A polícia de Israel disparou balas de borracha e granadas de efeito moral contra jovens palestinos que arremessaram pedras na mesquita Al-Aqsa, em Jerusalém, nesta sexta-feira (29), em mais um episódio de violência no local.
Pelo menos 42 palestinos ficaram feridos no terceiro local mais sagrado do islã, de acordo com a organização Crescente Vermelho.
A polícia israelense disse que interveio depois de centenas de pessoas começarem a atirar pedras e fogos de artifício, inclusive na direção do Muro das Lamentações, onde fiéis judeus se reúnem.
"Continuaremos a agir de forma decisiva contra desordeiros e bandidos para a segurança pública", afirmou a polícia em comunicado. Confrontos quase diários vêm sendo registrados na região da mesquita neste mês em que o Ramadã coincidiu com a celebração judaica de Pessach —o que aumentou o fluxo de centenas de milhares de muçulmanos e judeus no local fortemente policiado na Cidade Velha.
A violência, porém, havia diminuído nesta semana após o fim da Páscoa e a interrupção de visitas judaicas à esplanada que abriga o Domo da Rocha, do século 7º, e a mesquita Al-Aqsa, do 8º. O complexo é o local mais sagrado do judaísmo, vestígio de dois antigos templos.
Horas após o episódio, um policial morreu no assentamento israelense de Ariel, na Cisjordânia, após ser baleado por dois assaltantes que fugiram, informaram o Exército e as equipes de primeiros socorros.
Imagens de câmeras de segurança mostraram um carro azul escuro indo até o posto da guarda local, quando então uma pessoa no banco do passageiro começou a atirar. Autoridades de Ariel e de outros assentamentos emitiram uma ordem para que as vias públicas fossem bloqueadas, e as forças de segurança ainda procuram os homens.
O Hamas, que governa o território palestino da Faixa de Gaza, celebrou o ataque, que descreveu como uma "operação heroica para concluir o mês sagrado do Ramadã". "Isso é parte da resposta do nosso povo aos ataques contra Al-Aqsa", disse Hazem Qassem, porta-voz do grupo.
O Ramadã termina no próximo domingo (1º), e a última sexta do mês de jejum costuma reunir grandes multidões em Al-Aqsa. Autoridades israelenses atribuíram as tensões deste mês a grupos islâmicos, como o Hamas, dizendo que eles encorajaram os jovens a provocar tumultos com o objetivo de despertar a raiva dos muçulmanos contra Israel.
Já os palestinos acusam Israel de não fazer o suficiente para impor uma proibição prolongada à oração judaica na esplanada —os israelenses rejeitam a acusação.
O complexo de Al-Aqsa fica no topo do planalto da Cidade Velha de Jerusalém Oriental, que Israel capturou na guerra de 1967 no Oriente Médio e anexou em um movimento sem reconhecimento internacional. Os palestinos querem que Jerusalém Oriental seja a capital de um Estado que pretendem estabelecer na Cisjordânia ocupada e em Gaza.
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