Mar de oportunidades
Engenheiro florestal inova ao fazer dos esportes n�uticos instrumentos de educa��o, profissionaliza��o e integra��o social
Aos cinco anos, o engenheiro florestal Axel Schmidt Grael, 52, ganhou seu primeiro veleiro. O brinquedo foi um presente do av� materno, um dinamarqu�s apaixonado pelo esporte a vela. O barco foi batizado com o nome de Munin (mem�ria), um dos corvos mensageiros de Odin, na mitologia n�rdica. Ao irm�o menor, coube um barco com o nome do outro corvo, Hugin (pensamento). Os veleiros, da classe pinguim, tinham 11 p�s ou 3,4 metros de comprimento.
Os garotos eram t�o pequenos que nem tinham peso suficiente para comandar o barco. De in�cio, ele velejava com pessoas mais velhas e, aos poucos, foi se aventurando sozinho. "Eu sa�a �s 7h, navegava, virava, e um marinheiro do clube ia me buscar e trazer de volta para a praia. Tirava a �gua do barco, ia, virava, e ele ia me buscar, sempre me dando bronca por eu ter ido de novo e t�o longe." Na teimosia da crian�a nascia o velejador.
Aos 17 anos, cansado de voltar com o barco e o corpo sujos ap�s velejar na ba�a de Guanabara, Axel organizou uma manifesta��o contra as f�bricas de sardinha, que lan�avam rejeitos no mar. Ele reuniu a "garotada" (cerca de 70 embarca��es) e fizeram uma regata de protesto em volta de uma ilhota. A a��o resultou na funda��o da ONG More (Movimento de Resist�ncia Ecol�gica) _"o nome era bem adolescente, bem d�cada de 1970". Naquele momento surgia o ambientalista.
A briga seguinte foi pela preserva��o da serra da Tiririca (RJ) e a transforma��o do local em um parque. A campanha rendeu a indica��o para que presidisse o Instituto Estadual das Florestas. "A tramita��o do projeto andou, e eu peguei na outra ponta, j� com a responsabilidade de implantar o parque." Axel foi ainda presidente da Feema (Funda��o Estadual de Engenharia do Meio Ambiente) e subsecret�rio estadual do Meio Ambiente.
"Meu futuro estava na profiss�o que eu escolhi, nem tanto como atleta. Mesmo se eu tivesse me dedicado, mas por talento, por op��o e at� por biotipo, n�o teria ido t�o longe quanto eles [Lars Grael e Torben Grael, medalhistas ol�mpicos] foram."
Diz que Lars � um rela��es-p�blicas por excel�ncia, e Torben, muito pragm�tico e objetivo. Define a si pr�prio como o homem da concep��o e da gest�o. Ele acredita que a natureza de cada irm�o confere um bom equil�brio para o Instituto Rumo N�utico.
Reconhece que a vela � um esporte caro, mas com a vantagem de n�o ser feita apenas por donos de embarca��es. "Um barco precisa de uma tripula��o. Muita gente �s vezes deixa de velejar, deixa de competir, por falta de tripulantes. N�s temos uma f�brica de tripulantes � disposi��o."
Sobre os alunos do Projeto Grael, brinca que tem 350 filhos por semestre. E se emociona ao lembrar de um ex-benefici�rio. "Ele nos mostrou a carteira de trabalho assinada e falou: 'Meu pai nunca teve isso'". O primeiro sal�rio do jovem era superior ao do pai. "De certa forma, consegui reunir profiss�o, hobby e utopia em torno de uma mesma coisa", resume Axel.
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Conhe�a mais sobre a Instituto Rumo N�utico/Projeto Grael
O Projeto Grael � pioneiro no uso de esportes n�uticos para o desenvolvimento de programas sociais, educativos e ambientais, tendo obtido reconhecimento pela Isaf (International Sailing Federation) como uma iniciativa inovadora e de refer�ncia para pa�ses em desenvolvimento.
A inova��o acontece em duas frentes:
- no objeto, ao ter constru�do sua a��o na cadeia produtiva da ind�stria n�utica e voltada para atender estudantes da rede p�blica de educa��o;
- no m�todo, ao ter desenvolvido um programa educativo e profissionalizante usando como motiva��o o fasc�nio que os barcos exercem nos jovens. O aprender a velejar desdobra-se em oportunidades de aprender uma profiss�o e sobre ci�ncias (meteorologia, oceanografia, f�sica, materiais), ambiente e cidadania.
O projeto modificou o acesso de estudantes da rede p�blica aos esportes n�uticos. Ao vislumbrar seu potencial educacional, vem mostrando que a n�utica n�o precisa ser elitista nem exclusiva.
Entre suas atividades, merece destaque o programa ambiental, que prioriza a atua��o em demandas reais e n�o na simula��o de situa��es para fins pedag�gicos. Por exemplo, em um dos projetos, os alunos cooperam efetivamente com pesquisadores, �rg�os p�blicos e outras ONGs no estudo e monitoramento das condi��es ambientais da ba�a de Guanabara, enquanto em outro operam embarca��es que retiram o lixo flutuante da ba�a.
Com or�amento para este ano de R$ 2 milh�es (um crescimento de 50% sobre o R$ 1,35 milh�o de 2009), o Projeto Grael tem mais da metade de seu financiamento vinculado a projetos de patroc�nio de empresas privadas, sobretudo por repasses ligados a leis de incentivo fiscal. Tamb�m tem no poder p�blico (22%) importante fonte de recursos financeiros. Em momentos de crise (principalmente quando h� atrasos de repasses, comuns em ano eleitoral), a organiza��o tem recorrido a doa��es de um de seus fundadores, o velejador Torben Grael.
A fim de se precaver contra essa oscila��o, trabalha atualmente para diversificar as fontes de receita e elaborou uma estrat�gia de manuten��o e amplia��o do relacionamento com cada parceiro. Tamb�m se prepara para gerar receita pr�pria por meio de presta��o de servi�os especializados, como a realiza��o de eventos n�uticos (campeonatos esportivos) e corporativos.
Desde que o empreendedor social passou a se dedicar com maior regularidade ao instituto, em 2008, o Projeto Grael entrou em uma fase de profissionaliza��o administrativo-pedag�gica. Com uma equipe maior e qualificada, a organiza��o apresenta atualmente um crescimento acelerado, por�m estruturado, e tem boas perspectivas de atingir um porte maior no longo prazo.
Principais parceiros: �guas de Niter�i, Bailly, BG Brasil, BMYD, Brasco, CCR, Cemig, Central de Penas, Colgate, Confedera��o Brasileira de Vela e Motor, Clin, Clube Naval Charitas, Comp�o, Corpo de Bombeiros, Crian�a Esperan�a, ESPN, Estaleiro Alian�a, G-Comex, H2O Niter�i, Instituto Ba�a de Guanabara, Instituto Wal Mart, Ita� Social, JP Morgan, Oi Futuro, Prefeitura de Niter�i, Pr�-Oceano, PMN, Minist�rio do Esporte, Universidade Federal Fluminense, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Unipli, Vinhas Advogados.
No primeiro semestre de 2010, o Projeto Grael ofereceu 304 vagas para os cursos e programas n�uticos educacionais em sua sede, em Niter�i. Foram 231 vagas para as atividades do programa esportivo n�utico e 73 para o programa profissionalizante. A unidade de Tr�s Marias (MG) beneficia 200 estudantes da rede p�blica. No total, o instituto aponta ter beneficiado diretamente mais de 10 mil jovens nos 12 anos de exist�ncia (considerando o per�odo pr�-formaliza��o).
Em 2009, foi criado um plano pol�tico-pedag�gico respons�vel por sistematizar conhecimentos e monitorar e avaliar o impacto social sobre seus benefici�rios. Desde ent�o, vem efetuando coletas de dados com parte dos alunos (do grupo chamado de Estrelas do Mar, que s�o os com maior potencial esportivo), professores e escolas p�blicas. Entre os resultados, observou-se que os principais motivos de atra��o de jovens � aprender uma profiss�o e conquistar lugar no mercado de trabalho. Essas pesquisas, ainda incipientes, devem ser ampliadas no futuro.
Mais pontualmente, em 2008, foi realizada uma avalia��o econ�mica e dos impactos sociais do projeto, utilizando a metodologia da Funda��o Ita� Social. Os principais resultados demonstram que o programa profissionalizante aumenta em 27% a chance de o aluno obter um emprego, com taxa interna de retorno de 31%. Observou-se que, do grupo de tratamento, 62% est�o trabalhando, 38% deles no mercado n�utico, com m�dia salarial mensal de R$ 534. Avalia-se que a organiza��o deve trabalhar continuamente para aumentar esses �ndices.
Qualitativamente, a vela, al�m de ajudar a desenvolver o f�sico e o intelecto, promove autoestima, socializa��o e competi��o com solidariedade, como demonstram alunos entrevistados durante a visita. Parte deles j� conquista t�tulos nacionais e regionais, atua como �rbitros de regata e presta servi�os profissionais em eventos n�uticos, clubes e marinas.
O Projeto Grael surgiu em Niter�i (RJ), entre 1998 e 2000 (formaliza��o). Um ano depois, uma unidade foi aberta em Vit�ria (ES) e, em 2004, em Maric� (RJ), ambas inativas atualmente. Em 2010, teve in�cio a unidade de Tr�s Marias (MG). Hoje, o instituto analisa a cria��o de dez unidades, sendo que em processo de negocia��o mais avan�ada est�o Munda� (CE), por iniciativa da comunidade local; Salvador (BA) e Rio Grande (RS), em parceria com empresas locais; Guaruj� (SP), com a prefeitura e empresas do munic�pio; e Ribeir�o das Lajes (RJ) e Santa Branca (SP), com patroc�nio da Light, a exemplo do trabalho efetuado pela Cemig em Tr�s Marias. Pira� (RJ), S�o Sebasti�o (SP) e Bras�lia (DF) s�o outros que demonstraram interesse no projeto.
Por iniciativa pr�pria, est� sendo organizada a Rede N�utica Educativa, reunindo outros trabalhos de n�utica social e educativa no pa�s. Para isso, foram realizados treinamentos em Recife, Fortaleza e Macei�. A partir de uma parceria internacional, a organiza��o tamb�m tem um trabalho de implanta��o experimental em Maryland, nos EUA.
A replica��o do Projeto Grael � uma das premissas que constam de seu planejamento estrat�gico e diversas a��es come�avam a ser conduzidas nesse sentido durante a visita do pr�mio, haja vista o interesse demonstrado por mais de dez munic�pios em multiplicar a experi�ncia.
O instituto teve como laborat�rio o processo de replica��o para os munic�pios de Vit�ria e Maric�. Neles, uma s�rie de obst�culos foi enfrentada, em raz�o de interfer�ncias pol�ticas (tentativa de uso do projeto para fins eleitoreiros, mudan�a de governo e quebra de contrato, burocracia e corrup��o de �rg�os p�blicos etc.), culminando com o fechamento de ambas as unidades (Maric� est� em negocia��o para reabertura). As dificuldades recentes com atrasos de repasses e burocracia oriundos da Lei de Incentivo ao Esporte tamb�m serviram de norteadores para o projeto estabelecer a obrigatoriedade de haver patrocinador direto na abertura de novas unidades.
Nesse contexto, nota-se um esfor�o cont�nuo de mudan�a cultural em prol da documenta��o e da sistematiza��o de rotinas, tendo como foco a decis�o de desenvolver uma franquia social. Atualmente, as rotinas est�o sendo sistematizadas com apoio do software Sagres, rec�m-criado pelo instituto como instrumento de uniformiza��o metodol�gica com as unidades franqueadas. O software hoje em processo de implementa��o permitir� o registro de variadas informa��es pedag�gicas e a gera��o de planilhas e gr�ficos de acompanhamento, al�m de facilitar a intera��o entre as diferentes �reas da organiza��o, de forma autom�tica.
A iniciativa influencia pol�ticas p�blicas no pa�s. Inspirado no Projeto Grael, o ex-secret�rio Nacional de Esportes Lars Grael, cofundador do instituto, lan�ou o Projeto Navegar, implantado em mais de 30 localidades do pa�s. A partir de 2003, na Secretaria de Estado da Juventude, Esporte e Lazer de S�o Paulo, Lars implantou o Projeto Navega S�o Paulo, tamb�m com a tecnologia social do Projeto Grael. Assim, o n�mero de unidades de n�utica social no pa�s, criadas sob inspira��o do instituto, passa de 40. Deve-se ressaltar, por�m, que a efetividade desses trabalhos muitas vezes � amea�ada pela falta de comprometimento dos n�cleos.
Grande parte do trabalho de educa��o ambiental de despolui��o e monitoramento da ba�a de Guanabara � realizada em parceria com pesquisadores de universidades federais.
Na cidade de Niter�i, o Projeto Grael foi precursor de um programa que passou a ser estimulado pela prefeitura municipal, o Projeto Nomes, que re�ne outros atletas com iniciativas sociais, como o Projeto Gerson (futebol), Projeto Fernanda Keller (triatlo) e o Projeto Tatu� (surfe). Outra parceria se d� com a Central de Penas Alternativas, que encaminha menores infratores da lei para trabalho no instituto. Com as escolas p�blicas, busca estabelecer um trabalho conjunto com benef�cios aos alunos, mas n�o sem resist�ncia por parte da engessada estrutura educacional.
Por fim, tendo em foco a democratiza��o dos esportes n�uticos, a organiza��o trabalha para a constru��o de rampas p�blicas de acesso de embarca��es � �gua, j� que atualmente elas s�o exclusivas de clubes de iates. A iniciativa ainda n�o foi concretizada.
A n�utica � transversal a todas as atividades do Projeto Grael. Da biblioteca especializada ao laborat�rio de inform�tica, � educa��o ambiental e �s oficinas profissionalizantes, o elemento central de trabalho s�o os esportes n�uticos. Pelo poder de atra��o que exerce nos jovens, a vela � utilizada como ferramenta de aprendizado. A diferen�a do instituto para os clubes de iates, entretanto, al�m de seu p�blico-alvo estudantes da rede p�blica de 9 a 24 anos, � que no projeto a vela � um meio, e n�o o objetivo. Enquanto nos clubes as crian�as s�o obrigadas a competir, no Projeto Grael apenas 34 competem atualmente todas, por�m, aprendem a velejar.
O Projeto Grael prioriza a atua��o em demandas reais e n�o na simula��o de situa��es para fins pedag�gicos. As atividades s�o coletivas por exemplo, na oficina de marcenaria, todos constroem um caiaque como trabalho final. O m�todo pedag�gico tamb�m visa elevar a autoestima muitas vezes combalida dos alunos. Assim, quando apresentam bom desempenho, enviam-se aos pais cartas de elogio, fugindo � l�gica tradicional e negativa de repreens�o. Outro elemento estrat�gico � o v�nculo de longo prazo com os alunos. Os cursos s�o divididos em m�dulos que podem ser cursados conforme o interesse dos estudantes; caso pretendam cumprir todo o programa, podem permanecer na organiza��o por cerca de quatro anos.
Gest�o
Sobretudo nos �ltimos dois anos, a organiza��o reverteu o quadro de crescimento passivo e inst�vel e, por meio da profissionaliza��o da gest�o administrativa e pedag�gica, vem construindo uma base para a expans�o cont�nua e sustent�vel. Angariou uma equipe de profissionais dedicados com a causa e com experi�ncia tanto de mercado como na �rea social e adquiriu softwares de gest�o financeira e pedag�gica. A mudan�a vem se refletindo paulatinamente em sistematiza��o e padroniza��o dos processos e aumento de efici�ncia operacional, seja na atua��o pedag�gica, seja em marketing e na capta��o de recursos. Mais recentemente, a equipe lan�ou-se no desenvolvimento de um planejamento estrat�gico, apoiado pelo Instituto Hartmann Regueira em parceria com a Funda��o Avina e o Instituto Unibanco. Nesse processo, foi tamb�m realizada uma revis�o e atualiza��o dos planos de curso e aula.
Todo esse trabalho � realizado a fim de superar os desafios di�rios do projeto, que ainda tem muito a evoluir, sobretudo em termos de sustentabilidade financeira e impacto social.
As a��es educacionais s�o divididas em quatro programas principais
Programa de Desenvolvimento Esportivo N�utico para a inicia��o esportiva na vela, remo e canoagem. Subdivide-se em quatro projetos:
- Vela e Remo: facilita��o do acesso aos esportes de vela, remo e outras pr�ticas n�uticas para jovens carentes;
- Estrelas do Mar: visa viabilizar a participa��o de alunos e ex-alunos com os melhores desempenhos nas competi��es esportivas n�uticas;
- Monitores N�uticos: capacita��o para atuar como auxiliar ou instrutor de vela;
- Todos a Bordo (em implanta��o): objetiva dar uma oportunidade de acesso aos esportes n�uticos, em particular � vela, para portadores de defici�ncia.
Programa Futuro de Vento em Popa para capacitar profissionais para o mercado n�utico e promover a empregabilidade. Subdivide-se em tr�s projetos:
- Inicia��o Profissionalizante: oficinas de fibra de vidro e materiais compostos, mec�nica, carpintaria, capotaria, refrigera��o e eletr�nica e custo de gestor das embarca��es;
- Gera��o de Renda: em fase de conclus�o, voltado para familiares dos alunos, que aprenderam a desenvolver e comercializar produtos ao p�blico da �rea n�utica;
- Inclus�o Digital Aplicada: prioriza sua aplica��o em ferramentas ligadas aos aspectos n�uticos, tais como regatas, e a cursos profissionalizantes, como apresenta��es, textos e planilhas relacionadas � vida profissional e acad�mica.
Programa Navegando no Conhecimento s�o cursos de educa��o complementar subdivididos em cinco projetos:
- Terra a Vista: conjunto de iniciativas que t�m por finalidade promover o interesse e aproximar os alunos da atividade acad�mica, em que aprendem na pr�tica disciplinas como ambiente, geografia, hist�ria, meteorologia e oceanografia;
- Ba�a de Guanabara: estuda-se a din�mica das correntes da ba�a de olho em sua despolui��o. Os alunos lan�am em pontos estrat�gicos na �gua derivadores oce�nicos, aparelhos que emitem sinais de posi��o geogr�fica, velocidade e temperatura via sat�lite;
- Niter�i �guas Limpas: educa��o ambiental por meio da coleta de lixo flutuante da ba�a de Guanabara;
- Caravela Cultural: por meio da arte, busca-se resgatar e promover a cultura da maritimidade e estimular a criatividade em torno de temas n�uticos;
- F�sica a Bordo (a ser implantado): visa aproveitar os potenciais educacionais da vela ou remo para ampliar os conhecimentos gerais e promover o refor�o escolar.
Programa de Desenvolvimento Institucional desenvolvimento de infraestrutura (obras de melhoria na sede), biblioteca n�utica e projeto de voluntariado.
DEPOIMENTOS
"No segundo semestre de 2001, eles fizeram uma palestra na minha escola. Foi meu primeiro contato com o esporte n�utico. Eu j� conhecia a praia, j� nadava. Mas barco a vela nem tinha ouvido falar.Fiz o curso o b�sico e depois o avan�ado. O curso era s� dois dias na semana, e eu vinha os cinco dias da semana. Eu gostei tanto que vinha, ajudava o professor a dar aula, e sempre sobrava um barquinho. Eu pegava o �ltimo barquinho e ia velejar tamb�m.
Quando acabou o curso, eu e meus outros amigos ficamos botando uma press�o no Axel e nos coordenadores da �poca: 'P�, a gente n�o quer sair'. A� eles criaram o curso avan�ado 3 de regata, que s� teve um semestre, s� foi a nossa turma.
Foi s� alguma coisa para manter a gente dentro do projeto. Em 2003, eu fui da primeira turma do profissionalizante, que durou um ano e meio. Nesse meio tempo, o pai de uma professora, que tem um barco grande a vela, precisava de dois tripulantes. Foi a primeira competi��o fora do projeto e a primeira medalha. A partir da�, eu tive meu contato j� com os clubes, abri mais o universo.
Terminei o ensino fundamental e passei na escola t�cnica. O curso que escolhi foi m�quinas navais. Passei ent�o na Uerj em desenho industrial, por gostar de desenvolver novas coisas, resolver problemas e uma profiss�o que n�o me prendesse dentro do escrit�rio.
Na classe ranger 22 sou tricampe�o brasileiro como tripulante e bicampe�o estadual como comandante do barco. Neste ano recebi o convite para participar do campeonato europeu da classe star. N�s terminamos em terceiro lugar master.
O Torben Grael estava participando e me convidou para ser tripulante dele no S40. Hoje em dia eu velejo com ele nesse barco de oceano para dez pessoas.
A minha vida � dividida em duas partes: antes e depois do Projeto Grael. Desde o dia em que pisei a primeira vez aqui, minha vida modificou completamente, deu uma guinada. Essa acolhida que eu tive foi muito parte do Axel. Ele � bem exigente, mas � uma pessoa tranquila, f�cil de conviver. Se eu ficar uma semana sem velejar, fico doente."
Samuel Freitas Moraes Gon�alves, 23, estudante universit�rio, tricampe�o brasileiro de vela, ex-aluno e atual conselheiro do Instituto Rumo N�utico/Projeto Grael