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DEFICIENTES
Crianças aprendem fala embaixo da água
EDMILSON ZANETTI
da Agência Folha
Duas professoras de Sorocaba,
no interior de São Paulo, estão desenvolvendo uma técnica considerada inédita no Brasil em fonoaudiologia: crianças com problemas auditivos estão aprendendo, debaixo da água, como desenvolver melhor a fala.
O projeto, iniciado no final de
junho, envolve um grupo de 12
alunos de 11 a 18 anos que nunca
tinha entrado em uma piscina.
A autora da pesquisa, a pedagoga Silvana Rodrigues Chibani, 31,
acredita que, debaixo da água, é
possível abreviar o tempo de
aprendizagem da fala.
Ela parte do princípio físico de
que o som se propaga melhor na
água do que no ar.
O projeto envolve a professora
de educação física Silvia Helena
Pavanatto Martins, 33.
Ela cuida do desenvolvimento
motor dos alunos, da capacidade
cardiorespiratória e neuromotora, da respiração subaquática, da
resistência muscular, da flexibilidade e da articulação do aparelho
fonador.
Segundo Silvia, os alunos
"aprenderam a nadar com uma
rapidez maior que o normal".
Debaixo da água, as crianças
aprendem a emissão de fonemas,
palavras e até frases inteiras, de
acordo com Silvana, utilizando as
mesmas técnicas da sala de aula.
O trabalho é feito dentro e fora
da água. "Às vezes elas emitem
sons com um lado do rosto encostado na superfície, para sentir melhor a vibração", diz Silvana.
A comerciante Bernardete Andrade Chaves, 35, disse que sua filha Elaine, 14, pronunciou pela
primeira vez, na semana passada,
o nome da irmã mais velha. "Deu
para distinguir perfeitamente, pela primeira vez", disse a mãe.
Elaine, uma das alunas, tem
apenas 5% da capacidade de audição. A deficiência é consequência
de uma rubéola que sua mãe teve
quando estava grávida.
A mãe diz que a filha, que faz
tratamento desde os dois anos de
idade, nunca esteve tão empolgada como agora com as aulas na
água.
A professora Elaine Schochat,
40, pós-doutorada em audiologia
pela Universidade de São Paulo,
diz não ter informações sobre experiência semelhantes.
De acordo com ela, só seria possível constatar eficiência da pesquisa depois de comparar, durante um ano, a evolução da fala de
dois alunos com o mesmo grau de
deficiência, utilizando a terapia
convencional e a alternativa.
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