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Vídeo mostra governador do DF recebendo dinheiro
Na imagem, Durval Barbosa, então presidente de estatal, entrega maço de notas a Arruda
Secretário diz que dinheiro
era para comprar panetones
em ação social; documentos
da PF indicam que vice
estava em suposto esquema
ANDREZA MATAIS
ANDRÉA MICHAEL
HUDSON CORRÊA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Folha teve acesso ontem
cópia de cinco DVDs, entre os
quais um que mostra o governador do Distrito Federal, José
Roberto Arruda (DEM), recebendo dinheiro.
O vídeo, que comprovaria o
pagamento de propina, foi feito
pelo então presidente da Codeplan (empresa do DF), Durval
Barbosa, que era, até sexta-feira, secretário de Relações Institucionais de Arruda.
O secretário de Ordem Pública do DF, Roberto Giffoni,
confirma que se trata de dinheiro, mas nega ser propina.
O dinheiro seria uma colaboração recebida, em 2005, pelo então deputado José Roberto Arruda para financiar ações sociais, entre as quais a compra
de panetones e brinquedos.
Documentos obtidos pela
Polícia Federal indicam que o
suposto esquema de pagamento de propina à base aliada que
seria comandado por Arruda,
também tinha participação de
seu vice, Paulo Octávio (DEM).
Em uma das partilhas, que
envolvia a divisão de R$ 178
mil, segundo anotações obtidas
pela PF, 30% seriam destinados ao vice-governador.
No vídeo de 30 minutos e 31
segundos, Arruda recebe um
maço de notas de Barbosa.
A entrega do maço ocorre 18
minutos após o início do vídeo.
"Deixa eu pegar um negócio
antes que eu me esqueça", diz
Barbosa para Arruda que logo
em seguida aparece com o um
maço de dinheiro. "Ah, ótimo.
Me dá uma cesta, um negócio",
diz o governador.
Em seguida, Barbosa aparece
com um envelope pardo onde o
maço é guardado. Depois entra
na sala uma pessoa chamada de
Rodrigo e pega a sacola. A Folha obteve informação que trata-se de Rodrigo Arantes, filho
adotivo de Arruda. No vídeo,
Arruda e Barbosa conversam
sobre a campanha.
Barbosa era homem de confiança do governo Joaquim Roriz,atual adversário de Arruda,
que o manteve no governo após
vencer as eleições.
Os outros vídeos mostram
Barbosa manuseando dinheiro.
O assessor de imprensa Omézio Pontes também aparece
num outro vídeo recendo grande quantia de dinheiro. Arruda
é o centro das investigações da
operação Caixa de Pandora, deflagrada pela Polícia Federal na
última sexta-feira, quando foram cumpridos 16 mandados
de busca e apreensão de equipamentos, dinheiro e documentos em Brasília, Goiânia e
Belo Horizonte.
Entre os alvos está a empresa
Conbral S/A, da qual a construtora de Paulo Octávio é parceira num empreendimento em
Brasília.
Segundo relatório da Diretoria de Inteligência Policial da
PF, há indícios de que o dinheiro distribuído no esquema
"possa ter sido guardado nas
instalações" da Conbral.
O relatório faz parte do inquérito n� 650, que tramita
desde setembro no STJ (Superior Tribunal de Justiça), por
conta do foro especial a que
tem direito o governador.
O suposto esquema, uma espécie de "mensalão do DEM",
veio à tona graças à colaboração
de Barbosa. Em 21 de outubro,
equipado pela PF com câmeras,
ele gravou conversa com Arruda na qual é orientado sobre como dividir R$ 400 mil arrecadado das empresas Infoeducacional, Vertax, Adler e Linknet.
O dinheiro supostamente encaminhado a Paulo Octávio, segundo depoimento de Barbosa
à PF em 30 de outubro, teve
origem diversa, mas também
viria de empresas com contratos com o governo. "PO", como
é chamado o vice, segundo o depoente, não receberia o dinheiro diretamente, mas por meio
de Marcelo Carvalho, executivo
de sua construtora.
O vice não se manifestou.
Carvalho não foi localizado.
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