Primeiras hist�rias
Publicit�rio faz dos livros e da brincadeira al�vio para mais de 293 mil crian�as em hospitais
A hist�ria do publicit�rio Valdir Cimino, 47, mais parece um livro repleto de aventuras, recheado de personagens-chave que o ajudaram a tecer uma trama pra l� de envolvente.
A primeira delas foi a av� espanhola, Pepa, que todas as tardes entretia os netos com relatos de sua terra natal, enquanto costurava. "Ela tamb�m criava hist�rias. As de terror eram as mais gostosas", recorda Valdir.
Outro av�, muito religioso, ensinou-lhe o significado do altru�smo. "Na festa de s�o Cosme e Dami�o, a gente levava meses preparando os doces. A entrega era pura emo��o."
O cap�tulo "vida profissional" tamb�m teve participa��es especiais, como a da tia Beth, que anunciou o anivers�rio do menino, aos cinco anos, na r�dio. A carreira de sucesso em comunica��o nascia ali, com a curiosidade de saber como a "m�gica da voz" se dava.
E foi justamente a r�pida ascens�o -e a conseq�ente sobrecarga- profissional que o empurrou para seu primeiro contato com o voluntariado, anos mais tarde, ao se isolar por um ano em Nova York.
L�, foi aconselhado por uma professora volunt�ria de ingl�s a doar parte de seu tempo a idosos cadastrados num hospital.
Na porta da frente
Entre uma hist�ria e outra, o menino pobre nascido numa vila oper�ria no Ipiranga, em S�o Paulo, transformava-se no empreendedor social que revolucionou a forma de praticar o voluntariado no Brasil.
Em 1992, de volta ao pa�s, Valdir se engajou no apoio �s crian�as internadas no Instituto Em�lio Ribas. O in�cio foi t�mido, "pela porta dos fundos".
Instigado pela sobrinha Violeta, ent�o com 12 anos, o publicit�rio passou a contar hist�rias aos pequenos internados. Hoje, a Associa��o Viva e Deixe Viver, criada em 1997, j� levou conforto, narra��es e brincadeiras a mais de 293 mil crian�as em 71 hospitais do pa�s.
Gra�as em boa parte � incans�vel atua��o de Valdir, o programa de humaniza��o hospitalar foi criado pelo Minist�rio da Sa�de em 2001 e virou pol�tica p�blica dois anos depois.
O neto de Pepa, sobrinho de Beth e "tio do colete colorido" levou para o terceiro setor a expertise de executivo, publicit�rio e professor universit�rio.
O mercado formal perdeu um profissional disputado, mas o mundo ficou bem melhor depois que ele mudou de lado.
"Qualquer aten��o que alimente a mente e fa�a sonhar � muito importante em um hospital." - CHRISTIAN DE MONTRIGAUD, 19, internado aos 13 com leucemia