As interdições de comércios não essenciais durante a quarentena ocorreram em maior número na região central da capital do que na periferia, segundo levantamento da Secretaria Municipal das Subprefeituras, gestão Bruno Covas (PSDB).
Na região da Subprefeitura Sé foram 126 comércios ou locais de prestação de serviços interditados desde 24 de março, quando foi decretada a quarentena por causa da pandemia do novo coronavírus.
As interdições nesta região do centro representam 38% de todas as 332 realizadas na cidade.
Na Sé também há mais policiamento, conforme constatou o Agora nesta sexta-feira (8), do que em São Miguel Paulista (zona leste), por exemplo, onde havia comércios abertos e nenhum policial militar ou guarda-civil metropolitano no período em que a reportagem no local.
Em São Miguel Paulista, somente sete estabelecimentos haviam sido interditados até esta sexta.
O distrito da zona leste, porém, tem uma das mais altas taxas de mortes provocadas por Covid-19 ou por suspeita da doença, com 44,9 óbitos para cada grupo de 100 mil habitantes, contra 30 da Sé.
No total, segundo balanço divulgado pela prefeitura no início da semana, 40 pessoas morreram no distrito de São Miguel contra 9 no da Sé.
Ao todo, até esta sexta-feira, mais de 2.100 mortes pela doença haviam sido confirmadas na cidade.
Em um trecho da avenida São Miguel, a reportagem encontrou 12 comércios não essenciais com as portas escancaradas ou abertas até a metade, como lojas de roupas e de presentes.
Uma lanchonete, apesar de constar como serviço essencial, atendia clientes no balcão, gerando aglomeração de pessoas no local, o que não é permitido.
A reportagem entrou em uma loja de calçados, precisando agachar para passar pela porta de ferro, aberta até a metade. No local, um vendedor atendia clientes. Não foi oferecido álcool gel.
Comerciantes ouvidos sob condição de anonimato dizem que não há fiscalização na região.
Quase sem pedestres, a região da Sé concentrava agentes da prefeitura e da Polícia Militar. O funcionário de um restaurante disse que a fiscalização é rígida ali.
A reportagem circulou pela Sé, São Bento, largo São Francisco, Anhangabaú e não encontrou comércio não essencial aberto. A maioria das pessoas na região usava máscaras.
Resposta
Questionada sobre os motivos de o número de interdições no centro serem maior que na periferia,, a Prefeitura de São Paulo, gestão Bruno Covas (PSDB), não respondeu.
Em nota, afirmou ter intensificado intensificado a fiscalização na zona leste. "Na data de hoje [sexta-feira, 8], os proprietários foram orientados. Caso haja reincidência, poderão ser interditados", diz trecho de nota.
A prefeitura ainda afirmou que cerca de 2.000 mil agentes realizam trabalho de conscientização de ambulantes e comerciantes na cidade, de serviços não essenciais, para que mantenham seus estabelecimentos fechados. Questionada sobre o número de fiscais que atuam em cada região do município, a gestão Covas também não se manifestou.
Sobre os comércios interditados, a prefeitura disse que os locais serão reabertos após o término da quarentena, que foi prorrogada nesta sexta, pelo governador
Onde houve mais interdições
Centro
- Sé (126)
Zona Leste
- Aricanduva (34)
- Mooca (22)
Zona Sul
- Santo Amaro (23)
- M’Boi Mirim (5)
Zona Norte
- Brasilândia (20)
- Perus (7)
Zona Oeste
Lapa (15)
Total, incluindo outros bairros: 332
Fonte: Prefeitura de São Paulo
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