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Desabrigados são levados a escola sem água e com lixo
Gestão Kassab serviu pão com mortadela só 12 horas após a chegada das 35 famílias
Pessoas levadas ao abrigo provisório da prefeitura também reclamam que só receberam colchões no meio da madrugada de ontem
LÉO ARCOVERDE
DO "AGORA"
Cerca de 35 famílias do Parque Santa Madalena, em Sapopemba (zona leste de São Paulo), que ficaram desabrigadas
devido às chuvas e não tiveram
como ir para a casa de parentes
ou amigos, foram encaminhadas na noite de anteontem pela
gestão Gilberto Kassab (DEM)
a um abrigo improvisado.
O abrigo, na verdade, é a
Emef (Escola Municipal de Ensino Fundamental) Haroldo
Barbuy, desativada para reforma há cerca de quatro meses.
As famílias atendidas pela
administração municipal afirmam que, ao chegar ao local,
por volta das 21h, se depararam
com falta d'água, salas com lixo
amontoado e cheirando a urina
e banheiros sem torneiras, pias
ou papel higiênico.
"Minhas três filhas tiveram
de varrer a sala para que a gente
pudesse dormir", disse a dona
de casa Laudemira Ferreira da
Silva, 50, que precisou deixar o
barraco onde morava havia 15
anos após o local ter sido interditado pela Defesa Civil.
Os desabrigados reclamaram
também do fato de os colchões
enviados pela Secretaria Municipal de Assistência Social, comandada pela vice-prefeita Alda Marco Antonio (PMDB), só
terem chegado ao abrigo provisório às 3h de ontem.
Além disso, a primeira refeição -pão com mortadela, um
copo de café com leite e uma
maçã- foi servida cerca de 12
horas após as famílias terem
chegado à escola desativada.
Separados
A precariedade do abrigo levou a maioria das famílias a se
separar. "Minha mulher foi
com meu filho dormir na casa
da mãe dela, porque aqui não
há condições para ninguém ficar", afirmou o ajudante-geral
Diego Aparecido dos Santos,
23. "Eu só estou dormindo aqui
porque lá tem um cômodo só",
completou Santos.
Na manhã de ontem, além da
indefinição quanto ao período
em que terão de permanecer no
abrigo, as famílias ainda enfrentavam falta d'água.
"Estou sem tomar banho
desde ontem, tenho até medo
de meus filhos e eu pegarmos
alguma doença aqui", falou a
catadora de papel Sidênia Marcelino Mendes, 43.
"Nos tratam como porcos",
disse a dona de casa Kelli Cristina de Lima Barbosa, 20, deitada num colchão empoeirado
com o filho de quatro meses.
Ela não tinha água para beber
nem para banhar a criança.
Por volta das 14h uma perua
com marmitas chegou ao abrigo. A refeição continha arroz,
massa e frango empanado. Às
15h, um funcionário da prefeitura, enfim, ligou a água e começou a limpeza do local.
Procurada pela reportagem,
a Secretaria Municipal de
Coordenação das Subprefeituras informou que limpou o
abrigo e disponibilizou caminhões-pipa para o abastecimento de água do local "nas
primeiras horas" de ontem. A
limpeza do escola, segundo a
pasta, será feita diariamente.
Colaborou JOEL SILVA , repórter-fotográfico
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