São Paulo, sábado, 12 de outubro de 2002

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FUTEBOL

Na véspera do jogo com o Juventude pelo Brasileiro, clube sofre com anúncio de que exame de Pedrinho dá positivo

Agora é o doping que assola o Palmeiras

Francio de Hollanda/Folha Imagem
Pedrinho, cujo antidoping apontou uso de substância proibida, concede entrevista no Palmeiras


EDUARDO ARRUDA
RODRIGO BUENO
DA REPORTAGEM LOCAL

O inferno astral palmeirense não acaba. A última desgraça a atingir o Parque Antarctica, na véspera do confronto com o líder do Brasileiro, Juventude, hoje, às 16h, é o doping do meia Pedrinho.
O exame do jogador, realizado pelo Ladetec, laboratório da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), após o confronto com o Santos, deu positivo -foi constatada a presença de dihidrobupropio, metabólico da bupropiona, que age como antidepressivo.
A CBF já o suspendeu preventivamente por um mês, mas ele pode ficar até 120 dias sem jogar -fora do Brasileiro.
O Palmeiras, que ainda não foi notificado da punição ao atleta, sabia do medicamento (Wellbutrin) que Pedrinho usava.
Com base em laudo da USP (Universidade de São Paulo), pedido pelo médico Fernando Solera, coordenador do Controle de Dopagem da CBF, em 23 de maio, que não considera a bupropiona doping, vai recorrer.
"[Bupropiona] é um antidepressivo, não um estimulante", explicou Fúlvio Rosseti, médico do Palmeiras.
"Enviamos um ofício à CBF e estamos aguardando a resposta. Nós estamos documentados e não temos nada a temer", disse o diretor de futebol palmeirense, Sebastião Lapola.
Apesar disso, o dirigente afirmou que o jogador não participará das próximas partidas.
O meia, que voltou a jogar contra o Santos após dez meses afastado devido a uma cirurgia no joelho, vem sendo acompanhado pelo psiquiatra Antônio Hélio Guerra, que considera "grave" o quadro clínico do atleta.
Ontem, Rosseti disse que Pedrinho sofre de "depressão profunda" e declarou que o jogador, "em momento algum", tomou os remédios por conta própria.
"Os remédios [são quatro] foram prescritos por médicos especializados. O Palmeiras recebeu a listagem de medicamentos proibidos pela CBF e tomou o cuidado de colher a urina do jogador e enviar para análise", afirmou.
"O quadro do jogador necessita que ele tome esses medicamentos", declarou Rosseti, mostrando fax do médico Eduardo de Rose, responsável pelos controles antidoping do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) informando que a bupropiona deixará de ser considerada doping a partir de 2003.
Bastante abatido, Pedrinho afirmou que vem fazendo tratamento contra a depressão há seis meses.
Ele atribuiu a doença à série de contusões que sofreu nos joelhos, que o deixaram por mais de dois anos fora dos gramados, e a um problema com os pais dele.
"Superar mais essa [o doping] é difícil, mas tenho certeza de que o bom senso irá prevalecer e serei absolvido", disse o atleta.


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