Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista e São Miguel Paulista sofrem com enchentes

Grande parte da região das subprefeituras de Ermelino Matarazzo, Itaim Paulista e São Miguel Paulista sofre com enchentes há décadas. Muitos terrenos que foram ocupados por moradias são áreas de várzea do Rio Tietê e de córregos que desembocam no Rio.

No Jardim Pantanal, bairro do distrito de Jardim Helena, os alagamentos duram mais de uma semana em épocas de chuva. A Jô, moradora do local, conta sobre essa situação:

"Tudo alagado. Quem tem criança, igual eu que cuido de criança, tem que botar nas costas para levar para escola. Eu já estou com 60 anos", relata.

Nos últimos anos, a prefeitura vem trabalhando para reduzir as enchentes. No Itaim Paulista, por exemplo, foram gastos mais de R$ 34 milhões para recuperar as margens, canalizar os córregos Ribeirão Lajeado e Rola Moça e criar contenções.

O Pesquisador da Universidade São Judas Tadeu Luciano Abbamonte, no entanto, critica a falta de planejamento das obras que vêm sendo realizadas na região.

O grupo de pesquisa que Luciano participa mapeou que, apenas na bacia do Lajeado, foram gastos mais de R$ 100 milhões em obras emergenciais entre 2020 e 2023. Segundo ele, as obras não possuem articulação entre elas.

No Jardim Pantanal, o saneamento básico é uma grande questão. Muitos não têm acesso à água e esgoto regularizado.

A Sabesp vem fazendo um trabalho que é elogiado por parte da população local. Mas, em algumas ruas, os moradores reclamam que estão sendo deixados de lado.

É o caso da rua Freguesia de São Romão, como reclama o senhor Severino. Lá, a água do antigo esgoto improvisado está caindo no meio da rua.

"Essa água é do esgoto antigo. Então, nós estamos pagando água, pagando esgoto e não estamos tendo melhoria. Por quê? Eles abandonaram a gente. A Sabesp entrou aqui com esse plano, com esse projeto de água legal e esgoto, já faz dois anos e meio, e a nossa rua aqui foi esquecida", afirma.

A falta de médicos em UPAs e UBS's também é mencionada por parte da população. A Ana Soares leva a mãe Edna Soares, de 74 anos, frequentemente à UPA do hospital Ermelino Matarazzo.

Ela contou algumas experiências de longo tempo de espera. Em uma delas, elas chegaram 6h40 e saíram 16h. Outra, chegaram às 16h e só deixaram o local 2h40.

"No dia que a gente veio, eles estavam pedindo para os acompanhantes levantarem, porque não tinha cadeira para todo mundo sentar. Então, os acompanhantes ficavam em pé para todos os pacientes sentarem. Era muita gente. Falta médico, porque, da última vez que a gente esperou, ela estava com suspeita de dengue, com muita dor no corpo. A moça ainda me pediu desculpa e falou assim: 'olha, o certo seria eu passar sua mãe na frente de todo mundo pelo sintoma. Só que o doutor está com três emergências e eu só estou com dois médicos'. Tinha gente sentado no chão", relata

A Ana Soares pontuou que a equipe é muito atenciosa e acolhedora, mas pontua que faltam médicos.

Um relatório do Tribunal de Contas do Estado, divulgado no ano passado, constatou que o Hospital Ermelino Matarazzo sofre com falta de médicos e leitos, longas esperas para exames e problemas na infraestrutura.

O Hospital Ermelino Matarazzo foi o que mais realizou atendimentos no primeiro semestre de 2023. Com 286 leitos e 363 médicos, uma infraestrutura menor do que a de outros hospitais da região, ele registrou uma média de 3.200 atendimentos por dia.

Os moradores da região pedem a construção de um novo hospital, para ajudar a conter a demanda.

Já no Itaim Paulista, o morador da Vila Itaim Antônio Cezar reclama do atendimento à saúde da região, principalmente na UBS Dr. Júlio de Gouveia. Segundo ele, faltam médicos e agentes de saúde.