Cuidador da inf�ncia
Persist�ncia marca a trajet�ria do m�dico que mudou a vida de milhares de crian�as carentes com c�ncer
"Uma coisa � a crian�a morrer porque n�o h� mais nada que se possa fazer. Outra � morrer por falta de recursos, porque o rem�dio � muito caro e o SUS [Sistema �nico de Sa�de] ou o hospital n�o querem pagar."
Partindo desse pensamento, o m�dico Antonio Sergio Petrilli decidiu agir.
"'� o pr�mio da educa��o p�blica brasileira', diz vencedora do Empreendedor Social 2012"
"'Queremos uma mudan�a social', diz vencedor do Empreendedor do Futuro"
E n�o mediu esfor�os para que crian�as "ricas ou pobres" fossem curadas com qualidade de vida.
Seu olhar diferente, contudo, era inovador demais para a d�cada de 1970, quando come�ou a trabalhar no Hospital A.C. Camargo. Com p�fios 20% de chance de cura, n�o se investia nas terapias de c�ncer infantil.
"Al�m disso, o tratamento em si era cruel", lembra. "Elas eram colocadas junto aos adultos, a quimioterapia era ministrada em seus bracinhos com as mesmas agulhas grossas e, pior, suas m�es n�o podiam estar com elas. Imagine uma crian�a de quatro anos enfrentar tudo isso sozinha?"
Inconformado com a dura realidade e �vido por novos conhecimentos, Petrilli partiu com sua fam�lia para Nova York, onde estagiou por um ano no Memorial Sloan-Kettering, refer�ncia na �rea.
Ap�s ter visto o que se podia fazer em termos de tratamento infantil, unindo tecnologia e assist�ncia, voltou ao Brasil obstinado por um sonho: vislumbrava um lugar onde as crian�as n�o perdessem sua humanidade com um tratamento t�o invasivo.
Queria que elas ainda brincassem mesmo perdendo seus cabelos; que n�o parassem de estudar; que n�o esmorecessem; e, principalmente, que tivessem acesso ao melhor tratamento poss�vel para seu tipo de c�ncer, sem que sua condi��o socioecon�mica e social fosse determinante.
Persistente e incans�vel, Petrilli contagiou uma legi�o de pessoas. Eram m�dicos, enfermeiros, volunt�rios e empres�rios que, unidos, fizeram nascer o Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e � Crian�a com C�ncer), que, em um sobrado ao lado da Unifesp (Universidade Federal de S�o Paulo), oferecia assist�ncia e tratamento ambulatorial a crian�as internadas no Hospital S�o Paulo.
Para ampliar o atendimento, o m�dico percebeu que era preciso saber lidar com a pol�tica dos hospitais e, sobretudo, responder � pergunta: quem vai pagar a conta?Visando � excel�ncia, convidou os empres�rios-parceiros a participar da gest�o do Graacc e fez um curso no Saint Jude Hospital, em Memphis, nos EUA, onde aprendeu a import�ncia da capta��o de recursos e do gerenciamento profissional.
EMPURR�OZINHO
Hoje, Petrilli, 66, diz se orgulhar de ver a institui��o, centro de refer�ncia no tratamento do c�ncer infantil, ocupar um pr�dio de oito andares -que est� em expans�o- e atender mais de 300 casos novos por ano.
"Os avan�os da medicina proporcionam 70% de chances de cura nos casos tratados adequadamente. E aqui temos todos os m�dicos e os equipamentos necess�rios para oferec�-los."
Entre um sorriso e um respiro profundo de resigna��o, Petrilli admite que o Graacc n�o foi s� fruto de vontade, conhecimento e mobiliza��o. "N�s contamos com um empurr�ozinho sagrado, que vem do c�u, das crian�as que n�o conseguimos salvar."
Religioso sem falar em Deus, inquieto, teimoso e l�der nato, Petrilli, corintiano roxo, aprendeu desde cedo a desempenhar v�rios pap�is, o que lhe permitiu se comunicar com diversos p�blicos.
De pequeno, ajudava o pai, descendente de italianos, no of�cio de colocar pedras ornamentais, e a m�e, de sangue h�ngaro, na cria��o de seus cinco irm�os mais novos.
Na Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), onde cursou medicina, era capit�o do time de futebol, atuava na atl�tica e organizava passeatas pela democracia.
"Sempre fui brig�o e conciliador."
Assista
Conhe�a mais sobre a Graacc (Grupo de Apoio ao Adolescente e � Crian�a com C�ncer)
Segundo o estudo "Estimativa 2012 - Incid�ncia de C�ncer no Brasil", do Inca (Instituto Nacional do C�ncer), a incid�ncia dos tumores pedi�tricos no mundo varia de 1% a 3% do total de casos de c�ncer, sendo que no Brasil encontra-se pr�xima de 3%. � uma doen�a considerada rara quando comparada �s neoplasias que afetam os adultos. Estimam-se que, em 2012, ocorrer�o cerca de 11.530 casos novos de c�ncer em crian�as e adolescentes at� os 19 anos no pa�s do total geral previsto de 384.340 casos novos de c�ncer. Esse n�mero � relativamente est�vel ano a ano.
Em alguns pa�ses em desenvolvimento, onde a popula��o de crian�as chega a 50%, a propor��o do c�ncer infantil representa de 3% a 10% do total de neoplasias. J� nos pa�ses desenvolvidos, essa propor��o diminui, chegando a cerca de 1%. A mortalidade tamb�m possui padr�es diferentes. Enquanto, nos pa�ses desenvolvidos, o �bito por neoplasia � considerado a segunda causa de morte na inf�ncia, correspondendo a cerca de 4% a 5% (crian�as de 1 a 14 anos), em pa�ses em desenvolvimento essa propor��o � bem menor, cerca de 1%, uma vez que nesses pa�ses as mortes por doen�as infecciosas apresentam-se como as principais causas de �bito.
As �ltimas informa��es dispon�veis indicam que, em 2009, os �bitos por neoplasias (prolifera��o celular anormal) para a faixa et�ria de 1 a 19 anos estavam entre as dez primeiras causas de morte no Brasil. A partir dos 5 anos, a morte por c�ncer corresponde � primeira causa de morte por doen�a em meninos e meninas, afirma o Inca. Em geral, a incid�ncia total de tumores malignos na inf�ncia � maior no sexo masculino.
As neoplasias mais frequentes na inf�ncia s�o as leucemias (gl�bulos brancos), os tumores do sistema nervoso central e os linfomas (sistema linf�tico). Tamb�m acometem crian�as o neuroblastoma (tumor de c�lulas do sistema nervoso perif�rico, frequentemente de localiza��o abdominal), o tumor de Wilms (renal), a retinoblastoma (retina do olho), o tumor germinativo (c�lulas que v�o dar origem �s g�nadas), o osteossarcoma (�sseo) e os sarcomas (partes moles).
Por apresentar caracter�sticas muito espec�ficas, o c�ncer que acomete crian�as e adolescentes deve ser estudado separadamente daqueles que acometem os adultos. Principalmente no que diz respeito ao comportamento cl�nico. Esse grupo de neoplasias apresenta, em sua maioria, curtos per�odos de lat�ncia, � mais agressivo, cresce rapidamente, por�m responde melhor ao tratamento e � considerado de bom progn�stico. Desse modo, as classifica��es utilizadas para os tumores pedi�tricos s�o diferentes das utilizadas para os tumores nos adultos.
Gra�as aos avan�os nos �ltimos 40 anos, em torno de 70% das crian�as acometidas de c�ncer podem ser curadas se diagnosticadas precocemente e tratadas em centros especializados. A maioria ter� boa qualidade de vida ap�s o tratamento adequado.
Para o alcance de melhores resultados, conclui o Inca, as a��es espec�ficas do setor da sa�de, como organiza��o da rede de aten��o e desenvolvimento das estrat�gias de diagn�stico e tratamento oportunos, s�o "fundamentais". No Brasil, um grande n�mero de crian�as n�o tem acesso a esse tipo de aten��o por ser um tratamento caro e complexo. Muitas crian�as n�o s�o diagnosticadas precocemente e existem poucos centros especializados em oncologia pedi�trica no pa�s.
O Graacc nasce em 1991 "para garantir a crian�as e adolescentes com c�ncer de todo o pa�s todas as chances de cura, com qualidade de vida, independentemente de sua condi��o social ou regi�o de origem".
O candidato, por meio da cria��o do Graacc em 1991, n�o pode ser considerado pioneiro em tratamento de refer�ncia de c�ncer infantil em termos gerais. Sua iniciativa foi inspirada no modelo norte-americano, sobretudo no hospital St. Jude Children"s Research, criado h� 50 anos e ainda considerado a principal refer�ncia mundial no tema. No Brasil, destaca-se como iniciativa pioneira o Centro Infantil Boldrini, de Campinas (SP), com mais de 30 anos de exist�ncia.
Entretanto, o empreendedor social apresenta, por interm�dio do Graacc, extensa lista de inova��es na forma de tratar o c�ncer infantil, contribuindo ativamente com mudan�as nos protocolos de tratamento, visando diminuir o impacto na vida dos pacientes:
- Em 2008, o Graacc foi pioneiro no mundo ao anunciar um novo procedimento para tratamento de craniofaringioma (c�ncer cerebral). Com uma bombinha, os m�dicos aplicam no tumor um medicamento que mata as c�lulas cancer�genas, reduzindo seu volume em at� 97%. A descoberta rendeu ao hospital pr�mio da International Society for Pediatric Neurosurgery, e o tratamento come�ou a ser adotado na It�lia, na Inglaterra e no Canad�;
- A unidade de transplante do Graacc se destaca no pa�s pela capacidade de realizar transplantes em crian�as pequenas, inclusive em beb�s, apontam os entrevistados; O hospital realiza uma t�cnica diferenciada de lavagem das c�lulas em transplantes de medula �ssea com c�lulas congeladas, reduzindo o potencial t�xico do procedimento, aumentando a seguran�a do paciente e as chances de sucesso;
- O Graacc desenvolveu, em parceria com a Unifesp, um novo m�todo no combate ao retinoblastoma (tumor na retina), que consiste na implanta��o de um cateter na art�ria ocular para levar os medicamentos quimioter�picos diretamente ao tumor. A t�cnica reduz os efeitos colaterais e aumenta as chances de preservar os olhos;
- A organiza��o se coloca como l�der no Brasil em pesquisas e descobertas do tratamento do osteossarcoma (c�ncer �sseo), sobre o qual desenvolve pesquisas, mant�m um grupo de estudos com a Unifesp e outros hospitais e participa do Projeto Genoma do C�ncer, da Fapesp;
- � o �nico centro m�dico que faz todos os tipos de transplante de medula �ssea em crian�as;
Outra inova��o se d� na �rea de tratamento ambulatorial das infec��es das crian�as imunodeprimidas, com possibilidades de oferecer a desospitaliza��o, com mais qualidade de vida e sucesso do tratamento.
Ainda que inspirada no modelo do hospital St. Jude (EUA) e com cong�neres no Brasil, como o Centro Infantil Boldrini, a gest�o do Graacc pode ser considerada inovadora por primar pela excel�ncia, tendo desenvolvido um modelo pr�prio e eficiente de atua��o, atestado pelos avaliadores do pr�mio.
Como bem resume o candidato: "A base dos bons resultados conquistados est� na uni�o equilibrada de tr�s elementos: conhecimento acad�mico, representado pela Universidade Federal de S�o Paulo; administra��o focada em resultados, assegurada pela participa��o de empres�rios; e integra��o da sociedade, por meio do apoio financeiro e do trabalho volunt�rio".
N�o h� ind�cios de pontos fracos ou amea�as que coloquem em risco a continuidade do trabalho do Graacc na �rea de oncologia pedi�trica.
A organiza��o apresenta um hist�rico de crescimento cont�nuo ao longo de seus 21 anos de exist�ncia, tendo come�ado em uma pequena casa que antecedeu a constru��o do atual hospital, de 11 andares, e hoje conta com um audacioso projeto de expans�o at� 2016.
O relacionamento com colaboradores, parceiros, patrocinadores, benefici�rios e comunidade � aberto e transparente, com atendimentos e/ou presta��o de contas por meio de canais como site, e-mail, telefone, newsletters, departamentos de telemarketing, imprensa, recursos humanos e documentos institucionais, como um Relat�rio Anual de Atividades de alto n�vel.
A organiza��o apresenta CRM (gest�o de relacionamento com clientes e parceiros) de alto n�vel e credita parte de seu sucesso a esse diferencial.
O candidato e sua equipe participam ativamente de redes de pesquisa nacionais e internacionais na �rea de oncologia pedi�trica, sobretudo em transplante de medula �ssea, neuroblastoma e osteossarcoma.
Contudo, n�o apresenta inser��o relevante em redes estruturadas de empreendedores sociais e organiza��es do Terceiro Setor.
Atualmente, contam-se no site 121 parceiros, entre empresas de todos os portes, �rg�os p�blicos, institui��es de ensino e organiza��es do Terceiro Setor. A diversifica��o e a boa gest�o permitem bom n�vel de solidez/ fidelidade nas parcerias e diminuem a volatilidade dos apoios. Um exemplo � a parceria com o McDonald"s, iniciada em 1993 e presente at� hoje.
Or�amento anual (2012): R$ 71.589.356
Patrocinadores (por ordem de investimento):
McDonald"s; Editora Mol; Droga Raia; Taveri Participa��es; American Express do Brasil; Shopping Eldorado; C&C Casa e Constru��o; Funda��o Orsa; Comexport Com. e Exporta��o; BioLab; Uni�o Qu�mica; Eurofarma; Instituto Ayrton Senna; Metroprom Feiras e Emp.; Sindepark; Novartis; Fumcad (Fundo Municipal dos Direitos da Crian�a e do Adolescente); Prefeitura de S�o Paulo (doa��o do terreno do hospital); Governo do Estado de SP (doa��o do terreno da Casa de Apoio); Governo Federal (emendas parlamentares); Banco Safra; Banco Bradesco; JHSF; Outros.
O candidato � uma das principais refer�ncias no pa�s no combate ao c�ncer infantil e lidera uma equipe que participa ativamente em prol do aumento dos �ndices de cura de diversos tumores.
Cerca de 90% dos pacientes s�o encaminhados pelo SUS, 9% s�o atendidos por conv�nios, e 1% tem atendimento particular.
Perfil socioecon�mico pesquisado pela institui��o aponta que (2001 e 2010):
- 60% dos pacientes s�o do sexo masculino;
- 47% t�m de 0 a 5 anos; 38%, de 11 a 20 anos;
- 30% residem na Grande S�o Paulo;
- 43% dos pais estavam empregados;
- 60% das m�es realizavam trabalho dom�stico;
- 78% das fam�lias tinham renda familiar de at� tr�s sal�rios m�nimos, sendo que 18% recebem um sal�rio m�nimo;
- 54% dos pacientes estavam matriculados na escola;
- 33% das fam�lias tinham renda per capita de at� R$ 127, e 30%, de R$ 128 a R$ 228.
Segundo registros, em 2011 o Graacc atendeu 2.780 crian�as e adolescentes e recebeu 358 casos novos. � o maior n�mero de novos casos na hist�ria da institui��o. Vale ressaltar que o tratamento em geral dura v�rios anos, o que explica o n�mero acumulativo de atendimentos.
Podem ser considerados dois grupos de benefici�rios indiretos da institui��o:
- Os familiares da crian�a atendida;
- Os alunos da Unifesp.
O Graacc opera em regime de hospital-escola da Unifesp, por meio de parceria t�cnico-cient�fica. Com isso, beneficia pacientes com os resultados das atividades nas �reas de ensino, pesquisa e extens�o, enquanto forma mestres e doutores e dissemina tratamento de qualidade e conhecimento avan�ado em oncologia pedi�trica para outras regi�es do pa�s.
A sede do Graacc se localiza na Vila Mariana, bairro da zona sul de S�o Paulo, onde se concentra todo o atendimento realizado.
Em 2011, recebeu pacientes das cinco regi�es do pa�s, de 19 Estados: Acre, Alagoas, Amazonas, Bahia, Cear�, Esp�rito Santo, Goi�s, Maranh�o, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Paran�, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Norte, Rond�nia, Roraima, Santa Catarina e S�o Paulo. Crian�as de pa�ses vizinhos na Am�rica do Sul estavam em fase de tratamento durante a visita de avalia��o, em julho de 2012.
A localiza��o foi escolhida por conveni�ncia (local de moradia e viv�ncia profissional do empreendedor social), onde est� o campus da Unifesp.
De 2000 a 2010, al�m de S�o Paulo, o Graacc registra atendimento a pacientes dos mesmos 18 Estados acima listados e dos seguintes pa�ses: Bol�via, Paraguai, Rep�blica Dominicana, Uruguai e Venezuela.
Pela natureza do trabalho, um hospital de alta complexidade, a replica��o do trabalho de forma integral n�o acontece em escala.
A dissemina��o do diagn�stico precoce da doen�a ocorre com palestras para a sociedade e divulga��o em a��es e meios de comunica��o.
O efeito multiplicador se d� tamb�m com o ensino na disciplina de pediatria da Unifesp. O hospital forma novos profissionais especializados em oncologia pedi�trica constantemente. A maioria deles � de fora de S�o Paulo e, segundo o candidato, muitos voltam �s suas localidades de origem, onde disseminam os conhecimentos e t�cnicas aprendidos no Graacc.
Como um hospital-escola, o Graacc participa ativamente de redes de pesquisa cient�fica ligadas � oncologia pedi�trica, com as quais compartilha as descobertas realizadas, sobretudo por meio de artigos e publica��es acad�micas. Interage com frequ�ncia com institui��es cong�neres, como o Inca (Instituto Nacional do C�ncer) e o Instituto Boldrini. Tem parceria com a Sociedade Beneficente Israelita Brasileira Hospital Albert Einstein, de S�o Paulo, que se inspirou no Graacc para a cria��o de sua quimioteca.
A organiza��o mant�m manuais operacionais com as normas e os procedimentos t�cnicos. Sistematiza o conhecimento cient�fico por meio de publica��es acad�micas.
Tr�s projetos desenvolvidos pelo Graacc influenciaram diretamente pol�ticas p�blicas ou outros hospitais pedi�tricos no pa�s, segundo o finalista.
Inspirada na brinquedoteca, a lei 11.104/2005, da ent�o deputada federal Luiza Erundina, tornou obrigat�ria a instala��o de brinquedotecas em hospitais p�blicos e privados com unidades pedi�tricas no Brasil.
Tanto a brinquedoteca quanto a quimioteca foram adotadas por outros hospitais p�blicos, entre os quais o HSE (Hospital dos Servidores do Estado/RJ) e o Instituto Boldrini (SP).
J� o Escola M�vel, cuja metodologia ganhou corpo dentro do Graacc, foi reconhecido pelo Minist�rio da Educa��o, por�m ainda n�o se tornou pol�tica p�blica, a despeito do alto potencial que apresenta.
O candidato at� o momento n�o foi respons�vel direto pela cria��o de leis, tampouco foi respons�vel direto pela cria��o de programas de governo em quaisquer esferas p�blicas.
A institui��o mant�m parcerias p�blicas de diversas maneiras, seja por conv�nios com munic�pios e Estados para a realiza��o e presta��o de atendimentos/procedimentos m�dicos, seja por aportes financeiros destinados pelo SUS, por doa��es (como o terreno cedido pela Prefeitura de S�o Paulo) ou por emendas parlamentares.
O candidato eleva o n�vel dos servi�os prestados pelo poder p�blico por meio do atendimento via SUS das crian�as e dos adolescentes com c�ncer. Diversos hospitais p�blicos -entre eles o pr�prio Inca (Instituto Nacional do C�ncer), do Rio- encaminham casos de alta complexidade para o Graacc.
1) Tratamento integral e humano
O Graacc trabalha com um sistema de "catraca livre", em que todos os pacientes que chegam ao hospital s�o atendidos.
Na vis�o do candidato, o tratamento do c�ncer infantil envolve a totalidade e a singularidade de cada crian�a. O atendimento segue o conceito de "resgate da cidadania", em que se criam condi��es para o paciente ser tratado como merece, com uma a��o personalizada e humanizada. Os aspectos materiais, sociais e espirituais do paciente e de sua fam�lia como condi��o vital para a cura s�o considerados em todo o processo.
A participa��o de equipes multidisciplinares amplia o tratamento, envolvendo simultaneamente atividades de pesquisa, ensino, extens�o, terapias de apoio, de reabilita��o e de servi�o social. O Graacc destaca nesse processo o papel da enfermagem, de forma a permitir que o paciente passe pelo tratamento com o menor n�vel de estresse e sequelas poss�vel.
2) Pesquisa
O Graacc desenvolveu m�todo pr�prio de atendimento baseado nas caracter�sticas de um hospital-dia, com tratamento ambulatorial que visa mostrar que "o c�ncer vai al�m do tumor". Uma de suas filosofias � atuar "no limite do conhecimento cient�fico", oferecendo a seus pacientes reais chances de cura. Essa preocupa��o com a pesquisa, aponta o empreendedor social, � a raz�o das taxas de sobrevida de cerca de 70%, iguais �s de grandes centros de refer�ncia dos EUA, da Europa e do Jap�o.
3) Modelo tripartite
a) com a Unifesp
Desde 1998, o Instituto de Oncologia Pedi�trica (IOP/Graacc/Unifesp) corresponde ao setor de Oncologia Pedi�trica da Unifesp, vinculado ao Departamento de Pediatria.
A parceria assegura ao Graacc suporte t�cnico e cient�fico. Tamb�m impulsiona a cria��o de conhecimento e a qualidade da assist�ncia integrada multidisciplinar e das pesquisas gen�ticas, cl�nicas, cir�rgicas e biol�gicas sobre o c�ncer infantil. Colabora, assim, para criar novos protocolos terap�uticos e elevar os �ndices de cura.
Para os alunos da Unifesp, o trabalho conjunto proporciona a experi�ncia pr�tica no hospital, aperfei�oando a qualifica��o dos novos profissionais, que ajudar�o a difundir tanto as t�cnicas de preven��o e tratamento do c�ncer infantil em todo o pa�s como as no��es do diagn�stico precoce. A universidade em si ganha com a agilidade nos processos operacionais.
b) Gest�o empresarial
A participa��o da iniciativa privada, por meio dos executivos volunt�rios que atuam na administra��o, confere ao Graacc um car�ter empreendedor e assegura a aplica��o de boas pr�ticas de gest�o. Defini��o de metas e estrat�gias de atua��o, monitoramento dos avan�os e controle de or�amento fazem parte do dia a dia da institui��o. Profissionais de sa�de e do Terceiro Setor tamb�m participam da tomada de decis�es, colaborando para enriquecer, com diferentes vis�es, a atua��o da institui��o.
c) Sociedade civil
O engajamento da sociedade na gest�o refor�a o foco na humaniza��o do tratamento, por meio do trabalho e do envolvimento dos volunt�rios, que tornam o tratamento acess�vel a qualquer crian�a, independentemente de sua condi��o econ�mica e social.
As contribui��es financeiras de pessoas doadoras asseguram recursos essenciais ao funcionamento do hospital, permitindo a manuten��o da qualidade e a amplia��o dos atendimentos. A maioria dos hospitais que atende crian�as do SUS n�o consegue faz�-lo de forma adequada pelo d�ficit financeiro. O Graacc utiliza o benef�cio de ser uma entidade filantr�pica bem administrada para buscar recursos nos diferentes setores da sociedade e, assim, manter a sustentabilidade da organiza��o, mesmo atendendo 90% de d�ficit do SUS.
1) Escola M�vel
Projeto reconhecido pelo Minist�rio da Educa��o, em que alunos do Ensino Fundamental e do Ensino M�dio frequentam, no pr�prio Graacc, aulas ministradas por professores das diferentes licenciaturas. A abordagem segue as indica��es curriculares das escolas de origem dos pacientes, em uma releitura para o momento escolar que o aluno vive. A Escola M�vel ministra cerca de 8.000 aulas por ano, para aproximadamente 500 crian�as e adolescentes, incluindo prepara��o para vestibulares e concursos p�blicos.
Os professores participam de um processo de especializa��o em atendimento escolar hospitalar, recebendo 30 horas semanais de atividades (20 horas em atendimento escolar hospitalar e 10 horas em forma��o nas �reas de educa��o e sa�de). O curso � de dois anos e forma professores para atuarem em outros hospitais pedi�tricos.
2) Espa�os humanizados: Quimioteca e Brinquedoteca
A Quimioteca � um ambulat�rio onde desde 2004 crian�as e adolescentes recebem a quimioterapia, que corresponde � etapa mais dif�cil do tratamento do c�ncer infanto-juvenil. S�o atividades l�dicas, a fim de conseguir um comportamento mais receptivo ao tratamento e contribuir com a melhora da qualidade de vida nessa etapa. As atividades da Quimioteca s�o planejadas e orientadas por uma ludotec�ria, auxiliada por volunt�rios. S�o atendidas, em m�dia, cerca de 70 crian�as por dia, somando-se as que fazem quimioterapia, outros tratamentos complementares e transfus�es.
Constru�da em 1998 com recursos do Instituto Ayrton Senna, a Brinquedoteca � um ambiente decorado de forma l�dica, onde as crian�as participam de atividades multidisciplinares e t�m � disposi��o centenas de brinquedos. Familiares e acompanhantes contam com oficinas e orienta��o pedag�gica. Em m�dia, 124 pacientes utilizam o local diariamente, enquanto aguardam consultas ou procedimentos m�dicos.
3) Oficina das M�es
Tem como objetivo proporcionar novas oportunidades de desenvolvimento pessoal e inser��o social atrav�s do trabalho manual. Oferece no��es b�sicas de costura, bordado e outras formas de artesanato. S�o atividades que ampliam o repert�rio, refor�ando os valores e o saber da cultura de origem. � sobretudo um momento de socializa��o, troca de experi�ncias e viv�ncias.
4) Casa Ronald McDonald
A institui��o mant�m a Casa Ronald McDonald S�o Paulo, inaugurada em 2007 em parceria com o Instituto Ronald McDonald, para hospedar pacientes de fora de S�o Paulo e oferecer �s crian�as a oportunidade de concluir o tratamento com mais conforto e seguran�a.
Em um terreno de 1.500 m� doado pelo Governo do Estado de S�o Paulo, a casa tem 30 su�tes para as crian�as e seus respons�veis. As instala��es atendem cerca de 60 pessoas diariamente e contam com brinquedoteca, sala com televis�o e videogames, computador com internet, biblioteca, adoleteca, cozinha e lavanderia. A renda obtida com o McDia Feliz contribuiu, em 2011, com 50% dos custos de manuten��o da casa.
DEPOIMENTOS
"Fiz resid�ncia no AC Camargo e o dr. Petrilli era um dos meus chefes. Naquela �poca, ele j� se distinguia dos outros porque "perdia seu tempo" em nos ensinar tudo. Ent�o, na hora do almo�o, ele dava aulas de pediatria, de procedimentos de oncologia, de atendimento � crian�a, tudo o que voc� poderia imaginar. Mas, ao mesmo tempo, ele tamb�m nos fazia chorar de tanta cobran�a. Nunca aceitava "n�o" como resposta. Se, por exemplo, n�o havia plaquetas para fazer uma transfus�o, ele simplesmente n�o aceitava. Dizia: "voc� j� ligou para o Departamento de Estado, para a Presid�ncia da Rep�blica? Voc� vai conseguir essas plaquetas".NAJLA SABA, 58, m�dica e companheira de equipe
"As negocia��es com o Petrilli n�o s�o f�ceis. Al�m de ele ter uma vis�o t�cnica muito boa e saber convencer todo mundo da necessidade de investimento para a compra de um rem�dio muito caro ou um equipamento, por exemplo, ele � um �timo gestor. Por isso, temos que dar o nosso melhor como empres�rios para mostrar que a nossa vis�o tamb�m tem seus fundamentos. Afinal, os objetivos aparentemente distintos -o nosso � o crescimento do Graacc enquanto institui��o e o dele � o tratamento com tecnologia de ponta- s�o os mesmos, que � a cura da crian�a com c�ncer e a melhoria de sua qualidade de vida."
S�RGIO AMOROSO, 58, presidente do Conselho de Administra��o e da Diretoria do Graacc e presidente do Presidente do Grupo Orsa
"Eu tinha muito interesse em saber o que � que meu pai fazia. Na �poca da casinha eram menos casos e o envolvimento pessoal acabava sendo maior, algumas crian�as faziam mesmo parte da nossa fam�lia, iam a churrascos em casa. Com a gente, ele sempre foi bastante r�gido e exigia que d�ssemos o nosso melhor. Eu me lembro de uma vez, quando era adolescente e estava no 1� colegial, em que disse para ele que eu ia repetir de ano j� que estava adiantada. E ele disse que n�o toleraria pregui�a, mas que n�o tinha problema nenhum em ter uma filha burra. A�, eu fiquei bem brava e passei de ano com notas muito altas."
RENATA PETRILLI, 37, chefe do departamento de psicologia do Graacc e filha de Petrilli
"Precisamos do doador para viabilizar o direito da crian�a de ter acesso a todos os recursos que existem para ter o tratamento mais eficaz e eficiente. Porque a gente sabe que n�o � suficiente curar o c�ncer. � preciso curar o c�ncer e devolver � sociedade um paciente �ntegro, que seja ativo. N�o posso devolver um paciente que ficou t�o traumatizado que vai ser um adulto incapacitado por quest�es psicol�gicas, inseguro ou que n�o vai conseguir exercer uma atividade. E a gente via muito isso no passado, pacientes que n�o constitu�ram fam�lia porque n�o conseguiram afugentar seus fantasmas. Vimos tantas fam�lias que se desfizeram durante o tratamento. Na �poca, n�o t�nhamos o conhecimento de entender que o c�ncer vai al�m do tumor. Porque voc� � outra pessoa depois de conviver com essa experi�ncia que � avassaladora."
CARLA DIAS, 51, gerente de enfermagem do Graacc
"Ele � obstinado e apaixonado pela causa. Quantas vezes, antes de viajarmos, ele passou pela casinha e ficou l� conversando com cada um dos pacientes, com os m�dicos, querendo saber tudo o que tinha acontecido na noite anterior. E eu ficava com as crian�as no carro, dava uma volta com elas, inventava brincadeiras e tom�vamos lanche porque a gente nunca sabia o quanto ele ia demorar l�."
HELOISA PETRILLI, 65, mulher do empreendedor
"Sou amiga dele h� uns 40 anos. Ele sempre foi o pediatra dos meus sete netos e vai nascer uma bisneta que tenho certeza que vai para o Petrilli. Ele � fora de s�rie. Uma pessoa maravilhosa, transparente, e tem uma for�a fant�stica. N�o esmorece de jeito nenhum. A dedica��o que ele tem com as crian�as � impressionante porque, al�m de m�dico, ele � amigo, carinhoso, explica tudo para elas. Ele n�o esconde nada e passa uma confian�a incr�vel."
L�A DELLA CASA MINGIONE, 80, uma das fundadoras do Graacc e presidente da Casa Ronald McDonald de S�o Paulo
80, uma das fundadoras do Graacc e presidente da Casa Ronald McDonald de S�o Paulo
ROSANA FIORINO PUCCINI, chefe de pediatria da Unifesp
"Eu tive um problema particular, meu filho teve c�ncer infantil e hoje � um homem curado, e por isso conheci o dr. Petrilli. Com o tempo, ficamos amigos e ele me falou do Graacc e de tudo o que a institui��o representava para as crian�as com poucas condi��es socioecon�micas. Posso dizer que ele sabe convencer as pessoas a colaborar e a participar dessa causa, a vestir a camisa e n�o a tirar mais."
FERNANDO DE CASTRO MARQUES, 58, vice-presidente da Diretoria e membro do Conselho de Administra��o do Graacc e presidente da Uni�o Qu�mica