Após dias sem água no início da semana, o abastecimento na região de Cidade Tiradentes, na leste da capital paulista, começou a ser retomado gradativamente ao longo da última quarta-feira. Porém, parte dos moradores receberam água com cheiro ruim ou sabor estranho. No bairro conhecido como Paulistinha, a falta de água continua.
Há cerca de duas semanas, a família da vendedora autônoma Thais Monteiro, 29 anos, tem visto as torneiras secarem por volta das 20h e voltar apenas às 6h do dia seguinte, sem aviso prévio. Na sexta, o período de escassez durante a noite aumentou. Na última segunda-feira (30),o problema ocorreu durante o dia inteiro.
No dia seguinte (1º), a família recebeu água por cerca de cinco horas, quando sentiu um odor semelhante a esgoto no que saia da torneira. Depois, o abastecimento foi interrompido, sendo retomado somente na quinta-feira (3) sem o cheiro ruim. A água acabou novamente no início da tarde desta sexta-feira (4).
Para lidar com o problema, a família de dez pessoas enche diversos recipientes, como galões e garrafas, para os momentos de falta. Entre os moradores há um bebê recém-nascido e outras duas crianças. “Tem que tomar todo o cuidado possível com ele”, comenta. Além disso, ela ressalta que a higiene e a lavagem de mãos frequentes são importantes para evitar o novo coronavírus. “Está complicado. Já está sem água. Quando vem, [é] suja. Como vai tocar nas crianças assim?” questiona.
Gabriela Lucas, 30 anos, é moradora da região e trabalha como transportadora escolar. Ela conta que costuma faltar água no bairro aos domingos há semanas, sem qualquer aviso prévio ou justificativa por parte da Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo).
Por causa disso, sua família costuma se preparar nos dias anteriores, reservando água. “Só dá para lavar roupa até sábado, domingo não pode contar”, diz. Nesta semana, o problema continuou na segunda e terça-feira. Ela conta que só voltou a receber água normalmente nesta quinta-feira (3), quando percebeu a diferença no gosto.
Na casa dela, a água não tem cor, mas o sabor é semelhante ao de terra. Até a água filtrada lembra a textura de areia na boca. “Estou fervendo a água para poder fazer o almoço. Não tem condição de pôr diretamente no arroz assim”, comenta Gabriela. Na semana passada, o Agora mostrou que moradores das regiões do Ipiranga e Sacomã (zona sul) também receberam água com gosto e cheiro alterados.
Resposta
Por meio de nota, a Sabesp, gestão João Doria (PSDB), afirma que enviou técnicos para coletar amostras de água na região de Cidade Tiradentes, inclusive em um dos endereços das pessoas citadas nesta reportagem. A empresa diz ter feito análise do material e constatado que "o resultado apontou que a água está dentro dos parâmetros estabelecidos pelo Ministério da Saúde para consumo, não sendo identificada nenhuma anormalidade no momento da vistoria".
Em outro endereço, a companhia diz que fez, nesta sexta-feira (4) serviços de "manutenção de emergência para reparo de vazamento" e que a previsão é de que o abastecimento seja normalizado no mesmo dia.
A Sabesp informa ainda que, no início da semana, a Estação Elevatória de Água Tratada Santa Etelvina, que atende os moradores de Cidade Tiradentes, ficou sem energia elétrica por 31 horas, o que prejudicou o abastecimento na região.
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