Inventor inquieto quer acabar com o �xodo rural
Sistema sustent�vel de plantio � fruto de 30 anos de pesquisa
"Realmente foi perigoso." Com um qu� de arrependimento, mas sem esconder o sorriso maroto, o administrador Willy Pessoa Rodrigues, 57, relembra traquinices do tempo do semin�rio. A maior delas foi quando, com amigos, recheou de bombinhas um judas e acabou com o S�bado de Aleluia da crian�ada. "Apanhamos os quatro."
O garoto, nascido no Rio Grande do Norte e criado no interior rural da Para�ba, mostrava engenhosidade para mudar regras. "Inventei um sistema de tr�s l�pis amarrados que permitia preencher o caderno de castigos rapidamente."
No semin�rio, fez suas primeiras reflex�es sobre a agricultura. "Ficava imaginando por que as pessoas precisavam de tanta terra. Comecei a sonhar com o que poderia fazer."
Foi um longo caminho -das broncas no servi�o militar aos trabalhos como consultor, funcion�rio p�blico, professor de educa��o f�sica e construtor. At� que, em 2001, estreou a maior de suas inven��es: um sistema integrado de plantio, batizado de Mandalla.
Dois anos depois, nasceu a Ag�ncia Mandalla DHSA (Desenvolvimento Hol�stico Sist�mico Ambiental), que pretende usar a tecnologia contra o �xodo rural. "O grande problema da fome e da mis�ria no Brasil � a falta de informa��o."
An�is de cultivo
A Mandalla � um sistema de policultura com nove circunfer�ncias, ao longo das quais se cultivam verduras e legumes. Os tr�s primeiros ciclos garantem a subsist�ncia do agricultor; os pr�ximos quatro, a gera��o de renda; e os �ltimos, o equil�brio ambiental.
No centro do c�rculo h� um tanque, que serve de criadouro de animais e de fonte de irriga��o, ligada aos an�is por um sistema com hastes de algod�o. "Mandala vem do s�nscrito e significa 'imagem do mundo'. O desenho � uma reprodu��o em pequena escala do Sistema Solar. Tudo est� integrado a uma energia maior", explica.
A Mandalla fincou ra�zes em 90 comunidades (12 Estados). E na terra do agricultor Antonio Severo, 51. "Agrade�o primeiro a Deus, depois a Willy. Agora n�o compro fiado", diz Severo, que, com R$ 350 mensais, pode manter a filha na escola, seu maior orgulho. Willy quer mais. Seu sonho � ver mais mil Mandallas no pa�s em cinco anos. "� inaceit�vel que se passe fome com tantos recursos."