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Televisão/Crítica
Liberdade de "Hatari!" supre suas falhas
INÁCIO ARAUJO
CRÍTICO DA FOLHA
"Hatari!" (TCM, 22h) não
podia ser senão um filme improvisado, pois, como dizia Howard Hawks, seu diretor e produtor, não se pode jamais saber
o que fará um rinoceronte durante uma caçada. Portanto, a
vida desses caçadores é feita de
imprevistos e improvisos, como a dos cineastas, no caso.
Sabe-se que para Hawks o
maior imprevisto na vida de
um homem é uma mulher. Ela
surge aqui na pele de Elza, a fotógrafa enviada pelo zoológico
para o qual trabalham os caçadores. John Wayne, o líder deles, gostaria de vê-la à distância, mas não pode. Vai, é claro,
apaixonar-se pela garota.
O filme tem uma estrutura
moderníssima: uma série de
cenas de caça, no meio das
quais se desenvolve a história.
Ou antes, um núcleo de eventos que pode até, por vezes, desembocar numa história. Mas a
estrutura é deliberadamente
frouxa, abre-se a todas as mudanças de roteiro possíveis.
Melhor, porque assim um filme que em vários aspectos foi
pensado para se parecer com
outros filmes de Hawks não se
parece com nenhum, nem com
"Rio Vermelho", nem com
"Uma Garota em Cada Porto".
Essa liberdade foi permitindo
captar as coisas à medida que
aconteciam. E suprimir o que
falhava, como Michèle Girardon, atriz que faz Brandy.
Há quem diga que o papel
murchou porque ela não deu
bola ao assédio do diretor. O
tempo provou que, à parte disso, Girardon era uma atriz fraca.
(INÁCIO ARAUJO)
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