O governador Romeu Zema (Novo) afirmou que o governo federal tem "má vontade muito grande" com Minas Gerais e disse que, para o estado, em relação à União, "tudo é mais difícil ou impossível".
A declaração foi dada na manhã desta terça-feira (31) durante encontro realizado pela Abdib (Associação Brasileira da Indústria de Base), que reuniu empresários na capital mineira.
A fala do governador ocorreu durante comentário sobre negociação dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e o governo federal para mudanças no acordo sobre o rompimento da barragem da Samarco, joint-venture da Vale e da BHP Billiton, em Mariana, tragédia que no próximo domingo (5) completa oito anos.
"O que está havendo no governo federal hoje é uma má vontade enorme. Parece que tudo que é para Minas Gerais tem uma restrição. Tudo o que é para cá é mais difícil ou impossível. Mas, de um jeito ou de outro, vai sair [o acordo]", afirmou.
O governo federal, por nota, rebateu o governador e disse realizar gestão pautada na recuperação das relações federativas com estados e municípios, deterioradas nos últimos anos, conforme o comunicado.
"Não há qualquer tipo de discriminação em razão dos partidos políticos dos governos locais", afirmou o governo Lula, na nota.
Sobre Mariana, o Palácio do Planalto apontou que, no momento, não há consenso entre as partes. "Diferentemente do que disse o governador de Minas Gerais, não há má vontade do governo federal na busca de uma solução para o caso."
"Neste momento, ainda não há consenso entre as partes quanto às medidas da repactuação e a destinação que deve ser dada aos recursos que serão recebidos a título compensatório", disse o Palácio do Planalto.
O comunicado apontou ainda que o governo federal é contra a utilização de recursos de um possível acerto fora da bacia do rio Doce, e que trabalha por solução que respeite as partes e assegure a recuperação do meio ambiente.
"Por essa razão, a União discorda de qualquer perspectiva de pactuação que possibilite a aplicação dos recursos que forem recebidos fora da bacia do rio Doce", apontou o governo federal, na nota.
Zema criticou a estrutura montada depois da tragédia para mitigação dos impactos da tragédia, que matou 19 pessoas e provocou um dos maiores desastres ambientais do país.
A lama que desceu da barragem atingiu o rio Doce e chegou à sua foz, no Espírito Santo, afetando também o litoral do estado.
"Criaram uma estrutura que remunera consultorias que cobram milhões e pouco entregam. Os atingidos, os prefeitos, não receberam quase nada daquela tragédia. Então nós queremos reformatar", afirmou.
A reparação da tragédia está a cargo da Fundação Renova, conforme acordo entre a União, os estados e as mineradoras, que comandam a entidade.
Também por nota, a Renova afirmou que até agosto de 2023 foram destinados R$ 32,6 bilhões a ações de reparação e compensação pela tragédia.
Do total, conforme a fundação, R$ 13,1 bilhões foram para o pagamento de indenizações e R$ 2,5 bilhões, para auxílios financeiros emergenciais a 431,2 mil pessoas.
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