Desbravadoras no vale
Meninas do turismo se unem para abrir caminho para o desenvolvimento em regi�o pobre de Minas Gerais
No Vale do Jequitinhonha (MG), � comum ver s� mulheres e crian�as pelas ruas. � que grande parte dos homens sai para o corte de cana-de-a��car como derradeira op��o de renda.
Com a seca, as terras ficam �ridas, dificultando o plantio. Por muitas vezes, a aus�ncia masculina dura ano.
Solit�rias, as mulheres passam o tempo com o artesanato. Chuva mesmo, s� nos olhos delas, que esperam ansiosas por seus homens e seus sustentos. Mas, um dia, elas viram passar por l� a esperan�a. Eram Mariana Madureira, 30, e Marianne Costa, 29, duas meninas do turismo � procura de artesanato.
Estudando com amor e dedica��o, elas desenvolveram uma parceria que envolveu cumplicidade e profissionalismo. Come�ou na empresa j�nior da universidade; depois criaram, em 2006, a primeira Ra�zes, uma empresa de consultoria de turismo tocada por quatro mulheres.
MUDAN�A DE ROTA
FAvessas ao convencional e trabalhando para clientes que as empurravam para o social, viram que era hora de seguir o que suas afinidades e o mercado sinalizavam. Em busca do desenvolvimento local, Mariana e Marianne rumaram para o Vale do Jequitinhonha em 2009.
A essa altura, a Ra�zes virara uma empresa de neg�cios sociais e s� contava com as duas como s�cias.
Al�m disso, elas n�o conheciam a regi�o para tamanha ousadia. O ponto mais pr�ximo que tinham alcan�ado era Diamantina -o port�o do Vale-, em trabalhos de campo para a faculdade.
Nas ruas empoeiradas do Jequitinhonha, encheram uma caminhonete de mercadorias para vender na internet. Com fotos improvisadas, os produtos encalharam.
Durante todo o ano de 2010, a dupla carregou in�meras caixas para expor em feiras de diversos cantos do pa�s. Da� perceberam que, no artesanato, o patrim�nio imaterial dos artistas sempre agrega valor � obra.
"Quando est�vamos presentes, vend�amos mais porque sempre cont�vamos a vida dos artes�os para os clientes", lembra Marianne. A partir desse roteiro itinerante por terras desconhecidas e menos afortunadas, conclu�ram: "Compramos experi�ncias".
E o Vale deixara de ser apenas a literatura emblem�tica, um dia t�o lida, da riqueza e da pobreza. Virara as meninas dos olhos de Mariana e Marianne. Mais do que isso, havia se transformado no maior ativo da empresa que fundaram -e no maior passivo com seu p�blico-alvo.
Atualmente, elas vivem uma esp�cie de simbiose. "Profissionalmente, Mariana � minha cara-metade", confessa a s�cia. "Marianne tem um poder de realiza��o", replica a outra. "As ideias brotam juntas", frisam as duas.
Decerto, parecem trabalhar por telepatia porque sempre atuam a dist�ncia. Marianne vive com o marido em S�o Paulo e Mariana se divide entre Belo Horizonte e o Rio, onde reside seu marido.
Com tantas qualidades em comum, � dif�cil apontar as diferen�as. Mas elas mesmas se definem: "Eu sou ansiosa. Quero abra�ar tudo muito r�pido", analisa Marianne.
M�e da rec�m-nascida Maria Luisa, ela conclui: "Quero que minha filha sinta orgulho de mim. Estou doida para que ela v� logo para os quintais do Vale. Quero que tenha pelo menos um pouco do que tive na inf�ncia. Tomar leite no curral, dormir de porta aberta, sem medos".
Mariana fez dois interc�mbios internacionais e fala ingl�s, italiano, espanhol e alem�o. Al�m da calma costumeira, tamb�m exercita com frequ�ncia a intui��o.
Certa vez, sua terapeuta indagou: "Mariana, por que o alem�o? Tem algum parente l�?". Convicta, ela respondeu: "N�o, � que eu tenho um chamado na Alemanha que ainda n�o sei bem qual �. S� sei que um dia farei alguma coisa com esse idioma".
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O turismo movimenta cerca de US$ 200 bilh�es por ano nos pa�ses das Am�ricas e gera um fluxo de 160 milh�es de visitantes estrangeiros, o que representa 16% das chegadas internacionais e 20% do aporte financeiro proveniente da atividade tur�stica no mundo.
Os n�meros da Organiza��o Mundial do Turismo demonstram como a atividade tornou-se relevante para a economia mundial em pa�ses como o Brasil, onde a taxa de crescimento � de 6% a 7% ao ano, frente aos 4% no restante do mundo, e importante fonte geradora de renda e de empregos diretos e indiretos.
Na Pesquisa Anual de Conjuntura Econ�mica do Turismo lan�ada no come�o de 2012 pelo Minist�rio do Turismo e pela FGV (Funda��o Getulio Vargas), o segmento est� em pleno desenvolvimento, com aumento do faturamento das empresas em R$ 50,9 milh�es (18,3%) e do quadro de funcion�rios para 110 mil (5,7%). O segmento de turismo receptivo foi o que mais se destacou, com faturamento m�dio de 33%.
O fortalecimento da economia nacional, o aumento da demanda por viagens e investimentos, a expans�o do volume de opera��es e a imagem favor�vel do pa�s no exterior foram os fatores que impulsionaram o crescimento do setor, segundo o levantamento.
De acordo com outra pesquisa, elaborada pelo Conselho Mundial de Viagem e Turismo, a contribui��o no PIB nacional deve passar de 4,5%, em 2011, para 9,5%, at� 2022, elevando o Brasil a terceira maior economia tur�stica mundial. Al�m disso, at� o fim da pr�xima d�cada, aproximadamente 9% da popula��o brasileira deve estar empregada em atividades caracter�sticas desta �rea.
Esse crescimento � constatado nos segmentos mais especializados, como o ecoturismo, o turismo de aventura, o cultural e o social. O crescimento � na ordem de 20% ao ano contra os 7,5% no ramo convencional.
� com esses n�meros impressionantes que a Ra�zes Desenvolvimento Sustent�vel, criada pelas turism�logas Mariana Madureira e Marianne Costa, quer trabalhar para promover o desenvolvimento local das comunidades mais carentes do Brasil.
Para isso, elas se aliaram ao artesanato, outra importante fonte de renda -com faturamento anual bruto de R$ 52 milh�es e que garante ao menos um sal�rio m�nimo na fam�lia, segundo pesquisa do Vox Populi-, estimulando toda a cadeia produtiva da regi�o e incentivando o associativismo e a abertura de neg�cios pelos pr�prios moradores.
O primeiro lugar escolhido foi o Vale do Jequitinhonha (Minas Gerais), onde o turismo � ainda incipiente. Ele j� foi chamado de "vale da mis�ria" por seu baixo IDH (�ndice de Desenvolvimento Humano), que chegou a ser de apenas 0,5%, compar�vel apenas ao de pa�ses africanos, e resultou em debilidades e baixo dinamismo econ�mico. Mudar esse estigma � o desafio desse neg�cio social.
As candidatas n�o podem ser consideradas pioneiras nas �reas em que se propuseram a atuar: turismo de base comunit�ria, desenvolvimento local e gera��o de renda, com�rcio justo e associativismo. Existem outras empresas e ONGs que desenvolvem projetos espec�ficos em cada um desses segmentos. Ao mesmo tempo, nenhuma delas realiza a integra��o desses setores visando � comunidade como benefici�ria e fornecedora de produtos e servi�os de alta qualidade. Esse fato permite ao Ra�zes tornar-se parceria de, praticamente, todos esses agentes que est�o atuando no mesmo mercado e realizar projetos diferenciados.
A inova��o das empreendedoras sociais acontece de duas formas:
- No modelo de neg�cios - � possivelmente a �nica empresa no Brasil a atuar com quatro eixos de forma realmente integrada: viagens (de experi�ncia, turismo solid�rio e voluntariado), artesanato (com�rcio justo virtual ou n�o), projetos (capacita��o e desenvolvimento de destinos) e associativismo. Os concorrentes e cong�neres em geral focam um desses temas em sua atua��o;
- No microambiente de atua��o - as inova��es est�o diretamente relacionadas aos processos criativos que desenvolvem em toda a cadeia produtiva do turismo e na forma como estabelecem parcerias profissionais nas comunidades atendidas. O foco � desenvolver produtos e servi�os inovadores e in�ditos para conquistar mercado./
A inova��o na gest�o est� no �mbito externo � organiza��o. O foco � a rela��o profissional com os artes�os e demais atores envolvidos, na busca de excel�ncia no produto e nos resultados de toda a cadeia, sem esquecer o lado humano e a preocupa��o em resgatar a autoestima que essas pessoas trazem por conta da baixa escolaridade e da hist�ria de vida.
Mesmo que as decis�es estrat�gicas ainda estejam centradas nas s�cias, elas t�m como principio compartilhar conhecimentos e experi�ncias com todas as consultoras, funcion�rias e parceiras para criar projetos e solu��es personalizados para cada realidade em que atuam. "N�o existe receita de bolo" � a frase que utilizam para explicar o que diferencia o trabalho da Ra�zes:
- Empreendedoras sociais que trabalham com sinergia e aperfei�oamento constante;
- Projetos personalizados e desenvolvidos com planejamento e cronograma;
- Foco em resultados;
- Equipe engajada e com consultoras altamente qualificadas e experientes;
- Atua��o em campo para levantamento de dados e elabora��o das a��es;
- Trabalho em rede.
Busca de conhecimento crescente e de reinven��o cont�nua fazem parte do esp�rito das empreendedoras sociais. Para isso, participam frequentemente de cursos de empreendedorismo socioambiental e neg�cios sociais e de grupos de estudo e trabalho.
Existem amea�as relevantes, como a dif�cil log�stica em lugares distantes, no caso do turismo comunit�rio, e a dificuldade de encontrar consumidores para produtos sustent�veis, um mercado ainda muito incipiente, embora em franco desenvolvimento. Entretanto, a dupla tem ci�ncia dessas quest�es e come�a a construir um plano de a��o a fim de dirimir os riscos.
O relacionamento com colaboradores, parceiros, patrocinadores, benefici�rios e comunidade � aberto e transparente. Com fornecedores a rela��o � constru�da geralmente a partir de pessoas com quem as candidatas j� mant�m proximidade e amizade, a partir de redes e meios colaborativos. No site, reformulado em setembro deste ano, � poss�vel encontrar seus projetos de forma clara e direta.
As candidatas s�o bastante ativas em redes de empreendedorismo e de neg�cios socioambientais do Brasil, tanto virtuais como presenciais, inclusive na participa��o das discuss�es de constru��o desse novo mercado (marco regulat�rio) em Minas Gerais, Estado onde auxiliaram na cria��o do Hub local e na abertura da rede sobre o tema na Funda��o Dom Cabral.
Atualmente, contam-se parceiros entre empresas de todos os portes, �rg�os p�blicos, institui��es de ensino e organiza��es do Terceiro Setor. A diversifica��o e a boa gest�o permitem bom n�vel de solidez/fidelidade nas parcerias e diminuem a volatilidade dos apoios.
Or�amento anual (2012): R$ 232 mil.
Patrocinadores (por ordem de investimento): N�o h� patrocinadores da empresa, mas, sim, apoiadores de alguns projetos executados:
- ArteCarste: TAM e Brennand Cimento;
- A��o pontual no Jequitinhonha: Piers e Verity.
Trata-se de um mercado amplo e com m�ltiplos players, ainda que focado em nichos. Em termos de divis�o de mercado, a Ra�zes tende a despontar no nicho de turismo para voluntariado e trabalha com a audaciosa meta de 40% do market share. A cria��o e a execu��o dos projetos de desenvolvimento local s�o pensadas em todos os elos da cadeia produtiva, n�o apenas para aqueles ligados diretamente ao turismo, que ainda � muito incipiente na regi�o do Vale do Jequitinhonha, o que aumenta a capilaridade do neg�cio e o impacto na comunidade atendida.
O perfil dos benefici�rios � variado, uma vez que podem ser considerados benefici�rios:
- Artes�os;
- Associa��es;
- Comunidade;
- Consumidor;
- Turistas.
N�o existe um estudo consolidado do perfil de todos eles. Especificamente sobre os clientes atuais, registros indicam que:
Pessoas F�sicas -pertencem �s classes A e B, a maioria � mulher, com alta escolaridade;
Pessoas Jur�dicas -s�o empresas preocupadas em associar sua marca a uma causa/socialmente respons�veis;
Governos, ONGs e Sebrae;
Associa��es de empresas (como Alian�a Bike e Abramas - Associa��o Brasileira de Motope�as e Acess�rios de Seguran�a).
Segundo as candidatas, s�o n�meros dif�ceis de serem mensurados no tipo de trabalho realizado, mas em um levantamento inicial podem ser considerados beneficiados:
- Vale do Jequitinhonha/norte de Minas Gerais - 350 artes�os em 16 associa��es comunit�rias e sete fam�lias nos receptivos familiares;
- Circuito das Grutas - 50 artes�os;
- Gest�o 3S (associativismo) - tr�s empresas.
As comunidades em que a Ra�zes tem algum tipo de atua��o -cerca de 20 em Minas Gerais, que representam aproximadamente 600 pessoas- podem ser consideradas indiretamente beneficiadas por seus projetos.
A sede da Ra�zes fica em S�o Paulo e h� uma escrit�rio em Belo Horizonte. Atualmente a empresa mant�m projetos nos Estados de:
Minas Gerais
Regi�o do Circuito das Grutas (munic�pios de Baldim, Caetan�polis, Cordisburgo, Funil�ndia, Inha�ma, Lagoa Santa, Matozinhos e Sete Lagoas): capacita��o de artes�os locais;
Regi�o norte/Vale do Jequitinhonha (Almenara, Ara�ua�, Botumirim, Gr�o Mogol, Itaobim, Jequitinhonha, Minas Novas, Santana do Ara�ua� e Turmalina): desenvolvimento do com�rcio justo para produtos artesanais e de viagens de voluntariado e experi�ncia nas comunidades de Campo Buriti e Coqueiro Campo.
Mato Grosso e Mato Grosso do Sul
Projeto Expedi��o Pantanal, para dissemina��o de boas pr�ticas em sustentabilidade.
S�o Paulo
Gest�o das associa��es Alian�a Bike e Abramas.
As cidades onde a Ra�zes mant�m a sede e o escrit�rio s�o os locais de resid�ncia das s�cias. S�o Paulo tamb�m � o lugar que oferece mais op��es de fechar neg�cios no turismo especializado.
A empresa prestou servi�os diversos de capacita��o de turismo, turismo sustent�vel, cria��o de grupos gestores e inser��o de mercado nos Estados de Alagoas, Minas Gerais, Par�, Rio Grande do Sul e S�o Paulo.
Destacam-se os projetos de Santar�m (PA), com a cria��o de grupo gestor em turismo local (2009), e de Aritapera (PA), com a inser��o das cuieiras no mercado tur�stico (2010).
As empreendedoras est�o elaborando o plano de escalabilidade junto � Funda��o Dom Cabral para dobrar a capacidade de execu��o de projetos at� o final de 2013 e aumentar o porte da empresa. O maior desafio � o alto grau de personaliza��o dos trabalhos que ser�o realizados em cada comunidade. Ao mesmo tempo em que elas t�m disponibilidade de ir a v�rias partes do Brasil, necessitam de um estudo mais aprofundado, um tempo maior para execu��o e uma consultora que se disponha a permanecer no lugar.
Toda a equipe interna participa da elabora��o em todas as fases, com maior ou menor grau, o que permite um aprendizado coletivo cont�nuo. Com as comunidades e os parceiros, tamb�m h� trocas importantes na execu��o.
Apesar do grau de organiza��o administrativa, a empresa ainda est� caminhando para sistematizar seus processos e sua metodologia -possui apenas alguns deles sistematizados.
O que faz a Ra�zes ser considerada um neg�cio social � a maneira como as empreendedoras sociais trazem a participa��o da comunidade, principalmente das mulheres, na cria��o e no desenvolvimento dos projetos nas regi�es mineiras da Gruta e do Vale do Jequitinhonha -os projetos mais autorais delas desde 2009.
Nessas duas �reas, visitadas pela equipe do pr�mio, as candidatas criaram um v�nculo de relacionamento baseado em uma parceria profissional forte, aumentando a autoestima e o empoderamento de toda a comunidade. Os benefici�rios deixam para tr�s o assistencialismo com o qual estavam acostumados para se tornarem protagonistas dos seus pr�prios neg�cios.
A Ra�zes desenvolveu um novo arranjo na rela��o com todos os elos da cadeia, n�o apenas no que est� relacionado ao turismo, mas em todo o entorno, criando e fortalecendo estruturas locais de com�rcio, o que permite que o dinheiro permane�a com elas. As empreendedoras trabalham com princ�pios de remunera��o justa e de transpar�ncia, inclusive financeira, beneficiando desde o produtor da mat�ria-prima at� o consumidor final. At� ent�o, boa parte dos artes�os do Vale do Jequitinhonha sofriam (e ainda sofrem) com a explora��o na venda para grandes redes de lojas, como a Tok&Stok, que oneram produtores com a redu��o do valor das pe�as e n�o arcam com o preju�zo no caso de quebras.
Outro ponto importante da forma de atua��o � o n�o personalismo das candidatas. Elas consultam e ouvem os moradores da regi�o com aten��o aos seus desejos e anseios frente aos projetos, sem imposi��es. Essa pr�tica resultou num relacionamento de confian�a e respeito, mesmo sendo conhecidas como as "meninas" -por serem mais jovens.
O desenvolvimento sustent�vel se d� por meio de uma vis�o integralista, sendo a Ra�zes a �nica empresa no mercado a considerar equanimemente quatro �reas de atua��o nesse processo:
A empresa se destaca em seus m�todos de atua��o por:
- Orientar a constru��o do neg�cio de artes�os e de outros que estejam integrados � cadeia do turismo de base comunit�ria e/ou de experi�ncia, agregando valor ao produto local;
- Focar na profissionaliza��o do artes�o, do fornecedor e do produtor;
- Efetuar planejamento participativo e desenhar produtos de acordo com as caracter�sticas da regi�o. Um exemplo � a cria��o de objetos com desenhos primitivos do Circuito das Grutas;
- Ampliar a sustentabilidade desses neg�cios por meio do acesso a canais de vendas;
- Introduzir o conceito de com�rcio justo;
- Interferir no design dos objetos com apoio de profissionais especializados e do Sebrae, agregando qualidade e valor de mercado, mas sem perder a identidade art�stica e cultural;
- Empoderar a comunidade com a utiliza��o de ferramentas como a consulta p�blica. O benefici�rio � capacitado para dar continuidade ao processo, independentemente da presen�a da empresa no local;
- Focar no desenvolvimento local e n�o na venda do produto em si na plataforma de e-commerce de produtos artesanais;
Desenvolver e aprimorar continuamente os produtos e servi�os. A empresa faz o papel de incubadora de prot�tipos, fazendo testes de mercado com feedback aos envolvidos.
ArteCarste - M�os Criativas no Circuito das Grutas
Invent�rio, diagn�stico e sele��o de 50 artes�os que devem passar por qualifica��o, com oficinas de design, marketing, comercializa��o, associativismo e gest�o, al�m de uma viagem de benchmarking. Formado um grupo gestor, ser�o criados espa�os de comercializa��o em pontos estrat�gicos. A empresa captou o recurso em edital com a TAM e com a Brennand Cimentos, empresa da regi�o. Com in�cio em 2012, o projeto tem dura��o de 18 meses.
Viagem de experi�ncia e voluntariado
Iniciativa na regi�o do Vale do Jequitinhonha, nas comunidades de Campo Buriti e Coqueiro Alto, com cria��o e operacionaliza��o dos roteiros. Atualmente s�o sete mulheres que oferecem receptivo familiar (hospedagem em casa), viv�ncia e aprofundamento no artesanato em cer�mica da regi�o, profissionalizando a rela��o onde todas as partes envolvidas ganham, mas sem perder a autenticidade da viv�ncia local.
Com�rcio de artesanato
Partindo do conceito de com�rcio justo, al�m da compra de artesanato da regi�o, as empreendedoras desenvolveram com as artes�s do Vale do Jequitinhonha e do norte de Minas tr�s pe�as exclusivas em embalagens personalizadas para venda por e-commerce. Foi usada plataforma de crowdfounding para o lan�amento no m�s de outubro. As pe�as selecionadas s�o: Santo Ant�nio de fibra de buriti, sapo-boi de cer�mica e peso de papel de canela de ema (planta t�pica da regi�o).
Expedi��o Pantanal
Encomendada pelo Instituto SOS Pantanal, a Ra�zes trabalhou at� este ano no mapeamento de iniciativas que contribuam para a conserva��o da regi�o da Bacia do Alto Paraguai, visando reconhecer e valorizar essas pr�ticas para apresent�-las � sociedade e ao poder p�blico.
Associativismo Gest�o 3S (Terceiro Setor)
Cria��o, planejamento, opera��o, gest�o e monitoramento de associa��es de v�rios segmentos e desenvolvimento de projetos personalizados. Atualmente possui tr�s clientes.
Rota Lund
Gest�o executiva da parceria p�blico-privada da Rota Lund, na Regi�o das Grutas, em tr�s unidades de conserva��o ambiental. � o projeto mais recente, assumido em setembro de 2012.
DEPOIMENTOS
"Elas miram na possibilidade de ajudar outras pessoas a construir o seu neg�cio, sempre com foco no ambiental e no social, mas que tenha uma estrutura, etapas e um projeto para que as pessoas possam fazer isso de forma consistente. A Ra�zes traz esse olhar mais integrado do desenvolvimento regional e mant�m seus benef�cios no local."Lucila Egydio, 43, especialista em sustentabilidade e consultora-parceira da Ra�zes
"Conheci a Ra�zes h� um ano. Ela despertou na gente [artes�os] a ideia de tematizar o artesanato. Est�vamos nos fundos dos quintais, esquecidos... Por meio da capacita��o que recebi dela [da Ra�zes], criei uma machadinha rupestre, que � s�mbolo da regi�o. Minha mulher est� fazendo artesanato com caba�as e minha filha j� produz algumas pe�as com a pedra Lagoa Santa, mat�ria-prima da cidade. Sempre trabalhei com funilaria como primeira op��o de renda e artesanato como lazer. Agora, o artesanato j� nos d� um bom retorno financeiro."
Vicente Maur�cio da Silva, 44, artes�o do circuito tur�stico de Lagoa Santa (MG)
"O turismo e o artesanato s�o op��es de renda para manter as fam�lias no Vale do Jequitinhonha. Se acontece o turismo, n�o � s� as artes�s que ganham. A comunidade tamb�m recebe, porque o leite, os ovos, a mandioca e os biscoitos que encomendamos de pequenos produtores tamb�m fomentam o desenvolvimento local. O turismo n�o ajuda s� os que t�m os receptivos familiares."
Faustina Lopes da Silva, 58, l�der comunit�ria e propriet�ria de um receptivo familiar em Campo Buriti, Turmalina (MG)
"No turismo solid�rio, o turista vivencia a nossa vida, descansa e, al�m disso, traz o dinheiro para a nossa comunidade. Ele tamb�m pode trazer uma experi�ncia para n�s, como uma oficina, uma palestra, uma pr�tica solid�ria. � um turismo de troca de experi�ncias."
Deuzani Gomes dos Santos, 47, artes� e propriet�ria de um receptivo familiar em Coqueiro Campo, Minas Novas (MG)