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FOLHAINVEST
AÇÕES
Mas analistas recomendam vender o papel; injeção de capital feita pela EDF, dizem, não resolve problemas da empresa
Dinheiro extra faz ação da Light subir 5%
DA REPORTAGEM LOCAL
O aumento de capital anunciado na última sexta-feira pela
Light, no valor de R$ 2,35 bilhões,
provocou uma alta de 5,1% nas
ações ordinárias da empresa no
pregão que fechou a semana.
Segundo Marcos Severine, gerente de pesquisa de investimentos da corretora Sudameris, o
aporte reduziu o endividamento
da empresa de R$ 5,75 bilhões para R$ 3,4 bilhões e, também, o pagamento dos encargos da dívida.
"A leitura dos investidores, no
primeiro momento, é que agora a
Light pode ficar rentável e não
corre mais o risco de quebrar", diz
o especialista no setor de energia
de um grande banco nacional.
Para analistas, porém, a alta de
sexta-feira passada de Light ON
pode ter sido apenas um estertor
de um papel agonizante que, desde a privatização da empresa, em
maio de 1996, até aquele dia acumulava perda de 76,2%.
Severine, por exemplo, recomenda a venda do papel apesar de
considerar "inegável que a empresa vai melhorar" após o aporte
feito pelo controlador, a estatal
francesa EDF (Electricité de France). Negociada a R$ 101,50 no último pregão, Light ON já está muito próxima do preço justo que, segundo avaliação da Sudameris, é
de R$ 114 o lote de mil.
Segundo Severine, com o aumento de capital, a base acionária
da empresa salta de 14,027 milhões de ações ordinárias para
38,007 milhões. Com isso há uma
redução de 63% na participação
dos acionistas minoritários no capital da companhia.
A esses investidores restam
duas saídas: acompanhar o aumento de capital feito pelo controlador, comprando parte dos
novos papéis a serem emitidos,
ou cair fora. O capital da empresa
em Bolsa encolheu de 11% para
4% do capital total após o aporte
da EDF. "Isso deverá reduzir a liquidez [facilidade de compra e
venda] dos papéis", diz Severine.
Por isso ele recomenda aos investidores livrar-se logo das ações,
para evitar perdas no futuro.
Outro motivo que leva alguns
analistas a recomendar a venda é
que o aporte de recursos não significará, necessariamente, a redenção da empresa.
Para um administrador de fundos de investimentos de um grande asset management, tanto a gestão operacional quanto a financeira da Light deixam a desejar.
Segundo ele, quando foi privatizada, a Light tinha uma perda de
energia de 16,8% do total que recebia das geradoras. Hoje esse
percentual é de 16,1%.
Ou seja, seis anos depois de sair
do controle do estado a Light ainda perde 16,1% das receitas devido ao roubo de energia.
Para ter uma idéia, a CPFL, por
exemplo, tem uma perda de energia entre 5% e 6%, o que está dentro do limite de perda técnica.
Do ponto de vista de gestão financeira a empresa é "desastrosa", segundo aquele analista. Altamente endividada em dólar, a
Light sofreu muito com a variação
cambial, desde a desvalorização
de 1999. No ano passado, ela registrou R$ 829,3 milhões de perdas devido à oscilação do câmbio.
(SANDRA BALBI)
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