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Arquiteta troca cidade grande pela roça em busca de uma vida (e projetos) mais sustentáveis — Foto: Fotos: Cacá Bratke | Produção: Deborah Apsan
Arquiteta troca cidade grande pela roça em busca de uma vida (e projetos) mais sustentáveis — Foto: Fotos: Cacá Bratke | Produção: Deborah Apsan

"Temos que desconstruir muitos valores, sobretudo comportamentais e sociais, trazidos da cidade grande". É o que reflete a arquiteta Elena Caldini, especialista em projetos de bioconstrução e bioarquitetura. Nascida em São Paulo, capital, ela trilhou uma jornada rumo ao interior do estado em busca não apenas de mais qualidade de vida, mas também de uma arquitetura com propósito e ecologicamente responsável.

Elena Caldini — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Elena Caldini — Foto: Divulgação/Acervo pessoal

Criada por pais biólogos, a paulistana, formada em arquitetura pela Escola da Cidade, sempre demonstrou muita curiosidade pelas práticas naturais, sustentáveis e antropológicas ligadas à profissão. Foi natural, então, o aprofundamento dos estudos em bioarquitetura e permacultura, dois conceitos não tão difundidos à época. “Especializei-me em cada uma das técnicas e seus materiais específicos, como o manejo de pau a pique, bambu, adobe e hiperadobe. Com o tempo, percebi que existia uma ligação muito grande entre a bioconstrução, bioarquitetura e agroecologia”.

Assim que me formei, já havia em mim o desejo muito forte de sair de São Paulo. Nunca foi um lugar onde eu tinha planos de viver o resto da vida. Apesar de ter nascido e vivido lá a maior parte do tempo, já queria fazer esse movimento de mudança
— Elena Caldini

Após dois anos voltados para o estudo de práticas arquitetônicas sustentáveis, Elena se mudou para Ubatuba, litoral de São Paulo, em 2016, e mergulhou na produção de projetos ambientalmente responsáveis, feitos principalmente a partir de materiais como eucalipto, pinus e pau a pique. Foi quando ela executou a Casa de Terra, uma de suas principais criações, assinada em parceria com os arquitetos Marina Matulja e Marcelo Bueno. “A casa é um projeto de bioconstrução, com paredes vivas, feitas de pau a pique e com reboco natural de areia e terra. Sua estrutura é elevada do chão, a fim de preservar o terreno natural e evitar a terraplanagem. O projeto ainda possui aquecimento solar de água e sistema de placas fotovoltaicas para a geração de energia”, detalha a bioarquiteta.

A experiência com o manejo de matérias-primas sustentáveis e construções de baixo impacto a levaram a colaborar no projeto SANA, responsável por produzir, construir e instalar banheiros secos Brasil afora. A iniciativa, presente em diferentes regiões do país, é realizada por Caldini e suas sócias, a engenheira e mestre em saneamento ambiental Aline Matulja e a educadora ambiental Marina Donnini. Além de ajudar a suprir a demanda de comunidades carentes (cerca de 1 milhão de brasileiros não possuem banheiro em casa, segundo levantamento do Instituto Trata Brasil com dados do IBGE), a SANA é uma alternativa ecológica para o tratamento de dejetos. “O banheiro seco possui uma tecnologia milenar, visto que seu funcionamento é a partir da compostagem. Após utilizá-lo, basta cobrir a matéria orgânica com serragem e o dejeto será devidamente compostado”, explica Elena.

O projeto SANA, comandado pela bioarquiteta Elena Caldini, a engenheira e mestre em saneamento ambiental Aline Matulja e a educadora ambiental Marina Donnini, é responsável pela construção de banheiros secos ao redor do Brasil — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
O projeto SANA, comandado pela bioarquiteta Elena Caldini, a engenheira e mestre em saneamento ambiental Aline Matulja e a educadora ambiental Marina Donnini, é responsável pela construção de banheiros secos ao redor do Brasil — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Os banheiros secos funcionam a partir da compostagem, ou seja, após utilizá-lo, basta cobrir com serragem e a matéria orgânica será compostada — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Os banheiros secos funcionam a partir da compostagem, ou seja, após utilizá-lo, basta cobrir com serragem e a matéria orgânica será compostada — Foto: Divulgação/Acervo pessoal

Conforme via a bioarquitetura transformar a vida das pessoas, Elena decidiu mudar a própria. Em 2019, deixou Ubatuba e encontrou refúgio em Piracaia, no interior de São Paulo. Atualmente, ela vive em um sítio colaborativo de 24 mil m², onde moram mais duas famílias, incluindo a de seu sócio, o engenheiro civil Antônio Marcos Machado, que também teve participação ativa no projeto. Fruto de quatro anos de idealização, o Sítio Iandeva conta com três casas, uma cozinha coletiva e um banheiro seco. "Foi um processo muito trabalhoso, principalmente porque nós fizemos tudo com as nossas mãos”, recorda a arquiteta.

Foi um sonho realizado em vida, porque a gente pôde experimentar e construir tudo aquilo que eu tinha na minha cabeça de ‘quando eu tiver uma casa, quero que seja assim’”
— Elena Caldini
 Um dos projetos que a bioarquiteta pôde fazer todo o design permacultural, em parceria com o engenheiro civil Antônio Marcos Machado, foi a Vila 4 Cantos, em Piracaia — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Um dos projetos que a bioarquiteta pôde fazer todo o design permacultural, em parceria com o engenheiro civil Antônio Marcos Machado, foi a Vila 4 Cantos, em Piracaia — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
É sempre um processo muito enriquecedor e profundo, sinto que fui me construindo conforme eu construía a casa
— Elena Caldini

Logo após a mudança, Elena não demorou a perceber que a região demandava por construções sustentáveis, principalmente durante (e depois) da pandemia de Covid-19, quando muitos isolaram-se nas zonas rurais. Encontrou ali um terreno fértil para difundir seu trabalho. “Pude exercer todo o design permacultural de terrenos, desde o planejamento desses espaços, pensando em acesso, água, topografia, agrofloresta, zona de preservação, até o próprio projeto físico e a construção da casa”, afirma.

CV: Como é feito todo o trabalho permacultural?

A permacultura foi criada para poder organizar de forma efetiva a chegada de novos núcleos sociais na natureza, evitando um impacto negativo. Seu conceito envolve o zoneamento e acesso ao terreno, topografia, análise do regime de chuvas e o tratamento de resíduos da casa. O termo, desenvolvido pelos ingleses Bill Mollison e David Holmgren, possui três braços principais: o cuidar do planeta, as relações sociais e o econômico – também chamado de partilha justa, uma forma que define como dividir de forma justa e equitativa os ganhos econômicos.

A partir desses três conceitos, é possível sugerir estratégias para os terrenos, como a de dividir o espaço em zonas. A casa do proprietário é chamada de zona zero, e a partir dela criam-se áreas concêntricas à esta zona. A tática é deixar atividades feitas diariamente, como a horta, mais próxima da casa, sendo assim, a zona 1. Já as tarefas que são feitas duas vezes por semana, como a composteira, na zona 2, e assim por diante, podendo chegar até quatro ou cinco zonas.

CV: Existe algum projeto específico que você empregou o conceito de permacultura do início ao fim?

Sim, a Vila 4 Cantos em Piracaia. A área é constituída por seis terrenos de 20 mil m² cada, e eu e meu sócio, o engenheiro civil Antônio Marcos Machado, realizamos a construção de casas, estruturação de acesso, entradas, zoneamento e sistema de água interno da vila. Esse projeto só foi possível graças ao agroecologista Dercílio Pupin, que auxilia pessoas que chegam da cidade grande na zona rural a formalizar as vilas agroecológicas há anos, e nos convidou para participar da construção.

Atualmente, a Vila 4 Cantos conta com uma casa, uma sede de camping e um restaurante rural. Uma dessas construções é a casa MMGG, projeto que mescla a bioconstrução e a arquitetura tradicional. Apesar de não ser completamente bioconstrução, toda a concepção da casa foi permacultural desde o início, com preservação da nascente e do terreno, separação de águas e biodigestor.

CV: Como os banheiros secos entraram na sua vida?

Tudo começou com o projeto "Banheiros mudam vidas", idealizado pela Kimberly-Clark, em conjunto com minhas atuais sócias, a engenheira e mestre em saneamento básico, Aline Matulja, e a educadora ambiental Marina Donnini, em 2014. A técnica dos banheiros secos é milenar e ao longo dos anos diversos projetos foram desenvolvidos, um dos mais importantes é o “Bason”, criado pelo mestre em bioarquitetura e arquitetura intuitiva Johan Van Lengen. Sob o comando de Aline e Marina, revisões foram feitas até chegar ao modelo implantado no projeto.

CV: Por que banheiros secos?

A escolha do banheiro seco se deu porque, principalmente em comunidades periféricas ou no sertão brasileiro, a questão da água é um assunto delicado. Devido ao regime de chuvas muito baixo, a água torna-se um bem ainda mais precioso e deve servir para beber e tomar banho.

CV: E quando surgiu a SANA?

Em 2016. Entrei no projeto para dar consultoria e desenhar os banheiros secos, focando em sua tecnologia. Após minha chegada, desenvolvemos juntas – eu, Aline e Marina – a segunda versão do sanitário, que é mais limpa e fácil de usar. A partir disso, iniciamos o SANA – projeto que tem como objetivo construir banheiros secos ao redor do Brasil.

CV: Como foi esse processo?

Iniciamos com campanhas de doação e as pessoas começaram a se interessar e engajar no projeto. Posteriormente, fizemos parcerias com marcas e demos início às viagens e construções pelo Brasil, sempre aplicando a última versão do sanitário.

Esse é um exemplo da última versão do banheiro seco, construído com os materiais disponíveis nas comunidades que a SANA visita — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Esse é um exemplo da última versão do banheiro seco, construído com os materiais disponíveis nas comunidades que a SANA visita — Foto: Divulgação/Acervo pessoal

Desde o início, focamos em um público que não possui banheiro dentro de casa, e consequentemente, não tem saneamento básico. Porém, quando se fala de saneamento básico, existem alguns níveis. No primeiro grau, a casa possui banheiro, mas ele não está conectado com a rede municipal de esgoto, e sim a uma fossa ou qualquer outro sistema de tratamento dentro de casa. Porém, já é considerado falta de saneamento básico pelo IBGE. A segunda categoria inclui as residências que possuem banheiro, no entanto, não estão conectadas à rede municipal e não possui nenhum tipo de tratamento de esgoto, de modo que esses resíduos vão direto para um rio ou uma vala comum de dejetos.

Já no terceiro nível são casas que não possuem banheiro, de forma que os moradores precisam sair de seus lares e ir até o quintal ou na rua. E esse foi o nosso público de interesse, que, de longe, é o mais vulnerável em termos de doenças, questões higiênicas e em relação à vulnerabilidade física contras as mulheres. Isso chamou muito a nossa atenção e percebemos que as mulheres que não têm banheiro em casa, possuem uma vida muito mais difícil. São as mulheres que menstruam todos os meses... A maioria dos casos de estupro e abuso físico acontece em ambientes domésticos. E, para fazerem suas necessidades, elas precisam ficar nuas no quintal ou nas ruas. Esse cenário mexeu muito comigo, com a Aline e a Marina, e foi o que nos levou a trabalhar com esse perfil.

CV: Como funciona todo o processo de construção dos banheiros secos?

Primeiro, nós vamos nas comunidades algumas vezes para entender quem são as pessoas e conhecê-las, e mapeamos o terreno para ver onde é o melhor lugar para inserir os banheiros secos. Em uma semana nós construímos os sanitários e fazemos as oficinas. Essas oficinas incluem educação ambiental, manejo de águas, higiene, produção de cosméticos naturais e produtos de limpeza a partir de ativos naturais, como casca de limão, oficina de compostagem (importantíssima para utilizar o banheiro seco), jogos e gincanas com as crianças e outras atividades sociais.

Os banheiros secos são a melhor solução, principalmente porque em muitas regiões do país, o regime de chuvas é incerto e muitas vezes baixo — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Os banheiros secos são a melhor solução, principalmente porque em muitas regiões do país, o regime de chuvas é incerto e muitas vezes baixo — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Atualmente, a SANA viaja Brasil afora construindo banheiros secos e oferecendo oficinas de compostagem, educação ambiental, manejo de águas — Foto: Divulgação/Acervo pessoal
Atualmente, a SANA viaja Brasil afora construindo banheiros secos e oferecendo oficinas de compostagem, educação ambiental, manejo de águas — Foto: Divulgação/Acervo pessoal

Enquanto as oficinas acontecem, o time da construção física escolhe junto da comunidade quais materiais serão utilizados para construir o banheiro. O trabalho é uma grande parceria com os moradores e também fruto de uma certa negociação entre o que é sustentável, duradouro, com impacto positivo no meio ambiente, e ao mesmo tempo o que vai atender as demandas estéticas de pessoas. Temos conversas e, a partir disso, escolhemos quais materiais serão utilizados e nos organizamos para construir o banheiro.

Para a construção, todos ajudam. Mulheres, homens, crianças e idosos, todos colocam a mão na massa. A nossa ideia com o SANA é colocar todos para ajudar para que eles possam fazer parte daquilo e entender que o banheiro pertence a eles, foi feito por e para eles, e sempre será da comunidade. Isso é muito importante para que haja identificação e cuidado com o sanitário.

CV: Quais as maiores dificuldades de projetos como esse?

As questões financeiras sempre são uma dificuldade. Para fazer essa ação, é preciso uma campanha mostrando a importância do projeto. Em alguns momentos foi difícil abordar essa questão de maneira respeitosa, sem ser sensacionalista e apelativa ao mesmo tempo. Às vezes é difícil comover as pessoas por uma causa como essa sem apelar para um cenário dramático, e sim mostrando a alegria e as coisas boas do projeto.

Além disso, a maior dificuldade nesse processo todo foram os homens. Eles têm uma resistência muito grande ao uso do banheiro seco, porque precisam fazer xixi sentados, então muitos deles não usam por preconceito. Vemos esse cenário principalmente em comunidades mais tradicionais.

No entanto, mesmo com os desafios, nós temos depoimentos de mulheres falando que a vida delas mudou depois de um ano de uso. Elas contam que não precisaram mais faltar na escola ou no trabalho por estarem menstruadas, que se sentem mais seguras e que conseguiram dar uma educação melhor em termos de higiene para seus filhos.

CV: Onde estão esses banheiros secos?

Atualmente, temos banheiros secos espalhados em comunidades na periferia de São Paulo, no sul da Bahia, Espírito Santo, Ubatuba, Rio de Janeiro, e na minha casa aqui em Piracaia.

CV: Você acredita que os banheiros secos podem ser aplicados em escala industrial para alcançar mais pessoas?

Sim! Na verdade, já existem diversos projetos prontos de banheiros secos e eles não são implantados porque as pessoas não se identificam com isso. Se o sanitário é apenas inserido no espaço, as pessoas não vão utilizá-lo, não vão mantê-lo... Ele vai ficar sujo e pode quebrar – e se quebrar, elas não vão saber como consertar e precisarão solicitar uma peça nova, que provavelmente não vai chegar no sertão do Brasil. E também entendemos que essas comunidades não vão buscar por isso, porque já estão acostumadas a não ter um banheiro.

Dessa forma, o fazer, colocar a mão na massa, é importantíssimo. Quando as pessoas fazem, elas aprendem como montar, consertar e até mesmo replicá-lo. Já tiveram casos de pessoas de comunidades que nós trabalhamos, que depois das oficinas e das construções, foram construir banheiros secos em comunidades vizinhas. Esse projeto é uma questão de identificação.

CV: Em um panorama geral, como você analisa a questão da sustentabilidade no Brasil e no mundo?

Sinto que é um tema cada vez mais urgente. Então, nós temos que pensar sobre isso com mais frequência, o que acarreta em cenários de inovação e inserção disso dentro das graduações. E no final das contas, a sustentabilidade é um modo de pensar mais voltado para a ecologia, é entender que somos só mais um, é pensar de forma sistêmica e não de modo individual.

Todos os materiais do mundo estão disponíveis para serem utilizados. Não vejo problema em utilizar cimento, mas a forma, a quantidade, como, onde e para o que vai ser utilizado que importa, e é justamente nesse ponto que nos perdemos. Se as pessoas tivessem uma consciência a respeito das propriedades, funções e especificidades dos recursos de forma geral, poderíamos fazer o manejo desses recursos de maneira inteligente.

Não precisa de muito para viver de uma forma mais equilibrada, o pouco já faz a diferença. Mas conforme nos distanciamos dos ciclos naturais, e vivemos afastados disso visualmente e sentimentalmente, esquecemos como é
— Elena Caldini

Entretanto, às vezes eu vejo projetos mega tecnológicos, por exemplo, tijolos tecnológicos com materiais da indústria automobilística, com um material altamente premiado. Acho legal, mas, no final, também produzimos tijolos maravilhosos e resistentes usando apenas terra, areia e palha. Entendo que existe a necessidade de proporcionar um fechamento de ciclo para esses materiais dessas indústrias, mas me traz a sensação de ‘tapar o sol com a peneira’. Esse material tecnológico vai ser utilizado em prédios, ganhar prêmios, mas a sustentabilidade não é sobre isso apenas. Esses produtos vão chegar até quem precisa? Para quem vão? Como serão usados na prática? Nós estamos falando de deslizamento de terras e comunidades no interior dos países.

Não acredito que a sustentabilidade tenha ligação com a tecnologia de ponta. Tem uma frase famosa que fala “o futuro é ancestral”, e ela faz muito sentido, porque nós já temos o conhecimento tecnológico de construção – não só dos materiais, mas também dos modos de vida sustentáveis – há milhares de anos. Então, essas criações cheias de novos conceitos e tecnologias me dão um pouco de aflição. Basta olhar para trás e entender como tudo era feito, e adaptar para o seu estilo de vida atual.

Gosto de pensar na bioconstrução, sustentabilidade e bioarquitetura com um olhar mais simples. Não necessariamente simplório, mas menos exigente em termos de maquinário e energia
— Elena Caldini

CV: Os projetos de bioconstrução são viáveis financeiramente?

Sim. Acredito que as pessoas tenham essa visão da bioconstrução ser cara e inviável justamente porque o que aparece na mídia a respeito de materiais sustentáveis e ecológicos, são esses produtos supertecnológicos. Raramente você encontra projetos mais simples, com materiais e técnicas construtivas feitas a partir de materiais naturais. Então, essa visão que as pessoas têm a respeito da sustentabilidade na construção parece que sempre envolve mil tecnologias que nem sempre são necessárias.

Entretanto, por outro lado, há aqueles que dizem que projetos sustentáveis é coisa de 'hippie's e que as casas vão ficar parecidas com as de gnomos. E é uma ignorância que não tem mal por trás, mas sim falta de informação.

CV: Para você, qual é a melhor parte de trabalhar com bioarquitetura e bioconstrução?

A desconstrução de conceitos enraizados, como essa ideia de que projetos sustentáveis são caríssimos ou mal feitos, não existe meio termo. Gosto de apresentar para as pessoas um tipo de bioconstrução e bioarquitetura que tem seu equilíbrio dentro do sistema ambiental. Utilizo materiais que fazem parte da arquitetura convencional, mas de maneira inteligente, com uma quantidade correta. Da mesma forma que vou utilizar os produtos mais simples, baratos e duradouros, que podem criar um projeto com uma estética linda e chique, se for o desejo do cliente. Gosto de trabalhar assim, desconstruindo esse lugar repleto de preconceitos.

CV: E os maiores desafios?

Na profissão como um todo, o maior desafio é quebrar alguns tabus e ideias pré-concebidas do que pode ser uma casa sustentável, sua estética e os materiais utilizados. Durante todo o processo têm um trabalho além do projeto, que é essa orientação e acompanhamento. É preciso realmente entrar na vida da pessoa de uma maneira muito íntima para entender como destravar uma série de conceitos que ela teve a vida toda como certo, e agora você mostra que existem outras possibilidades e horizontes. Então, esse trabalho de relação pessoal é o mais desafiador. Porém, nenhum desses desafios são grandes ou importantes o suficiente perto da riqueza da minha vida aqui, das conquistas que tivemos, das alegrias que viver perto da natureza nos trouxe.

CV: O que te inspira a fazer o seu trabalho todos os dias?

Essa conexão com a casa, com o espaço, com a natureza, com a desconstrução na cabeça das pessoas e a realização de ver um projeto que você desenhou e idealizou sendo materializado. Além disso, saber que todos esses pilares realmente possuem um impacto positivo no planeta, no regime de águas, nos animais e nas espécies de plantas, é muito prazeroso, recompensador e inspirador.

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