Venezuela elege parlamentares no maior teste � hegemonia do chavismo
A hegemonia que o chavismo mant�m sobre as institui��es do Estado venezuelano enfrenta neste domingo (6) a amea�a mais contundente em 16 anos no poder.
O pleito para definir a composi��o da Assembleia Nacional unicameral � o primeiro confronto eleitoral em que o grande projeto de redistribui��o da renda petroleira criado pelo tenente-coronel Hugo Ch�vez (1954-2013) chega sem ser favorito.
Os 14,5 mil centros de vota��o foram abertos �s 6h (08h30 de Bras�lia) para receber cerca de 19,5 milh�es de eleitores. A vota��o est� prevista para acabar �s 18h (20h30 de Bras�lia). Segundo o reitor principal do Conselho Nacional Eleitoral, Luis Emilio Rond�n, os resultados devem ser divulgados tr�s horas ap�s o fechamento da �ltima mesa de vota��o.
A crise econ�mica, social e pol�tica que inferniza o dia a dia dos venezuelanos minou a popularidade do governo e fortaleceu a oposi��o, reunida na alian�a Mesa da Unidade Democr�tica, MUD.
Mesmo sem proposta clara e dividida entre radicais e moderados, a MUD liderou com folga as pesquisas de inten��o de voto. O instituto Datan�lisis, um dos mais respeitados do pa�s, chegou a ver a oposi��o mais de 30 pontos � frente, embora a margem tenha se reduzido muito nos �ltimos dias.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
O favoritismo opositor � palp�vel. Mesmo em bairros caracterizados como basti�es chavistas, moradores criticam o presidente Nicol�s Maduro e aliados declaram a inten��o de votar na oposi��o.
Algo impens�vel h� alguns anos, a oposi��o fez campanha at� no cora��o da 23 de Janeiro, m�tica favela considerada o maior s�mbolo territorial do chavismo e onde o pr�prio Ch�vez votava quando presidente (1999-2013).
"Minha fam�lia e eu sempre fomos chavistas, mas desta vez todos vamos votar na m�ozinha", diz o mototaxista Alexis Delgado, 24, numa refer�ncia ao s�mbolo da MUD no cart�o de voto.
Como a maior parte dos venezuelanos, ele n�o acredita na tese do governo de que a infla��o devastadora e o desabastecimento generalizado s�o fruto de uma suposta "guerra econ�mica" travada por empres�rios golpistas.
A culpa, diz Delgado, � do governo, que ele acusa de ser corrupto e incompetente.
Acanhados, simpatizantes chavistas parecem s� se manifestar em ambientes onde se sintam c�modos, como com�cios e mercados estatais.
O favoritismo, por�m, esbarra em tr�s realidades.
A primeira � a hist�rica tend�ncia de crescimento do chavismo no fim das campanhas. A pesquisa mais recente do Datan�lisis mostrou uma queda de 35 para 19 pontos na vantagem opositora e uma disparada de 11 pontos na popularidade de Maduro.
"� medida em que o voto se aproxima, � natural que parte dos que se dizem insatisfeitos voltem a se inclinar para o chavismo", diz Luis Vidal, da consultoria More.
A segunda � a vantagem do uso da m�quina, dos recursos p�blicos e do dom�nio dos meios de comunica��o.
Nesta semana, Maduro inaugurou a casa popular de n�mero 900 mil e prometeu raspar o bigode se n�o chegar a um milh�o. O governo distribui milhares de tablets e centenas de t�xis subs�dios, al�m de aumentar pens�es.
O terceiro obst�culo ao favoritismo da MUD � o mapa eleitoral que infla a representatividade de �reas rurais e perif�ricas. No sistema venezuelano, quem obt�m mais votos na elei��o parlamentar n�o ganha necessariamente.
Estudo do Centro para a Pesquisa Econ�mica e Pol�tica, nos EUA, calcula que o chavismo s� precisa de pouco mais de 42% dos votos para conservar o dom�nio do Parlamento.
INC�GNITAS
Muitos venezuelanos advertem que a rea��o dos protagonistas ao an�ncio dos resultados, previsto para a noite de domingo, � t�o importante quanto o voto em si.
Maduro prometeu resistir com viol�ncia a eventual vit�ria dos advers�rios. Tamb�m especula-se que uma derrota governista poderia jogar luz sobre divis�es internas que o chavismo conseguiu controlar at� agora.
A oposi��o, por sua vez, tamb�m tem hist�rico de rea��o violenta.
"Ganharmos seria um desafio t�o grande quanto a pr�pria campanha", disse � Folha o ex-candidato � Presid�ncia e governador do Estado de Miranda Henrique Capriles, da MUD. "Precisamos nos manter serenos e evitar provoca��es e revanchismo."
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