Um tribunal federal americano divulgou que o pai e uma tia do deputado George Santos são duas das três pessoas que pagaram a fiança de US$ 500 mil (cerca de 2,3 milhões, na cotação atual) para garantir a liberdade condicional do político filho de brasileiros. O anúncio foi feito após pressão de um grupo de empresas americanas de mídia, que questionaram o segredo imposto sobre a identidade dos doadores.
Santos, do Partido Republicano, foi indiciado pelo Departamento de Justiça em maio passado, por, ao todo, 13 crimes, que incluem lavagem de dinheiro, fraude, declarações falsas e desvio de verbas públicas.
O pai, Gercino dos Santos Jr., 59, é mineiro, pintor aposentado e mora em Nova York. A irmã de Gercino, Elma Santos Previn, é funcionária aposentada dos Correios americanos e proprietária de um apartamento no bairro do Queens, onde Santos morou mais de uma vez, na juventude. O deputado brigava na Justiça para manter em sigilo os nomes de quem pagou a fiança, alegando que eles sofreriam ameaças de morte.
No depósito feito no dia do indiciamento, três pessoas assumiram o compromisso, mas agora só os nomes do pai e da tia foram revelados, num sinal de que a terceira pessoa retirou sua participação.
"Não consigo acreditar!", reagiu, por telefone, de Teresópolis, Adriana Parizzi, que foi amiga de Santos, morou com ele no Queens e o acusa de ter furtado joias da família. "Logo que cheguei a Nova York", lembra ela, "no começo de 2011, depois de embarcarmos, após o caso do roubo de cheques em Niterói, ele voltou para casa lívido, dizendo que tinha dado de cara com o pai e a tia Elma na rua".
Parizzi relata que, dias depois, Santos foi reencontrar o pai, com quem tinha convivência limitada, depois da separação da mãe, Fátima Devolder. Gercino fez questão de visitar o apartamento que a amiga de Santos havia alugado com a filha pequena e onde ele morava de graça. Segundo Parizzi, ao conhecer o pai do hoje deputado, ouviu dele: "Ele é meu filho, mas abre o olho, ele não se direciona para coisas boas".
No final de 2011, Parizzi e a filha, que tinham passado uma temporada na Flórida, moraram por mais de um mês com Santos e a tia dele. "Foi quando ela finalmente admitiu para mim que ele ‘fazia besteirinhas’," numa referência à alegação de que, anos antes, o hoje político republicano havia furtado dinheiro da tia e embarcado rapidamente para Niterói, onde conhecidos se surpreendiam com seus gastos.
Foi a acusação de estelionato, em 2010, caso em que o deputado fechou acordo de não persecução penal, que fez Santos convidar Parizzi para voltar com ele para os EUA —ela bancou todas as despesas.
No Twitter, o republicano disse que tanto ele como a família concordaram com a decisão do tribunal de divulgar os nomes de quem pagou a fiança e que, agora, "reza para que o juiz esteja correto e nenhum mal aconteça a eles", em uma referência à possibilidade de ameaças. "Estou ansioso para continuar esse processo e peço à mídia que não perturbe ou assedie meu pai e minha tia devido a reportagens baratas."
A próxima audiência do caso de Santos está marcada para 30 de junho, num tribunal de Long Island.
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