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Por Helena Rebello e Vicente Seda — Rio de Janeiro


Segundo procuradora, COB foi elemento de ligação entre empresários e o COI na corrupção

Segundo procuradora, COB foi elemento de ligação entre empresários e o COI na corrupção

A Polícia Federal apresentou detalhes da operação chamada de Unfair Play (Jogo Sujo), que investiga um possível esquema de corrupção de compra de votos da eleição da cidade sede da Olimpíada de 2016. A ação realizada por 70 policiais na manhã desta terça-feira cumpriu dois mandados de prisão e 11 de apreensão. Presidente do Comitê Olímpico do Brasil (COB) e presidente do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos Rio 2016, Carlos Arthur Nuzman é um dos acusados por envolvimento no esquema. O dirigente esteve na sede da Polícia Federal no Rio e prestou depoimento no iníco da tarde, por volta das 14h30. Segundo o Ministério Público Federal, ele foi peça central no esquema de corrupção.

Autoridades francesas e brasileiras participaram da coletiva na Superintendência da Polícia Federal: Eduardo El Hage (procurador da república), Fabiana Scheiner (procuradora da república), Frederico Skora (delegado da Polícia Federal), Jena-Yves Lourgouilloux (procurador nacional adjunto-financeiro da França), Renaud Van aRuymbeke (juiz investigador financeiro titular da França) e Anderson Bichara (delegado regional de combate ao crime organizado) e Antonio Beaubrun (delegado da Polícia Federal).

- Quem tinha condições para aproximar essas duas pontas era o COB, na pessoa do seu presidente Carlos Arthur Nuzman. É inegável que Nuzman atuou de forma bastante presente e expressiva no convencimento de pessoas a votarem pelo Rio de Janeiro. Isso é bastante público. Tanto Nuzman como outros membros do Comitê Olímpico do Brasil e agentes políticos viajaram para diversos países para tratar do assunto e tentar trazer a sede das Olimpíadas para o Rio de Janeiro. Nuzman se mostra como elemento central na ligação entre os pontos, entre empresários e representantes do Comitê Olímpico Internacional (COI). E é por conta desses indícios que foram impostas medidas de prisão ao senhor Carlos Nuzman, que fica impedido de deixar o país até que as investigações sejam finalizadas - disse Fabiana Schneider.

A procuradora informou que o MPF busca o bloqueio de R$ 1 bilhão em bens por danos morais coletivos ao povo brasileiro. Segundo o MPF, a imagem do país ficou manchada.

- Os Jogos foram usados para um trampolim de atos de corrupção de dimensão olímpica. Formou-se uma triangulação de interesses e favores de agentes políticos e esportivos, e um seleto grupo que planejou passo a passo. Pedimos um bloqueio de bens de um bilhão de reais a título de danos morais coletivos. Esse esquema usou a população brasileira e ofende objetivamente a honra de todos os brasileiros.

Nuzman chega à Polícia Federal do Rio para prestar depoimento — Foto: Reuters

A operação da PF começou logo cedo, no Rio de Janeiro. Mandados foram cumpridos na casa de Carlos Arthur Nuzman e na sede do COB. Os bens dos três principais alvos da ação (Nuzman, Arthur Cesar de Menezes, conhecido como "Rei Arthur" (ex-dono da fornecedora do Estado chamada Facility) e Eliane Pereira Cavalcante (ex-sócia dele na empresa) foram bloqueados. Nuzman também já teve o seu passaporte apreendido e não pode sair do país. "Rei Arthur", que não estaria no Brasil, não foi encontrado pela polícia e é tratado como foragido. Ele foi incluído na lista de procurados da Interpol. A informação da PF no momento é de que o "Rei Arthur" estaria em Miami, nos Estados Unidos.

- Mais uma fase da operação Lava-Jato no Rio de Janeiro. Nesta fase chamada de Unfair Play (Jogo Sujo) foi feito o cumprimento de dois mandados de prisão, 11 de busca de apreensão cumpridos no Rio, Nova Iguaçu e Paris, todos expedidos pela 7ª vara criminal. Mobilizou 70 policiais, procuradores da república, magistrados franceses e auditores federais - disse Frederico Skora, delegado da Polícia Federal.

- Se trata de uma investigação de organização criminosa responsável por pagar propina. Os contratos seriam feitos por pagamento de dinheiro em espécie através de contratos fictícios e pagamentos de despesas pessoais. Haveria também transferencias bancárias feitas por doleiros - ressaltou Skora.

Segundo Eduardo El Hage, procurador da república, a operação tem dois eixos, um no Brasil e outro na França, que tem como ponto de contato a empresa comandada pelo chamado "Rei Arthur", que faria a ponte entre Sérgio Cabral, então governador do Rio de Janeiro, e dirigentes africanos. Os contratos teriam envolvido bilhões de reais.

A investigação, que começou em novembro, contou com quebra de sigilos bancários e fiscais, e acordos de delação mostraram que Cabral recebeu mais de 10 milhões de dólares (cerca de R$ 32 milhões) em um banco em Antigua e Barbuda através de um operador financeiro. Arthur Cesar também abriu uma conta no mesmo banco. As contas de Cabral eram manipuladas por um "laranja". Alguns elementos chamaram atenção na investigação. Segundo a procuradoria da república, o primeiro fato é a "farra do guardanapo", ali estavam presentes pessoas que já foram denunciadas e teriam se valido da Olimpíada para lucrar, como Fernando Cavendish

Pessoas presentes na "farra dos guardanapos" aproveitaram a Olimpíada para lucrar

Pessoas presentes na "farra dos guardanapos" aproveitaram a Olimpíada para lucrar

Entenda a operação

A Operação Unfair Play teve início na França durante investigações do Ministério Público Federal local. Os franceses investigavam os escândalos de doping russo envolvendo Federação de Atletismo Internacional (IAAF), quando se depararam com indícios de corrupção na escolha da sede do Rio para as Olimpíadas de 2016. Em março deste ano, uma reportagem do jornal francês “Le Monde” revelou uma investigação da polícia francesa que mostrava indícios de pagamentos de Arthur Soares para dois membros do COI - Lamine Diack e Franck Fredericks - antes da eleição que escolhou o Rio como sede dos Jogos de 2016.

- Em março de 2017 foi feito um pedido de cooperação do Ministério Público Francês, que tinha elementos consistentes em suas investigações. Membros do COB passam a viajar para visitar pessoas no mundo em busca de apoio na votação, em busca de angariar votos. Em setembro de 2009, Sérgio Cabral recebeu em Paris um prêmio que rendeu a famosa imagem da farra do guardanapo. Poucos dias depois, ocorre a primeira transferência bancária para a conta de Papa Massata Diack, no valor de 2 milhões de doláres - explicou Fabiana Schneider, procuradora da república.

Documento do Ministério Público Federal detalha linha do tempo da corrupção — Foto: Reprodução/MP

As investigações encontraram indícios de que Nuzman teve participação direta nos atos de compra de votos de membros do Comitê Olímpico Internacional (COI) para a eleição do Rio de Janeiro como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 e que teria sido o responsável por interligar corruptos e corruptores.

- Todos esses elementos comprovam que Sérgio Cabral e sua organização compraram um voto para sediar a Olimpíada do Rio em 2016 - completou a procuradora.

Procurado, o Comitê Olímpico Internacional (COI) se pronunciou sobre a operação desta terça-feira via assessoria de imprensa. A resposta foi a mesma dada em março após a denúncia do jornal "Le Monde".

- O COI soube sobre a operação pela mídia e está fazendo todos os esforços para obter mais informação. É no mais alto interesse do COI obter esclarecimentos sobre este assunto.

Gráfico do MPF mostra Cabral, Nuzman e Rei Arthur juntos na escolha do Rio como sede — Foto: Reprodução/MPF

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