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MORTES EM SÉRIE
No mês em que envenenamento de 61 bichos veio à tona, foram 36,7 mil visitas contra 52 mil no mesmo período de 2003
Público do zôo de SP cai 29% em fevereiro
DA REPORTAGEM LOCAL
As mortes de animais por envenenamento no Zoológico de São
Paulo já tiveram a sua primeira
conseqüência negativa para a instituição. No mês passado, o movimento de visitantes, 36,7 mil no
total, foi 29,4% menor do que em
fevereiro de 2003, quando 52 mil
pessoas estiveram no zôo.
A queda foi registrada exatamente no mês em que o parque
começou a divulgar as baixas no
seu acervo e elas viraram caso de
polícia. Até ontem, 61 bichos que
estavam sob cuidados do zoológico -incluindo animais ameaçados de extinção como micos-leões dourados, um orangotango,
um elefante e um bisão europeu,
além de 42 porcos-espinhos-
haviam morrido vítimas de envenenamento por monofluoracetato de sódio, substância ativa do
raticida conhecido como Mão
Branca -que, segundo o zôo,
tem venda restrita no país.
Os dois últimos porcos-espinhos morreram na noite de sexta-feira, mas já apresentavam os sintomas de contaminação. Todos os
porcos-espinhos faziam parte de
um lote de 50 que deveriam ser
leiloados pelo zôo. Desse total,
restam sete animais em exposição
-nenhum deles tem sinais de envenenamento- e um filhote de
quatro meses, que estava na área
fechada à visitação pública e cujo
estado de saúde é muito grave.
A redução no número de visitantes já era uma reação esperada
pela direção do zoológico.
Segundo o presidente do Conselho Orientador da instituição,
Miguel Trefaut Rodrigues, além
da frustração de não encontrar no
parque os animais que esperava
ver, pesa na decisão do público
um certo receio de que, assim como os bichos foram envenenados, as pessoas que comem e bebem nas dependências do parque
também corram algum risco -o
qual, efetivamente, não existe.
Crime
A hipótese de que as mortes tenham sido acidentais já foi praticamente descartada, e tanto a polícia como a Fundação Parque
Zoológico dizem acreditar em crime doloso (com intenção de matar). Reforça essa tese o fato de
que a maioria dos animais mortos
não estava em exposição.
As suspeitas recaem, portanto,
principalmente sobre funcionários da instituição. Um grupo de
11 pessoas que trabalhavam na cozinha onde o alimento dos animais é preparado foi afastado -o
delegado Clóvis Ferreira de Araújo, chefe da unidade de inteligência do Decap (Departamento de
Polícia Judiciária da Capital) fechou o cerco em oito suspeitos.
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