O presidente do diretório municipal do PSDB na cidade de São Paulo, Fernando Alfredo, decidiu pleitear a candidatura tucana ao Senado no ano que vem, o que deve aumentar o clima de divisão já existente na legenda.
Na semana passada, Alfredo comunicou oficialmente ao diretório estadual paulista sua intenção de disputar prévias para ser o candidato do PSDB à cadeira no Senado atualmente ocupada por José Serra, cujo mandato termina em 2022.
Ele provavelmente concorrerá contra o próprio Serra, que tem interesse em renovar seu mandato, embora ainda não tenha formalizado isso internamente.
Alfredo disse que tomou a decisão após um período de reflexão provocado pela morte do prefeito Bruno Covas (PSDB), no mês passado, de quem ele era muito próximo.
“Depois da morte do Bruno, entrei num período sabático, chorei quase todos os dias. Nunca vislumbrei candidatura, porque queria estar ao lado dele aqui na cidade. Mas desde então comecei a ser procurado por muita gente com essa sugestão, e decidi aceitar o desafio”, afirmou.
Ainda não há data para a prévia estadual do PSDB, mas a tendência é que seja o mesmo calendário da consulta nacional, marcada para novembro, em que será definido o presidenciável da legenda.
O partido também poderá ter de decidir pelo seu candidato ao Palácio dos Bandeirantes, entre o ex-governador Geraldo Alckmin e o atual vice, Rodrigo Garcia.
Há uma tradição no partido de que o ocupante do cargo que busca a reeleição é uma espécie de candidato natural, mas esta não é uma regra escrita.
“Está registrada a intenção do Fernando. Agora, a gente vai discutir na Executiva do partido o formato das prévias, e conversar com o próprio senador José Serra, buscando o diálogo respeitoso”, afirma o presidente estadual da legenda, Marco Vinholi.
O partido tem cerca de 300 mil filiados no estado, embora a parcela dos que votam em prévias geralmente seja bem menor. Ainda haverá uma definição sobre se todos terão direito a um voto, ou se haverá um sistema de divisão por grupos, como na esfera nacional.
O anúncio oficial da pré-candidatura de Alfredo ao Senado deve ocorrer nesta sexta-feira (25), em uma live comemorativa aos 33 anos do partido, com a presença do próprio Vinholi. O dirigente estadual, no entanto, promete se manter neutro na disputa.
Alfredo diz que é preciso haver renovação no Senado, que, segundo ele, “virou um antro de politicagem”.
“O que fizeram os últimos senadores do PSDB pela população, o Serra principalmente? O objetivo da minha pré-candidatura é ter um representante que vem da base”, diz ele, citando o fato de ser negro e egresso da periferia.
“É preciso encurtar o distanciamento social em São Paulo. Fico indignado quando ando e vejo um morador de rua, ou um jovem que não teve oportunidade lavando um vidro de carro para sobreviver."
Alfredo afirma que ainda não conversou com Serra sobre a candidatura, e que o procurou há alguns dias apenas para tratar de dívidas de sua campanha a prefeito de São Paulo de 2012, que estão no balanço do partido.
“Procurei o senador para ver se pelo menos ele ajudava a pedir alguma ajuda financeira para o diretório nacional, mas ele me ignorou”, diz.
Alfredo também alfineta o senador por nunca ter se importado em visitar Covas na prefeitura. “Mas foi só o Bruno morrer e ele foi lá encontrar o Ricardo Nunes [novo prefeito, do MDB]."
O dirigente municipal diz que apoia a candidatura de Garcia a governador, embora respeite Alckmin. “O último ato em vida do Bruno foi viabilizar a vinda do Rodrigo Garcia para o partido."
Ele afirma que comunicou ao governador João Doria sua intenção de se candidatar e que ele não se manifestou politicamente sobre a ideia. “Por enquanto, meu apoio está mais na base do partido, mas tenho conversado com líderes aqui no estado."
Procurada, a assessoria de Serra reafirmou que ele é candidato à reeleição, mas não fez comentários sobre eventual participação em uma prévia.
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