O estado de Sergipe deixou para trás a marca de nunca ter elegido mulheres para a Câmara dos Deputados e agora tem representantes femininas na Casa. Katarina Feitoza (PSD) e Yandra de André (União Brasil), tomaram posse no dia 1º de fevereiro e pretendem levar pautas relacionadas às mulheres e a problemas do estado para Brasília.
Katarina, 49, é delegada e era a vice-prefeita de Aracaju. Ela fez parte da equipe de transição e foi uma das organizadoras da campanha do atual governador de Sergipe, Fábio Mitidieri (PSD), nas últimas eleições.
Yandra, 28, é advogada e foi a deputada mais bem votada do estado. Ela vem de uma família ligada à política. É filha do ex-deputado André Moura e da prefeita de Japabatuba, Lara Moura (PSC), além de neta do também político Reinaldo Moura.
Nas últimas eleições, a bancada feminina aumentou cerca de 18% no Congresso Nacional. Na Câmara, o número de parlamentares passou de 77 para 91.
Apesar do resultado, a bancada cresceu menos do que em 2018. No pleito passado, o salto feminino na Câmara dos Deputados foi de 51% —de 51 para 77 parlamentares mulheres.
Até as eleições de outubro do ano passado, os sergipanos nunca tinham escolhido uma mulher para representá-los em Brasília. Em 2001, a jornalista Tânia Soares (PT) assumiu o cargo representando o estado. Entretanto ela era a suplemente.
Segundo Yandra, o estado elegeu pela primeira vez mulheres porque a sociedade vem mudando, e as mulheres estão ocupando cada vez mais os espaços, em todas as áreas.
"Em Sergipe aconteceu, na política, na Câmara dos Deputados, mas a gente vem quebrando esse paradigma", afirmou. "Isso muito me orgulha porque o estado de Sergipe está mostrando que nós precisamos de mulheres ocupando os espaços."
Para Katarina, a ausência de mulheres não é um fenômeno apenas de Sergipe, mas nacional, pois a representatividade da mulher na política ainda é baixa.
"É complicado porque para eu responder vou ter que falar de todas as dificuldades que a mulher passa. É como se a gente estivesse numa corrida de 100 metros, competindo com os homens, só que a nossa corrida é com obstáculos, então, nós temos que enfrentar vários deles até chegar lá na frente", disse.
Agora empossadas, as deputadas pretendem levar pautas relacionadas às mulheres para a Câmara dos Deputados, mas não querem se limitar a elas, apesar de avaliarem ser importante. As questões específicas do estado também estarão no radar das parlamentares.
Yandra pontua que suas pautas prioritárias serão as mulheres, a geração de emprego e renda —principalmente na inserção dos jovens sergipanos no mercado de trabalho— e a erradicação da fome e da pobreza.
"Em Sergipe, há uma agricultura muito forte que é a base de muitas famílias. Temos que trabalhar para fortalecê-la", afirma.
A deputada diz também que o seu papel na Câmara, assim como avalia ser o papel da bancada feminina, é o de defender as pautas das mulheres, como igualdade de gênero e ser contra a violência doméstica.
"O papel da mulher é esse, não tenho dúvida que é defender as outras mulheres, igualdade de gênero, igualdade salarial, defender quem sofre violência doméstica e as mães solo", afirmou.
Para Katarina, sua bandeira não será apenas a da mulher, mas pretende trabalhar com uma agenda mais ampla que abarca: segurança pública, geração de emprego e renda e políticas públicas de defesa de vulneráveis.
"Quando eu defendo essas políticas, estou defendendo a mulher. Minha propositura como deputada federal vai ser sempre de ter um olhar sensível para essas causas", disse.
"Eu quero muito fazer parte da Comissão da Mulher, da Comissão da Segurança Pública, da Comissão de Constituição e Justiça."
Como delegada, ela afirma que defende um controle melhor sobre o acesso da população às armas, mas, segundo ela, é importante ter uma visão menos preconceituosa sobre o tema.
"Tudo na vida tem que ter equilíbrio", diz. "Armar a população não é a saída, agora, você também não pode tirar o direito de quem queira e tem a responsabilidade e treinamento para isso, no caso dos Cacs (Colecionador, Atirador Desportivo e Caçador)"
Em relação às demandas específicas de Sergipe, a deputada afirma que pretende trabalhar para a geração de emprego e renda.
"Nós temos aqui uma atuação muito tímida dos órgãos federais. Nós temos no baixo São Francisco, um dos menores IDHs do Nordeste e isso não condiz com a riqueza natural da região", disse.
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