São Paulo, quinta-feira, 28 de outubro de 2010 |
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Morre ex-presidente Néstor Kirchner Marido e principal aliado da presidente Cristina, ele passou mal em sua casa de campo no sul da Argentina Recentemente, havia anunciado a intenção de concorrer novamente a presidente em 2011; velório acontecerá hoje
GUSTAVO HENNEMANN DE BUENOS AIRES O ex-presidente argentino Néstor Kirchner (2003-2007) morreu ontem vítima de uma dupla parada cardíaca enquanto descansava em sua casa de campo na Província de Santa Cruz, no extremo sul, onde nasceu e iniciou a carreira política. Kirchner, 60, liderava a coalizão peronista de centro-esquerda Frente para a Vitória, que governa a Argentina desde 2003. Participava de forma ativa no governo de sua mulher e sucessora, Cristina Kirchner. O ex-presidente sentiu-se mal por volta das 7h30 locais (8h30 em Brasília) e foi levado pela mulher e por seguranças ao hospital da cidade de El Calafate, onde morreu duas horas depois. Ao longo de 2010, ele já havia sofrido duas cirurgias por problemas cardíacos. Apesar de falar e andar mais lentamente nos últimos meses, mantinha um ritmo forte de trabalho e ocupava três cargos. Era secretário-geral da Unasul (União das Nações Sul-Americanas), deputado e presidente do Partido Justicialista (peronista). Também havia anunciado a intenção de concorrer nas eleições presidenciais de outubro de 2011. Mas mantinha aberta a possibilidade de apoiar a reeleição da mulher. O ex-presidente iniciou sua militância na Juventude Peronista na década de 1970, quando conheceu Cristina ao cursar a faculdade de direito na Universidade de La Plata, próximo a Buenos Aires. Os dois mudaram-se para a terra natal de Kirchner durante a última ditadura (1976-1983). Foram presos pelos militares. Depois de governar a Província de Santa Cruz por três mandatos, Kirchner chegou à Presidência tendo de conduzir um país abalado pela forte crise de 2001. Com discurso nacionalista e um estilo centralizador, conseguiu renegociar a dívida pública e iniciou um ciclo de recuperação econômica. Ganhou popularidade ao estimular políticas relacionadas aos direitos humanos. Assim que chegou ao poder, Kirchner impulsionou a anulação das leis de anistia e abriu caminho para o julgamento de torturadores. A presidente Cristina não havia se pronunciado até o fechamento desta edição e permanecia em El Calafate, onde reuniu familiares e os principais integrantes de seu governo para uma cerimônia íntima. O corpo seria trasladado à noite para Buenos Aires, onde será velado na Casa Rosada, sede do Executivo. O enterro ocorrerá amanhã ou no sábado em Río Gallegos, capital de Santa Cruz. Durante o dia, kirchneristas se reuniram na praça de Maio, em frente à Casa Rosada, para deixar flores e mensagens. À noite, milhares de pessoas se concentraram no local. Para facilitar o acesso, o metrô rodou de graça, por ordem do governo. Texto Anterior: FOLHA.com Próximo Texto: Trajetória foi marcada por confrontos Índice | Comunicar Erros |
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