alguns casos foram encontrados pelos pilares do subsolo, térreo ou
pilotis, são identificadas por tornar o aspecto do ambiente anormal, em função da patologia inserida
sobre os blocos ou sapatas, que demonstram suas evidências no piso imediatamente superior.

3.2.6 Distância do mar para a edificação


Analisou-se este item em função da proximidade com área marinha, que segundo a NBR 6118:
(2014), considera-se com o Grau de Agressividade III, considerado forte.
Verificou-se que a maior parte das fundações recuperadas 54% se situam na zona Sul, no Bairro
de Boa Viagem. As demais fundações encontram-se na zona Norte, em áreas mais afastadas.
Normalmente, a zona Sul, nesta área, o nível do lençol freático é alto o que poderia possivelmente
ter possibilitado um ambiente propício para o desencadeamento da reação nas fundações.

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3.2.7 Tipo de Fundação


Nas fundações um dos sintomas mais comuns encontrados foi relatado como fissuras. São inúmeras
dificuldades em interpretar as patologias causadas pela Álcali Sílica (RAS). Porém é correto
afirmar que uma estrutura afetada por essa reação, terá a presença do gel exudado, resultante da
reação. Inicialmente, nos primeiros estágios, ou sob condições onde pequenas quantidades foram
formadas, a RAS não pode ser visualizada a olho nu, necessitando de especialistas e ensaios
executados em amostras retiradas do elemento afetado, para detectá-la.
Segundo Silva (2013) em sua pesquisa verificou-se junto a renomados calculistas, atuantes no
mercado imobiliário da construção civil, que algumas mudanças foram inseridas nos projetos de
fundações com o propósito de mitigar os efeitos deletérios da reação. Houve a alteração no
detalhamento das armaduras dos elementos de fundação, principalmente nos blocos de coroamento
das estacas por terem elevados volumes de concreto, dispondo de armaduras com maiores
espessuras nas laterais e na parte superior (através de malhas formando uma gaiola), a fim de evitar
ou minimizar possíveis fissuras devido a alguma expansão do concreto.
No caso dessa pesquisa como as edificações em questão tinham idades superiores aos 15 anos, os
projetos não tinham passado por mudanças no tocante à reação. Na figura 6, visualiza-se que, dos
cinquenta empreendimentos citados, apenas dois possuíam fundações em sapatas como elemento
de fundação, ou seja, apenas 4%, os outros 96% eram de fundações em blocos.

TIPO DE FUNDAÇÃO
Fundações sapatas
4%

Fundações
blocos
96%

Figura 6. Tipos de Fundações.

3.3 Diagnóstico
O diagnóstico de estruturas de concretos afetados pela reação Álcali Agregado envolve as etapas
de coleta de informações, inspeção visual, ensaios em amostras dos materiais componentes do
concreto e de testemunhos extraídos da estrutura, a auscultação por meio de instrumentação e
acompanhamento de sua evolução por modelagem matemática (Priszkulnik, 2005).
O diagnóstico das fundações afetadas foi construído através das informações visuais, e das
respostas concretas dos resultados dos ensaios executados nos testemunhos que concluíram a
existência da reação Álcali Sílica. Situações detalhadas foram relatadas sobre o estado em que se
encontravam as fundações afetadas pela reação, como a formação das fissuras. A extração de
testemunhos foi uma importante ferramenta que permitiu a identificação de fissuras internas, perda
de aderência da argamassa na interface com os agregados, ocorrência de bordas de reação ao redor
dos agregados que tenham reagido com os álcalis, presença do gel nos vazios e a profundidade de
carbonatação.

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3.3.1 Local da incidência das fissuras na edificação


As respostas encontradas para o local da incidência de fissuras foram respondidas com informações
bem similares. As fissuras foram evidenciadas através de vistorias, em sua maioria de rotina, e ou
em função de indícios encontrados sobre os pisos. Os elementos de fundações estavam com fissuras
no topo e nas laterais. Executou-se um mapeamento preliminar dos elementos estruturais, onde se
verificou o posicionamento das fissuras, seus encaminhamentos, espessuras de sua abertura e onde
havia a maior concentração.
Partindo do princípio da junção de todas as informações das inspeções visuais, dos ensaios e das
documentações de projeto e da construção da edificação, só assim foi possível analisar e
diagnosticar o problema. Portanto ressalta-se a necessidade de ensaios laboratoriais para
confirmação da ocorrência da Reação Álcali Sílica.
Também foi relatado pelas empresas envolvidas neste trabalho que as inspeções visuais, assim
como as verificações aos projetos são atendidas, porém apenas 48% dos empreendimentos fizeram
uso de ensaios laboratoriais. Os outros 52% trataram como resultados a partir das abordagens
apenas visuais, como apresentado na Figura 7. Em algumas circunstâncias, em função de questões
financeiras os ensaios são dispensados. Em outros depois da verificação in loco do estado da
fundação, a reação deletéria estava avançada, conforme a Figura 8, que se tornou imperiosa a
recuperação, fazendo com que os condôminos creditem o diagnóstico apenas a experiência das
empresas.

DIAGNÓSTICO DE PATOLOGIA

Ensaio visual Ebsaio petrográfico


52% 48%

Figura 7. Diagnóstico da patologia. Figura 8. Fissuração do bloco com RAA

Atualmente vários métodos normatizados são oferecidos no mercado para caracterizar a reatividade
potencial expansiva dos agregados minerais no concreto de cimento Portland. A análise
petrográfica trata-se de um exame para o diagnóstico da presença de material reativo e também
para ocorrência de manifestações associadas à reação, como borda de reação no agregado,
microfissuras causadas pela expansão, presença do gel no interior dos poros, dentre outros.
O ensaio utilizado na determinação das patologias desta pesquisa foi o ensaio Petrográfico NBR
15577-3: (2013). Infelizmente, como apresentado anteriormente, em função dos custos os ensaios
não foram executados. E nos casos investigados, os testemunhos extraídos dos elementos das
fundações foram encaminhados para ABCP (Associação Brasileira de Normas Técnicas) ou para
o IPT (Instituto de Pesquisas Tecnológicas), ambos em São Paulo. O maior número de ensaios
petrográficos, 80% foram imputados à ABCP e os demais ao IPT.

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3.4 Procedimentos das recuperações


No processo das recuperações de estruturas de concreto a qualidade e o resultado dos serviços
aplicados depende primeiramente de um diagnóstico preciso e da escolha adequada, que se inclui
a seleção de materiais e equipamentos a serem empregados, necessários para execução do serviço.
Fatos esses que foram evidenciados com a solicitação de projetos para as fundações onde a reação
expansiva encontrava-se em grau elevado de deterioração. Somado a essas questões, buscou-se os
resultados das propriedades do concreto exposto à reação, condição imposta pelas empresas,
visando constatar as condições em que os concretos anteriores se encontram, com o intuito de
garantir os bons resultados na intervenção dos serviços de recuperação.
Diante do exposto de posse desses dados, determina-se o processo de recuperação, as etapas a
serem seguidas, os procedimentos de segurança aplicados e quais os materiais que serão utilizados
no combata a RAS.

3.4.1 Etapas seguidas no processo da recuperação


As etapas seguidas no processo de intervenção para recuperação da fundação assemelham-se a uma
receita para o tratamento de uma doença. Esse processo foi seguido e executado por todas as cinco
empresas entrevistadas nessa pesquisa na maioria das recuperações, mudando apenas os materiais
empregados na busca pela monolitização dos elementos.
A formulação desses tratamentos de recuperações foi ajustada as questões referentes à dimensão,
encaminhamento e profundidade das fissuras. E em se tratando dos processos de recuperação de
RAS a busca é garantir que as peças estruturais voltem a funcionar como um todo,
monoliticamente, com o fechamento de suas fissuras, conseguido através da injeção de um material
aderente e resistente. As etapas que compõe a recuperação e a ordem de sua execução descrevem-
se a seguir:
Demolição e escavação dos materiais; Lavagem das Superfícies de Concreto; Apicoamento das
superfícies; Furação do concreto; Colmatação e colocação dos purgadores; Injeção nas fissuras;
Montagem de armaduras e Concreto estrutural.

3.4.2 Preenchimento das fissuras e materiais utilizados


A injeção é a última etapa no processo de recuperação e tem por objetivo permitir o perfeito
preenchimento do espaço formado entre as bordas de uma fenda recompondo a fundação e
promovendo sua monoliticidade. Os procedimentos executados nos preenchimentos das fissuras
tiveram pequenas variações, de uma empresa para outra, em função do estado em que o elemento
estrutural foi encontrado e os critérios desenvolvidos na injeção.
Nos diversos tratamentos estudados foi necessário o uso de materiais com alta resistência mecânica
à compressão, à tração e ao cisalhamento e a resina epóxi foi um dos materiais recomendados para
o tratamento das trincas e fissuras afetadas pela RAS. Por tratar-se de material rígido após a cura,
e importante para restringir o tratamento somente às fissuras e ou trincas passivas, isto é, que não
apresentavam movimentação, como foi o caso das fundações citadas neste trabalho.
O segundo material utilizado nas injeções foi o microcimento. Relativamente novo neste
procedimento, é um material criado do próprio cimento com uma finura dos grãos com até 8
micrômetros, ou 8 milésimos de milímetro, sendo que 95% das partículas apresentam o mesmo
tamanho. Aplicado em recuperações de fissuras passivas é um material rígido, após sua cura e
utilizado em áreas secas ou úmidas. Algumas empresas optaram por esse material, pois o mesmo
promove à peça estrutural a proteção alcalina das armaduras, a resistência à compressão, tração e
cisalhamento e o preenchimento dos vazios, devolvendo o monolitismo e a resistência da estrutura
Na pesquisa verificou-se uma maior utilização das resinas epóxicas em 82% das fundações,
seguidos do microcimento em 6% das fundações e em 10% não foi identificado o material utilizado,
visualizadas na figura 9.

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No processo de injeção a utilização dos purgadores plásticos e metálicos foi executada,


visualizados nas Figuras 10 e 11. Os purgadores metálicos fazem parte dos novos avanços no
processo de injeção, aos quais se imputa uma injeção com maior pressão, e consequentemente a
penetração do material até áreas de maiores profundidades em um curto espaço de tempo. Porém
em todos os materiais coletados deste estudo, a colmatação é um procedimento utilizado no
fechamento das fissuras externas para garantir a injeção, e o material mais utilizado são as
mangueiras plásticas, mais simples e facilmente encontrado no comércio.

MATERIAIS UTILIZADOS NA INJEÇÃO


Microcimento
6% Ne 10%

Époxi
84%

Figura 9. Materiais utilizados nas Injeções.

Figura 10. Purgadores plásticos. Figura 11. Purgadores metálicos.

3.4.3 Encamisamento e o cálculo do reforço


Segundo Silva (2007) para realização do processo construtivo de encapsulamento dos blocos
afetados pelo fenômeno expansivo da RAS, primeiramente deve-se ter um entendimento a respeito
do comportamento da estrutura a ser recuperada. Com o aparecimento do fenômeno da Reação
Álcali Sílica nos blocos de fundação nos edifícios da região Metropolitana do Recife, entender o
comportamento dessas estruturas passou a ser um desafio para os técnicos e para os calculistas de
estruturas. Como estabelecer um diagnóstico preciso e adotar técnicas que sejam eficazes para o
problema, ou seja, devolver à obra sua estabilidade e confiabilidade de projeto.
No caso das fundações atingidas, as áreas com poucas armaduras ficaram susceptíveis as expansões
causadas pela reação. Ensaios em laboratório mostraram que no concreto a expansão está restrita à
área onde não ocorrem fortes compressões. Ou seja, fundações como as sapatas, que na época
tinham armaduras apenas nas áreas inferiores e as áreas superiores (cuscuz) normalmente tinham

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pouca ou nenhuma armadura, eram susceptíveis à expansão. O cálculo do reforço foi determinado
em alguns casos, através da intervenção de calculistas. A avaliação para o uso do projeto
determinou-se em função do quadro de expansão encontrado, nas fundações com a reação deletéria
avançada era solicitada a verificação do calculista. Os encamisamentos responderam por 81% dos
elementos de fundação com o uso de armadura e 19 % não foram identificados, visualizado na
Figura 12.

ENCAMISAMENTO
Ne
19%

Armadura
81%

Figura 12. Uso da Armadura.

3.4.4 Impermeabilização
Durante a construção das fundações, sejam elas sapatas ou blocos em função da reação foi
assegurada a salubridade e a durabilidade das fundações através da impermeabilização. Importante
etapa em função da exposição desses elementos em contato permanente com a umidade do solo e,
que quando não tratados, conduzem a umidade por capilaridade.
Para evitar possíveis problemas patológicos causados pela umidade é imperiosa a utilização de um
sistema de impermeabilização compatível com a geometria das peças e com as características de
estrutura, como o nível do lençol freático. Verificou-se na pesquisa que em todas as fundações
recuperadas utilizou-se a impermeabilização nos topos e laterais dos elementos, visualizada na
Figura 13.

Figura 13. Bloco impermeabilizado.

3.5 Custos das recuperações


Os recursos dispensados nas recuperações dependeram do como seria o tipo de intervenção
solicitada e dos valores apresentados. O custo da recuperação foi diretamente proporcional à

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


problemas de reação álcali agregado. Investigação documental 141
Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W. A., Neves, D. C. M.
Revista ALCONPAT, 4 (1), 2021: 124 – 145

solução adotada para execução, considerando a metodologia, especificações dos materiais, mão de
obra utilizada, trabalhos complementares, como escoramentos e andaimes, bombas de
rebaixamentos, entre outras.
Verificou-se ao longo da pesquisa que os custos, bastantes onerosos, são de responsabilidade do
condomínio e foram variados e divididos em dois grupos, conforme a disponibilidade econômica
de cada condomínio. O primeiro grupo realizou a recuperação completa em 100% das fundações e
segundo grupo as recuperações foram executadas por partes e por extensos períodos.

3.6 Janela de inspeção


Como resultado, constatou-se que das 50 fundações pesquisadas, apenas duas deixaram as janelas
de inspeções. As janelas são pequenas aberturas deixadas nos elementos de fundações, para
acompanhamento das recuperações, visíveis nos pisos superiores, visualizadas na Figura 14
Internamente são colocados pequenos pedaços de vidros visualizados na Figura 15, onde
anteriormente identificou-se as fissuras, que após sua reabilitação, será acompanhada
periodicamente. Caso ocorra alguma nova movimentação do bloco de fundação, a tendência desse
vidro será romper, indicando possíveis indícios da continuidade da RAS, ou alguma outra
manifestação patológica.

Figura 14. Janela de inspeção. Figura 15. Interior da janela de Inspeção.

4. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho teve como objetivo traçar um perfil dos processos utilizados nas recuperações das
fundações atingidas pela reação Álcali Sílica, através da verificação de estudos de casos em 50
fundações que foram reabilitadas. São apresentados os resultados, que foram divididos em quatro
partes compreendendo as características, o diagnóstico, a recuperação e custos. As análises dos
primeiros resultados forneceram as seguintes afirmações sobre as características construtivas:

Na finalidade dos empreendimentos pesquisados 96% são residenciais e 4% comerciais;


Com relação ao número de pavimentos, encontraram-se estruturas de 15, 25, 30 até 41
pavimentos;
Determinando os fatores condicionantes que influenciam na Reação estabeleceu-se que várias
fundações estavam com seus elementos emergidos parcialmente em água do lençol f
reático. Dessas constatações verificou-se que 40% das fundações estavam inseridas no nível 1,
ou seja, possuía água advinda do lençol freático em contato permanente com a parte inferior do
bloco, 18% das fundações com água no meio do bloco, nível 2 e o nível 3 não foi encontrado.
Em 42% das fundações não foram identificadas o nível do lençol freático;
As idades construtivas, outro dado analisado das edificações, variaram dos 10, 15, 16, 20, 22,
25, 30, 40, 41 chegando até 45 anos;

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


142 problemas de reação álcali agregado. Investigação documental
Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W. A., Neves, D. C. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 124 – 145

As descobertas das manifestações ocorreram através de verificações de rotinas que indicaram o


aparecimento de fissuras nos pisos dos estacionamentos em 80% dos casos pesquisados;
Nas distâncias das edificações em relação ao mar, verificou-se que 54% das fundações
encontravam-se na zona Sul e 46% na zona Norte;
Os tipos de fundações encontrados foram sapatas com apenas 4% e blocos com 96%.

No segundo material analisado, o diagnóstico concluiu-se as seguintes questões:


O local da incidência das fissuras foi identificado nos blocos e sapatas nas laterais e no topo dos
blocos;
O diagnóstico de 42% dos materiais analisados, fez uso de ensaios em laboratório. E através de
estudos com a participação de calculistas e especialistas na área de concreto, e em função do
quadro fissuratório, da idade da edificação e do ambiente onde estava inserida a fundação,
traçaram uma metodologia de recuperação para RAS baseados em resultados de ensaios
advindos de extrações de testemunhos que respaldaram no aparecimento de uma receita para
combate a doença da expansão. Todavia os 58% dos materiais analisados buscaram opiniões de
empresários, dos quais parte deles possuía bastante experiência nos processos de recuperações
e outros eram supostamente da área, e em função de suas experiências em outros trabalhos, sem
a presença de calculistas e resultados de ensaios, determinou que a intervenção deveria ser
tradada como reação Álcali Sílica seguindo a receita de recuperações usadas em outros casos.
Os ensaios utilizados no diagnóstico da reação dos 42% das fundações foi o ensaio Petrográfico
e os 58% restante diagnosticaram a reação através de ensaios apenas visuais.

Na terceira analise observou-se as informações sobre as recuperações:


As recuperações foram semelhantes na maioria das cinquenta fundações verificadas e seguiram
o seguinte procedimento: demolição e escavação das peças estruturais, lavagem da superfície
dos elementos, apicoamento e furação do concreto, colmatação, injeção, montagem da armadura
de reforço, concretagem e impermeabilização.
A injeção no preenchimento das fissuras os materiais utilizados foram o epóxi em 84% das
fundações, o microcimento em 6% das fundações e em 10% das fundações não foi identificado.
Preenchidas com auxílio de bomba pneumática de injeção;
O encamisamento foi utilizado em 81% das fundações e em 19% não foi identificado. A escolha
desse processo foi através do grau de deterioração em que a fundação se encontrava. Nas
fundações mais degradadas fez-se o uso de recuperações através a intervenção do projeto do
calculista.

O quarto material compilando foram os custos dispensados nas recuperações e as janelas de


inspeções:
Os custos foram pagos integralmente pelos condomínios, com exceção de duas recuperações.
Uma apresentou 50% dos custos pagos foi pela construtora e os outros 50% pelo condomínio.
A outra foi à recuperação de apenas quatro sapatas e os custos pagos pela construtora.
Constataram-se valores onerosos nas recuperações que variaram em função das dimensões das
peças, do grau de degradação da fundação e também do procedimento escolhido para
restauração da mesma;
O último objetivo desta pesquisa seria identificar as fundações que passaram por recuperações
e se foi deixada uma janela de inspeção para possíveis verificações posteriores. Em apenas em
4% das fundações foram deixadas janelas de inspeções.

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


problemas de reação álcali agregado. Investigação documental 143
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5. CONCLUSÕES

Com o resultado desta pesquisa pode-se ter um panorama real dos procedimentos utilizados nas
recuperações nos anos de 2004 até os dias atuais. Porém, sabe-se que nos tratamentos aplicados
constataram-se a semelhança desses processos, seguidos de pequenas mudanças. Em entrevista
com alguns dos responsáveis pelas empresas, constatou-se que desde as recuperações feitas na
ponte Paulo Guerra em 2000, os materiais utilizados e os procedimentos de recuperações obtiveram
poucos avanços. A exemplo, a injeção utilizando os purgadores plásticos e metálicos, muito embora
o sistema utilizado com os purgadores plásticos ainda é o mais solicitado. Outra mudança
verificada ocorreu nos materiais utilizados na injeção, com o uso do microcimento, porém o epóxi
permaneceu como material mais usado.
Nas recuperações das fundações executadas fazem-se necessário um acompanhamento efetivo e
sistemático uma vez que a Reação Álcali Sílica poderá manifestar-se novamente, pois ainda
existem muitas lacunas no tocante aos resultados destas intervenções, revelando-se de extrema
importância à aplicação de uma janela de inspeção que possibilite às verificações do
acompanhamento. Principalmente nas fundações reabilitadas que não apresentaram
acompanhamento técnico de pessoal habilitado e resultados de ensaios, itens preponderantes para
a determinação consciente e coerente dos procedimentos a manifestação patológica. Em função
disto, tem-se a falta de um diagnóstico concreto que possivelmente levará a utilização de processos
equivocados e a continuidade de uma doença não curada. Denotou-se que a busca por menores
custos, contrária às boas práticas de execução e garantia de bons resultados. Nas cinquenta
fundações pesquisadas, apenas duas deixaram as janelas de inspeções, isso representa 4% das obras
pesquisadas que possibilitaram o acompanhamento.
Nos materiais pesquisados, verificaram-se a busca por informações no tocante a química da reação,
a microestrutura dos agregados, as medidas mitigadoras, prevenções, porém faz-se necessário um
olhar para aquelas fundações recuperadas, as quais não se tem a resposta da eficiência desses
procedimentos utilizados enquanto forma de recuperação, nem o tempo de sua durabilidade. A
eficácia de resultados futuros no combate a RAA em fundações idosas também deveria ser motivo
para acompanhamentos sistemáticos para garantia de sua saúde estrutural.

5. AGRADECIMENTOS
O presente artigo é de grande relevância para a comunidade científica/acadêmica e não seria
possível sem a colaboração de todos os participantes que se fizeram presentes durante sua produção
e desenvolvimento. Somos imensamente gratos à Universidade Católica de Pernambuco e à
Universidade de Pernambuco, pela parceria na elaboração do artigo e pelo apoio através do Edital
de Apoio ao Pesquisador - APQ 2019 e da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível
Superior – Brasil – (CAPES) – Código de Financiamento 001.

6. REFERÊNCIAS
Andrade, T.; Silva, J. J. R.; Almeida R.; Figueirôa, J. P.; Kihara, Y.; Pecchio, M. (2006),
“Diagnóstico de Reação Álcali-Agregado em Blocos de Fundação de um Edifício Público situado
na Cidade do Recife/PE.” In: II Simpósio Sobre Raa em Estruturas de Concreto. IBRACON.
Andrade, T. (2006) “Histórico de Casos de RAA Ocorridos Recentemente em Fundações de
Edifícios na Região Metropolitana do Recife.”, In: II Simpósio Sobre Raa em Estruturas de
Concreto. IBRACON.
Associação de Normas Técnicas. (2013). NBR 15577: Guia para avaliação da reatividade
potencial e medidas preventivas para uso de agregados em concreto. Rio de Janeiro.

Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


144 problemas de reação álcali agregado. Investigação documental
Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W. A., Neves, D. C. M.
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 124 – 145

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Potencial e Medidas Preventivas para Uso de Agregado em Concreto. Rio de Janeiro, 2008. 11p.
Associação de Normas Técnicas. (2013). NBR 15577-2: Coleta, Preparação e Periodicidade de
Ensaios de Amostras de Agregados para Concreto. Rio de Janeiro, 2008. 2p.
Associação de Normas Técnicas. (2013) NBR 15577-3: Análise Petrográfica para Verificação de
Potencialidade Reativa de Agregados em Presença de Álcalis do Concreto. Rio de Janeiro,
2008.8p.
Associação de Normas Técnicas. (2013). NBR 15577-4: Determinação da Expansão em Barras de
Argamassa pelo Método Acelerado. Rio de Janeiro, 2008.12p.
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em Barras de Argamassa pelo Método Acelerado. Rio de Janeiro, 2008.5p.
Associação de Normas Técnicas. (2013). NBR 15577-6: Determinação da Expansão em Prismas
de Concreto. Rio de Janeiro, 2008.16p.
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Procedimentos de recuperações em elementos de fundações por


problemas de reação álcali agregado. Investigação documental 145
Silva, C. S., Monteiro, E. C. B., Santos, M. S. C., Andrade, T. W. C. O., Soares, W. A., Neves, D. C. M.
Revista ALCONPAT
www.revistaalconpat.org
eISSN 2007-6835
Revista de la Asociación Latinoamericana de Control de Calidad, Patología y Recuperación de la Construcción

Revista Alconpat: 10 anos de história (2011 - 2021)

P. Castro-Borges1* , E. Sabido-Maldonado2, J. M. Mendoza-Rangel3 , P. Helene4 ,


P. Garcés-Terradillos5 , A. A. Torres-Acosta6 , M. Fernández-Cánovas7 , R. Husni8,
O. Troconis-Rincón9 , F. Branco10 , J. I. Escalante-García11 , F. Alonso-Farrera12 ,
M. A. Olavarrieta-Parisot13
* Autor de Contato: [email protected]
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.534

Recepção: --/--/---- | Aceitação: --/--/---- | Publicação: 01/05/2021

RESUMO
O objetivo deste trabalho é apresentar à comunidade as conquistas e desafios da Revista Alconpat em
seus primeiros dez anos de existência. Narra-se: como surgiu a ideia de uma revista científica / técnica
na Alconpat Internacional; quando, como e onde as discussões e o projeto ocorreram; como foi a
implementação, a primeira questão, a pontualidade; os requisitos e desafios a cumprir para as primeiras
indexações (Scielo México, Scielo WoS, Redalyc, Latindex, Google); os projetos do CONACyT que
possibilitaram atender gradativamente os requisitos para eventuais aplicações em índices superiores
(Scopus e WoS), repositórios, diretórios (DOAJ) e super servidores; marcações eletrônicas, publicação
em três idiomas (espanhol, português e inglês), tempos administrativos para publicação específica, etc.
Ao final, um extenso agradecimento a todos aqueles que participaram desses primeiros 10 anos.
Palavras-chave: Revista Alconpat; Scielo; WoS; Redalyc, Latindex, Google Scholar.
Citar como: Castro-Borges, P., Sabido-Maldonado, E., Mendoza-Rangel, J. M., et al. (2021),
“Revista Alconpat: 10 anos de história (2011-2021)”, Revista ALCONPAT, 11(2), pp. 146 – 157,
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v11i2.534

_______________________________________________________________
1
Cinvestav del IPN, Unidad Mérida, Yucatán, México; Editor en Jefe fundador de Revista Alconpat, México.
2
Alconpat-Internacional, Editor Asistente de Revista Alconpat, México.
3
Facultad de Ingeniería Civil, UANL; Editor Gerente fundador de Revista Alconpat, México.
4
Universidad de Sao Paulo; Editor Asociado fundador y en funciones de Revista Alconpat, Editor de Idioma, Brasil.
5
Universidad de Alicante; Editor Asociado y en funciones de Revista Alconpat, España.
6
Tecnológico de Monterrey, Campus Querétaro; Editor Asociado en funciones de Revista Alconpat, México.
7
Universidad Politécnica de Madrid; Editor Asociado fundador en funciones de Revista Alconpat, España.
8
Universidad de Buenos Aires; Editor Asociado fundador en funciones de Revista Alconpat, Argentina.
9
Universidad de Zulia; Editor Asociado fundador en funciones de Revista Alconpat, Venezuela.
10
Instituto Técnico Superior de Lisboa; Editor Asociado fundador en funciones de Revista Alconpat, Portugal.
11
Cinvestav del IPN, Unidad Saltillo, Coahuila, México; Editor Asociado fundador de Revista Alconpat, México.
12
Universidad Autónoma de Chiapas, México; Co-Editor en Jefe (2020-2021) de Revista Alconpat, México
13
Universidad Centroccidental Lisandro Alvarado; Editor de Idioma en funciones de Revista Alconpat, Venezuela

Contribuição de cada autor


Neste trabalho, P. Castro-Borges conceituou o trabalho, conduziu a discussão e redigiu o artigo; E. Sabido-Maldonado realizou a
formatação, coletou as informações, preparou as figuras e tabelas e contribuiu para a discussão de como apresentar as informações; os
demais coautores participaram da discussão e revisão do trabalh.

Revista ALCONPAT, Volume 11, Número 2 (maio – agosto 2021): 146 – 157 146
Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 146 – 157

Revista Alconpat: 10 years of history (2011 - 2021)

ABSTRACT
The objective of this work is to present to the community the achievements and challenges to come
of the Alconpat Journal in its first ten years of existence. A narration is made of: how the idea of
having a scientific / technical journal in Alconpat International arose; when, how and where the
discussions and the project took place; the implementation, the first issue, the punctuality; the
requirements and challenges to meet for the first indexations (Scielo México, Scielo WoS,
Redalyc, Latindex, Google); the CONACyT projects that made it possible to gradually meet the
requirements for eventual applications at higher indexes (Scopus and WoS), repositories,
directories (DOAJ) and super servers; electronic markings, publication in three languages
(Spanish, Portuguese and English), administrative times for publishing any specific issue, etc. At
the end, an extensive acknowledgement is made to all those who have participated in these initial
10 years.
Keywords: Alconpat Journal; Scielo; WoS; Redalyc, Latindex, Google Scholar.

Revista Alconpat: 10 años de historia (2011 – 2021)

RESUMEN
El objetivo de este artículo es presentar a la comunidad los logros y retos, enfrentados, actuales y
por venir, de la Revista Alconpat en sus primeros diez años de existencia. Se realiza una narración
de: cómo surgió la idea de tener una revista científico/técnica en Alconpat Internacional; cuando,
como y donde se llevaron a cabo las discusiones y el proyecto; la implementación, el primer
número, la puntualidad; los requisitos y retos a cumplir para las primeras indizaciones (Scielo
México, Scielo WoS, Redalyc, Latindex, Google); los proyectos CONACyT que permitieron
cumplir poco a poco los requisitos para eventuales aplicaciones a índices superiores (Scopus y
WoS), repositorios, directorios (DOAJ) y super servidores; marcaciones electrónicas, publicación
en tres idiomas (español, portugués e inglés), los tiempos administrativos para publicación puntual,
etc. Al final se hace un extenso agradecimiento a todos los que han intervenido en estos 10 años
iniciales.
Palabras clave: Revista Alconpat; Scielo; WoS; Redalyc, Latindex, Google Académico.

Licença Creative Commons


Copyright (2021) é propriedade dos autores. Este trabalho é um artigo de acesso aberto publicado sob os termos e condições de
uma Licença Internacional Creative Commons Atribuição 4.0 (CC BY 4.0).

Discussões e correções pós-publicação


Qualquer discussão, incluindo a resposta dos autores, será publicada no (primeiro, segundo ou terceiro) número do ano AAAA,
desde que a informação seja recebida antes do fechamento do (primeiro, segundo ou terceiro) número do ano de AAAA.

Informações legais
Revista ALCONPAT é uma publicação trimestral da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação de Construção, Internacional, A.C., Km. 6, antiga estrada para Progreso, Merida, Yucatán, C.P. 97310,
Tel.5219997385893, [email protected], Website: www.alconpat.org
Reserva de direitos de uso exclusivo No.04-2013-011717330300-203, eISSN 2007-6835, ambos concedidos pelo Instituto Nacional
de Direitos Autorais. Editor responsável: Dr. Pedro Castro Borges. Responsável pela última atualização deste número, Unidade de
Informática ALCONPAT, Eng. Elizabeth Sabido Maldonado.
As opiniões expressas pelos autores não refletem necessariamente a posição do editor.
A reprodução total ou parcial do conteúdo e das imagens da publicação é realizada de acordo com o código COPE e a licença CC
BY 4.0 da Revista ALCONPAT.

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1. INTRODUÇÃO
A ideia de criar a Revista da Associação Latino-Americana de Controle de Qualidade, Patologia e
Recuperação da Construção ALCONPAT Int. começou no âmbito do Congresso CONPAT 2003,
quando a real necessidade de um mecanismo formal de divulgação foi levantada pela primeira vez
nessa Associação. O Objetivo era uma revista séria, acadêmica e original, que concentra-se seus
esforços em temas originais cultivados por quase 30 anos na Associação. A evolução da ideia e do
projeto levou vários anos para se consolidar, mas tudo se fortaleceu à medida que o trabalho técnico
de qualidade apresentado nos eventos do CONPAT aumentava. Foi durante o Congresso CONPAT
2009 que o tema foi formalmente apresentado ao Conselho Superior, o mais alto órgão da
Associação. Naquele momento estava sendo formalmente instituída a revista, conseguindo sua
aprovação para iniciar oficialmente suas atividades no ano seguinte. Durante 2010, foi feito um
trabalho intensivo na concepção e implementação do site para o mecanismo de envio, recebimento,
avaliação e publicação dos artigos, enfim, em 31 de dezembro de 2010 a primeira edição do volume
1 correspondente a 2011 seria publicada eletronicamente, lançada como "Revista ALCONPAT"
(ou RA).
Em 2013, é gerado o registro de informações legais que inclui o direito de uso internacional
exclusivo do nome "Revista ALCONPAT" e seu número ISSN correspondente (ISSN: 2007-6835).
Em 2015, durante a publicação do volume 5, a RA participou do Edital para pertencer ao Índice de
Revistas Científicas e Tecnológicas do CONACyT (Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia –
México), alcançando essa distinção no mesmo ano. Este fato é um divisor de águas que elevou a
RA a padrões mais elevados, como a adesão de índices de prestígio, migração para a plataforma
OJS (Open Journal System) e do DOI (Identificador de Objetos Digitais), entre outros. Atualmente,
a revista subiu ao mais alto nível de "International Competent Magazine" segundo os critérios do
CONACyT.
Em 2016, graças à indexação do CONACyT, a revista foi incorporada ao índice Scielo México e,
juntamente com ela, a inclusão no SciELO Citation Index, banco de dados integrante da Web of
Science. Em 2017, o RA começa no Google Acadêmico, onde dados importantes podem ser
consultados.
Em 2018, a RA postulou um longo processo de inclusão no Scopus, e um ano depois o feedback
foi recebido com sugestões de pequenas mudanças que foram implementadas e que serão
reavaliadas a partir de maio de 2021. Em 2018 a RA foi incorporando outros índices como o
Redalyc e na plataforma OJS 2 uma seção de estatísticas foi incorporada para poder ver qual artigo
foi mais baixado, qual país tem mais visitas, que é o número mais consultado, etc., e a
implementação da publicação do XML Jats. Da mesma forma, a RA foi incluída em 2018 no
Catálogo e Diretório Latindex.
Em 2020, a RA passou para a versão mais recente e estável do sistema de avaliação OJS (Versão
3.2.1.4), um novo design de portal, novos plugins incorporados como XML Viewer, módulo Catch,
módulo de compartilhamento de artigos, etc., bem como a atualização e incorporação de novas
políticas editoriais e éticas, tudo com apego ao COPE (Comitê de Ética em Publicação), isso a fim
de aumentar a visibilidade e a acessibilidade.
Foi escolhida a opção de alterar a licença creative commons e foi escolhida uma postura mais aberta
e menos restrita (CC BY, https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/), que é um requisito para
pertencer ao DOAJ (Directory of Open Access Journals). Outro dos requisitos de obtenção de
importantes índices são os sistemas de preservação digital que estão agora disponíveis; uma licença
de software anti-plágio (iThenticate com Crossref Similarity Check), e também uma ferramenta do
Google Analytics, que fornece estatísticas individuais por artigo e outras melhorias que permitirão
a entrada durante 2021-2022 para o DOAJ e provavelmente para Scopus e JCR. Como dados
importantes, a RA já possui um Fator de Impacto (FI) que em 2016 foi de 0,03 gradualmente

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aumentando para 0,16 no Scielo Analytics (Tabela 1), esperando que melhore e seja endossado
quando incorporado a outros índices.

Tabla 1. Fator de impacto da Revista Alconpat desde 2016 (Scielo México)


Artigos publicados Citações
Citações em 2016 para
em Fator em 2016 Artigos
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os 2015 2014 2015 2014 impacto artigos em 2016
2014 2014
anos de 2016
7 0 1 1 18 18 36 0.028 0 22 0

Artigos publicados Citações


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em Fator em 2017 Artigos
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2017

todos de para publicados


2016+ 2016+ imediatez
os 2016 2015 2016 2015 impacto artigos em 2017
2015 2015
anos de 2017
7 0 1 1 22 18 40 0.025 2 22 0.091

Artigos publicados Citações


Citações em 2018 para
em Fator em 2018 Artigos
Ano base

Índice de
2018

todos de para publicados


2017+ 2017+ imediatez
os 2017 2016 2017 2016 impacto artigos em 2018
2016 2016
anos de 2018
13 2 1 3 22 22 44 0.068 0 16 0.0000

Artigos publicados Citações


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em Fator em 2019 Artigos
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2019

todos de para publicados


2018+ 2018+ imediatez
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2017 2017
anos de 2019
14 2 4 6 16 22 38 0.160 0 7 0

Como resultado do aumento da visibilidade da RA, também houve um aumento de consultas e


downloads, como mostrado na Fig. 1. Em particular, chama a atenção a variedade de países que
consultam RA, que é graficamente mostrada na Fig. 2, e quantitativamente na Fig. 3. A RA foi
revisada e/ou baixada em mais de 130 países. A tendência na distribuição desses downloads de
alguma forma reflete a distribuição geográfica dos autores, o acesso a fontes de informação, o grau
de desenvolvimento científico, entre outros.

Número de Consultas
80
Milhares

Visitas Descargas
60

40

20

0
2016 2017 2018 2019 2020 2021
Figura 1. Descargas e visitas à página, número de consultas de resumos dos artigos desde 2016 a
2021. (fonte: OJS da Revista Alconpat)

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Figura 2. Países com maior número de visitas, en cor vermelha. (OJS da Revista Alconpat)

Tabla 2. Países com números de visitas no ano de 2020.


No de No de No de No de
País País País País
visitas visitas visitas visitas
Brasil 9303 Indonesia 89 Nepal 19 Belice 4
República
México 3672 Uruguai 74 Unida de 17 Senegal 4
Tanzania
Estados
República
Unidos de 3320 Grecia 73 17 Togo 4
de Servia
América
Perú 2152 Irak 70 Dinamarca 16 Zimbabue 4
India 1685 Australia 65 Lituania 15 Yemen 4
Colombia 1421 Sudáfrica 64 Mongolia 15 Bielorrusia 4
Russia 1138 Honduras 62 Marrocos 14 Jamaica 3
República
Espanha 886 60 Bulgaria 13 Haití 3
Dominicana
Bolivia 783 Polonia 60 Austria 13 Islandia 3
Nova
Argentina 565 Malasia 60 13 Benín 3
Zelanda
Porcelana 565 Egito 59 Eslovenia 12 Guinea 2
Sierra
Alemanha 456 Tailandia 58 Siria 11 2
Leona
Ecuador 436 Etiopía 56 Albania 11 Liberia 2
Emiratos
República Costa de
408 Árabes 54 Porto Rico 10 2
Checa Marfil
Unidos
França 402 Nigeria 49 Líbano 10 Botswana 2
Portugal 395 Costa Rica 48 Kazajstán 10 Djibouti 2
Coreia do
350 Vietnam 45 Ruanda 9 Macedonia 2
Sur
Chile 342 Moçambique 42 Kuwait 9 Georgia 2

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Ucrania 325 Israel 40 Katar 8 Laos 2


Reino
298 Bélgica 38 Letonia 8 Surinam 1
Unido
Burkina
Panamá 231 Kenia 37 Estonia 8 1
Faso
Guinea
Venezuela 170 El Salvador 36 Afganistán 8 1
Ecuatorial
Irlanda 170 Angola 32 Camarão 7 Swazilandia 1
Canadá 168 Noruega 28 Uganda 7 Malawi 1
Italia 160 Ghana 28 Túnez 7 Armenia 1
Filipinas 130 Noruega 28 Croacia 7 Azerbaiyán 1
Suecia 125 Banglandesh 28 Zambia 6 Uzbekistan 1
Arabia
Japão 123 27 Chipre 6 Bután 1
Saudita
Países
118 Suiça 27 Camboja 6 Myanmar 1
Baixos
Trinidade y Nueva
Cuba 116 Nicaragua 26 5 1
Tobago Caledonia
Pavo 115 Argelia 26 Libia 5 Fiyi 1
Bosnia y
Paraguai 110 Jordán 26 5
Herzegovina
Guatemala 108 Finlandia 26
Pakistán 100 Taiwán 26
Omán 23

RA tem a maior taxa de internacionalização que considera Redalyc, Fig. 3. O índice de


internacionalização é composto por 5 grupos e igual número de subgrupos. O maior nível de
internacionalização é definido pelo G1 e pelo menor G5.
O índice de internacionalização é derivado de três variáveis com diferentes pesos:
1. Proporção (%) autores estrangeiros (valor 0,25);
2. Número de países estrangeiros (valor 0,35);
3. Proporção de artigos com pelo menos um autor estrangeiro (valor 0,45).
O nível de internacionalização de uma revista permite observar o nível de participação estrangeira.
O Grupo G11 indica o maior nível de internacionalização e o G55 a menor internacionalidade ou
maior endogeneidade. Redalyc considerou importante criar subgrupos porque o G21 indica que ele
está muito próximo do G1, enquanto o G25 indica que ele está muito mais próximo do G3 e
provavelmente descerá do grupo. Manter o G1 é um desafio para qualquer revista, especialmente
aquelas que aspiram a importantes índices científicos como esta RA.

Figura 3. Índice de internacionalizaão da Revista Alconpat (Dados e figura cortesía de Redalyc).

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Um dos desafios da RA tem sido manter um padrão em termos de pontualidade e tempos de


publicação. Desde o início, uma tendência média ótima foi prometida em torno de 17 semanas (4
meses) desde a submissão até a publicação, que segundo Redalyc permaneceu muito próxima aos
17,39, conforme denotado na Fig. 4.

Figura 4. Semana média de recepção – aceitação da Revista Alconpat :17.39 semanas (Dados
cortesía de Redalyc).

Como outras revistas que são avaliadas por diversos índices, a Revista Alconpat deve manter uma
importante produção citável, pois devido à sua vocação inicial de ciência aplicada na qual faz uso
de estudos de caso como sua motivação inicial mais importante. As tendências dos últimos 10 anos
têm sido um aumento na produção citável, como denotado por artigos de pesquisa e revisão
publicados desde então. A distribuição por tipo de item durante esses 10 anos pode ser vista na Fig.
5.

100
90
80
Número de documentos

70
60
50
40
30
20
10
0
Artigo de Relatório de um artigo de editorial Outras
Pesquisa estudo de caso revisão
Tipos de Documento
Figura 5. Distribuição de documentos por tipos de artigo (Dados cortesía de Scielo Analytics)

Sem dúvida, a internacionalização da RA ainda é observada grandemente na América Latina,


embora cada vez mais trabalho do resto do mundo esteja sendo publicado, como mostra a Fig. 6.
A forte influência do Brasil e do México marcou a RA nesses 10 anos.

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70

60

Número de documentos 50

40

30

20

10

Países de afiliación
Figura 6. Distribuição de documentos por países de publicação (dados de Scielo Analytics)

Sem dúvida, o número de autores por artigo é uma questão que envolve cada vez mais a avaliação
nos Conselhos de Ciência e Tecnologia de nossos países. A Fig. 7 mostra essa tendência na RA,
onde há predominância na área de 3-4 autores, o que é bastante atrativo para sistemas de avaliação
como México ou Brasil. Destaca-se, ainda, a importante presença de artigos com um único autor,
que denota independência e liderança, que coincidem com a trajetória desses autores em seus
artigos.

45
40
Número de documentos

35
30
25
20
15
10
5
0
1 2 3 4 5 6 7 8 10
Número de autores
Figura 7. Distribuição de documentos por número de autores por artigo (dados cortesia de Scielo
Analytics).

Um aspecto importante na qualidade de uma Revista são as referências, Fig. 8. Alconpat mostra
uma tendência para cerca de 20 referências médias (ou uma faixa entre 15 e 25) que é um número
muito aceitável quando você considera que a produção citável em relação a artigos básicos ou de

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pesquisa aplicada, e as revisões é em torno de 2/3 da produção total, Fig. 5. Como uma síntese
modesta, a RA tem uma tendência positiva geral (caminhando para cima e de forma constante) em
suas estatísticas modestas e poderia ser resumida no lento, mas constante aumento de seu fator de
impacto, tabela 1. No fechamento desta publicação, o feedback do DOAJ já estava disponível, por
isso é provável que, de acordo com os planos, a RA esteja se candidatando com possibilidades
muito boas ao Scopus e JCR.

15
Número de documentos

12.5

10

7.5

2.5

0
0 3 5 7 9 11 14 16 18 20 22 24 26 28 30 32 34 36 41 43

Referencias bibliográficas
Figura 8. Distribuição de documentos por número de referências bibliográficas por artigo (Scielo
Analytics)

O futuro da RA é encorajador e frutífero. Daqui a 10 anos, deve-se dar amplo reconhecimento ao


órgão editorial original e àqueles que aderiram a essa iniciativa que levou a RA para onde está
agora. Mas, sem dúvida, o maior reconhecimento é merecido pelos autores de artigos, que
confiaram em RA e investiram tempo, dinheiro e esforço para publicar seus trabalhos de pesquisa
aqui, embora muitos deles tenham tido melhores opções na época. Finalmente, leitores, sem eles
RA não seria nada, um agradecimento especial por ler, baixar e citar. Sua preferência, sem dúvida,
dará em um curto espaço de tempo, oportunidades para continuar melhorando através de melhores
ferramentas para consulta e indexação. Em nome do Conselho Editorial muitos, muitos, muitos
agradecimentos a todos. Durante 2021, e no encerramento desta edição, esses 10 anos foram
homenageados com uma celebração acadêmica em 19 de maio. A programação desse ato, para fins
de posteridade, está aqui incluída como tributo no anexo.
Agradecimentos especiais ao Conselho Nacional de Ciência e Tecnologia (CONACyT) do México,
através do qual o apoio dos projetos foi tido (chamada 2013, declarada como revista nacional
competente (2 de setembro de 2013), Chamada 2014 -2015, projeto nº 140028 (30 de outubro de
2014), Chamada 2016, declarada como revista internacional competente (05 de setembro de 2016),
Chamada 2017 , projeto 290978 (21 de março de 2017) e a última Chamada 2018-2019, projeto
297368 (16 de julho de 2018) para financiar a Revista Alconpat em diversas etapas que lhe
permitiram atingir padrões com os quais foi possível aplicar e obter índices importantes.

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ANEXO

Programa de Celebração Acadêmica do 10º Aniversario da Revista Alconpat

Palavras de boas-vindas ao evento por Carmen Andrade (presidente de


09:00-09:10
Alconpat)
Apresentação sobre a história e estatísticas da Revista, bem como planos
09:10-09:40
imediatos e futuros (Pedro Castro Borges).
Conversa entre editores associados de forma descontraída sobre fatos,
experiências, história e tópicos abertos. Raúl Husni e Manolo Fernández
09:40-10:20
Cánovas coordenam. Participam Oladis Troconis de Rincón, Andrés A. Torres
Acosta, Jorge Branco, Paulo Helene, Pedro Garcés Terradillos.
Apresentação e Reconhecimento ao Corpo Editorial que atuou nesses 10 anos,
tanto aos ativos quanto aqueles que não estão mais na comissão (Patricia
10:20-10:40 Martínez, Sergio Espejo, Margita Kliewer, Mauricio López e Luis Fernandez,
entre outros), Coordena José Manuel Mendoza Rangel.

Apresentação de Novos Editores Associados da Revista (Ravindra Gettu de


10:40-11:00 India y Filipo Uberttini de Italia) e Co-Editora Chefe, 2021-2022 (Edna Possan
de Brasil). Coordena Pedro Castro Borges.
Apresentações curtas dos mais representativos "Review and Collection" (por
tópico, citações, downloads) da Revista Alconpat representando a América do
Norte e do Sul, África, Ásia e Europa. Coordena um membro do Comitê
11:00-12:45
Editorial para cada trabalho (veja lista abaixo). Cada Apresentação é de 12
minutos e 3 minutos para apresentação inicial e perguntas.

Palavras de Paulo Helene, Editor Associado em Representação do Corpo


12:45-12:55
Editorial.
12:55-13:00 Encerramento com e-brinde de honra, Pedro Castro

Artigos mais citados

2015

Integrated management systems building technique: inspection and repair of non-structural


elements. PORTUGAL (42 REF). Chairman Pedro Garcés Terradillos.
G. T. Ferraz (IST, Lisboa; Portugal)
J. De Brito (Instituto Superior Técnico, Universidade Técnica de Lisboa)
V. P. De Freitas (Faculdade de Engenharia, Universidade do Porto)
J. D. Silvestre (IST, Lisboa; Portugal)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v5i2.83

2017

Infrared thermography as a non-destructive test for the inspection of reinforced concrete bridges:
A review of the state of the art. BRASIL (75 REF). Chairman Raúl Husni.
Joaquin Humberto Aquino Rocha (Universidade de Pernambuco, Brasil)
Yêda Vieira Póvoas Tavares (Universidade de Pernambuco)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v7i3.223

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Revista ALCONPAT, 11 (2), 2021: 146 – 157

2018

Service life design and modelling of concrete structures – background, developments, and
implementation. SUDAFRICA (57 REF). Chairman Andrés Torres Acosta.
Mark Gavin Alexander (University of Cape Town)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v8i3.325

2019

Adhesion, strengthening and durability issues in the retrofitting of Reinforced Concrete (RC)
beams using Carbon Fiber Reinforced Polymer (CFRP) – A Review. MEXICO (67 REF).
Chairlady Edna Possan.
Pedro J. Poot Cauich (Escuela de Ingeniería Civil, Universidad Marista de Mérida, Periférico
Norte tablaje catastral 13941, Carretera Mérida - Progreso. C.P. 97300, Mérida, Yucatán)
Rodolfo Martínez-Molina (Escuela de Ingeniería Civil, Universidad Marista de Mérida, Periférico
Norte tablaje catastral 13941, Carretera Mérida - Progreso. C.P. 97300, Mérida, Yucatán)
José Luis Gamboa Marrufo (Escuela de Ingeniería Civil, Universidad Marista de Mérida,
Periférico Norte tablaje catastral 13941, Carretera Mérida - Progreso. C.P. 97300, Mérida,
Yucatán)
Pedro Jesus Herrera Franco (Unidad de Materiales, Centro de Investigación Científica de
Yucatán, A.C., Calle 43 # 130, Col. Chuburná, C.P. 97205, Mérida, Yucatán)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v9i2.401

2020

Use of supplementary cementitious materials (SCMs) in reinforced concrete systems – Benefits


and limitations. INDIA (39 REF). Chairman Iván Escalante
R. G. Pillai (Department of Civil Engineering, Indian Institute of Technology Madras, Chennai,
India)
R. Gettu (Department of Civil Engineering, Indian Institute of Technology Madras, Chennai, India)
M. Santhanam (Department of Civil Engineering, Indian Institute of Technology Madras, Chennai,
India)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v10i2.477

Fire impacts on concrete structures. A brief review. BRASIL (35 REF). Chairman Fernando
Branco
Paulo Helene (Professor Titular da Escola Politécnica da USP, PhD Engenharia, São Paulo)
Carlos Britez (Pesquisador de Pós-Doutorado na Escola Politécnica da USP, Britez Consultoria,
São Paulo)
M. Carvalho (Universidade Presbiteriana Mackenzie, São Paulo)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v10i1.421

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Resenha da coleção sobre Resistividade de Carmen Andrade, Presidente Oladis Troconis

2011
La resistividad eléctrica como parámetro de control del hormigón y de su durabilidad. ESPAÑA
(14 REF)
C. Andrade (Centro de Investigación en Seguridad y Durabilidad de Estructuras y Materiales,
CISDEM (CSIC-UPM), IETcc-CSIC, España)
R. D’Andrea (Instituto Español del Cemento y sus Aplicaciones IECA- España)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v1i2.8

2018
Design and evaluation of service life through concrete electrical resistivity. ESPAÑA (24 REF)
Carmen Andrade (International Center for Numerical Methods in Engineering. CIMNE. UPC)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v8i3.349

2020
Rebar corrosion modelling and deterioration limit state. ESPAÑA (22 REF)
C. Andrade (Centro Internacional de Métodos Númericos en Ingeniería, Madrid, España)
DOI: https://doi.org/10.21041/ra.v10i2.478

Revista Alconpat: 10 anos de história (2011 - 2021) 157


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