Desde sua criação, em 2007, a Cia. Hiato segue uma linha de pesquisa bem definida: investigar as lacunas entre as relações humanas. Foi assim em "Cachorro Morto" (2008), narrado sob o ponto de vista de um garoto com síndrome de Asperger (tipo de autismo), e "Escuro" (2009), vencedora dos Prêmios Shell-SP de melhor autor, figurino e cenário.
Em "O Jardim", terceiro espetáculo do grupo, que estreia nesta sexta-feira (27) no Sesc Belenzinho (zona leste de São Paulo), a abordagem sobre deficiências, comum às montagens anteriores, dá lugar ao estudo da memória. A saga de uma família é retratada em três períodos (1938, 1979 e 2011). As cenas acontecem simultaneamente e em círculo, e a sequência depende da posição em que o espectador se senta na plateia.
Para conceber a montagem --processo que teve início em março do ano passado--, o elenco partiu de suas próprias histórias. Durante a pesquisa, cada ator passava até oito horas recontando sua vida, mostrando fotos e vídeos. Com base nos relatos, foi criado o texto.
"Acho que esse é o projeto mais pessoal da companhia. Transformamos nossas memórias em ficção", explica o dramaturgo e diretor Leonardo Moreira.
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