«Milhares de comunicados, reportagens, exposições, livros, álbuns, documentários e filmes de ficção sobre a guerra da Bósnia foram produzidos. Mas, quando a guerra acabou (ou, como julgam alguns, ficou interrompida por algum tempo), os repórteres embalaram suas câmeras e imediatamente partiram para outras guerras.» Desde 1996, a antropóloga Ève Klonowski passa seus dias e suas noites se recuperando e tentando identificar os restos dos desaparecidos na Bósnia. É assim que ela pode, então, devolvê-los a seus familiares, que se sentem quase felizes por poderem enterrar seus entes queridos.Passados dez anos da guerra e da limpeza étnica, o autor nos brinda com um depoimento emocionante. Mediante o destino cruzado de várias mulheres corajosas e admiráveis, ele evoca, de maneira oposta à mídia sensacionalista, os traumas e as feridas de um passado que continua presente. O talento do autor e sua sensibilidade excepcional tornam este documento universal e contundente. Será que algo pode nos justificar e tirar dos nossos ombros o fardo da culpa e da vergonha? Talvez apenas a ignorância… Tochman descreve aqui tudo o que a crueldade engendrou. Revela o medo dos executores e das vítimas, sendo o dos executores ainda maior do que aquele das vítimas. Apresenta indivíduos e famílias, criando assim uma imagem da sociedade. A leitura deste livro é fundamental. Trata-se de um relato limpo, sem palavras desnecessárias.
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