O ex-secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Steven Mnuchin, está avaliando a compra do TikTok de sua matriz chinesa, ByteDance, um dia após os legisladores da Câmara aprovarem um projeto de lei que pode banir o aplicativo no país.
Mnuchin, que trabalhou no governo Donald Trump, disse em uma entrevista à CNBC nesta quinta-feira (14) que falou com potenciais investidores sobre adquirir a rede social, mas não deu mais detalhes.
"É um ótimo negócio", disse Mnuchin sobre o TikTok à CNBC. "Deveria ser de propriedade de uma empresa dos EUA. Nunca que os chineses permitiriam que uma empresa dos EUA administrasse algo assim na China."
Ele acrescentou que a rede social seria reformulada no país usando tecnologia local.
Os legisladores dos EUA estão pressionando por um banimento do aplicativo, a menos que sua dona, a ByteDance, se desfaça dele. A pressão ocorre por preocupações sobre a influência do governo chinês sobre os usuários americanos.
Se Mnuchin seguir em frente com a compra, será o segundo acordo de alto perfil que ele terá tomado frente neste ano, depois de liderar um investimento de US$ 1 bilhão no problemático credor imobiliário New York Community Bancorp (BYCB).
Também marcaria seu retorno a uma saga que começou em 2020, quando o ex-presidente Donald Trump ordenou à ByteDance que vendesse seus ativos nos EUA.
Não está claro se Mnuchin, que dirige uma empresa de investimentos de capital fechado que conta com o apoio da Arábia Saudita, será capaz de concluir um acordo. O negócio do TikTok nos EUA valeria de US$ 35 bilhões a US$ 40 bilhões, estima a Bloomberg Intelligence.
Embora a empresa de investimentos de Mnuchin, Liberty Strategic Capital, tenha levantado cerca de US$ 2,5 bilhões em 2021, essa avaliação significa que ele ainda precisaria de vários investidores para se juntarem a qualquer oferta potencial.
Outros Compradores
Bobby Kotick, ex-CEO da Activision Blizzard, agora propriedade da Microsoft, também expressou interesse em comprar o TikTok, informou o Wall Street Journal.
Kotick está procurando parceiros e, em um jantar no início deste mês, ele sugeriu a ideia a várias pessoas, incluindo o CEO da OpenAI, Sam Altman.
A lista de compradores à vista ou de ações é curta. Meta e Alphabet teriam dificuldade em passar pela revisão antitruste. É provável que a Amazon também tenha, já que é concorrente da TikTok Shop, a plataforma de compras dentro do aplicativo.
A Oracle, atual parceira de proteção de dados do TikTok e ex-pretendente, está sobrecarregada com dívidas de um acordo anterior.
Um TikTok independente e privado também poderia funcionar, adquirido com uma combinação de dinheiro e dívida. A aquisição do Twitter, que incluiu cerca de um terço da dívida da empresa na compra de US$ 44 bilhões por Elon Musk, é um exemplo recente semelhante.
Medida da Câmara
Na quarta-feira (14), a Câmara dos EUA aprovou um projeto de lei que pode banir o aplicativo nos EUA, a menos que encontre um novo proprietário em cerca de seis meses. Agora, o aplicativo de vídeos curtos usado por 170 milhões de americanos voltou seus esforços de lobby para o Senado, onde a aprovação é menos certa.
O TikTok pretende esgotar todos os desafios legais antes de considerar qualquer tipo de desinvestimento, disseram pessoas familiarizadas com o assunto à Bloomberg. Representantes do TikTok não responderam a um pedido de comentário.
Mnuchin disse que, sob seu plano, nenhum investidor teria mais de 10% do TikTok, e os investidores já existentes teriam a opção de se juntar mais uma vez à nova empresa.
Embora a estrutura de propriedade do TikTok não esteja clara, o plano poderia ser um benefício para as empresas de investimento dos EUA que investiram na ByteDance.
Investidores institucionais, incluindo Carlyle Group, General Atlantic e Susquehanna International Group, são donos de 60% da ByteDance; 20% é de propriedade da força de trabalho global da empresa; 20% adicional é de propriedade do c-fundador chinês da empresa, Zhang Yiming.
Mnuchin acredita que o governo chinês apoiaria a venda do TikTok desde que não houvesse transferência de tecnologia.
Como então chefe do Comitê de Investimento Estrangeiro nos EUA, Mnuchin foi fundamental nas negociações durante a tentativa de Trump de desmembrar o TikTok.
Na época, a Microsoft e o antigo Twitter haviam manifestado interesse em adquirir o aplicativo.
A Oracle acabou superando uma oferta da Microsoft, e Mnuchin ajudou a estruturar planos para uma nova empresa chamada TikTok Global, na qual a Oracle adquiriria uma participação minoritária, que teria sede nos EUA com um conselho independente aprovado pelo governo dos EUA.
O acordo desapareceu depois que Trump perdeu a eleição de 2020. O ex-presidente desde então voltou atrás em relação ao TikTok, dizendo na semana passada que é contra as tentativas recentes de banimento.
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