Com 19,4% de casos positivos para a detecção de anticorpos do coronavírus, a zona leste é a região com a maior prevalência da capital. Em setembro do ano passado, quando a última medição foi feita na cidade, esse índice na região era de 11,7%.
O dado é fruto da oitava fase do inquérito sorológico do município, divulgado na quinta-feira (14). A média de prevalência da cidade é de 14,1%.
A Coordenadoria de Saúde Leste inclui as subprefeituras de Cidade Tiradentes, Ermelino Matarazzo, Guaianases, Itaim Paulista, Itaquera, São Mateus e São Miguel. Outros bairros que da região são incluídos na Coordenadoria Sudeste.
Para Ronaldo Rodrigues de Souza, líder comunitário em Guaianases, o desrespeito da população em relação aos cuidados de prevenção da Covid-19 foi o que causou o aumento. “As pessoas ficam no ponto de ônibus sem máscara, só colocam quando ele vem. Até pra ir no posto de saúde é assim.”
Outro problema é a falta de acesso da população de baixa renda a itens de higiene. Há casas, ele diz, em que moram até nove pessoas, todas contaminadas, e muitas delas não conseguem comprar sabão ou álcool gel para lavar as mãos.
“E também tem o pancadão, que está rolando bastante. O pessoal está levando [a Covid-19] na brincadeira, não está se protegendo, e o poder público não está fiscalizando.”
Os mais de sete pontos percentuais de diferença entre os dois inquéritos deram à zona leste o maior crescimento do período na cidade. Há quatro meses, a região com maior prevalência era a zona sul, com 19,8% —hoje com 16,4%.
Mirian de Freitas Dal Ben, infectologista no Hospital Sírio-Libanês, faz a ressalva de que, com as margens de erro da pesquisa —que variam por região— ainda não é possível falar sobre a tendência de prevalência de uma região específica.
Mas, aparentemente, tem havido um aumento de pessoas que já tiveram Covid-19 na cidade como um todo. Isso é compatível com toda a diminuição do isolamento social e a diminuição das restrições, e por isso já era esperado.”
Hospitais começam a ficar sem vagas para a Covid-19
A taxa de ocupação dos leitos de UTI de Covid-19 da Zona Leste era, nesta sexta-feira (15), de 75%, segundo a SMS (Secretaria Municipal da Saúde). O número é dez pontos maior que o índice médio da capital, 64%. Pelo menos uma unidade, o Hospital Municipal Carmen Prudente, em Cidade Tiradentes, já tem 100% de ocupação de UTI e enfermaria para o tratamento da doença.
Segundo a pasta da saúde, o hospital de Cidade Tiradentes ainda tem leitos vagos, mas reservados para o tratamento de outras doenças. Até que novas vagas surjam, os pacientes podem ser transferidos para outras unidades pelo sistema de regulação da prefeitura.
No Hospital Ignácio Proença Gouveia, na Mooca, a enfermaria está 100% ocupada. A UTI está com 65% de ocupação. Já no Hospital Tide Setúbal, em São Miguel, a ocupação é de 60% na enfermaria e 69% nas UTI. Na rede estadual, a taxa de ocupação na Grande São Paulo é de 69,4% em UTI e 60,9% em enfermaria
Ao todo, de acordo com a SMS, a zona leste conta com 92 leitos de enfermaria e 189 de UTI. Em toda a cidade, são 976 e 737, respectivamente.
Saúde diz que ampliou leitos
A gestão Bruno Covas (PSDB) diz que ampliou os leitos hospitalares devido à pandemia. Segundo a Secretaria Municipal da Saúde, há hoje 92,5% mais leitos de UTI que no início de 2020.
A pasta diz que entregou sete hospitais para tratamento da Covid-19 e que entrega do Hospital Municipal Brigadeiro “nas próximas semanas”, com 106 leitos.
Sobre a fiscalização, a secretaria afirma que a vigilância sanitária tem orientado a população sobre o uso da máscara.
A Polícia Militar afirma que presta apoio a órgãos municipais para coibir a aglomeração de pessoas. Sobre pancadões, a PM diz que prendeu 1.160 suspeitos e apreendeu 534 veículos irregulares em 2020.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.