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ELIANE CANTANHÊDE
"Serragnelo"
BRASÍLIA - A toda hora, surge no
rádio uma propaganda do candidato do PT ao governo do DF, Agnelo
Queiroz, conclamando os cidadãos
a votarem no domingo e só depois
viajarem para o feriadão de Finados. Poderia muito bem ser do tucano José Serra.
Ambos têm mais votos entre os
mais escolarizados e de maior renda, aqueles que viajam mais, especialmente em feriados prolongados
e com esse solão de novembro.
As diferenças entre o candidato
do PT em Brasília e o do PSDB a presidente não param por aí, e tende a
haver na capital um voto "Dilmasia", mas ao contrário. Em Minas,
uma multidão de eleitores votou na
petista Dilma e no tucano Anastasia no primeiro turno. Em Brasília,
podem se misturar o 45 de Serra e o
13 de Agnelo.
Isso não se reproduz em santinhos, bandeiras e adesivos de carros, pois a guerra entre PT e PSDB
também existe na capital. O movimento é real, mas dissimulado. E
resultado da grande confusão da
capital neste ano.
O ex-governador Arruda foi escorraçado. Joaquim Roriz, governador quatro vezes e com um número
proporcional de processos na Justiça, renunciou ao mandato, mas
empurrou a própria mulher, a dona
de casa Weslian, para substituí-lo
na chapa e elegeu duas filhas, uma
para deputada federal e outra para
deputada distrital.
Formalmente, há uma aliança do
PSDB com Roriz, mas o eleitor tucano não vai atrás. Assim, Agnelo
Queiroz virou "o voto por exclusão". Une o eleitor tradicional do PT
a todos os demais não-rorizistas, aí
incluídos tucanos e toda a esquerda. Gostem ou não do PT, vão votar
em Agnelo ou anular o voto. É assim que ele, que foi do PC do B até
outro dia, tem 65% segundo o Datafolha, contra 35% de Weslian.
A marca do segundo turno no
DF, portanto, deverá ser o curioso e
até engraçado "Serragnelo". Serra
deverá ter mais voto que Weslian.
Dilma, menos do que Agnelo.
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