Psoríase tem relação com estresse e pode ter quadro agravado na pandemia

Doença, que se manifesta principalmente em lesões de pele, não tem causa definida, mas pode ser controlada com tratamento adequado

São Paulo

Além de sintomas psicológicos, o estresse pode ter manifestações físicas, e na pandemia de Covid-19, pode aumentar o número de casos de psoríase, que já afeta cerca de dois milhões de pessoas no Brasil. Segundo a SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia), também a ansiedade causada pela pandemia pode desencadear ou agravar quadros da doença.

De acordo com a psicóloga Monise Benin, a manifestação de sintomas psicológicos no corpo acontece quando um mal-estar mental não tem a atenção devida.

"Uma mente organizada prepara as emoções para lidar com as situações, mas vivemos num grau de incerteza que exige mais recursos para isso. Sabemos que há uma relação direta de tudo isso com o sistema imunológico. O impacto emocional pode se relacionar com o agravamento ou aceleramento da psoríase."

Cerca de 90% dos casos de psoríase se manifestam no couro cabeludo, cotovelos, joelhos e dorso. São lesões avermelhadas e elevadas cobertas por escamas esbranquiçadas que se desprendem com facilidade da pele, causando coceira e dor.

Claudia Maia, médica dermatologista da SBD, afirma que a doença é autoinflamatória: causada pelo próprio corpo e, por isso, não é contagiosa. A causa exata ainda não foi definida, mas pode estar associada também a fatores genéticos e imunológicos, além dos emocionais.

Outros gatilhos para as crises são infecções, banhos longos e muito quentes, uso de algumas medicações e tempo frio.

Segundo a médica, um terço dos casos de psoríase envolvem também comprometimento articular. Em alguns casos, inclusive, a dor nas articulações aparece antes das lesões na pele.

Casos em que as inflamações não são tratadas podem ter, inclusive, repercussões cardiovasculares, aumentando o risco de infarto e acidente vascular cerebral. Por isso, ela diz, a doença é considerada sistêmica e não apenas dermatológica.

A psoríase não tem cura, mas pode ser controlada com tratamentos que vão desde aplicação de produtos tópicos, como xampus e cremes, até a administração de medicamentos químicos orais ou injetáveis. Pessoas que têm a doença, afirma Claudia Maia, precisam manter os cuidados sempre, mesmo que não estejam em crise.

"É uma doença crônica: ela tem períodos de exacerbação e de melhora. Se não for tratada, pode sumir depois de um período e voltar, mas é imprevisível. Quando tratada, ela pode ser controlada." Hábitos de vida saudáveis, uso de hidratantes e banhos de sol por períodos limitados ajudam a prevenir o aparecimento das crises.

06.12 Viva Bem - Psoríase
Viva Bem - Psoríase - Arte Agora São Paulo

Preconceito é desafio para pacientes que têm psoríase

Por ter uma manifestação muito clara na pele, a psoríase acaba provocando situações de muito preconceito, afirma a dermatologista da SBD (Sociedade Brasileira de Dermatologia) Claudia Maia.

"Não é uma doença contagiosa, mas o aspecto faz com que as pessoas tenham muito preconceito, porque é uma lesão que, esteticamente, incomoda, é muito visível, além da coceira que provoca."

De acordo com Ricardo Romiti, coordenador da Campanha Nacional de Psoríase da SBD, afirma que a doença pode também ter repercussões psicológicas.

"Não é incomum pacientes com psoríase desenvolverem quadros de depressão e ansiedade. Por esses motivos, muitos pacientes precisam de um acompanhamento multidisciplinar para lidar da forma mais adequada com a doença e ter uma melhor qualidade de vida."

A psicóloga Monise Benin afirma que o estigma acaba prejudicando ainda mais o tratamento da doença. "Com a psicoterapia, é possível identificar que lugar o sintoma manifestado no corpo ocupa no psicológico e tratá-lo."

Saiba mais

O QUE É A PSORÍASE?

  • É uma doença inflamatória crônica da pele, mas que pode atingir outras partes do corpo, como as articulações, e influenciar comorbidades como hipertensão e doenças cardiovasculares
  • A psoríase não é contagiosa e é desencadeada por fatores genéticos e imunológicos
  • 2 milhões de pessoas no Brasil têm a doença

ADULTOS JOVENS

  • São os que mais apresentam as lesões, mas elas podem ocorrer também em outras faixas etárias

COMO ELA SE APRESENTA?

  • Há vários tipos de psoríase, mas a mais frequente (que representa 90% dos casos) se manifesta em forma de lesões avermelhadas e elevadas cobertas por escamas esbranquiçadas que se desprendem com facilidade da pele
  • Ela acomete principalmente o couro cabeludo, cotovelos, joelhos e o dorso
  • Coceira e dor associada a rachaduras na pele são os principais sintomas
  • Quando acomete articulações, ela prejudica a movimentação e provoca forte dores

QUAIS AS CAUSAS?

Não se conhece a causa da psoríase, mas sabe-se que alguns gatilhos podem desencadear ou agravar o quadro:

  • Estresse
  • Infecções
  • Banhos longos e muito quentes
  • Uso de certas medicações
  • Tempo frio

CASOS GRAVES

A psoríase, em formas graves, pode estar associada com

  • Obesidade
  • Hipertensão
  • Outras manifestações da síndrome metabólica
  • Nesses casos, pode haver maior risco de infarto e AVC

TRATAMENTO

  • Cuidados tópicos (xampu, creme, pomada)
  • Fototerapia
  • Medicamentos orais
  • Medicamentos injetáveis

NÃO TEM CURA

  • O tratamento da psoríase foca em controlar os sinais e sintomas

É POSSÍVEL PREVENIR?

  • Hábitos de vida saudável
  • Uso de hidratantes
  • Banhos de sol por períodos limitados
  • Evitar traumatismo da pele (como o hábito de cutucar ou arrancar as escamas que se formam sobre a pele)

O ESTRESSE E A ANSIEDADE

  • Estão associados a crises e à piora do quadro de psoríase
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