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HOMENAGEM
Líder do comitê do Nobel diz que decisão é censura "à linha que o atual governo dos EUA adotou em relação ao Iraque"
Crítico a Bush, Carter leva o Nobel da Paz
DA REDAÇÃO
O ex-presidente dos EUA
Jimmy Carter, 78, foi nomeado
ontem ganhador do Prêmio Nobel da Paz. O dirigente do comitê
norueguês responsável pelo prêmio cujo disse que a decisão era
"uma crítica à linha que a atual
administração norte-americana
adotou em relação ao Iraque".
No mês passado, Carter disse
que seria "um erro trágico" atacar
o Iraque sem o apoio da ONU.
Ontem, após tomar conhecimento do anúncio do Nobel, disse que
teria votado contra a resolução do
Congresso americano que autoriza o presidente George W. Bush a
fazer uso da força contra o Iraque
sem o aval da ONU, caso considere necessário. "Se estivesse no Senado, teria dito "não'", disse à TV
CNN.
Carter, um democrata que foi
presidente entre 1977 e 1981, recebeu o prêmio de US$ 1 milhão por
décadas de atuação para resolver
conflitos do Oriente Médio à Coréia do Norte, do Haiti à Eritréia.
Havia 156 candidatos.
"Essa honra serve como inspiração não apenas para nós como
também para as pessoas que sofrem em todo o mundo, e eu a
aceito em nome delas", afirmou
Carter, em comunicado emitido
pelo Centro Carter, em Atlanta.
O comitê, composto por cinco
membros, elogiou Carter por "décadas de esforço incansável para
encontrar soluções pacíficas para
conflitos internacionais e para
promover a democracia e os direitos humanos". A premiação foi
descrita por analistas como uma
homenagem a um ex-presidente
que foi mais elogiado depois de
deixar o governo do que durante
seu mandato.
O prêmio foi instituído em 1901
como último desejo do filantropo
sueco Alfred Nobel. O comitê é indicado pelo Parlamento norueguês com base na força dos partidos representados na legislatura.
O presidente do comitê, Gunnar
Berge, criticou a campanha de
Bush para derrubar o ditador iraquiano, Saddam Hussein.
"Com a posição que ele [Carter]
adotou... [o prêmio] pode e deve
também ser visto como uma crítica à linha que a atual administração norte-americana adotou em
relação ao Iraque", disse Berge,
um ex-ministro trabalhista, depois de anunciar a premiação.
Questionado se foi um "chute
na canela" de Washington, Berge
disse: "Sim, a resposta é um incondicional "sim'".
Dois membros do comitê disseram que Berge tinha ido longe demais, indo além da citação oficial
que fazia uma referência velada
ao Iraque. "Eu me expressei como
líder do comitê... não em nome de
todos os membros", disse Berge à
rádio norueguesa NRK.
A Casa Branca disse que estava
satisfeita com a nomeação e mostrou indiferença em relação às críticas à sua política. Bush, que
ameaça atacar o Iraque caso Bagdá não elimine suas armas de destruição em massa, ligou para Carter para cumprimentá-lo. Questionado sobre as críticas, Ari
Fleischer, porta-voz da Casa
Branca, disse apenas que "o presidente considera este [ontem] um
grande dia".
O ex-presidente Bill Clinton
afirmou que "ninguém é mais
digno de receber o prêmio" do
que Carter.
O presidente Fernando Henrique Cardoso enviou uma mensagem a Carter em que disse que "o
comitê de Oslo fez justiça à sua extraordinária contribuição à promoção dos direitos humanos e ao
fortalecimento da paz por meio
do diálogo e da cooperação internacional".
O prêmio será entregue em 10
de dezembro, em Oslo.
Com agências internacionais
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