Anderson Diehl

Os fundos são criados criados com visão de longo prazo, no mínimo 10 anos entre o investimento e desinvestimento, pois o ciclo de investimento geralmente varia de 1 a 5 anos. Em minha tese gosto de ter três tipos de startups, sendo o primeiro aquele ativo com previsibilidade de exit no curtíssimo prazo, 2 a 3 anos, o segundo ativo aquele com saída entre o 5 e 7 anos e por último aquele que projetará a saída no ciclo de 7 a 14 anos, na expectativa de maiores múltiplos de retorno. Já validei a tese do curto prazo, pois quase todas as minhas saídas desde 2018, foram num período entre 2,5 e 4 anos. Concluindo, no meu ponto de vista é importante diversificar ativos, para garantir alguma liquidez e boa rentabilidade aos investidores.

No VENTURE CAPITAL há um ativo intangível que no meu ponto de vista é tão ou mais importante que o ativo financeiro, o capital intelectual, também conhecido como smart money. O smart money é a bagagem de conhecimento do investidor, não só intelectual, mas como a rede de relacionamento, cada pessoa que ele conhece e pode acessar. Em meus 9 exits, pelos menos em 6 deles me beneficiei do apoio de outras pessoas, seja para abrir portas em grandes empresas ou para conseguir matérias em grandes veículos de mídia. Foi importante também para acessar investidores em uma segunda rodada de captação. Concluindo, use e abuse da base de conhecimento e relacionamento dos investidores, bem como faça-o um amigo, você extrairá o máximo dele.

Estar atento aos movimentos de mercado, tendências e aplicação de novas tecnologias é algo essencial e imprescindível no Venture Capital, pois garante uma tomada de decisão mais assertiva. Em palestras eu costumo usar como exemplo o caso da KODAK, uma empresa centenária fundada em 1888. A KODAK viu o mercado de revelação de filmes ruir em 5 ou 6 anos após surgirem as maquinas fotográficas digitais, porém esse produto teve um dos menores ciclos de vida na história, deixando de existir em um período de 10 anos após o lançamento dos smartfones. Só o mercado de maquinas profissionais se manteve. A inovação pode tornar um produto/serviço obsoleto muito rápido, logo cabe aos profissionais do Venture Capital um olhar atento às tendências.

O pitch é o seu cartão de visitas, logo é muito importante você adaptar ele para diferentes momentos e circunstâncias. Aqui vou tratar somente do pitch elevator, pois é o primeiro que vc deve trabalhar. Há alguns meses, apoiando uma das minhas investidas, consegui chamar a atencão do CEO de uma grande grande empresa, líder em seu segmento de mercado com apenas uma frase: "sou investidor anjo da melhor plataforma de emissão de notas fiscais para empresas digitais, você poderia me acompanhar até o nosso stand e eu te apresentar o CEO da Spedy?" Ele prontamente disse sim e me acompanhou até o stand. Um detalhe: ele não comprou somente a minha fala, ele avaliou como eu me apresentava e outros aspectos que são importantes para ele.

Se você quer entrar a fundo no mundo das startups e se aventurar no investimento anjo, investimento nos estágios iniciais, certifique-se que estará investindo em negócios com alto potencial de crescimento. A melhor forma de proceder é investir em segmentos que você tenha atuado durante sua carreira profissional, onde você conheça o potencial de mercado e as necessidades dele, ou que você faça parte de algum grupo de investidores, redes de anjos, aceleradoras ou VCs, pois você estará se apoiando na base de conhecimento dos teus pares. Concluindo, quanto maior for sua base de conhecimento sobre determinado mercado, mais assertiva será a tomada de decisão. Na dúvida, tenha bons conselheiros e bons mentores, não corra riscos desnecessários.

O investimento em startups ocorre com cheques de tamanho variados, em momentos distintos. Nos estágios iniciais a ordem seria um primeiro aporte de investidor(es) anjo, seguido pelo investimento pré-seed e posteriormente seed. Os investimentos mais robustos ocorrem em SERIES A, B e C quando a startup atinge valuation na ordem de 9 a 10 dígitos. Quando menor o cheque, maior o risco, sempre bom ter isso bem claro. Concluindo, investir em startups é um tanto quanto desafiador, com uma relação imensa em perdas representativas e ganhos extremamente generosos, podendo chegar a 10, 20, 30 ou até mais vezes sobre o valor investido. Uma dica: comprometa no máximo 10% do seu patrimônio em capital de risco.