Claudia Jurberg, Jornalista e Editora de Mídias Sociais das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz/Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, Brasil.
As Memórias do Instituto Oswaldo Cruz comemoram 115 anos de publicação científica e seus editores refletem, por um lado, sobre orgulho de pertencer a um diminuto e “altamente seletivo” grupo de revistas científicas internacionais que comemora mais de um século de atividade editorial; e de outro, sobre como sobreviver diante de um cenário de grandes editoras, do aparecimento de editoras “caçadoras de dinheiro”, e que fomentam uma prática de destruição da credibilidade da ciência.
No editorial Memórias do Instituto Oswaldo Cruz celebrates 115 years of scientific publishing: what it needs to keep moving on… os autores, Adeilton Brandão e Ana Carolina Vicente, colocam que, neste novo mundo, o artigo científico deixa de ser um tipo padronizado de carta, transmitindo resultados de pesquisa para se tornar um “produto” que deve ser contabilizado e medido como metas a serem cumpridas para que um pesquisador seja financiado e promovido. Ainda há a transmissão de resultados de pesquisas em formato padrão, mas o conteúdo de artigo não é a essência que deve ser apreciada pelos leitores. Pelo contrário, a revista onde foi publicado é o mais importante dessa equação. Como um produto que indica desempenho, a quantidade importa primeiro, seguida pela qualidade e impacto do periódico.
A cienciometria amadureceu, e para periódicos como as Memórias do IOC, que ainda são vistos como “institucionais”, aqueles que publicam resultados de pesquisas locais, regionais e oriundos de países científicos periféricos, era uma espécie de pesadelo.
Os “melhores” artigos não são enviados para esses periódicos como primeira opção, criando um ciclo de publicação “vicioso”: nem relatórios de pesquisa relevantes, nem artigos fundamentais para a ciência são publicados por esses periódicos e, consequentemente, eles não coletarão citações – outra métrica importante de ciência do século XX.
Dessa forma, seu “prestígio” é reduzido a cada ciclo de avaliação. Em outras palavras, se um periódico publicar apenas trabalhos de pesquisa que não são relevantes, será um periódico irrelevante. Como superar esta barreira de autorreprodução se os pesquisadores relutam em enviar os seus “melhores” artigos para uma revista “sem prestígio”?
A resposta a esta questão está aberta, soluções foram propostas, mas nenhuma delas diz como se livrar dos poderosos incentivos que forçam (ou estimulam) os investigadores em direção ao periódico “prestigioso”.
Reformulando esta questão: como se tornar um periódico de “prestígio”? Ou, mais fundamentalmente, o que é “prestígio” para a ciência?
Referências
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Para ler o artigo, acesse
BRANDÃO, A.A. and VICENTE, A.C.P. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz celebrates 115 years of scientific publishing: what it needs to keep moving on…. Mem. Inst. Oswaldo Cruz [online]. 2024, vol. 119, e240003 [viewed 24 July 2024]. https://doi.org/10.1590/0074-02760240003. Available from: https://www.scielo.br/j/mioc/a/tHvtBmDzFY5R3MqrYBMZQYC/
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