São Paulo, Terça-feira, 29 de Junho de 1999
Próximo Texto | Índice

CONFRONTO POLÍTICO
Partidos fazem hoje manifestação em Cacak; aumenta pressão por renúncia do presidente iugoslavo
Oposição a Milosevic prepara protesto

das agências internacionais


A oposição política ao presidente iugoslavo, Slobodan Milosevic, convocou para hoje uma manifestação por sua renúncia na cidade de Cacak (180 km ao sul de Belgrado, na Sérvia). O ato acontece no momento em que começa a se consolidar uma frente ampla contra o governo.
A Aliança para a Mudança, que congrega partidos oposicionistas, promete organizar, a partir de 5 de julho, uma série de protestos em pelo menos 20 cidades do país.
O sínodo dos bispos da Igreja Ortodoxa Sérvia, uma das instituições mais fortes do país, também já se pronunciou pela renúncia do ditador iugoslavo (nacionalista e socialista), no poder desde 1989.
Ontem, em cerimônia em memória ao 610� aniversário da derrota sérvia na Batalha de Kosovo , o patriarca sérvio Pavle 2� disse que Milosevic é o grande responsável por tudo que aconteceu em Kosovo.
Também ontem, cerca de 50 intelectuais sérvios enviaram uma carta a Milosevic, pedindo sua renúncia e a constituição de um governo de "salvação nacional". "É seu dever moral, político e patriótico retirar-se e confiar o poder a um governo provisório de salvação nacional", diz o documento.
Além do desgaste do governo por causa dos 78 dias de guerra contra a Otan, parte dos iugoslavos teme que o país, sob comando de Milosevic, continue isolado internacionalmente.
Os EUA e a Europa fazem planos para ajudar financeiramente a reconstruir os Bálcãs. Afirmam, porém, que a Iugoslávia não receberá dinheiro enquanto Milosevic continuar no poder.
Na semana passada, Washington reforçou sua posição contra Milosevic ao anunciar que pagará recompensa de até US$ 5 milhões a quem fornecer informações que levem à prisão do presidente iugoslavo para que ele seja julgado por crimes de guerra.

Teste da oposição
A manifestação de hoje, a primeira após decretado o fim do estado de guerra na Iugoslávia, deve ser um teste para a oposição saber com que força o governo pretende reprimir os protestos públicos.
Espera-se que a polícia de Cacak tente impedir a realização do ato, mas seus organizadores prometem enfrentá-la. "A manifestação ocorrerá mesmo se for proibida", afirmou Vladan Batic, líder do Partido Democrata Cristão da Sérvia.
A única central sindical independente da Iugoslávia deve aderir aos protestos de hoje. Seu líder, Dragan Milovanovic, disse que Milosevic se engana ao pensar que os trabalhadores vão atender seus chamados para reconstruir o país, destruídos pelos bombardeios.
"Este regime deve saber que os trabalhadores não vão mais trabalhar de graça para ele", declarou. "A União (sindical) vai se unir ativamente à luta contra o regime."



Próximo Texto: Saiba quem apóia Milosevic
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.