Demitida da Globo em junho de 2020, a atriz Vera Fischer primeiro "ficou furiosa", mas depois investiu em streaming, redes sociais e, agora, está envolvida cada vez mais com o mundo dos NFTs para comercializar suas pinturas.
A digitalização acelerada pela pandemia e o crescente interesse pelo metaverso estão tornando a sigla NFT cada vez mais popular. Antes desconhecidos do grande público, os tokens não fungíveis estão sendo utilizados por grandes empresas e personalidades mundiais.
Apesar de os NFTs ainda parecerem uma realidade distante, comercializá-los é um processo simples e pode ser uma oportunidade para artistas independentes venderem seu trabalho digitalmente.
Abaixo, confira um passo a passo sobre como produzir um NFT.
O que muda quando uma arte torna-se um NFT?
Ao transformar uma arte em NFT, você estará concedendo a ela um certificado de autenticidade, ligando-a a um código exclusivo numa rede e tornando-a única no ambiente digital. Assim, seu arquivo passa a ser um criptoativo.
Selfies, vídeos, GIFs, músicas e até tweets podem se tornar NFTs e ser comercializados. O lucro de quem negocia os tokens depende apenas da existência de compradores interessados. O presidente-executivo do Twitter, Jack Dorsey, por exemplo, vendeu como NFT sua primeira postagem no site, por US$ 2,9 milhões.
Mesmo que a imagem possa ser replicada inúmeras vezes na internet, o certificado do NFT garante que que a arte é de sua propriedade. Por isso, colecionadores chegam a pagar milhares (e até milhões) de dólares pelos arquivos.
A maioria das transações de NFTs ocorre na ethereum, uma rede descentralizada que oferece criptografia de informações. Por isso, é recomendável a compra de ether, criptomoeda da rede que hoje gira em torno de R$ 15 mil.
Como obter criptomoedas?
Para adquirir criptomoedas, é preciso criar uma conta em uma corretora de criptoativos e transferir dinheiro para que ele seja convertido. É possível comprar apenas frações de ether, e não a unidade inteira.
Após a compra do ether, é preciso criar uma carteira digital para armazenar o criptoativo e realizar as transações. A carteira de ethereum mais conhecida e utilizada para negociação de NFTs é a MetaMask, que pode ser acessada através de extensão do Chrome ou por aplicativo de celular.
É importante que o processo de compra de criptoativos seja feito com empresas confiáveis e experientes para evitar golpes.
Onde posso criar um NFT?
Os NFTs podem ser produzidos em plataformas específicas para criptoartes, que funcionam como um "shopping" de tokens não fungíveis.
O maior deles é o OpenSea, empresa criada em 2017 que praticamente domina o mercado de NFTs e já foi avaliada em mais de US$ 13 bilhões (R$ 70 bilhões). Outras opções são o Rarible, a Looksrare e a Nifty Gateway.
Após a escolha da plataforma, é preciso conectá-la à sua carteira digital. Portanto, confira se o site escolhido é compatível com sua carteira.
O próximo passo é fazer um cadastro no local, realizar o upload das artes que você deseja transformar em NFTs e escolher a rede em que a criptoarte ficará guardada.
O OpenSea, por exemplo, oferece opções gratuitas para hospedagem da mídia, mas com desvantagens como baixa visibilidade e menor nível de segurança.
Na mesma plataforma, é possível escolher a ethereum como rede, opção mais segura e popular, mas com custo.
Para utilizar uma rede de blockchain, como é o caso da ethereum, é preciso pagar uma taxa conhecida como "gás" para remunerar os mineradores da rede.
"O blockchain é como um grande computador com milhares de pessoas ao redor do mundo para validar as transações, comumente chamadas de mineradores. Elas trabalham para dar segurança para essa rede e recebem recompensas, que são essas taxas, para processar transações", explica Samir Kerbage, diretor de tecnologia da gestora Hashdex.
Transações envolvendo a ethereum, seja para comprar ou vender NFTs, terão uma taxa que varia bastante entre algumas dezenas de dólares, às vezes mais cara que a própria obra, a depender do dia e do horário.
Para conseguir os melhores preços, Kerbage aconselha realizar o processo em períodos com menor demanda, como fins de semana ou madrugadas, quando grandes investidores não estão ativos e os mineradores têm maior capacidade de realizar as transações, o que tende a baixar os preços.
Qual a melhor opção para hospedar um NFT?
Depende. Alexandre Ludolf, chefe de tecnologia da informação da QR Asset, afirma que é preciso ponderar os valores para escolher a rede que melhor se encaixa para seus objetivos.
"Para itens de valor agregado muito alto, é recomendável escolher o ethereum. Se eu quero, por exemplo, tokenizar um imóvel que vale R$ 1 milhão, tudo bem pagar US$ 100 para registrar na melhor rede. Mas não vale a pena quando se trata de um card colecionável de R$ 5", diz.
Ele explica que o risco de optar por redes menos conhecidas e mais baratas é que não há garantia sobre o tempo pelo qual elas seguirão funcionando. Por isso, o conselho é utilizá-las para arquivos que não farão falta no longo prazo.
Após escolher a rede e carregar o arquivo na plataforma, basta preencher informações sobre a obra, como título e descrição. Além disso, é possível estipular um valor para sua arte, configurar os direitos de copyright e até mesmo definir uma porcentagem a ser recebida a cada vez que seu NFT for revendido.
Expostas, suas criptoartes já poderão ser vistas e vendidas para qualquer usuário da plataforma.
Há risco de perder dinheiro com NFTs?
Sim. Apesar de a plataforma permitir que você estipule um preço para sua criptoarte, não há garantia de que haverá compradores dispostos a pagá-lo, mas é possível ajustar os valores para se adequar à situação. Os custos para realizar as transações na ethereum, por exemplo, podem ultrapassar a oferta máxima pelo seu NFT, trazendo prejuízo.
Para evitar essa situação, é possível negociar sua arte por fora das plataformas antes de transformá-la em NFT, anotando os custos e certificando-se de que a oferta valerá a pena.
Além disso, é preciso investir em segurança para garantir que sua arte não seja perdida. Como na vida "real", há ladrões também no mundo dos NFTs, e garantir que itens de valor estejam seguros é fundamental (e envolve custos).
Bugs nas plataformas também podem trazer perdas. No mês passado, por exemplo, uma falha no OpenSea permitiu que invasores comprassem pelo menos US$ 1 milhão (R$ 5,49 milhões) em tokens por preços abaixo do mercado.
Há, ainda, o alerta de especialistas para a possível formação de uma bolha digital no mercado de criptoativos.
Quais as vantagens de fazer um NFT?
Os NFTs estão se tornando cada vez mais populares, e entrar nesse mercado pode ser mais uma fonte de renda para artistas.
Marcas estão aderindo aos tokens não fungíveis e levando seus produtos para o universo digital, apostando, principalmente, no desenvolvimento do metaverso.
Embora o futuro seja imprevisível, a aposta do setor de tecnologia é que o interesse por NFTs tende a crescer ainda mais.
Além disso, uma das vantagens das plataformas de criptoarte é a exposição que elas oferecem a artistas independentes, que podem ter suas obras negociadas com pessoas de qualquer lugar do mundo.
"Essa é uma forma de viver de arte, algo que é muito difícil no Brasil. Com NFTs, o artista não está mais limitado ao país em crise econômica. O poder de conquistar um mercado global é uma das coisas mais poderosas", diz Ludolf.
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